Uma Babá Em Apuros - Finalizada
Capítulo 2
Capitulo II
Os travesseiros de pena de ganso eram realmente confortáveis. A cama coberta de lençóis de linho fino do Egito era perfeita.
A Swan dormia como se fosse uma princesa. Seu subconsciente planejava despertar apenas depois do meio dia.
Mas a partir daquele dia, ela não era mais apenas a filha de Charlie ela era oficialmente a baba dos filhos do Senhor Cullen.
A cortina foi aberta e a claridade invadiu o quarto despertando fracamente a Swan que se sentiu incomodada com a luminosidade.
- Bella? – Mary chamou chacoalhando-a – Bella acorde; você já esta atrasada!
Isabella abriu os olhos assustada dando de cara com Mary.
- Já são sete horas; as crianças entram as oito. O caminho é longo!
A senhora saiu do quarto deixando uma Swan confusa.
Se levantou cambaleando.
As crianças. Escola. Baba. Londres.
Rapidamente o entendimento voltou ao seu cérebro e ela se pôs a correr.
- Sofi! – invadiu o quarto da menina – Sofi acorde! Tem que ir a escola! – deu suaves palmadinhas no bumbum da menina.
- Thommy! Levanta! – agora invadiu o quarto do menino que dormia totalmente ao inverso da posição que havia se deitado na noite anterior – Thommy! Vamos você tem escola!
Voltou para o quarto de Sofi a menina estava sentada.
- Sofi me ajuda! Vamos escovar os dentes, lavar o rosto, pentear os cabelos! – conduziu a criança para o banheiro e foi para o closet pegar o uniforme.
A roupa era social. Uma saia rodada azul anil um pouco acima dos joelhos, camisa branca com o nome do colégio em vermelho no lado esquerdo do peito, um blazer, meias calças brancas e uma boina azul anil com detalhes vermelhos.
Franziu o cenho se perguntando que tipo de escola era essa.
- Vamos Sofi se troque.
Bella deixou Sofia e voltou para o quarto de Thommy. Ele ainda dormia.
- Thommy pelo amor de Deus; acorda!
Bella foi ao closet do menino pegando o uniforme. Calça social, camisa branca, gravata vermelha e terno; com todas as peças seguindo o mesmo padrão de cores do uniforme de Sofie. Piscou atordoada e olhou lentamente para o chão onde um sapato social bem polido esperava para ser calçado.
Era uma escola ou um internato?
Eles não eram crianças demais para vestirem roupas assim?
Aonde estava a liberdade de ser criança? O conforto? A diversão?
Voltou para o quarto.
- Thommy não irei chamar de novo! Voce quem sabe se vai à escola ou não! Pelo o que conversamos ontem você mesmo se disse grande o suficiente para precisar de babá; então não me faça agir como uma.
No mesmo instante o garoto ergueu a cabeça.
- Ótimo! – ela sorriu com a mesma rapidez que o garoto se despertou.
Deixou a roupa sob a poltrona e voltou para o quarto de Sofi. A menina dormia com a testa encostada na pia.
- Sofi acorde! Quer tomar um banho para despertar?
Isabella não entendia todo esse sono se eles tinham dormido tão cedo!
A menina apenas chacoalhou a cabeça assentindo. Isabella a enfiou debaixo do chuveiro sem perceber que a ducha estava desligada deixando a agua fria ir com tudo pra cima de Sofi.
A criança deu um grito fino e imediatamente teve a boca tampada pela mão desesperada de Isabella.
A babá toda atrapalhada tirou a criança debaixo do chuveiro e ajustou a ducha para temperatura morna.
- Desculpe Sofi pelo menos agora você despertou não é? – disse com um sorriso amarelo; Sofi assentiu ainda de olhos arregalados – A temperatura está boa?
- Sim! – a menina respondeu num sussurro.
O choro de criança atingiu seus ouvidos.
Ela tinha se esquecido completamente de Andy!
- Já volto!
Foi caminhando apressadamente ao encontro do bebe.
Andy tinha um biquinho e olhos vermelhos; há quanto tempo ela estaria acordada?
- Oi bebe! – Isabella foi toda animada pegar a linda criança; com Andy suspendida no ar pelos seus braços a babá torceu o nariz.
- Que cheiro horrível! – Andy deu uma risadinha – Não bebe; não me diga que isso é o que estou pesando!
Foi girando Andy até ter uma visão da parte de trás da criança; pode notar uma mancha amarelo mostarda em toda a calça.
Bella começou a choramingar; era possível mesmo que o coco de Andy tinha vazado?
Mantendo Andy afastada o máximo possível de si caminhou até o trocador e a deitou ali.
Respirou fundo como se estivesse se preparando para uma guerra.
Com as pontas dos dedos e evitando tocar muito naquele tecido todo melecado de coco; Bella retirou a fralda.
- Ai meus olhos! – gemeu piscado freneticamente – Meus olhos ardem! Isso é alguma coisa tóxica!
Andy riu mostrando seus dentinhos da frente.
- Ainda bem que voce não é um bebe norte americano; porque se fosse isso seria uma bomba química muito perigosa! A quantidade de lixo alimentício que eles comem é assombroso!
Segurou a respiração e com as pontas dos dedos mantendo a fralda bem longe de si jogou no lixo.
Naquele milésimo de segundo que ela se afastou Andy se melecou com a calça suja.
- NÃO! – Isabella gritou correndo até Andy – Naaaaoo! – choramingou.
Levou Andy para a banheira e dessa vez se certificou da temperatura da agua.
Enquanto dava banho em Andy; Sofi apareceu enrolada em uma toalha e encharcando todo o chão.
- Sofi! Cuidado com o carpete!
Seu desvio de atenção proporcionou a Andy um momento para pegar o esguicho acoplado a banheira e apertou fazendo um jato de agua ensopar Isabella.
- Oh! – Bella abriu a boca em busca de ar – Oh! Pare Andy!
Podia ouvir a gargalhada das duas garotas. Bella tentou pegar o esguicho das mãos de Andy, mas simplesmente não conseguiu. A agua a impedia de enxergar. Rapidamente percebeu que quem estava tomando um banho era ela.
- Socorro! – murmurou como pode e se levantou já que estava agachada de frente a banheira - Andy pare!
Seus pés esquerdos perderam o pouco equilíbrio que tinham. O chão escorregadio foi o culpado da queda feia que viria a seguir.
Mas em vez de sentir o chão frio, molhado e duro; ela sentiu um corpo quente, seco e forte.
As gargalhadas se encerraram assim como o jato de agua que estava em sua direção. E tudo foi de repente, como se simplesmente a energia estivesse acabado.
As mãos que a salvaram do desastre a ajudou a se endireitar. Isabella se virou para ver quem tinha lhe salvado de um coma profundo e não teve palavras para dizer o que viu.
Ele era o homem mais lindo que já tinha visto em toda a sua vida. E disso não tinha duvida.
Ele era alto, másculo e bem corado. Tinha os olhos tão verdes e profundos que a tirou alguns instantes fora de orbita. Os cabelos cor de bronze lembravam os de Thommy. Sua barba rala o deixava muito sexy, assim como a sobrancelha arqueada e os braços cruzados. E para o desespero total da pobre babá; ele estava vestindo apenas uma calça de moletom cinza deixando assim amostra; todo o seu peitoral definido.
- Ahn... – ela abriu a boca, mas de lá não saiu nada.
- A senhorita poderia me dizer que diabos esta acontecendo aqui?
Isabella teve nesse instante toda a sua idealização quebrada e pode enxergar a fúria que consumia o homem a sua frente.
- Presumo que o senhor seja Edward Cullen! – disse a babá sem jeito algum para lidar com a brutalidade.
- Exato! E eu como seu patrão estou questionando o lugar onde foi parar o seu profissionalismo! Que serviço de porco!
- Sinto muito eu...
- Não quero explicações! Só quero alguém capaz de cuidar dos meus filhos! Alguém com o mínimo de inteligência!
Isabella mordeu a língua. Ele não tinha direito de insultá-la, entretanto ela não estava em condições físicas e nem mentais de exigir seus direitos.
Os olhos de águia fitaram Sofi que estava enrolada na toalha e encolhida em um cantinho do banheiro e batia o queixo. A Swan não soube dizer se era de frio ou de medo.
- Sofia vá imediatamente para o seu quarto; se seque e se troque!
A menina saiu rapidamente.
- Senhor Cullen... – Edward fez um movimento calando a Swan.
- Eu passo horas a fio trancado em convenções; reuniões e em um escritório. Trabalho para manter meu império. E como todo humano eu me canso. Nunca; eu repito, NUNCA; de todas as Au Pair que freqüentaram esta casa, nenhuma delas me acordaram com desordem e barulho; voce é a primeira a conseguir esta faceta. Eu cheguei depois da meia noite e no mínimo eu mereço um descaso não acha? – Isabella assentiu amedrontada – Entao senhorita..
- Swan.
- Então senhorita Swan; espero realmente que isso nunca mais se repita. Para o seu bem é claro!
Edward saiu e enfim Isabella pode respirar sem pensar que iria morrer se fizesse isso.
A pequena Andy tinha os olhos esbugalhados e amedrontados. Foi então que Bella notou que Edward Cullen sequer olhou para a pequena.
- Oh sinto muito Andy! Mas pode deixar que eu cuido de voce!
A criança sorriu deixando seus dentinhos a mostra. A babá a trocou e a deixou no cercadinho com a promessa de que já voltava.
Isabella entrou em seu quarto ainda um pouco tremula. Vestiu uma camiseta, uma calça jeans e calçou uma sapatilha. Amarrou os cabelos de qualquer jeito e fez uma rápida higiene matinal. Terminou de vestir Sofia e ajeitou a gravata vermelha de Thommy. Pegou Andy e desceram para tomarem o café da manha.
- Bom dia Bella! – saudou Mary.
- Bad dia Mary! – depositou Andy na cadeirinha – Crianças sentem que já vou dar o cereal de vocês.
- Aconteceu alguma coisa querida? – a senhora perguntou preocupada.
- Nada demais. Só acabei de conhecer Edward Cullen.
A mulher assentiu como se entendesse que o fato de conhecer Edward Cullen logo de manhã era motivos suficientes para ter um Bad dia.
- Espero que não tenha sido muito desagradável.
- Não foi desagradável! – disse Isabella abrindo os armários da cozinha em busca do cereal – Foi aterrorizante! Eu achei que por um instante ele iria torcer meu pescoço e jogar meus ossos para os cachorros!
Mary riu e abriu a geladeira em quanto Bella fechava a porta do armário um tanto frustrada.
- Oh querida, não se preocupe! Edward jamais faria isso com voce! Ele jamais faria isso com qualquer pessoa!
- Assim espero! Porque ainda sonho em escrever um livro, plantar uma árvore, comprar um apartamento e adotar um cachorro!
Isabella se encostou no balcão um pouco sem fôlego. Mary se virou com uma bandeja de sanduíches e uma jarra de suco.
- As crianças tem uma dieta balanceada. Sábado a tarde voce irá conhecer a nutricionista da casa; ela vem todos os fim de semanas. Os cereais que entram nessa casa são integrais; cheio de fibras, aveia e cevada. As crianças não gostam muito, mas é a saúde que importa!
Isabella não conseguiu esconder a careta.
Cereais tinham de ser açucarados e saborosos. Não secos e sem gosto.
- Eu entendo! – disse Bella se referindo ao fato das crianças não gostarem dos cereais da casa.
Dava mamão de colherzinha para Andy em quanto Thommy enrolava com a comida e Sofi simplesmente comia devagarzinho como se fosse alguma Lady.
- Crianças, estamos atrasados; comem um pouco mais depressa!
- Não estamos atrasados; voce é quem esta! – rebateu Thommy de mau humor.
- Sofi! Pra que micro mordidas? Coloca isso logo na boca e bebe seu suco!
Isabella ignorou Thommy; ato que o deixou indignado.
- É falta de educação ignorar as pessoas, sabia?
Isabella encarou Thommy por um instante.
- É falta de educação responder e afrontar os mais velhos; sabia?
Sofi foi rir da expressão de desgosto do irmão, mas o problema era que ela estava com a boca cheia de suco.
Isabella quase chorou. O suco tinha saído até pelas narinas de Sofi.
- Demais! – disse Thommy se divertindo com a situação.
- Oh Sofia! Voce sujou a sua camisa do uniforme!
Isabella se controlou para não ir até a parede e bater a sua cabeça ali até o desespero que a possuía desaparecer.
Os olhos de Sofi se encheram de lagrimas e em seguida ela chorava em silencio. Não em silencio total; mais parecia um miado de gato do que choro.
- Não! Por favor! Sofia Cullen voce não precisa chorar!
Mas já era tarde demais. A menina já chorava.
Uma das empregadas apareceu com um pano para limpar o chão.
- Não é a toa que ela tem doze conjuntos de uniforme!
- O que? – Isabella perguntou confusa com o comentário da empregada. – Ela faz isso com freqüência?
- Muita! – respondeu a jovem.
Isabella respirou fundo.
Porque mesmo ela tinha se enfiado nessa fria?
- Pronto Sofi! – colocou o blazer na menina – Da próxima vez não precisa chorar! Agora vamos porque estamos muitíssimo atrasadas!
Desceram as escadas, Isabella pegou Andy e foram para fora onde Thommy já a esperava encostado numa Minivan.
- Certo; onde esta o Art?
- Estou aqui Bella! – ele vinha sorridente.
- Ah sim!
Foi colocando cada criança em sua respectiva cadeirinha.
- A escola não é muito longe e o caminho é tranqüilo e bem sinalizado!
Isabella se virou para o motorista um pouco confusa.
- Como assim? Voce esta dando a entender que não vai comigo!
Isabella aumentou o tom da sua voz umas duas oitavas.
- E não vou querida! Já programei o GPS que esta acoplado ali no painel. E aqui – ele estendeu uma folha de papel para pobre Au Pair – esta o endereço daqui, o telefone caso aconteça algo, uma pequena lista do que voce tem que comprar na feira e o dinheiro.
- Mas... – balbuciou atordoada.
- Eu gostaria de ir e te ajudar; mas tenho que levar o senhor Edward Cullen para o aeroporto daqui uma hora; ele vai para Dubai fechar um contrato com uma empreiteira de lá.
- Oh Art! Eu acho que vou enlouquecer!
O velho riu.
- Não vai! É só o primeiro dia; logo voce entra no ritmo! Mas é melhor voce ir; quando chegar ao colégio o sinal já vai ter batido!
Isabella despertou do choque.
Era por isso que ontem depois do jantar eles tinham dado a ela um kit de sobrevivência.
Telefone; cartão de credito, previa carteira de motorista internacional, lista de rotina.
- Porque não levei a serio?
Entrou no carro e dirigiu o mais rápido que lhe era permitido. O silencio no veiculo era incomodo e por isso ligou o som.
Art tinha razão em dizer que o caminho ao colégio era fácil.
- Estamos dez minutos atrasados; não é uma grande falta certo? – disse enquanto tirava Andy do carro.
- Considerando como voce é desastrada?
Isabella riu surpreendendo Thommy que na verdade queria ofende-la.
- Isso ai!
O colégio era uma construção enorme e antiga. Depois de entrar soube de cara de que se tratava de um internato.
- Vocês não ficam aqui não é?
- Ainda não! – respondeu Thommy – Mas meu pai diz que ano que vem eu vou ficar em tempo integral.
- Não vejo motivos para voce deixar o conforto da sua casa para morar aqui nesse lugar! – exclamou a babá indignada.
- Eu não tenho. Meu pai tem. É melhor ele pensar que sou eu que estou longe por causa dos meus estudos do que ele se dar conta de que na verdade é ele que não quer estar perto!
Isabella engoliu seco e manteve o silencio doloroso que se instalou.
Estava criando uma raiva profunda por Edward Cullen e ela tinha o conhecido não fazia direito nem uma hora.
A coodernadora veio recepcioná-los e com o assunto do atraso resolvido Isabella voltou para o carro com Andy nos braços.
Havia percebido que ser babá das crianças não era um trabalho fácil que imaginou na noite anterior.
Voltando viu a feira da qual Art havia se referido. Estacionou e desceu com a sua fiel escuderia Andy. E antes de comprar qualquer coisa da lista se sentou em uma mesinha de uma simpática padaria e tomou seu café da manha do jeito que gostava. Ovos, bacon, wafles com mel e suco. Pegou uma tortinha de chocolate e deliciou com ela. Andy saiu dali toda melecada de comida; mas havia sido divertido e desestressante.
Comprou bananas, maças e pêra.
Quando chegou á mansão já estava bem mais calma; com uma sensação de dever cumprido.
Isso durou até o momento que ela se lembrou da lista que estava em sua cabeceira.
ü Levar as crianças para a escola
ü Ir a feira
ü Organizar o armário de roupas
ü Separar brinquedos
ü Levar a Andy ao pediatra
ü Buscar as crianças na escola
ü Almoço balanceado
ü Levar Thomas ao futebol
ü Levar Sofia a psicóloga
ü Buscar ambos
ü Banho
ü Lanche Balanceado
ü Soneca da Andy
ü Tarefas escolares
ü Recriação
ü Jantar
ü Hora de dormir 21:30H
Isabella encarou o relógio. 23:23.
Então encarou Andy que tinha os olhos esbugalhados.
- Segundo a lista; era pra você estar dormindo! – acusou chateada.
A pequena riu e continuou brincando com seu bichinho de pelúcias.
Isabella se sentou na cadeira de balanço sentindo-se exausta.
- Voce não se cansa Andy? – Andy nem se incomodou em olhar para ela – Sabe; eu adoraria ter toda essa energia sua. Me acompanhou o dia todo e continua ai... ligada nos 220W.
Isabela bocejou. E abriu a nova lista da semana seguinte. Tinha mais coisas do que a anterior. Ela tinha mesmo que ir a lavanderia buscar os uniformes escolares? Ou então ter que ir a reunião de pais e mestres? Ou pior... aula de culinária com a nutricionista?
Bufou irritada... era coisa demais pra uma pessoa só. Quando teria tempo pra pensar numa idéia para o seu livro?
Voltou a olhar para Andy e se surpreendeu com o que viu. Ela havia se desligado da tomada. Dormia de cara com o urso.
Criança era bicho esquisito. Concluiu Isabella. Pegou a baba eletrônica e desligou a luz deixando apenas o pequeno abajur ligado. Foi para o seu quarto. A vontade era de se jogar na cama e capotar para o mundo dos sonhos, mas antes disso precisava de um banho e ajustar o despertador.
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