música dos sonhos - vigésimo oitavo capítulo

uma casa de estrelas, por lyn black

Seus dedos deslizam pelo piano negro, e o profundo som enche a sala. Ele é tão trágico. É cômico. Sua pele branca é cavernosa, digna de alguém que nunca viu a luz. Seus olhos são azulados – diferentes do cinza clássico da família –, como a água nunca vista dos polos submersos.

Régulus tem o braço ardendo, mas continua a tocar com raiva pelas horas que chegam e, então, deixam-no. Trancado no sótão da Mansão, além dos feitiços na porta, ele arrastou com as próprias mãos nuas o instrumento até ela. Ninguém entra e ninguém sairá sem esforço. Só a música melancólica ocupa o ambiente, fazendo forma das lágrimas que o garoto não permitirá, jamais, deixar escorrerem.

Órion está dividindo bebidas caras com o Lestrange-pai, Régulus retornou sozinho para casa. Sua mãe, sabendo da "honorável atitude de seu herdeiro" saira para lhe comprar vestes novas. A música se acelera quando ele lembra a proposta da prima mais velha, quase se portando como uma irmã mais velha, de ir limpar o mundo com ela da existência de um garoto que ele viu crescer nos corredores de Hogwarts. Polidamente, ele recusou e retornou para casa sob a desculpa de se aprimorar no estudo das Artes das Trevas.

É mais um vazio Natal sem Sirius em casa, e aquela sordida marca é a sua revolta. Ambos são hábeis com máscaras, entretanto, cada um teve seus artifícios para as moldar. Eles também conhecem as máscaras um do outro, viram-se juntos forjando suas estrelas.

As mãos de Régulus não param. Sua máscara aceita os papéis dos Black e até sorri em orgulho e agradecimento pela honra. A do irmão é sardônica e um fingimento exímio de estabilidade. Régulus atinge uma nota alta, e solta um grito entalado.

Seu irmão deveria ter honrado o peso de seus nomes. Ambos deveriam carregar marcas e dividir o peso. Ele é mais novo, ele nunca se preparou para isso. Sirius, porém, seguiu seus sonhos e abandonou-o com seus pesadelos. O pequeno rei toca sua sinfonia dos sonhos pedidos sozinho.