Uma Chance para o Amor

Capítulo 9 - The chance of the auction


— Mamãe. Papai. – Acenei vendo-os na entrada do salão. — Estamos aqui.

Ao nos enxergarem, vieram ao nosso encontro.

— Meninas, vocês estão muito lindas.

Papai elogiou ao nos cumprimentar.

— Obrigada Charlie.

— Obrigada papai.

— Elas não são meninas, Charlie. – Mamãe contrapôs. – São mulheres adultas e estão muito mais do que lindas, mas sim deslumbrantes.

— Renée, elas sabem que foi modo de falar.

— Ainda assim. – Ela pegou minha mão e da Rose, continuando a nos olhar. – Vocês arrasaram. Eu amei as escolhas.

Rose está usando uma saia de cintura alta preta, que vai até o meio das pernas, mas essas ainda estão protegidas pela bota de cano médio. E na parte de cima, optou por uma blusa verde de manga longa, mas com tecido refinado que deixa os ombros a mostra. Mas com o penteado de cabelo solto, os fios ajudam a balancear a pele desnuda.

Enquanto escolhi fazer um coque baixo, deixando somente alguns fios da franja ao redor do rosto. E estou usando um vestido longo, num tom de azul escuro, com leve brilho, que segundo Rose, é perfeito para usar a noite.

As costas e o decote se contrapõem, mas por sorte, o salão está bem aquecido e pude ficar sem o sobretudo assim que cheguei, já que as mangas param na altura dos ombros. E ainda que não estejam aparecendo, os sapatos que escolhi também combinam com o visual.

— Rose quem me ajudou a escolher o vestido. – Admiti.

— Acredita que ela queria vir com uma calça e camisa?

Minha amiga soltou e a olhei incrédula.

— Por Deus.

Mamãe exasperou e tratei de remediar.

— A roupa era muito bonita.

— Não falei que era feia. – Rose rebateu. – Só disse que não era apropriada para essa ocasião.

— Muito obrigada Rose. – Minha mãe a agradeceu. – O que seria da minha filha sem você?

— Mamãe...

— Também não falei nenhuma mentira. – Constatou. – Já que vocês se completam.

— Você tem razão Renée. – Rose concordou. – E aceitamos os elogios, mas vocês também merecem recebê-los, pois estão belíssimos.

Papai está vestindo uma combinação de calça, camisa e sapatos sociais. E minha mãe também escolheu usar um vestido, sendo da cor preta, com mangas longas, mas o cumprimento médio, porém completou o visual com meia-calça e sapato.

— Como você disse, é uma ocasião especial. – Papai respondeu.

— Com certeza. – Mamãe afirmou. – E eu estou muito empolgada por desfrutar de tudo.

— Espero que também tenha um pouco de moderação.

— Pode deixar filha. Eu tomarei conta da sua mãe.

— Como se precisasse de alguma supervisão. – Ela retrucou.

— É claro que não precisa. – Rose tomou seu partido e mudou de assunto. – Mas querem sentar ou circular um pouco?

— Eu aceitaria algo para beber.

Papai citou e minha mãe concordou com ele.

— Eu também.

— Pois vamos buscar suas bebidas. – Rose indicou. – Também já estão servindo os petiscos e o jantar começará em breve.

Caminhamos em direção ao bar e enquanto meus pais escolhem, Rose me puxou um pouco de canto.

— Eu adoro seus pais e fico feliz que os tenha convidado. Mas sei exatamente que não fez isso somente pelos bons sentimentos do seu coração.

— Do que está falando? — Devolvi desentendida. – Por quais outros motivos os teria convidado, que não para desfrutar da noite?

Ela me olhou firme e somente completei.

— A Esme mesmo falou que deveríamos convidar amigos e familiares.

— E você usou essa estratégia para tentar garantir que não aconteça nada entre Edward e você.

— Eu não sei do que está falando.

Neguei com um aceno simples.

— Não se faça de desentendida, pois eu lhe conheço muito bem.

Virei o rosto e rapidamente pontuei.

— Meus pais estão voltando.

— Eu já falei o que queria. – Proclamou. — Mas só quero que saiba que seu plano não dará certo...

— Vocês não querem nada?

Papai questionou quando se aproximaram.

— Eu tomei uma taça quando cheguei e por enquanto, estou tranquila. – Rose informou.

— E chegaram cedo?

— Não tem 30 minutos. – Esclareci a mamãe.

Continuamos circulando, com Rose e eu cumprimentando alguns conhecidos, mas até então, ainda não paramos para conversar efetivamente com ninguém.

Porém isso mudou quando Carlisle e Esme, acompanhados de uma senhora, vieram até nós.

— Boa noite.

Ele saudou e respondemos em conjunto.

— Boa noite.

— Que bom encontrar vocês. – Esme afirmou. – A noite está sendo uma loucura, mas não poderíamos deixar de vir cumprimentá-las.

— Só podemos supor como estão atarefados. – Rose respondeu.

— E vocês já conhecem meus pais, não é? – Indiquei.

— Tivemos o prazer de nos ver por algumas ocasiões esporádicas.

Carlisle disse, enquanto eles trocaram apertos de mãos e minha mãe completou.

— Sim, mas acredito que nunca tenhamos conseguido conversar por mais do que alguns minutos.

— Uma falha muito grande. – Esme afirmou. – Tomara que consigamos repará-la hoje.

Eles assentiram em concordância e ela prosseguiu.

— Eu que quero apresentá-los a minha mãe, Elena Platt. – Indicou para a senhora ao seu lado. – Mamãe, essas são Rosalie Hale e Isabella Swan. Elas trabalham no hospital conosco.

— Muito prazer senhora Platt. – Saudei de pronto.

— Como são bonitas. – Elogiou e sorri. – Vocês são senhoritas ou senhoras?

— Senhoritas. — Esclarecemos.

— E por que ainda não são casadas? – Disparou, pegando-nos de surpresa. – O que há com os homens de hoje que deixam moças tão bonitas continuarem solteiras.

— Mamãe, por favor.

Esme tentou contê-la, mas a minha mãe fez questão de não deixar.

— Não. Ela tem razão. – Afirmou. – Mas nesse caso, acho que a culpa não é efetivamente dos homens e sim das duas.

— Mãe!

— E como a senhora ouviu, esses são os pais da Bella. – Esme prosseguiu com as apresentações. – Charlie e Renée Swan.

— É um prazer. – Papai pontuou.

— Igualmente. – Ela respondeu, porém logo voltou o foco a nós. – Mas vocês não querem se casar?

— Não é isso...

Tentei explicar e Carlisle veio ao nosso socorro.

— Tenho certeza que elas casarão quando encontrarem o homem certo.

— Mas vocês querem?

Insistiu novamente e Rose se dispôs a responder.

— Sim. É claro.

Os olhares se dirigiram a mim e de repente, me vi sem ação.

— E você minha jovem? – Ela tocou meu braço. – Aliás, o que vocês fazem no hospital? São médicas também?

— Eu sou enfermeira. – Rose esclareceu. – Mas a Bella é médica.

— Qual sua especialização?

— Eu sou pediatra.

— Dra. Swan... — Ela pronunciou pensativa. – Então é de você que ouço falar às vezes.

— Espero que coisas boas. – Brinquei.

— Sim. Eles estão sempre falando sobre o quanto é dedicada ao trabalho.

— Obrigada.

Agradeci não só a ela, mas a Carlisle e Esme também.

— Isso é música para os ouvidos de um pai.

— E é por conta disso que você não quer casar? – Retomou o assunto. – Por causa do seu trabalho?

— Eu... — Pensei bem antes de responder. – Eu não disse que não gostaria de casar.

— Mas também não afirmou querer. – Disparou. – Ouça querida, você pode ser muito boa no trabalho e imagino que isso seja ótimo para os seus pacientes. Porém não esqueça que há mais na vida, como o amor...

— Mamãe, por favor.

Esme tentou outra vez, mas agora eu quem quis prosseguir.

— Então a senhora acredita que casamentos sempre são preenchidos de amor?

— Eu não estaria falando sobre isso se pensasse de outra maneira. – Informou convicta. – Vocês são bonitas e jovens. Merecem ter uma vida completa.

Rose e eu trocamos olhares, enquanto a senhora Platt concluiu.

— Eu tive. E graças a Deus. Minha filha também tem.

— Está bem mamãe. – Esme a silenciou por fim. – A senhora já esclareceu seu ponto. E além de serem jovens e lindas, Bella e Rose também são adultas. E sabem muito bem quando ou se escolherão casar.

A senhora assentiu prontamente, mas não deixou de expressar.

— Espero que não fiquem chateadas, pois não falei por mal.

— É claro que não.

— Não se preocupe.

Rose e eu pontuamos em conjunto.

— É só que acho que vocês merecem ser felizes. – Pontuou de forma singela. – E sou de uma geração em que esse tipo de felicidade só poderia vir atrelado ao amor, consequentemente, ao matrimônio e filhos...

— É um pensamento muito bonito.

Mamãe confirmou e ela acenou em concordância.

— Agora se me dão licença, vou pegar um salgadinho.

E sem mais, a vimos seguir a uma das mesas onde estão dispostos os canapés.

— Peço que nos perdoem.

Carlisle pediu tão logo nos vimos a sós.

— De verdade, não há pelo que se desculpar. – Papai pontuou.

— Minha mãe é ótima, porém desde que meu pai faleceu, é notável o quanto tem se sentido sozinha. Por isso a trouxemos essa noite, para que possa se distrair um pouco. – Esme explicou. – A grande questão é que ela acredita que todas as mulheres sem um marido, se sentem da mesma forma.

— Pelo o que foi demonstrado, dá para ver como ela e seu pai foram felizes. – Ponderei. – Então isso é tudo o que importa.

— Obrigada por compreenderem. – Ela agradeceu. – Mas agora também temos que nos ausentar.

— Espero que consigamos voltar a conversar.

Mamãe falou e eles assentiram.

— Com licença.

Carlisle indicou e eles seguiram pelo salão.

Efetuamos certa troca de olhares, mas em consenso, não demos andamento a esse assunto, continuando a preencher a noite de outras maneiras...

— Eu sabia.

A voz única e inconfundível de Emmett nos alertou da sua presença e viramos em sua direção, vendo-o caminhar até nós, mas não sozinho...

— Assim que enxerguei a mulher mais bonita desse salão, tive que vir cumprimentá-la.

Comentou ao parar em frente a minha mãe, fazendo-a se derreter como uma adolescente do colegial.

— Emmett!

— Como vai senhora Swan?

— Não, nada de senhora. – Protestou rápido. — Não para você.

— Como assim nada de senhora? – Papai retrucou. – Você ainda é uma mulher casada, se lembra disso?

— Não estou dizendo que posso ser cortejada. – Respondeu sem mais. – Só que um homem bonito desses não pode me elogiar e em seguida, me tratar por senhora.

— Eu sou o mais bonito da noite? – Emmett brincou, sem perder a oportunidade. – Quer dizer, depois do senhor Swan?

Mamãe pensou um pouco e então respondeu, fazendo-nos rir.

— Vamos ficar com essa resposta.

— Que bom revê-la Renée. Como vai?

— Agora que você está aqui, muito melhor.

Emm assentiu, dando um passo para trás e parece que só então minha mãe reparou no outro homem presente.

— Meu Deus do céu...

— O que foi Renée?

Papai a questionou, porém ela o ignorou, tocando no braço da Rose.

— Rose, querida. Você poderia aferir minha pressão?

— Mamãe. – Acabei me alertando também. – A senhora está bem?

— Eu espero que sim e que ainda esteja viva. – Pronunciou cadenciadamente. – Pois acho que acabo de me deparar com um anjo...

Com o olhar fixo em Edward, acalmamo-nos ao nos dar conta de que é somente mais uma brincadeira.

— Ah, o Edward? — Emm destacou. – Não, ele não é anjo. E até que é bem comum.

— Querido. – Ela retirou a mão do braço da Rose, para tocar o do Emm. – Não vamos entrar nesse aspecto, pois a escolha seria bem difícil.

Rose não aguentou o riso ao meu lado.

— Mas ninguém efetuará as apresentações?

Sabendo que não há mais escapatória, tomei a frente.

— Mamãe, papai. Esse é Edward Masen. O cirurgião pediatra do hospital...

Minha amiga fez um leve movimento em minha direção e completei.

— E nosso amigo. – Pontuei a questão. – E Edward, esses são meus pais. Charlie e Renée Swan.

— É um prazer conhecê-lo, senhor Swan.

— Igualmente, doutor Masen.

Após efetuar o cumprimento com meu pai, virou em direção a minha mãe e ela resignou de pronto.

— Nada de senhora.

— É um prazer conhecer a mãe da Bella e compreender de onde ela herdou tanta beleza.

— Acho que acabo de me apaixonar...

— Não. Não. – Emm os conteve. – E o nosso compromisso? Vai jogar tudo fora somente por conta de um sorrisinho de lado?

— Uma mulher pode se apaixonar por mais de um homem ao mesmo tempo. – Declarou simplesmente. – Eu aprendi isso em uma série.

Que tipo de seriado minha mãe está assistindo?

— Mas você não irá me trocar por ele, não é?

— De maneira alguma. – Ela afirmou ao Emm. – Mas confesso que estou muito interessada em saber mais sobre seu amigo.

— Mamãe, por favor.

— Estou à disposição para o que a senhora quiser. – Edward falou e ao receber um olhar sério, logo corrigiu. – Digo. Você...

— Isso é música para os meus ouvidos...

Bem nesse instante, ouvimos o informativo sobre o jantar estar aberto e sendo buffet, resta-nos servir os pratos e acomodarmo-nos nas mesas para desfrutar da refeição.

— Vocês nos acompanham?

Propôs e os dois concordaram.

— É claro.

— Com todo o prazer.

Não que Rose tenha qualquer razão no que disse mais cedo, porém, observando a forma como minha mãe está interagindo com os rapazes, especialmente com Edward. Faz com que chegue há repensar um pouco a ideia de tê-los convidado.

Pois se antes já estava difícil conter os ímpetos da minha mãe, quanto a questões que ela não possuía o menor conhecimento, agora que efetivamente está conhecendo Edward, acredito que se tornará uma missão ainda mais impossível...

Visto que ele está em seu modo mais charmoso, quer dizer, ele e Emmett estão muito elegantes. Vestindo combinações sociais com terno, talvez por conta do ponto principal da noite.

Quando terminamos de nos servir, escolhemos uma mesa discreta, mas também bem posicionada, pois quando o leilão começar, não precisaremos trocar de lugar.

Papai mostrando o cavalheirismo de sempre, puxou a cadeira a minha mãe e com isso, os rapazes nos dispuseram a mesma gentileza, com Emm dispondo a cortesia a Rose, e Edward a mim.

— Obrigada. – Agradeci.

— Não há de quê.

E por conta disso, eles acabaram sentando ao nosso lado.

Comigo entre meu pai e Edward, que tem Emm próximo a si ao lado da Rose, deixando-a em paralelo a minha mãe, fechando o círculo.

— Vocês vieram sozinhos?

Mamãe questionou, dando andamento ao assunto e Emmett assentiu.

— Nos encontramos aqui tão logo chegamos.

— E faz muito tempo?

— Acho que sim. – Ele respondeu a pergunta da Rose. – Acredito que como vocês, acabamos nos entretendo com conversas.

— Vocês encontraram o Carlisle e a Esme?

Ele e Edward trocaram um olhar diante da nova pergunta e eu mesma não contive a curiosidade.

— O que foi?

— Já falamos com eles sim.

Edward respondeu simplesmente, porém Emm completou.

— E com a mãe da Esme.

— Ela também os questionou sobre a razão de estarem solteiros?

Rose perguntou, mas ele devolveu com outra pergunta.

— Ela fez isso com vocês?

— Acredito que a senhora Platt só não tenha feito uma cerimônia de casamento para as meninas, porque não viu nenhum homem passando por perto.

Papai brincou, causando-nos risos, porém esses foram contidos diante do próximo comentário da minha mãe.

— Pois acho que deveríamos chamá-la agora...

O silêncio perdurou por alguns segundos, mas ela logo continuou a falar.

— Porém quando questionei sobre terem vindo sozinhos, estava perguntando se não convidaram mais ninguém. – Explicou. – Como Bella fez conosco ou mesmo alguma amiga...

— Não temos a sorte dos nossos pais morarem perto o suficiente. – Emm respondeu.

— E no meu caso, como mudei recentemente, ainda não conheço tantas pessoas fora do hospital. – Edward pontuou. – Eu troco algumas palavras com os vizinhos, nos momentos esporádicos em que estou em casa. Mas realmente dei sorte por fazer amizade com esse grupo especial.

— Isso é realmente ótimo.

Mamãe comentou e meu pai elaborou uma nova pergunta.

— E de onde você é?

— Chicago, senhor.

— Então fez uma mudança e tanto.

— Acredito que fiz a melhor escolha. – Afirmou. – Quando a oportunidade apareceu, não pensei duas vezes em aceitar.

— Temos muita sorte por contar com Edward.

Ponderei, recebendo um olhar gentil.

— Como você e Bella são pediatras. Devem trabalhar bastante juntos, não é?

— Às vezes. – Ele respondeu a minha mãe, mas sem deixar de me olhar. — Não tanto quanto gostaria...

Ouvimos o barulho dos talheres e tintilar dos copos, completou.

— Pois por dividirmos a especialização, não é sempre que conseguimos coligar o trabalho em si.

— E como cirurgião, Edward tem obrigações para além das minhas. – Informei também.

— Ainda assim, os vejo bem como parceiros. – Mamãe citou. – Como a Rose e o Emmett.

— O que?

— Você também costuma trabalhar bastante com ele, não é?

Enfatizou a minha amiga e abri um leve sorriso ao ver o assunto sendo desviado.

— Eu não tenho uma especialização fixa dentro da enfermagem, então costumo colaborar com muitos médicos.

— Mas é sempre um prazer quando conseguimos trabalhar juntos.

Emm afirmou e ela também sorriu.

— É claro...

O jantar continuou, mas em um instante, Rose e eu visualizamos nossos celulares.

— Mensagem da Maggie?

Ela perguntou e concordei.

— Algum problema?

— Não. – Respondi a minha mãe. – Ela apenas informou que a Anna já está dormindo.

— Ela está na casa de vocês?

Questionou também e Rose explicou.

— Sim, pois como temos hora para voltar, optamos por deixá-la em casa, ao invés de na residência vizinha.

— E Maggie é a moça que cuida junto com a mãe?

— Isso. – Confirmei ao papai. – Ela é uma ótima jovem e sentiremos muito sua falta quando for embora para fazer faculdade no próximo ano.

— Mas a mãe poderá continuar ajudando vocês?

— Esperamos que sim.

— Quem sabe o que o futuro reserva. – Mamãe ponderou. – Pode ser que no próximo ano. Estejam vivendo outras dinâmicas e relações...

Rose e eu nos olhamos, mas ela logo abaixou o rosto, sabendo que hoje está sendo mesmo impossível controlar minha mãe.

— Ficamos muito felizes com esse convite, mas também estamos aguardando a próxima oportunidade para rever a Anna.

Papai falou e agradeci internamente pela mudança de assunto.

— Nós vamos marcar, mas o senhor sabe que tudo depende dos nossos plantões.

— E eu também estou na fila. – Emm afirmou.

— Eu acho que seria um negócio muito lucrativo, se começássemos a cobrar pelas visitas.

Rose disse e começamos a rir.

— Eu não me importaria em pagar.

Edward informou e Emm tão pouco perdeu a deixa.

— Eu também não.

— Viram só?

— Você já conhece a filha da Rose? – Papai perguntou ao Edward.

— Tive o prazer em um dia que fomos convidados a almoçar na casa delas.

— Ao menos quanto a Anna, não preciso me preocupar, pois sei que ainda sou o favorito.

Emm brincou, mas não consegui deixá-lo levar essa sozinho.

— Ela também fala sobre o Edward.

— É verdade?

— Sim. – Confirmei diante do olhar esperançoso em seu rosto. – Ainda outro dia ela comentou de você. Acho que causou uma boa impressão.

— Eu tenho certeza disso. – Mamãe efetuou. – Vocês são figuras marcantes e elas têm sorte por tê-los em suas vidas...

— Renée...

— Como colegas de trabalho e amigos. – Completou após a pontuação do meu pai. – Você não me deixou completar.

— É claro.

— Mas a sorte é nossa. – Emm disse. – Pois as duas são incríveis.

— Isso também é verdade. – Mamãe concordou. – Apesar de não ter nosso sangue, consideramos Rose tão da família quanto a Bella.

— Obrigada Renée, isso significa muito para mim.

— Você sabe que é real. – Ela continuou a sorrir. – E da mesma forma que nos enchemos de orgulho das conquistas da nossa filha, sentimos por você também.

— As duas são meninas muito preciosas.

— Mulheres. – O corrigiu outra vez. – Elas são mulheres, Charlie. Não mais meninas.

Ele apenas consentiu, enquanto ela se voltou novamente a nós.

— Mulheres de fibra, princípios. Excelentes profissionais, donas de casa e mães.

— O último ponto não é igual, mamãe. – Enfatizei. – Pois sou somente tia da Anna.

— Você sabe que no fundo é tão mãe quanto eu. – Rose retrucou. – E nem tente negar.

— O que estava pontuando é sobre serem mulheres incríveis e que os homens que tiverem a oportunidade de tê-las em suas vidas como companheiras, serão extremamente sortudos. Para além de sortudos, mas realmente privilegiados...

As trocas de olhares se tornaram mistas, porém Emm conseguiu finalizar bem a questão.

— Podemos brindar a isso?

Com o indicativo, erguemos as taças e saudamos o momento...

Ao fim da formalidade do jantar, os rapazes se retiraram quando foram chamados para iniciar os preparativos do leilão. Logo depois, meus pais também levantaram por um instante e foi o momento que aproveitamos para falar.

— Eu não sabia que sua mãe era tão casamenteira...

— Ai Rose. – Lamentei ao passo que ela começou a rir. – Será que ainda conseguiremos conversar com eles sem ficar constrangidas?

— Para Bella. Assim como levamos numa boa as questões da mãe da Esme, eles também levarão da sua...

— Essa noite não está sendo como planejava. – Exasperei.

— Eu disse que sua ideia não daria certo.

— Eu realmente os convidei para que apreciassem a noite, mas...

— Mas?

— Acho que não calculei bem a força da natureza que minha mãe pode ser...

Ela concordou e não deixou de pontuar.

— Agora já foi.

— Agora já é tarde...

Tomei mais um gole do líquido na minha taça e expressei ao ver meus pais retornando a mesa.

— Ao menos com a chegada do leilão, ela focará em outra coisa.

— Talvez em te fazer arrematar o Edward.

Rose brincou, mas tratei de dissuadi-la.

— Isso não vai acontecer...

Quando eles sentaram novamente, demos o assunto por encerrado e logo nos atentamos a presença de Esme e Carlisle no palco, para dar início ao leilão.

Primeiramente ele agradeceu a presença de todos e explicou novamente a importância de eventos assim. Então deu lugar a esposa para que continue a gerenciar o desenvolver da noite.

— Daqui a pouco nossos lindos, incríveis e brilhantes rapazes subirão ao palco, mas antes, preciso explicar como funcionará a dinâmica de lances.

Nesse momento, plaquinhas começaram a ser distribuídas pelas mesas, com cada mulher recebendo um número correspondente a si.

Eu até tentei negar receber uma, quando o rapaz encarregado passou por nossa mesa, porém os olhares fulminantes da Rose e minha mãe acabaram me impedindo.

— Agora que todas já receberam a placa, durante o leilão, basta erguerem ao se interessarem por alguém e estiverem de acordo com o lance estabelecido. – Explicou. – A arrecadação terá teto inicial de cem dólares, com aumento linear até que o rapaz seja efetivamente arrematado.

Houve a concordância geral e ela prosseguiu.

— E um último ponto bastante importante. Apesar de estabelecermos um leilão de encontros, a escolha de como passar o tempo com o par, será definida somente por vocês. Então elejam com sabedoria.

Com esse último adendo, ela decretou o início oficial do leilão.

— Agora vamos começar. Podem entrar rapazes...

Os doze funcionários do hospital selecionados, entre todos os setores, subiram ao palco e pouco a pouco tomaram seus lugares nas cadeiras dispostas a eles.

Cada um está com um número colado no peito, com isso, meu olhar figurou primeiro no Emm, que é o oitavo na fila, seguindo ao Carlisle que tem o número dez e por último, literalmente, Edward fecha o ciclo ocupando o décimo segundo lugar.

Achei que Esme faria uma apresentação prévia e geral dos participantes, mas pelo visto, ela pontuará sobre cada um, somente no instante em que for sua vez de ser leiloado.

Com isso, a sessão começou e uma das primeiras surpresas foi ver minha mãe levantando a plaquinha.

— Renée?

Papai questionou indignado.

— O que foi?

— Por que você está dando um lance?

— Porque quero me divertir e participar da emoção.

Sua resposta se mostrou verídica, pois ela continuou a levantar a placa para todos os rapazes, mas nunca passando dos lances de duzentos dólares.

E até agora, a arrematação mais alta aconteceu para um dos médicos, no valor de quinhentos dólares.

Quando chegou a vez do Emm, vi Rose se movimentar um pouco na cadeira, enquanto sorrio prestes a apreciar o show.

— Muito bem, nosso oitavo candidato é o doutor McCarty. – Esme o apresentou assim que ele se posicionou ao seu lado. – Ele é um dos ortopedistas do hospital. Excelente médico, mas um amigo ainda melhor. Costuma usufruir o tempo livre cuidando também da saúde física e tenho certeza que a moça que o arrematar, terá um encontro inesquecível...

Os lances foram abertos e ele chegou rapidamente à marca de quatrocentos dólares, com mamãe dessa vez, só tendo parado no lance anterior.

Porém o que estou estranhando é o fato de até agora Rose não ter efetuado lance algum...

— Alguém dá mais ou...?

— Quinhentos dólares.

Ela finalmente falou ao levantar sua plaquinha e Esme abriu um sorriso.

— Muito bem. Quinhentos dólares para a senhorita Hale.

— Seiscentos.

Outra voz se sobressaiu e procurei encontrar a mulher que está tentando interferir no lance da Rose, mas rapidamente voltei à concentração a minha amiga, ao ouvi-la anunciar.

— Oitocentos dólares.

O salão mostrou o impacto em forma de sussurros e vi o sorriso do Emm tomar quase todo seu rosto.

— Alguém dá mais?

É notável como Esme praticamente desafiou alguém a contestar essa oferta, após assumir o maior lance da noite.

— Muito bem. Dou-lhe uma. Dou-lhe duas. Dou-lhe três. – Encerrou. — Vendido para a senhorita Hale.

Os aplausos preencheram o espaço e Emmett desceu do palco, trazendo consigo a rosa que eles ganham para presentear a moça.

— Acho que sou seu encontro.

Citou ao lhe entregar a flor.

— Com certeza você é...

Posso notar a animação da minha mãe saindo pelos poros e nesse caso, concordo totalmente com seus sentimentos.

Depois que ele sentou, Esme continuou o leilão e rapidamente voltei a me interessar com o anúncio do Carlisle.

— O décimo candidato é o doutor Cullen. – Gritos reverberaram pelo espaço, assim como alguns aplausos. – Além de cardiologista, é também o diretor do nosso hospital. Talvez com um pouco mais de propriedade, posso informar que a mulher que desfrutar desse encontro, terá ao seu lado um excelente degustador de vinhos e ótimo parceiro de dança. Além dos predicados muito distintos como pai e marido. Mas não se enganem. Ele está à inteira disposição. Ou quase isso...

Ela conseguiu fazer todos rirem e os lances começaram. Mamãe levantou sua placa e para dizer que não participei, acabei erguendo a minha junto ao lance inicial, mas assim que o valor subiu a duzentos dólares, deixei somente as outras moças continuarem no páreo.

Só que a parte mais legal veio quando a mãe da Esme efetuou o lance de quinhentos dólares, simplesmente arrematando-o.

— Quer dizer que teremos um encontro?

Carlisle perguntou ao se aproximar da sogra e ela fez todos rirem com a resposta.

— Eu estou animadíssima para dançar a noite inteira. Espero que você tire uma boa soneca antes do nosso jantar, para aguentar o meu ritmo.

— Será um enorme prazer.

Aplaudimos animadíssimos, só que logo esse clima descontraído me deixou, pois não consegui me concentrar no décimo primeiro rapaz, se minha mente começou a refletir sobre como será o próximo leilão...

— Agora por último, mas com certeza, não menos importante. O décimo segundo candidato é o doutor Masen. – Gritos estrondosos já começaram nesse momento. – Está bem, deixem-me apresentá-lo primeiro.

Ela teve que pedir, para conseguir voltar a falar.

— O doutor Masen é consideravelmente novo em nosso hospital, mas mesmo com pouco tempo conosco, já se provou mais do que um exímio médico. Tendo como especialização a pediatria cirúrgica. E trata todas as crianças com máximo esmero. – Ela sorriu e Edward a acompanhou. – Contudo, o que posso dizer para além do profissional é que terão um encontro com um homem mais do que charmoso, mas de um modo muito singular, também um pouco misterioso...

Surpreendi-me com sua escolha de palavras, mas não posso deixar de concordar. Visto que apesar do que diz, sobre sermos as pessoas mais próximas a si, ainda temos muitas dúvidas sobre sua história e quem realmente é...

Quando os lances começaram, Esme teve até mesmo que efetuar as repetições um pouco mais rápido, visto que após atingir o valor de quinhentos dólares, muitas plaquinhas continuaram a ser levantadas.

Observando as mulheres em geral, notei que Jéssica é uma das mais entusiasmadas em continuar dando lances, assim como a prima que trouxe consigo e nos apresentou brevemente durante a noite.

— Temos seiscentos dólares, alguém dá mais?

Esme perguntou, continuando as ofertas, porém a resposta que veio a seguir paralisou a todos.

— Eu ofereço mil dólares...

Justamente a prima de Jéssica efetuou tal lance, deixando o espaço em completo silêncio, pois apesar de sabermos que o dinheiro será revertido às causas do hospital, até o momento, ninguém ousou deixar a base já estabelecida.

— Acho que preciso fazer uma pergunta primeiro. – Esme discorreu, virando para falar com Edward. – Doutor Masen, como está se sentindo?

— Mil dólares por um encontro comigo? – Pontuou. — Não tem nenhuma pressão...

Sua brincadeira fez todos rirem e o clima voltou a descontrair.

— Então vamos continuar. – Ela concordou se dirigindo a audiência. – Alguém dá mais?

Vi as plaquinhas abaixarem e o sorriso da prima da Jéssica aumentar diante da conquista iminente, enquanto um comichão começou a me assolar.

— Dou-lhe uma. Dou-lhe duas...

— Mil e cem!

Meu Deus...

O que acabei de fazer?

Novamente o silêncio reinou, mas agora por minha culpa.

Onde estou com a cabeça?

Será que esqueci a presença dos meus pais, amigos e colegas de trabalho?

Eu nem mesmo ergui a plaquinha, só falei o valor e pronto.

Esme me olhou e tentei implorar por ajuda.

— Ok, temos um lance superior da senhorita Swan. – Indicou calmamente. – Você o mantém?

Contudo, apesar da tábua de salvação que estendida, ao desviar o olhar para Edward, não consegui voltar atrás.

— Sim...

— Então continuaremos o leilão ou posso encerá-lo?

— Eu dou mil e duzentos.

A mulher falou e não só isso, já que também levantou para marcar a ênfase do lance.

Então o comichão se transformou em algo mais. Um tipo de sentimento desconhecido que me levou a um limbo incontrolável, pois em antemão a resposta de Esme, reforcei.

— Mil e trezentos.

Ouvi ofegos provindos até mesmo das pessoas na minha mesa, mas não consigo focar em nada disso.

— Acredito que agora...

— Mil e quatrocentos.

A prima de Jéssica lançou cortando Esme, enquanto o olhar figura sobre mim.

E ainda dominada pelas sensações distintas, acabei levantando da mesa e sentenciando.

— Eu ofereço mil e setecentos dólares...

CONTINUA.