Uma Babá em Nossas Vidas

Conselhos e Declarações


Se uma namorada ficar chateada pelo namorado ter beijado outra mulher, é completamente compreensível. Um namorado também pode ficar chateado consigo mesmo e arrependido por ter permitido uma mulher que não era sua namorada o beijar.

Nessa mesma situação se encontrava patrão e babá. O mais estranho, é que eles não eram um casal, na verdade, eles só se beijaram, e não foi nada além de um simples beijo, que para ambos significou muita coisa.

Havia se passado três dias desde a discussão dos dois, que mal estavam se falando. Na frente das crianças, eles tentavam agir da maneira mais normal possível um com o outro, mas o clima entre eles estava tão estranho, que até James e Nina perceberam que havia algo errado.

E como solucionariam esse problema? Ninguém fazia a mínima idéia, mas... Talvez as crianças saibam.

No quarto de Nina.

—Você viu como eles estavam agindo estranho? -Questionou James.

—Vi sim. Eu queria tanto que eles voltassem a se dar bem!- Lamentou Nina. -Posso te falar uma coisa James... Eu queria que a sua mãe também fosse a minha... -Ela confessou.

—E eu queria que o seu pai também fosse meu... -Disse o loirinho.

Soluço e Astrid não sabiam, porém as crianças estavam cientes do beijo dos dois. Eles haviam ouvido as Garcia comentarem animadas do beijo de patrão e babá, o que fez a crianças pularem de alegria, acreditando que poderiam ser uma família.

Agora, perceberam também que havia uma coisa errada entre os eles, e resolveram solucionar isso de qualquer jeito, botando suas cabecinhas para pensar.

—Eu tive uma idéia, James! - Nina falou animada. -É o seguinte: Minha avó Valka é a melhor pessoa para dar conselhos! Se ela falasse com o papai, ou com a tia Astrid, talvez eles ouçam os conselhos dela e... -Ela foi dizendo a sua ideia, e James completou.

—Ficarão juntos! - Completou o garoto tão animado quanto Nina.

Além da esperança de que seu plano iria funcionar, eles tinham a inteligência que só as crianças tem. A inteligência delas diz que simples coisas, ás vezes, podem ter grandes resultados.

Mais tarde.

Soluço, Astrid, Nina e James estavam no carro à caminho da casa de Valka, mãe de Soluço, avó de Nina.

O Strondus não havia entendido direito o pedido insistente de Nina para ir a casa da avó. Eles não a viam com muita freqüência, mas a última vez que se encontraram não havia muito tempo.

Na verdade, desde o divórcio dos pais, Soluço deixou de ser próximo da sua mãe. Ele tinha doze anos, e quando isso aconteceu, se isolou dentro de si. Depois disso, ele ia a psicólogos que o ajudaram a superar, mas os laços que tinha com sua mãe não eram mais tão fortes quanto antes.

A viagem durou apenas uma hora, e quando se deram conta, já estavam na casa da amável Valka, que Nina sempre chamou de “vovó Val”.

Ela os recebeu em sua casa, com aquele sorriso doce e prestativo que sempre teve recepcionando bem a babá e James. Até pediu para o pequeno também a chamar de vovó Val, e assim ele fez, dizendo que ela havia virado sua avó do coração.

Depois de algumas horas, Valka pediu para uma empregada sua ir fazer biscoito para as crianças comerem na sala, e Astrid foi junto com os pequenos, deixando apenas mãe e filho no cômodo.

—E aí, como você vai? –Valka perguntou ao filho.

—Eu... Vou bem, mãe. –Ele respondeu, dando um sorriso fraco.

—Conversei pelo telefone com Nina e ela me disse que vocês estão passando mais tempo juntos. Isso é muito bom, querido. Que bom que está dando mais atenção a ela. –Comentou Valka.

—Papai me fez perceber isso. Não só ele, mas também a... Astrid. –A demora para dizer o nome da Hofferson foi o fato dele ter se lembrado da briga deles dois.

Valka deu um sorriso. Coração de mãe não se engana, e ela sabia muito bem o que estava acontecendo.

—Percebi o jeito como você olha para ela... Seus olhos brilham! –Ela disse, fazendo o Strondus arregalar os olhos.

—Não é nada disso, mãe! –Ele esbravejou.

—Ah, não minta para mim Soluço! Eu sou sua mãe! Conheço você nos mínimos detalhes, inclusive sei quando está mentindo! Pelo jeito que vocês estão agindo, posso até perceber que brigaram! Agora, me conte tudo e não esconda nada! Pode já ser um adulto, mas sua mãe ainda manda em você. –Ela falou em um tom calmo, mas com autoridade, fazendo Soluço perceber que não adiantava discutir com Valka Spantosicus (Spantosicus é seu nome de solteira, já que ela é divorciada).

Então ele contou tudo. Como se conheceram, como ela disse que ele não dava atenção a Nina, o dia em que se beijaram, e por fim, a briga por causa do confuso beijo com Hilary.

Valka suspirou calmamente.

—Por que tanta resistência filho? Vocês dois se amam! Porque acha que ela ficou tão incomodada com o beijo que Hilary te deu? –Disse a mãe, fazendo Soluço abaixar o olhar pensativo. –O amor chegou para você meu filho! Ele está te dando uma chance com Astrid. Não deixe que o tempo passe, sem que tenha confessado que ama... Você a ama, meu filho?–Indagou Valka ao seu filho.

Ele suspirou. Não dava para negar. Não dava para negar que ele amava o seu jeito de ser estressada e amorosa ao mesmo tempo, a maneira como ela era gentil, colocando o bem estar das pessoas acima dos dela, a maneira como ela era sincera, dizendo o que pensava quando necessário... Ele amava seus olhos, seus cabelos, seu corpo... Ele amava tudo nessa babá.

—Eu estou apaixonado pela babá da minha filha, mãe. –Ele confessou.

Na volta para casa.

As crianças haviam pedido para dormir na casa da “vovó Val”, e Soluço e Astrid assentiram ao pedido. O que na verdade nenhum dos dois sabiam, é Valka havia pedido aos pequenos que dormissem lá, para deixaram patrão e empregada se resolverem.

Os dois seguiam a viagem em silêncio, e para a surpresa de Astrid, o patrão não os levou para a casa, e sim, para a praia de Berk.

Já era a noite, mas a lua cheia iluminada tudo. O som das ondas podia ser ouvido, e o mar estava calmo trazendo uma refrescante brisa.

—O que estamos fazendo aqui? –Perguntou Astrid confusa.

— Resolvi dar uma parada aqui na praia, vem. –Ele chamou, fazendo sinal para que ela saísse do carro e se aproximasse.

A Hofferson não estava entendendo mais nada. Seu patrão que ela quase não dirigia palavra, agora a noite resolveu ir para a praia? Mesmo assim resolveu não discutir, e seguiu o Strondus.

Os dois ficaram ali parados ouvindo o som repetitivo das ondas, e com seus cabelos sendo balançados pelo vento salgado.

Perfect- Ed Sheeran. (Música de fundo)

—Me desculpa... –Pediu Soluço.

—Pela... Briga? –Astrid questionou. –Tudo bem, nem eu sei por que eu agi daquele jeito... –Ele afirmou.

—Não, não... Não é exatamente pela briga. É por eu não ter exposto os meus verdadeiros sentimentos por você. –Ele alegou.

Astrid levantou o olhar ao seu patrão.

—Astrid, eu amo tudo em você. Seu sorriso, seu jeito de falar, de pensar, de andar, de agir... Você apareceu na minha vida de repente e mudou ela para melhor. E nesses últimos dias, eu pude perceber que não consigo me imaginar sem você ao meu lado. –Declarou o patrão, olhando para os olhos azuis cheios de lágrimas da babá, que em seguida deu o sorriso que ele tanto amava.

—Eu também te amo. –Ela afirmou o beijando.

Um beijo doce e intenso, alegre e emocionado, uma mistura de sentimentos, sendo eles amor e alegria. Alegria, pois é isso que sentiam quando estavam um com outro. E amor, pois era isso que eles sentiam um pelo outro, e era disso que queriam viver.

Continua.