Papeladas, reuniões, acordos e vendas. Isso já fazia parte do dia de Soluço. Mesmo tendo apenas 25 anos, o jovem Strondus já estava acostumado com a correria da empresa, que lhe foi herdada.

Suas mãos já se mostravam sendo ágeis na hora de assinaturas. Seus olhos verdes já eram atentos e concentrados a tudo que estava ao seu redor. Seu tom de voz já era firme em momentos de dar ordens. Com todos esses benefícios, não era a toa que ele foi considerado um ótimo chefe, assim como foi seu pai, Stoico.

Após um dia cheio de afazeres, finalmente chega em casa onde é recepcionado pelas irmãs Garcia: Maria, Lúcia e Carmen.

—Onde está Nina? -Indagou Soluço, a suas empregadas.

—Brincando no quarto, senhor. -Respondeu Maria.

Ele agradeceu, e subiu as escadas da enorme mansão rumo ao quarto da filha.

Com apenas 5 anos, Nina já se parecia bastante com pai. Cabelos castanhos meio arruivados, e olhos verdes como esmeraldas.

—Papai! -A menina gritou animada, pulando no colo do pai. Soluço a pegou no colo, e a girou no ar, mesmo estando um pouco cansado pra isso.

Ele ficou alguns minutos conversando com ela. Prestando atenção no que ela dizia que havia feito na escola. Nos desenhos que havia pintado, e nas brincadeiras que havia feito com os colegas.

—Papai, vamos brincar de esconde-esconde? -Sugeriu Nina com os olhinhos brilhando.

—Desculpe, filha. Mas, eu estou muito cansado. -Alegou Soluço.

O olhar dela se entristeceu e o dele também. Ele queria ter mais tempo com ela, mas não dava. As Garcia não podiam arrumar a casa e brincar com Nina ao mesmo tempo. O máximo que faziam era vigiá-la, alimentá-la e ensinar com o dever de casa.

—A minha amiga Júlia disse que ela tem uma babá. Os pais dela trabalham, então a babá cuida, brinca, faz tudo com ela. -Comentou Nina.

—Você está dizendo que também quer uma babá? -Questionou Soluço.

Ela assentiu.

—É que quando você não estiver aqui, a babá vai. -Justificou.

Aquela parecia ser uma solução boa. Quando Nina voltasse da escola, não iria ficar o resto da tarde só desenhando, assistindo desenhos ou fazendo lição de casa. Teria com quem passear, conversar e brincar.

—Tá certo. Eu irei contratar amanhã mesmo uma babá para você. -Concordou Soluço, beijando a testa da filha.

**

Astrid deu um leve sorriso ao ver o filho dormindo. Ele estava sendo tão forte com tudo aquilo que estava acontecendo. Ás vezes, mais forte do que ela.

Já fazia um ano desde a morte do marido. Agora, ela e o filho, James, viviam na casa de Heather, melhor amiga de Astrid.

Ela nunca amou George, seu marido.E ele também nunca a amou, já que sempre a desprezava. Mas, era pai do seu filho, e o sustento da família, e naquele dia ele faria aniversário.

Para piorar a situação, Astrid havia perdido o emprego que tinha como balconista de uma boate a dois dias. Estava tudo indo de mau a pior.

Amanhã mesmo eu vou arrumar um trabalho. Pensou ela consigo mesma.

—Ainda acordada? -Reconheceu a voz de Heather.

—Não consigo dormir. Só consigo pensar que preciso de um emprego o mais rápido o possível. -Confessou.

—Minha tia trabalha na área de cozinha da Strondus Technology. Ela me disse que o chefe de lá está precisando de uma secretária. Quem sabe você não consiga essa vaga de emprego? -Sugeriu Heather.

Astrid deu um gritinho animado de empolgação. Aquela seria uma oportunidade perfeita.

—Irei lá amanhã mesmo.-Afirmou a loira.

Foto da Nina: