Capítulo 10

Tony abriu os olhos devagar, em um primeiro momento sua cabeça e seus olhos doeram, precisou de um pouco de tempo para poder abrir os olhos e pensar sem sentir tanta dor, ainda confuso e sem saber o por que de estar assim ele tentou se levantar, mas uma fisgada em seu braço o fez parar, ele olhou para o seu braço e viu um cateter e estranhou, olhou ao redor e percebeu que não estava em um simples quarto, mas sim em um quarto de hospital.

— Bom, vê-lo acordado, Tony— Rhodes diz ao entrar, ele aparentava estar cansado e estava machucado, mas apesar dos pesares parecia estar melhor que Tony.
— Rhodey?
— Por um momento achei que você tava querendo bater o recorde do Steve.
— O que aconteceu comigo? Como vim parar aqui?
— Já vamos te explicar.
— Cadê o Matt e a Helô? E a Pepper ela tá melhor? Nós pegamos quem explodiu aquelas bombas?
— Que bombas?
— As bombas que explodiram na cidade... por um momento eu pensei que tivesse perdido a Pepper e a Helô — Rhodes encarou Tony como se ele tivesse enlouquecido, mas ele estava confuso demais pra perceber o olhar de seu amigo - Você sabia que Pepper casou?
— Ham?
— Com o país de Gales, cara! Com aquele merda.
— Tony...
— Cadê o Ben? Ele está seguro?
— Ben?
— Sim, o Ben, o meu neto Ben.
— Okay, nós temos um problema aqui.
— O quê? Aconteceu alguma coisa com ele?
— Ham...não, eu acredito que não, mas eu vou chamar um médico e o resto do pessoal — ele voltou a fechar os olhos e se recostar, os últimos meses que ele viveu passaram em sua mente repetidas vezes e cada vez que repetia ele sentia alguma coisa faltar.
— Sr. Stark? — a voz masculina o despertou de seu transe e ele olhou para o homem de meia idade vestido como um médico - O Tenente Coronel Rhodes me disse que o senhor está um pouco confuso.
— Como é que tá a minha família?
— Estão bem.
— Minha... Pepper e Helô estão fora de qualquer perigo?
— Elas estavam correndo perigo?
— Elas estavam em Los Angeles perto de onde explodiu a bomba.
— Que bomba?
— A bomba que aqueles doentes do outro lado do mundo plantaram... O que tá acontecendo com vocês?! Uma bomba explode, mata milhares, fere outros milhares e encaram tudo numa boa?!
— Calma. Qual a última coisa que o senhor lembra?
— Descobri que a minha... que a mãe dos meus filhos se casou.
— Certo, vou fazer alguns exames de praxe no senhor e logo conversaremos — o logo demorou bem mais que Tony esperava, ele estava ansioso por notícias e mesmo sabendo que não foi o melhor pai um pouco entristecido por notar que nem mesmo Matt estava se importando com ele, quando os exames acabaram e ele voltou para o quarto seus amigos já estava lá e apesar de sorrirem pra ele demonstraram também um pouco de apreensão.
— Alguém pode me dizer como porra eu vim parar aqui?
— Ultron — Clint diz e Tony fica confuso, aquele era seu projeto e ele se lembrava muito bem de ter comentado apenas com Banner, como Clint estava sabendo disso? Ele forçou um pouco sua memória e lhe veio a imagem de um robô em sua cabeça - Lembrou?
— Um pouco. O que aconteceu?
— Resumidamente? Saiu do nosso controle — Steve diz e ele coça a cabeça ainda cismado com tudo.
— Tem certeza de que ele está bem?
— Sim, Agente Romanoff ele está, apesar de estar um tanto quanto perturbado — o médico diz.
— Olha só, eu tô cansado disso, dá pra vocês falarem sem ser de pedacinhos?
— Nós falaremos, mas primeiro nos conte o que lhe aconteceu — Tony narrou os fatos do últimos meses e seus amigos o encararam com estranheza, era por ter os olhos grudados neles que ele percebeu a aparência mais jovial de todos, quando ele finalizou a sua narração eles permaneciam quietos, mas agora o encaravam como se ele estivesse louco.
— Essa cara de vocês não tá me ajudando muito, sabiam?
— Ham... é... alguém se habilita? — Natasha pergunta e todos se entreolham e o médico toma a frente.
— Sr. Stark, o que o senhor nos disse nunca aconteceu.
— O quê?! É lógico que aconteceu, eu vi!
— Não, O senhor estava em coma há 6 meses — a boca dele se entreabriu e ele se remexeu na cama.
— Vocês estão ficando loucos?! Como é que eu tava em coma há 6 meses se, sei lá, ontem mesmo explodiu uma bomba em Los Angeles quase matou a Helô e a Pepper e ainda por cima que ela é casada com o Henry?!
— Tony, a Pepper tá se envolvendo com um cara chamado Henry, mas ela não casou com ninguém. Tem 9 meses que vocês se separaram acha mesmo que ela tá pronta pra casar?
— Pera aí, pera aí, pera aí, como assim 9 meses? Nas minhas contas são 14 anos — eles negaram com um aceno e a cabeça dele começou a latejar - E o que aconteceu comigo então? Por que lembro disso?
— Você não lembra disso, você criou isso, de certa forma viu uma história contada pelo senhor e outra de um modo geral como se fosse alguém observando a história de fora, como um mero narrador, porém, é provável que só se lembre do que aconteceu de acordo com o seu ponto de vista.
— Você tá me dizendo que eu entrei em coma, meio que surtei enquanto dormia e fiz igual essas pessoas que insistem em dizer que viu a vida passada, a morte como um filme e essas outras fantasias?
— É a consciência falando, Tony, ao menos uma vez na sua vida dê ouvidos a ela — Rhodes diz e Tony ergue se dedo do meio para o amigo.
— Tudo o que o senhor viveu pode ser um vislumbre do que pensa sem perceber.
— Como uma pessoa pensa sem perceber?
— É igual a você quando faz uma cagada sem perceber — Natasha rebate e ele lhe faz uma careta.
— Todos temos desejos e pensamentos que reprimimos e isso quem leva é nosso subconsciente e o seu aproveitando a sua inconsciência o mostrou, você criou uma história ou "reviveu" enquanto estava inconsciente, no entanto, parece que seus sentidos como o da audição, por exemplo, estava funcionando, por isso certas coisas que você nos relatou tem lá veracidade aqui, mas de uma forma distorcida.
— E o Ben? E o meu neto?
— Acho que isso é em parte minha culpa — Clint diz - Enquanto você estava aí, eu fiz piada de que o Ultron era seu filho e o Visão seu neto, talvez você tenha fantasiado isso.
— Visão?
— A criação da sua aberração — Natasha fala e Tony sente cada vez mais sua cabeça latejar.
— Seus amigos me falaram que o senhor perdeu um filho — a fisionomia dele mudou, foi de confuso para melancólico e ele passou a encarar o chão - A piada do seu amigo pode ter contribuído para a criação desse personagem como seu neto, mas ele nada mais é do que como o senhor queria que seu filho fosse — todos ficaram em silêncio a espera de mais uma pergunta dele que estava absorto na lembrança de sua discussão com a Pepper - O senhor está se sentindo bem?
— Estou, foi só uma lembrança que tive — ele diz e sorri, embora, esteja por dentro xingando a si mesmo - Mas e a Helô e o Matt...
— Eles nada mais são que você mesmo. Você depositou em cada um deles um pouco da sua personalidade.
— Então eles não chamam o Mike de pai e Pepper e ele não tiveram um filho né?
— Não, ele vai ser pai, mas a mãe não é ela.
— Ela também nunca me traiu, não é? E nunca casou com ele nas minhas costas pra se vingar?
— Não— todos disseram e ele se sentiu afundar na cama ao receber olhares de repreensão de todos.
— E a aliança? É mesmo uma história da família dele?
— É, Tony, eu te contei isso aqui enquanto você estava aí igual a bela adormecida — Rhodes diz e ele sente crescer cada vez mais dentro de si a felicidade por ter ganho uma nova chance - Só pra constar não retiro nenhum xingamento.
— Não ouvi xingamentos.
— Que pena, eu caprichei bastante.
— Eu imagino que sim. Mas, será que alguém pode dizer a Pepper que o pai dos filhos dela acordou e que eu quero aqueles pestinhas aqui?
— Acho que você vai ter de esperar um pouco pra isso.
— Que foi?
— Matt, ele...
— Foi operado, não foi? Apendicite — ele diz e todos assentem - Nesse sonho foi você quem me disse, Rhodey.
— Na realidade também foi eu.
— Eu preciso vê-lo.
— Não, o senhor precisa descansar.
— Tá maluco? Eu dormi por 6 meses, minha cabeça fez uma viagem no tempo, vi meus filhos mais velhos e até um neto em uma realidade totalmente doida, a última coisa que quero agora é descansar — ele diz se levantando e o médico volta a recostá-lo.
— Você tem que descansar.
— Algum exame meu deu problema? — ele negou com a cabeça - Eu aparento estar mal? — ele repetiu o gesto - Então, meu caro doutor, com licença que eu tenho muito o que fazer — Tony diz se desvencilhando das mãos do médico e se levantando.
— Saiba que o que lhe acontecer será de sua inteira responsabilidade.
— Não se preocupe, doutor, eu assumo. Mais uma pergunta, onde estou?
— Nova Iorque — Steve responde e ele sorri satisfeito abandonando o quarto de "hospital" para ir para sua suíte tomar um banho.
— JARVIS, hora de acordar, amigo — Tony diz ao entrar dentro de sua armadura e não ser saudado por seu parceiro.
— JARVIS não existe mais senhor, sou sua nova IA e me chamo Sexta-Feira — a apresentação o deixou surpreso e ele parou seu início de voo, ele também lembra da Sexta-Feira a criou para que ela pudesse substituir JARVIS caso acontecesse algo semelhante ao que aconteceu quando Tony havia sido dado morto e JARVIS perdeu seu funcionamento temporariamente.
— Mas o que aconteceu com o JARVIS?
— Pode-se dizer que agora ele é uma parte do Visão, senhor.
— O quê? Me fale sobre esse Visão — enquanto o "acalmava" sua nova inteligência artificial feminina o colocava a par sobre o que aconteceu durante os 6 meses de coma e sobre Ultron e Visão e algumas palavras e vídeos foram suficiente para ele lembrar do desastre que criou, visando o bem do mundo ele criou algo que por pouco não o destruiu e isso fez um sentimento de culpa se abater sobre ele - Os sobreviventes estão recebendo ajuda, Sexta-Feira?
— Estão senhor.
— Ninguém achou nada do Ultron na rede?
— Não senhor, como eu disse Visão conseguiu impedir que ele se espalhasse pela internet e seu último corpo foi destruído pelo próprio Visão.
— E o Banner? Alguma notícia dele?
— Infelizmente não.

Tony suspirou e depois de rever mais três vezes como culminou a batalha em Sokóvia ele fechou a tela e não fez mais perguntas, voou pra casa de Pepper em total silêncio e precisou respirar fundo algumas vezes antes de apertar a campainha da casa de sua ex, quando a porta foi aberta seus olhos logo bateram nela, ele a olhou de cima a baixo e parecia bem cansada e preocupada, mas não parecia surpresa ao vê-lo.

— Eu... eu vim ver o Matt.
— Eu sei, Rhodes me ligou para avisar que você estava vindo — ela diz e se coloca de lado para que ele pudesse entrar na casa.
— Ele está lá em cima — ela o avisa e o leva para o quarto do menino que estava deitado em uma cama de casal, seus cabelos pareciam estar úmidos denunciando que fazia pouco tempo que ele havia tomado banho, suas roupas eram leves uma camisa regata branca e uma cueca samba canção de cor vinho que tinha seu cós bem abaixo da barriga para que assim não pudesse machucá-lo, seu semblante era de um menino abatido, seus braços estavam esticados e afastado para que sem querer não acabasse se machucando e seus olhos estavam fechados o que o fez pensar que ele estivesse dormindo - Matt? — Pepper o chamou baixo e ele abriu os olhos devagar - Tem alguém que quer te ver — ela diz apontando para a figura que estava a sua esquerda e até então desapercebida pelo menino que abriu um sorriso de orelha a orelha ao vê-lo.
— Papai!
— Oi, filhão! — ele fala empolgado e com cuidado se senta ao lado do menino. - Ei, não se mexe.
— A mamãe disse que você também tava dodói.
— É, eu estava, mas assim que eu acordei e soube que você estava assim vim pra cá. Como é que o futuro Homem de Ferro tá se sentindo?
— Eu não posso me mexer muito, papai, minha barriga dói por um monte de coisa e a mamãe tem que me dar banho — ele fala a última coisa emburrado e Pepper rola os olhos e procura sentar do outro lado da cama.
— Você não gosta que a mamãe te dê banho?
— Não, eu sou um homem, mãe não dá banho em homem.
— Mas você tá doente, campeão, nesse caso a mamãe pode te dar banho.
— Pode?
— Pode.
— Eu te disse isso e você ficou emburrado mesmo assim.
— Mas o papai é homem igual eu mamãe, ele sabe se pode.
— Agora que eu falei você vai deixar a sua mãe lhe dar banho sem reclamar, né?
— Vou papai, eu juro — ele ergue o mindinho e Tony sela o juramento dos dois.
— Posso ver como ficou? — ele assente com muito cuidado Pepper levanta a camisa do menino, o corte em casos de apendicite geralmente não é muito grande, mas esse teve de ser um pouco maior, ele estava coberto por curativo apropriado para o pós cirúrgico, ele era branco e de textura fina e graças a isso Tony foi capaz de ver os pontos da cirurgia - Quando vai tirar os pontos?
— Daqui há 6 dias.
— Quando voltaram?
— Há uns 2 dias.
— Você comprou tudo que ele precisa? Ele tá tomando os remédios? Tá seguindo tudo direitinho?
— Você tá querendo ensinar a missa ao vigário? — ela pergunta com cara de poucos amigos e ele remexe a boca - Não se preocupe, eu estou fazendo o que tem de fazer.
— Me desculpe — ela balançou a cabeça e se levantou - Onde você vai?
— Esperar a minha pequena princesa que já está voltando de um passeio com a dinda.
— Tá difícil cuidar dele e ficar de olho nela, né? — ela assentiu - Quer ajuda? Eu posso ficar aqui e passar uns dias aqui pra te ajudar.
— Não precisa, Charlie e Mike estão me ajudando.
— O papai vai embora?
— Não, hoje seu pai vai ficar o tempo que ele quiser e puder.
— Oba! Deita aqui comigo, pai — ele pede empolgado e Tony atende o pedido, se deitando onde poucos segundos atrás Pepper estava sentada.
— Não o deixe se mexer demais, Tony.
— Não vou — ele responde e a vê sair, ficou claro que apesar dela estar sendo cordial agora ela não queria muita conversa e ele sabia que quando esse período de recuperação passasse, ela ia afastá-lo de sua vida.

Com a chegada de Heloísa a casa ficou um pouco mais barulhenta, Pepper, logo a trouxe para junto do irmão e do pai que fez de tudo para que ela sem querer não acabasse o machucando, ele passou o resto do dia com os filhos, enquanto, ela se entretinha com desenhos ele e Matthew se entretinham com palavras já que com medo que ele por falar demais se machucasse inventou de se comunicarem através de bilhetes, foi graças a isso que ele ficou sabendo de tudo o que aconteceu com sua família desde que ele escorraçou estupidamente Pepper de sua vida e deu as costas a seus filhos.

— Eles dormiram — ele avisa ao chegar na cozinha e vê Pepper de costas balançar a cabeça positivamente - Eu coloquei a Helô no quarto para que ela não machucasse o Matt — ela repetiu o gesto e Tony viu seu corpo curvado tremer algumas vezes por segundo - Pepper? — ele ouviu um soluço escapar o que o fez constatar o óbvio, ela estava chorando, sem dizer nada e sem pensar na possibilidade de ser rejeitado ou não ele se aproximou e a abraçou, ela não relutou pra se afastar, não reclamou apenas se deixou chorar os últimos meses haviam sido difíceis, mas os últimos dias foram excessivamente estressantes por mais que estivesse tendo ajuda de seus amigos ela detestava abusar da boa vontade deles, logo, tentava da melhor maneira lidar com tudo sozinha o que a levou ao seu limite - Ele está bem, Pep, está dormindo lá em cima.
— Tá tudo dando errado pra mim — ela diz entre soluços - Primeiro foi nós, depois o meu bebê, depois nós de novo, a minha mãe, o Matt em uma cirurgia de risco... não aguento mais isso.
— Ei, ei, calma, o que houve com a sua mãe?
— Alzheimer — a mente dele fez uma viagem para o seu sonho, lá ele já tinha ouvido isso da boca do Matt, no entanto, ele sabia que isso foi contado por algum de seus amigos enquanto ele estava inconsciente e isso o fez se perguntar o que mais era verdade, se aquela máquina que ele viu existia, se foi alguma coisa que ele ouviu e sua cabeça inventou ou se a máquina em questão era algo que nada tinha a ver com a situação e ele fantasiou isso pelo desejo de ajudar Pepper, ele tinhas muitas perguntas para si mesmo, mas as afastou de sua mente pois no momento a única coisa que interessava era ajudar Pepper que chorava copiosamente em seus braços.
— Nós vamos encontrar um meio de retardar isso, Pep, eu te garanto — ele disse beijando o topo da cabeça dela que falava palavras baixas demais para que ele entendesse, eles passaram um bom tempo em pé e abraçados, ele não sabia o que dizer além de que estaria ali pra ela e que a ajudaria, em muitas vezes ele sussurrava pedidos de desculpas que só ele era capaz de ouvir, ele queria se desculpar, queria que ela o desculpasse, mas devido ao estado em que ela se encontrava entendeu que era melhor trazer esse assunto outra hora.
— Me desculpa — ela pede fungando e ele pensou que ela ia se afastar, mas ela continuou abraçada a ele que por ter a mão perto da nuca dela a acariciava com o polegar - Eu me descontrolei.
— De nós dois o único que deve desculpas aqui sou eu — ele diz e ela se solta de seu abraço.
— Não vamos começar com isso — ela pede passando as costas das mãos para enxugar lágrimas que ainda caíam.
— Eu não ia fazer, mas agora que comecei não vou parar. Eu viajei no meu ciúme e no meu castigo, eu sabia que ia ter de ralar muito pra que você me desse crédito outra vez, eu sabia que merecia que você me pisasse de todas as formas, eu sabia que se eu falhasse com você outra vez seria a última por que você não ia perdoar e eu me amedrontei, mesmo com você dando patada, com você se negando a dormir comigo, deixando claro que até mesmo um beijo lhe deixava desconfortável eu achei que o castigo pior viria mais a frente, e que castigo é melhor do que me pagar na mesma moeda? Quando você saía que eu te ligava e você não atendia eu meio que surtava e ficava pensando que você ia se vingar.
— Eu não sou esse tipo de mulher.
— Eu sei, eu sempre soube, mas você mudou comigo. Quando foi a vez desde que eu te disse que era o Homem de Ferro, independente de estarmos juntos ou não, que você não me disse que era pra eu ter cuidado e voltar inteiro? Eu tinha te perdido de todas as formas Pepper seja como minha mulher ou minha amiga e isso me pirava ainda mais. Quando tudo aquilo aconteceu, quando eu soube que você tinha perdido o bebê e que seu amigo morava aqui com você o meu ciúme começou a crescer, quando ele apareceu lá em casa, conversou com você e depois você quis viajar e sumiu por duas semanas o ciúme aumentou, quando você voltou e eu vim aqui pra te ver e o encontrei todo a vontade e com uma aliança no dedo o ciúme me tomou e eu fiz a associação que bem quis. Eu não parei pra pensar, pra perguntar por que na minha cabeça isso uma hora ia acontecer e o que um homem como eu, ainda mais depois do que fiz, mais teme é ser traído pela mulher que ele escolheu sossegar.
— Eu ia voltar pra você. Quando eu viajei eu simplesmente fui pedir colo a minha mãe que me jurou que não ia te contar onde eu estava por que eu precisava estar só, eu queria viver o meu luto e eu queria pensar sem pressão de ninguém sobre como eu iria tocar a vida, e lá eu decidi que ia te dar uma chance, eu estava magoada com você, mas eu te vi tão quebrado do meu lado quando meu bebê morreu...
— Nosso bebê, Pepper, eu sei que falei besteira, mas eu sempre soube que ele era meu.
— Será mesmo? — ela pergunta e ele desvia o olhar - Eu te amava, Tony, eu não ia te trair, é lógico que eu não confiava mais em você, mas mesmo assim ainda te amava e eu estava disposta a começar tudo de novo com você pra que assim um dia a confiança pudesse voltar e eu pudesse ter de novo aquela sensação de que você era meu, mas você não quis, viu uma traição talvez por temer, mas grande parte dela foi pra abater sua culpa e saiu me acusando e me ofendendo de coisas que eu nunca pensei que ouviria de você — ela rebate e ele se acua cabisbaixo pois sabe que o que ela disse é verdade.
— Eu sei, eu sou um babaca, egoísta que só olha pra si, mas eu prometo que vai ser diferente, amor, me dê essa chance, Pepper, e eu juro que não vou desperdiçar.
— Não me faça juras, Tony, por que nós dois sabemos que você não é capaz de mantê-las. Eu estou magoada com você, eu estou com raiva de você e mesmo assim ainda amo você, mas eu cansei de deixar meu amor por você ser maior do que o amor que tenho por mim.
— E o que isso significa?
— Significa que acabou, não posso dizer nem a você, nem a mim e nem a ninguém que nunca vamos ter uma recaída ou até mesmo voltar algum dia por que com esses últimos acontecimentos realmente me dei conta de que não sabemos o dia de amanhã, mas eu não quero mais a minha vida regida a nós.
— Então eu encaro isso como um tempo?
— Não, encare como um término.
— Eu não vou desistir, Pepper, eu...— a campainha tocou incessantemente até o momento em que a porta foi aberta e Tony constatou que o Henry que visualizou em seu coma é o mesmo que está a sua frente, o mesmo homem alto com o ar galês de cabelos e olhos castanhos, o mesmo homem que é amigo de Coulson e que discursou em vários congressos apoiando o retorno da SHIELD como uma agência, o mesmo homem que em um sonho maluco casou com sua mulher.
— Ham... tô atrapalhando alguma coisa?— perguntou ele claramente incomodado com a presença de Tony.
— Não, Henry, ele veio ver as crianças, mas já estava de saída.
— É País de Gales, eu já estava de saída. Srta. Potts, poderia me acompanhar até lá fora? — ela assentiu e antes de sair pediu para que o homem se sentisse em casa, na curta caminhada que fizeram para fora da casa Pepper já o sentiu diferente mesmo por que cada passo que ele dava era mais duro que o outro - É esse o motivo do nosso término?
— É sério que você tá me perguntando isso?
— Eu reformulo. É esse o motivo de você querer continuar com esse término?
— Não, Tony, ele é um amigo.
— É mesmo? Pois espero que continue assim — ele diz enciumado e ela ri não acreditando que ele ainda ousa dizer algo do tipo mesmo estando separados - Não vou desistir, Pepper, eu vou te reconquistar e não vai ter Galês nesse mundo que me atrapalhe — ele sela o seu recado com um beijo que ela sequer esperava, foi um beijo bruto e ressentido, mas ainda assim um beijo e um beijo que ela retribuiu, quando suas bocas se separaram e ela percebeu o que tinha acontecido imediatamente o empurrou e apressou o passo para voltar para dentro de casa - Ei! Quando você voltar pra casa eu vou querer aquela Pepper que sabe me enlouquecer na cama! — ele diz e ela lhe lança um olhar mortal antes de entrar em casa batendo a porta.- Você ainda vai voltar pra mim, Pep — ele diz pra si e entra na armadura com o seu melhor sorriso de cafajeste e com mil e uma ideias para reconquistá-la.