Molly ainda estava parada olhando para Sherlock, ele suspirou pesadamente sabendo que talvez a despedida seria uma briga longa e ele não queria nada disto. Ele não queria ter que simplesmente ir embora, por mais que isso soa extremamente Sherlock de se fazer.
— Escute Molly... – tentou começar, e seguir um plano racional de sua mente, porém Molly o cortou friamente.
— Eu sei. Quer dizer, não esperava que você fosse embora depois de duas noites aqui, mas se Mycroft diz que encontrou uma oportunidade de acabar com Moriarty de uma vez por todas então você deve ir. – os lábios de Molly tremiam, mas ela falou todas as palavras sem tirar os olhos de Sherlock.
— Eu não irei – ele retrucou.
— O que? Sherlock... – desta vez ele a interrompeu.
— Não esta noite. Esta noite quero ficar aqui, quero...quero dormir com você. Molly corou e ele tentou amenizar o que havia dito. – Afinal você sempre preparou minha cama, e eu nunca consegui dormir...com você. Molly não sabia se achava graça naquilo, tentou focar no assunto em questão.
— Seu irmão te espera Sherlock, você não pode simplesmente falar que não vai. Isso é uma questão importante, você não precisa ficar para me consolar. Uma hora você teria que ir. Sherlock pensou em como Molly consegue agir dessa maneira. Sua feição era de dor, ele sabia que ela estava triste, e mesmo assim ela estava o mandando embora. Ele resolveu se aproximar já que ela não o fizera. Ela não recuou, mas desviou seu olhar para o chão. Ele pegou seu celular e começou a digitar, Molly olhou sua atitude, sabendo que não adiantaria brigar com ele agora, ela já estava a beira de lágrimas, e se ele quer ficar, então fique. Ela tentaria passar por essa noite da melhor maneira que suas forças a deixassem.
— Ponto. Já disse a Mycroft que o encontro amanhã cedo no aeroporto. Ele colocou o celular novamente no casaco e olhou para Molly. Ela suspirou, e isso o fez querer abraçá-la.
— Não posso me iludir, Sherlock – ela disse num sussurro.
— Eu ainda não quero ir, Molls. Me deixe ficar mais essa noite – sua voz também era um sussurro, Molly deu um sorriso.
— Sentirei saudade de ouvir você me chamar assim. Ela o olhou, seus olhos demais de marejados. Sherlock colocou a mão em seu rosto, acariciando sua bochecha.
— E eu sentirei saudade desse rosto rosado enquanto chora. Molly sorriu ainda mais
— Como você é um bastardo, Holmes – ela disse no meio ao sorriso enquanto ele secava uma de suas lágrimas.
—Já te disse que sou filho legítimo – disse roçando os lábios nos dela. Ela suspirou novamente, e ele rapidamente uniu os lábios. Por mais que Molly pensasse que isso pioraria a despedida, ela se alegrou. O tempo juntos foi curto, mas ela sentiu inúmeras mudanças em Sherlock Holmes. Adiar um caso para passar apenas uma noite com ela? Isso era realmente notório, ela se sentiu importante pela primeira vez. Dessa vez ele trocou o caso por ela, e não o contrário.
Sherlock quebrou o beijo apenas para alcançar o ouvido de Molly. – Devemos pedir uma pizza? – ele brincou, e sentiu um arrepio ao toque dos lábios da morena no seu ouvido.
— Está com fome? – a voz de Molly era tão doce. – Não – respondeu ele, a beijando o pescoço. Molly sentiu estremecer seu corpo. – Talvez um chá? – Molly propôs enquanto ele continuava a beijar pequenos pontos de seu pescoço. – Talvez - ele respondeu mordiscando sua orelha. Molly mordeu seus lábios tentando não produzir outros ruídos que instigassem ainda mais o detetive. – Ok, chá...então... – e lutando contra seus desejos, se soltou do moreno e caminhou até a cozinha. Sherlock a seguiu e não deixou de olhá-la nem por um minuto. Quando seus olhos se encontraram novamente, o coração de Molly saltou forte no peito. Sherlock parecia querer provocá-la a qualquer custo.
— Por favor, não me olhe assim – disse ela separando as xícaras de chá dando as costas para ele. – Assim como? – ele se aproximou e a abraçou pela cintura. – Você sabe como, a maneira como você está me olhando. Ele murmurou um sorriso e isso fez Molly se derreter ao ouvir seu barítono. Ele parecia tão a vontade, tão sereno e ao mesmo tempo tão intenso.
— Temos chá de que? Ele falou novamente com aquela voz tão próxima, brincando seus lábios no ouvido de Molly.
— Ver..de – disse ela com os olhos fechados, se rendendo as carícias do detetive.
— Devemos tomar antes que esfrie – a provocou novamente, agora com uma mordida mais demorada. Molly sentiu seu corpo corresponder automático a isso, curvando a cabeça para trás. – Sherl...não aqui... – ela tentou dizer em meio ao pequeno gemido que não segurou.
— Do que você me chamou? – ele riu, não zombando, mas de forma intrigada com as reações de Molly as suas investidas. A legista sorriu junto um pouco sem graça, pegou uma xícara e entregou a ele. – Seu chá, antes que esfrie - e saiu da presença dele para se recompor. Ele viu que ela estava nervosa e ao mesmo tempo gostando de tudo aquilo. Se mudaram para a sala, e sentaram no sofá enquanto bebericavam o chá, ou o que Molly entendia como “tentando saber o que fazer em seguida”. O que ela estava esperando? Melhor uma despedida com alegria e prazer do que com lágrimas, certo?
— Molly? – Sherlock a chamou para sair de seus pensamentos. – Hum?.. O que, Sherlock? Ela olhou para ele e viu que estava sério.
— Mycroft notou algo em mim, depois da minha estadia aqui conversei por duas vezes com meu irmão e não me deixaria surpreso se no fundo ele antecipou os movimentos para me tirar daqui com medo que eu me envolvesse demais.
— E você está? Quer dizer, se sente envolvido demais? – o coração de Molly estava acelerado ao perguntar isso, era como se estivesse a um passo de realizar todos os seus sonhos, saber se Sherlock tinha sentimentos reais por ela. Sherlock a olhou demorado seus lábios lutando para produzir uma resposta.
— Não posso afirmar isso. Eu temo não saber sobre essa experiência. Eu nunca...
Molly completou o seu pensamento. - Nunca se sentiu assim por alguém, não é? Ele apenas continuou a olhá-la. Molly colocou sua xícara na mesa e se aproximou dele. – Você quer experimentar comigo? – quando ela percebeu que soltou essas palavras sentiu o estômago revirar. E os olhos de Sherlock brilharam. Ele se aproximou e ela não conseguiu evitar o sorriso.
— Você arrumou minha cama? – perguntou enquanto deixava um leve beijo na legista.
— Talvez você não precise dela, e possa dormir...na minha. Suas últimas duas palavras foram abafadas pelo beijo que Sherlock lhe deu.