Um pedacinho de você

Capítulo Único


Os primeiros raios de Sol entram pela janela do meu quarto fazendo com que eu despertasse. Abro os olhos ainda pesados pelo sono, com a vaga lembrança do meu sonho, único lugar onde ele permanecia. Lembrar dele ainda doía, era como uma cicatriz que eu mantinha aberta.

Levanto-me e caminho até a janela, sinto a brisa fria tocar meu rosto, assim como as mãos frias dele quando acariciavam minhas bochechas suavemente. Eu não queria esquecê-lo, não queria que as memórias que criamos juntos partissem apenas com ele, elas também eram minhas.

Preparo meu café e sento-me à mesa. Olho para a cadeira vazia em minha frente e lembro de como ele gostava de contar seus planos para o futuro me incluindo em todos. Ele sorria, pegava em minha mão fazendo um carinho sutil com o polegar para logo dizer: Eu te amo, Juvia.

Me arrumo sentindo falta do elogio diário que eu recebia, pego minhas chaves e saio de meu apartamento sem receber um "até mais".

Sigo pelas ruas movimentadas encontrando casais felizes, não acreditando que você partiu sem mim mesmo dizendo o quanto me amava. Estou tão despedaçada que tudo que vejo, que ouço, que toco, eu me lembro de você.

Uma sirene começa a soar ao longe, se aproximando cada vez mais, por um momento eu começo a procurá-la, revivendo aquele dia. O dia em que recebi uma ligação dizendo que você estava em estado grave no hospital, que se envolveu em um acidente com sua moto.

Meu coração por um momento parecia ter parado como o seu assim que cheguei a sala de emergência. Você levou parte de mim aquele dia.

Alguém acabou trombando em mim, tirando-me dos pensamentos. Continuo meu trajeto até a clínica, passos lentos e ansiosos e um pouco solitário sem você ao lado.

— Bom dia, senhora Fullbuster! — cumprimentou a médica simpática assim que entrei no consultório. — Deite-se nessa maca após colocar a camisola.

Assim que fiz o havia me pedido, minhas mãos começaram a suar frio, meu coração estava acelerado e pela primeira vez após sua morte eu pude sorrir com todo meu coração.

Ba-dump.

Eu tinha um pedacinho de você agora.

— Parabéns! A senhorita está grávida e de dez semanas! — sorriu terna presenciando minhas lágrimas.

Olho pela janela do consultório desejando que você estivesse aqui participando de um dos seus planos que muitas vezes compartilhava comigo, mas está tudo bem, eu posso viver isso por nós, e vou sempre te manter vivo tanto no meu coração quanto no do nosso filho.

— Seja bem-vindo, meu novo Sol. — digo acariciando minha pequena – quase inexistente – barriga com todo amor que eu já sentia crescer dentro de mim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.