Uma Chance para o Amor

Capítulo 5 - The chance to take it easy


— Muito obrigada, doutora Swan.

A mãe do paciente agradeceu mais uma vez, assim que abri a porta do consultório para que ela e seu pequeno possam ir embora.

— Não há de quê.

— Tchau doutora.

— Tchauzinho. – Acenei de volta ao garotinho. – Até nossa próxima consulta.

Eles caminharam no sentido da saída, enquanto virei para seguir a sala de descanso a procura de um pouco mais de café, pois tendo iniciado o plantão em meio à madrugada, continuo precisando do estímulo conforme as horas da manhã vão se fazendo presentes.

— Opa. – A voz de Emm chamou minha atenção e virei, contendo o passo. – Para onde está indo?

— Sala de descanso.

— Café?

— Café...

Em duas passadas ele me alcançou e começamos a caminhar juntos.

— Primeiramente, bom dia.

— Bom dia Emm.

— Pegou no plantão hoje cedo?

— Não, entrei na madrugada, por volta das três.

— Estou desde as duas. – Informou. – E pelo visto, hoje é um daqueles dias.

— Por que diz isso?

— Porque estamos no hospital há uma base de oito horas e somente agora conseguimos nos encontrar.

— O período da madrugada foi tranquilo, porém hoje minha manhã está reservada para consultas. – Expliquei. – Na verdade, só estou conseguindo ir pegar esse café, por uma pequena brecha de quinze minutos na agenda.

— Faz sentido.

— Mas seu plantão está sendo puxado?

— Cobri uma emergência assim que comecei, mas também atendi alguns pacientes rotineiros pela manhã. – Relatou. – Porém o fim do plantão será composto por um procedimento cirúrgico.

— Algo sério?

— Não, farei somente um ligamento de tendão no ombro.

— Menos mal. – Pontuei. – Mas, mesmo assim, boa sorte.

— Obrigado.

Junto ao agradecimento, ele abriu a porta da sala de descanso, indicando para passar a frente. Agradeci a cortesia e assim que entramos, tivemos a surpresa de encontrar Rose e Edward.

— Oh.

Expressei e Rose comentou.

— E essa feliz coincidência?

— Você chegou há pouco? – Devolvi.

— Estou pegando praticamente agora.

Assenti brevemente e em seguida, efetuei o outro cumprimento.

— Bom dia Edward.

— Bom dia Bella, como vai?

— Bem e você?

— Bem também.

Rose e Emm também começaram a se falar, porém diferente do doutor Masen e eu, o fizeram até mesmo com um beijo no rosto.

— Vocês já tinham se encontrado?

Acabei questionando aos rapazes, visto que não fizeram cerimônia diante da presença do outro.

— Sim. – Edward respondeu. – Eu comecei as seis e avistei o Emmett tão logo entrei.

— Hoje foi meu dia de madrugar por aqui. – Emm citou.

— Mas ao menos deixará o hospital daqui a pouco. – Rose pontuou.

— Isso se der tudo certo com a cirurgia que farei mais tarde.

Com o comentário, Rose o questionou sobre as funções do procedimento e por já estar sabendo dos detalhes, foquei em pegar meu café.

Mas acontece que meu intuito se ligou ao de Edward e paramos em frente ao aparelho, esperando-o fazer o processo.

— Quanto a você, não preciso nem perguntar se tem algum procedimento cirúrgico em vias de prática. – Elaborei.

— Por enquanto, somente um para o horário das duas horas.

— É no encaixe do fim do meu plantão, mas se precisar de auxílio, não se ressinta em me chamar.

— Eu sei que sempre posso contar com você. – Afirmou. – Digo, com sua colaboração quanto às questões do hospital.

— É claro.

O almoço em nossa casa aconteceu há dois dias e talvez por isso, os efeitos daquela tarde despojada ainda estejam reverberando. Em alguns, um pouco mais do que em outros, contudo...

— Bella?

— Sim.

Desviei o olhar de Edward diante do chamado da Rose.

— Sua folga noturna será na quinta-feira, não é?

— Sim. A folga começará às cinco da tarde, indo até às cinco da manhã. – Contei. – Por quê?

— Para saber. – Respondeu simplesmente. – Mas agora eu tenho que ir.

Ela acenou a despedida breve, porém efetuou um último comentário antes de sair.

— Podemos conversar mais tarde?

A pergunta foi dirigida ao Emm, deixando certa tensão e curiosidade no ar.

— É claro. – Ele informou prontamente.

— Está certo. – Consentiu. – Eu te encontro no fim do seu plantão.

E sem mais, deixou a sala.

— Aconteceu alguma coisa?

Edward perguntou ao Emm, após alguns segundos.

— Não. – Contestou rápido, mas logo completou. – Não sei bem.

— Do que você vocês estavam falando?

— Banalidades. – Me respondeu. – Eu estava comentando sobre um recurso que acompanharei na sexta-feira. E ela somente perguntou se estaria de folga no período anterior, como fez com você.

Um silêncio breve nos rodeou.

— É provável que ela esteja querendo saber como serão os plantões da semana. – Edward instigou. – Não é?

— Eu não sei. – Informei também confusa. – Mas não se preocupe Emm. Seja o que for que ela queira conversar, tenho certeza que não será nada demais.

— Está bem. – Concordou. – Vocês têm razão. Eu não tenho com o que me preocupar.

Edward e eu assentimos, porém acabamos trocando olhares questionadores...

***

Acontece que não poderíamos estar mais equivocados...

Quer dizer, não é como se algo de ruim estivesse prestes a acontecer, entretanto, o fato é que realmente não tínhamos ideia do que Rose pretendia conversar com o Emm.

E assim, surpreendendo-nos ou talvez nem tanto, o assunto que tinha para tratar com nosso amigo, dizia respeito a convidá-lo ou enfim aceitar seu convite para uma saída a dois...

E após óbvia aprovação do Emm, Rose contou sobre seus planos, citando que a conversa que tivemos reverberou bastante em si. E ao se dar conta de que teria uma oportunidade prévia para que o encontro pudesse acontecer, simplesmente sentiu que havia chegado a hora de se darem à oportunidade.

E com tudo se encaixando perfeitamente, não só com suas folgas, mas também com a minha. Rose poderá sair sem nenhuma preocupação, já que estarei em casa com a Anna.

Por isso, diferente da maioria dos dias, no instante em que meu plantão terminou, estava apostos para ir embora. E ao deixar o hospital, segui direto à creche.

— Tia Bell.

Ela citou animada a me ver enquanto a peguei no colo, após agradecer a responsável da creche por entregá-la.

— Oi florzinha mais linda da tia. – Beijei seu rosto. – Pronta para ir?

— Sim.

— Hoje a noite será só nossa. – Informei a caminho do carro. – Está animada?

— Vamu fazê um monte de coisa?

— Vamos seguir com a rotina, pois amanhã a senhorita tem creche e a tia Bella trabalha. – Constatei. – Mas aproveitaremos bastante, isso eu posso garantir.

— Tá legal.

A ajeitei na cadeirinha do carro e logo seguimos para casa.

Durante o trajeto, Anna relatou sobre como foi seu dia, desde o que conversou com cada um de seus coleguinhas, as brincadeiras que fez e o que de fato praticou como aula.

— Então você tem lição de casa?

Questionei tão logo adentramos a sala.

— Tenho tia Bell.

— Pois vamos colocar seus deveres em prática enquanto sua mãe não chega.

A guiei ao quarto para guardar suas coisas, assim como também entrei no meu para deixar a bolsa e outros acessórios.

Por saber que interagiria diretamente com ela após deixar o hospital, tomei banho e me troquei por lá mesmo antes de sair. Quanto a ela, indiquei para lavar as mãos e o rosto e mais tarde providenciaremos seu banho.

De volta ao seu quarto, sentamos na mesinha da Barbie próxima a um dos cantos da parede, enquanto passei a auxiliá-la na tarefa escolar.

— Muito bem Anna.

Elogiei novamente, ao vê-la acertar mais um dos pontos da lição.

Sendo uma atividade de estimulo funcional de letras e números que as crianças da sua turma já estão começando a aprender. Tendo como objetivo, circular as vogais e marcar um X nos números presentes na folha, que vão somente do dois ao quatro.

— E esse tia Bell?

— Boa pergunta. – Estimulei. – Esse aqui é uma letra ou um número?

Ela ficou olhando por um tempo para a letra I expressa na folha e diante da dinâmica, é mais do que natural que tenha dúvidas, já que o numeral um não está presente.

Então sem perguntar outra vez, ela circulou o bastãozinho, confirmando ser uma vogal.

— Isso querida. Você acertou.

— Aceitei?

— Acertou. – Enfatizei. – E por que está certo?

— Puquê é uma leta.

— Exatamente. – Continuei. – E que letra é essa?

— Leta I.

— Isso mesmo. – Ela sorriu e a acompanhei. – E a letra I também é uma?

Ela demorou alguns segundos para compreender o sentido da pergunta, mas então respondeu.

— Vogal.

— Maravilha Anna. – Beijei sua cabecinha. – Agora continue.

Indiquei, visto que ela ainda tem outras duas vogais e números para interagir.

E quando menos esperamos, sua mãe chegou. Tendo em vista que Rose finalizou o próprio plantão uma hora após o meu, acredito que também tenha vindo direto e o mais rápido possível para se preparar ao compromisso posterior.

— Oi. Oi...

Rose saudou ao aparecer no quarto e Anna foi rapidamente ao seu encontro.

— Mamãe.

— Como você está amorzinho?

— Bem mamãe.

— Gostou que hoje a tia Bella foi te buscar?

— Sim.

— E o que estão fazendo?

— Lição.

— A tia Bella está te ajudando com a lição de casa? – Ela assentiu. – Pois aproveita filha, porque sua tia é a mulher mais inteligente que conheço.

— Ora essa. – Destaquei. – Está querendo me adular por qual motivo?

— Não estou te adulando, somente pontuando a verdade. – Expressou. – Mas agora vou deixá-las continuar as tarefas, pois preciso ir tomar banho.

— Tá bom mamãe.

Anna rapidamente voltou ao seu lugar, continuando o exercício e aproveitei para falar com a Rose.

— Como você está?

— Bem. Um pouco ansiosa, mas acho que isso é normal.

— Vai dar tudo certo. – Afirmei. – Você apenas está saindo para jantar com um amigo, ao menos hoje, não precisa pensar em nada além.

— Obrigada Bella. – Me deu um leve abraço. – Por tudo.

— Não precisa me agradecer. – Deixei claro. – Agora vai se arrumar, pois daqui a pouco ele chegará para buscá-la.

Ela assentiu e deixou o quarto da Anna seguindo ao seu, enquanto voltei ao meu posto de supervisora.

— Parabéns Anna, você terminou a lição.

Constatei após alguns minutos.

— Terminei?

— Terminou. – Consenti. – Mas como ainda temos um tempinho, você gostaria de pintar os desenhos?

— Sim.

— Pois então vamos. – Rapidamente alcancei sua caixa de lápis de cor. – Você diz qual é a cor de cada um e eu te entrego o lápis, tudo bem?

— Tá bom tia. — Ela balançou a cabeça e já apontou para o papel. — Esse é verde.

— E qual é o verde?

— Leta A.

— Isso mesmo meu bem. Agora pode pintar.

Ela começou a colorir o desenho e ficamos entretidas nessa nova dinâmica pelos próximos minutos.

Porém tendo em vista o horário, encerrei o ciclo escolar e informei que ela pode brincar um pouco, enquanto sigo para o quarto da sua mãe.

— Rose.

Chamei ao parar em frente à porta.

— Pode entrar.

Com a indicação, passei ao cômodo.

— Ah, você está tão linda.

Elogiei ao contemplá-la em frente ao espelho.

— Você acha?

— Com certeza.

Ela está usando um vestido preto liso, de corte reto que vai até o meio das pernas, completando o visual com uma sandália média. O decote coração está marcado por um colar singelo, combinando com o par de brincos. E os fios loiros estão presos em um rabo de cavalo baixo, evidenciando ainda mais a beleza do rosto.

— Ainda bem que você é especialista em aferir pressão, pois talvez o Emm acabe precisando de um apoio.

— Por favor, nem brinque com isso.

— Não se preocupe. Vocês terão uma ótima noite e isso é tudo que importa.

E bem nesse instante, a campainha tocou.

— Chegou a hora. – Comentei com um sorriso.

— Acho que sim. – Ela pegou a bolsa sobre a cama e indicou. – Vamos lá.

Assim que passamos em frente ao quarto da Anna para chamá-la, Rose recebeu também os elogios da filha.

— Tá linda mamãe.

— Obrigada meu amor.

— A senhola vai sai?

— Eu vou filha. – Rose confirmou. – Lembra que conversei com você que hoje ia jantar com o Emm?

— E não posso ir?

— Anna, essa noite você e eu ficaremos aqui em casa, lembra? – Pontuei. – Enquanto sua mãe vai jantar com o Emm.

Ela passou os olhos por nós duas, mas rapidamente concordou.

— Tudo bem.

Com isso esclarecido, chegamos à sala e Rose foi abrir a porta para seu acompanhante.

— Boa... – Ele acabou se contendo. – Nossa!

— Oi.

— Uau. – Tentou outra vez. – Você está. Uau.

— Obrigada.

— Emm!

Anna se fez presente e ele balançou a cabeça, deixando o estado de torpor.

— Minha nossa. Que saudade. – Expressou. – Vem me dar um abraço.

Ele abaixou para ficar a sua altura e ela logo foi ao seu encontro.

— Mas você também está linda. – Afirmou. – Aonde vai assim?

— Eu vim da ceche.

— E deixam você ir para a creche parecendo uma princesa?

— Sim.

— Pensei que estava linda desse jeito porque ia sair conosco.

— Eu vou ficá com a tia Bell. – Contou. — Só a mamãe vai sai.

— Tudo bem. – Ele ponderou, parecendo resignado. – Dessa vez, aceito sair só com a sua mãe. Mas na próxima, o jantar especial também terá que ter a sua presença, combinado?

— Combinado.

Ele deu um beijo em seu rosto e levantou.

— Acha que podemos ir? – Questionou a Rose.

— É claro. – Ela assentiu. – Bella...

— Não, não. – A cortei. – Somente aproveitem a noite.

Ela se despediu da Anna e Emm aproveitou para falar comigo.

— Obrigado.

— Por que está me agradecendo?

— Você sabe o motivo.

E sem mais, os dois saíram.

— Tchau...

Acenamos a despedida e ao ficarmos sozinhas, redirecionei o foco a Anna.

— Agora mocinha, apesar dos elogios que recebeu, está na hora de tomar banho.

— Naum.

— Como assim não? – Retruquei. – Você não quer ficar limpinha e cheirosa?

— Eu num tô suja.

— Pois eu quero ver.

A tomei nos braços, passando a cheirar seu pescoço e fazer cócegas, sendo brindada por um dos melhores sons do mundo, seu riso alto e alegre.

O momento do banho continuou envolto a aura de divertimento, com Anna interagindo efetivamente com o momento da sua higiene pessoal. Ao deixarmos o banheiro, vesti seu pijama e tratei de secar seu cabelo para que não vá dormir com ele molhado.

— A mamãe tá jantando agola?

Anna questionou enquanto dou andamento ao jantar.

Quando segui para a cozinha, questionei se ela gostaria de ficar na sala ou me acompanhar e ela escolheu ficar comigo.

— Sim, acredito que ela e o Emm estejam jantando.

— E o que eles vão comê?

— Não sei querida. – Respondi breve. – Nem mesmo sei em que restaurante eles foram, para ter uma ideia do cardápio.

— A mamãe gosta de peixe.

— Sim, ela gosta.

— Eu gosto de fango.

— E é exatamente o que vamos comer.

— Oba.

Preparei nossos pratos e sentamos a mesa para jantar.

Desde que chegou aos três anos, começamos a estimulá-la a comer sozinha e sendo a refeição pedacinhos de frango, com purê, cenoura e brócolis refogados, estou deixando-a desfrutar da autonomia.

— Tia Bell?

— O que?

— Puquê a senhola não foi jantar?

— E quem ficaria com você? – Devolvi de pronto.

— A Maggie e a Sio.

Informou bem séria, se referindo as babás que são nossa rede de apoio quando Rose e eu estamos de plantão.

— Você fica com elas quando estamos trabalhando, mas hoje estou de folga. Então não foi necessário chamá-las.

— Hun.

— E também, o jantar era só para a sua mãe e o Emm.

— Puquê?

— Porque eles são amigos. – Justifiquei. – E resolveram aproveitar essa noite juntos.

Ela pegou mais duas colheradas da sua comida, mas logo voltou às perguntas.

— E cadê o seu amigo?

— Quem?

— O moço bunito.

Estagnei diante da citação e levei alguns segundos para comentar.

— Está se referindo ao Edward?

— Sim. Edwad.

— Não, Anna. Ele não é meu amigo.

— Não? Puquê?

— Quer dizer, ele é meu amigo. – Admiti, logo reformulando. – Ele é meu colega de trabalho.

— Ele também é médico.

— Sim, ele é médico. – Concordei. – E como eu, também é pediatra.

— Ele cuida dos bebês?

— Exatamente. E até um pouco mais do que eu.

Informei em referência a sua especialização como cirurgião, ainda que ela não tenha conhecimento desse adendo.

— Se vocês dois cuidá de bebê, puquê num pode jantar com ele?

— Ah, Anna. – Sorri contida. – A vida é um pouco mais complicada do que isso.

Diante da sua expressão confusa e a cabecinha virada de lado, guiei o assunto a outro ponto.

— Mas o que você precisa entender, é que sua mãe e o Emm saíram para jantar, pois são amigos há muitos anos. E agora estão aproveitando um pouco mais dessa amizade.

— Eu gosto do Emm.

— Eu sei querida.

— E também gostei do Edwad.

— Vou deixá-lo saber disso...

Quando terminamos de jantar, não demorou a ela dar os primeiros indícios de sono e deixando as outras responsabilidades para daqui a pouco, a guiei ao banheiro para que possa escovar os dentes e em seguida retornamos ao seu quarto.

— Você quer que conte alguma história?

Questionei ao deitá-la na cama, mesmo sabendo que daqui a pouco já estará dormindo.

— Quelo a da fada azul.

Sabendo a que livro se refere, o peguei em meio à coleção que fica na prateleira sobre sua cama e rapidamente passei a recitar a história expressa nas páginas coloridas. Mas não cheguei à terceira folha, antes de notar que ela adormeceu.

Reposicionei o livro no lugar, chequei se está bem segura e coberta, liguei a babá eletrônica, porém antes de deixar o quarto, me dei ao luxo de contemplar seu sono por mais um tempo.

Ela efetivamente é a mistura perfeita dos pais. Os fios loiros, que eram mais claros quando nasceu. Hoje apresentam um tom mais semelhante ao do meu primo, porém os olhos se mesclam entre o tom de James e Rose. Enquanto tantos outros traços arremetem a combinação mais do que especial que eles produziram.

E sempre que penso em sua chegada, sou arrebatada pela constatação de como foi luz em nossas vidas, especialmente na minha. Sendo praticamente um sonho que virou realidade poder não só conviver, mas efetivamente participar da sua criação.

E mesmo que meu coração doa por saber que só faço parte de sua vida dessa forma tão intensa, porque seu pai não está mais conosco. Não consigo deixar de lhe agradecer internamente, por ter nos deixado esse presente maravilhoso.

Justamente por saber que jamais serei efetivamente completa, a presença de Anna preenche o máximo possível os sentimentos do meu coração...

— Você quer ir tomar café?

Rose questionou enquanto deixamos o meu consultório.

— Talvez não dê tempo de comer alguma coisa, mas topo tomar um café no refeitório.

Ela assentiu em meio a um bocejo e seguimos ao espaço compartilhado de refeições.

Eu não vi a hora em que ela chegou, mas não acredito que tenha sido tão tarde, visto que eu tão pouco demorei a dormir depois de cuidar da Anna. Contudo, por conta disso, ainda não conseguimos conversar efetivamente sobre como foi o encontro, mas talvez esse breve momento sirva para colocar as questões em dia.

— Então...

Instiguei quando paramos na fila próximas ao balcão.

— Então o que?

— Vai mesmo continuar mantendo o suspense?

— Não sei do que está falando.

— Rose, por favor, eu quero saber como foi...

Apesar do pedido efetivo, não tive a sorte de receber uma resposta, pois logo fomos interceptadas por outras companhias.

— Olá senhoritas.

— Oi Emm.

Respondi sorrindo, enquanto Rose se limitou a um cumprimento mais contido.

— Oi.

— Bom dia.

Edward efetuou em seguida e eu acenei brevemente, enquanto minha amiga saudou.

— Como vai Edward?

— Próximo.

Rose e eu nos aproximamos para fazer os pedidos e eles também foram atendidos, assim, só voltamos a interagir após nos afastar do balcão.

— Se importam em sentarmos juntos?

Emmett propôs e afirmei rápido.

— Claro que não.

Adentramos a parte em que ficam as mesas e não tardamos a enxergar Carlisle e Esme sentados em uma mesa mais ao canto, eles também nos viram e acenaram para nos aproximarmos.

— Que coincidência primorosa. – Ela destacou. – Sentem-se conosco.

— Caso não formos atrapalhar o encontro de vocês.

Carlisle completou e tratamos de esclarecer.

— Não. – Edward afirmou.

— Não estão atrapalhando nada. – Confirmei.

— De forma alguma. – Rose completou.

— Obrigado.

Emm agradeceu, depois de efetuar um bocejo, sendo o último a sentar.

— Como estão? – Esme questionou, dando andamento ao assunto. – Tirando a Rose, o restante de vocês somente tinha visto no início da semana.

— Estamos bem, obrigada. – Constatei. – E vocês?

— Nos recuperando para encerrar um plantão. – Justificou.

— Vocês vão até que horas?

Edward questionou e ela respondeu.

— Se tudo der certo, trocamos ao meio-dia.

— Mas você entrou agora pela manhã, não foi?

Carlisle o questionou e ele assentiu.

— Sim.

— Você também estava de folga ontem à noite? – Acabei perguntando.

— Uhum. – Confirmou e tomou um gole do café. – Pelo visto, nossas escalas acabaram se igualando.

— Ah, vocês estão com plantões conjuntos.

— Uma feliz coincidência dos últimos dias. – Rose explicou a Esme. – Pois também folgamos no domingo.

— E para a nossa sorte, fomos convidados a almoçar na casa delas. – Emm informou.

— Ah, é mesmo? Nessas horas, ninguém se lembra de nós, não é?

— Esme, por favor...

— Sabem que estou brincando. – Me cortou, já sorrindo. – E se vocês estavam de folga, significa que estávamos de plantão.

— Mesmo assim, qualquer dia precisamos marcar alguma coisa para fora do hospital.

— Com certeza.

Rose e Emm efetuaram novos bocejos e sem perceber, Edward e eu acabamos rindo.

— Perdemos alguma coisa?

Carlisle interviu, mas eles negaram.

— Não.

— Nada.

E não sei o que me deu, porém resolvi instigar o assunto.

— Bom, acredito que só achamos engraçado vê-los com sono.

— O que teria de engraçado nisso?

— Não sei. – Ponderei diante da Rose. – Mas é que eu não estou com sono. Você está?

Direcionei a pergunta a Edward.

— Eu não. – Respondeu parecendo ter captado a ideia. – Imagina se vou estar com sono no início do plantão, depois de ter folga a noite.

— Acho que nós estamos com um pouco de sono, não é? – Esme formulou.

— Com certeza. – Carlisle concordou.

— Mas vocês podem, pois estão no fim dos seus plantões. – Citei. – Agora quem estava de folga. Não vejo motivos para cansaço.

— A não ser...

Edward elaborou a deixa, porém Rose assumiu a vez.

— Vocês sabem que estamos diante dos nossos chefes, não é? – Atestou. – Ou se esqueceram disso?

— Na verdade, querida. – Esme falou. – Apenas o Carlisle é o chefe. Sendo inclusive o meu.

— O que me dá muito prazer.

Não aguentamos o clima, efetuando uma troca de olhares consternada.

— Mas todos sabem que somos muito mais amigos, do que qualquer outra coisa. – Ele reformulou, retomando o ponto.

— E que com certeza não rola favoritismo. – Emm brincou e sorrimos.

— Fale baixo, meu bem. – Esme pediu, mantendo um tom de misterioso. – Sabemos que as paredes têm ouvidos.

Com isso, o riso acabou se elevando um pouco, contrariando o pedido inicial.

— Eu estou muito feliz por ter feito amizade justamente com vocês.

Edward falou após nos recuperarmos.

— Porque somos as melhores pessoas?

Rose devolveu e Emm completou.

— E os favoritos do chefe?

— Não que ele precisasse disso. – Destaquei.

— O que quer dizer?

Seu olhar se voltou ao meu e respondi.

— Você já chegou em melhor posição do que todos nós. – Pontuei. – Afinal de contas, é o conceituado doutor Masen, cirurgião pediátrico de prestígio.

— Por favor, não volte a isso. – Rebateu. – Nós já passamos dessa fase.

— E ainda assim, você chegou com a bagagem pronta. – Emm contestou. – Enquanto tivemos que provar nossos méritos dentro do trabalho.

— Mas todos vocês são excelentes profissionais.

Esme afirmou e Carlisle efetuou a sentença.

— E não poderíamos dispor de um time melhor.

— Mas eu acho que mereço certos privilégios por ser a mais velha. – Rose discorreu. – Ao menos no que diz respeito a esse grupo.

Trocamos olhares sorridentes, enquanto ela prosseguiu.

— Sem contar que também é por minha causa que a Bella veio trabalhar aqui. – Ressaltou. – Então meus pontos são 2 em 1.

— Eu poderia ter vindo para cá por minha conta. – Reforcei. – Afinal, esse hospital sempre esteve no meu radar.

— Mas ninguém sabe quando tomaria essa decisão. – Continuou argumentando. – Então foi graças a mim que começou a fazer parte do nosso escopo o mais rápido possível.

— Eu não vou continuar tentando contrariá-la.

— Eu acho uma boa ideia.

Por nós, teríamos continuado conversando por muito mais tempo, pois realmente temos sorte em meio a esses colegas de trabalho. Mas tão pronto Carlisle foi acionado, Emmett e eu acabamos seguindo pelo mesmo caminho.

— Bella.

— Sim?

Edward chamou a atenção enquanto caminhamos pelos corredores.

— Perdão por fazer esse tipo de pergunta. Mas você tem alguma ideia do que pode ter acontecido ontem?

Não precisei de mais para entender a que se refere.

— Gostaria de ter uma resposta concreta, porém ainda não consegui conversar com a Rose.

Nossos olhares seguiram os dois que estão um pouco à frente.

— Porém acho que deve ter dado tudo certo.

— Eu também. – Concordou. – Porque eles merecem desfrutar dessa chance.

— Como ninguém...

— Você realmente acha isso?

Sua pergunta veio alguns segundos após minha frase, então devolvi.

— Acho o que?

— Que eles são os que mais merecem viver o que estão sentindo?

Mantive-me em silêncio.

— Eu torço muito pelos dois, pois apesar de conhecê-los há pouco tempo, como lhe disse uma vez, a conexão que possuem é bastante nítida. – Acentuou. – Porém tenho minhas ressalvas quanto ao fato de serem os únicos ou talvez, os maiores merecedores dessa honraria.

— Você acredita que seja uma honra?

— Se apaixonar? E não só isso, mas apaixonar-se e ser retribuído? – Enfatizou. – Com certeza...

Não consegui elaborar nada para responder e ele tomou o novo silêncio como incentivo para continuar.

— Você não?

— Eu acredito que sim. – Ponderei. – Mas também acredito que isso não é para todos.

— É um pensamento profundo.

— É como vejo a vida.

— Então espero que consiga se ver como uma dessas pessoas. – Pronunciou sério. — Merecedora desfrutar da honra que é se apaixonar e viver o amor...

CONTINUA.