Barry observava sua garotinha correr em meio a gargalhadas gostosas, nas quais a fazia se parecer ainda mais com sua mãe. Atrás de si, seu tio Cisco. Era sempre a mesma cena, e mesmo assim, se divertia; ele a pegava a jogava nos ombros e jogava no sofá, lhe fazendo cosquinhas, e então ela voltava a correr. Pela primeira vez, ela gritou pelo avô enquanto corria em direção a cozinha, onde o mais velho estava em uma conversa interessante com sua esposa, Cecile Horton. Eles haviam se casado no ano seguinte ao seu término de noivado com Iris. E por mais que tivesse a magoado profundamente, e soubesse disse, ainda assim, não se arrependia de sua decisão. Escolher Caitlin havia sido a melhor decisão de sua vida. Se tivesse feito aquela escolha muito antes, provavelmente não teria feito sua ex sofrer, nem mesmo sua atual, e não teria ficado tão perdido no ano em que começou a se apaixonar por sua garota. Se tivesse ouvido os conselhos de Felicity, que na época havia insistido em questionar se ele estava fazendo a escolha certa em se casar com Iris, se tivesse pensado nas palavras dela, provavelmente não tivesse passado por toda aquela tensão a cinco anos atrás, mas não queria dizer que aquela sensação do se passava por sua mente todo santo do, mas em alguns momentos, quando olhava para sua garotinha e sentia aquele amor grandioso, o que na verdade, sentia todos os dias, mas era só em alguns momentos que ele pensava naquele “se”.

Arabella era extremamente parecida com sua mãe, e consequentemente, consigo, mas ela tinha muitos traços de Caitlin. Como os grandes olhos, apesar de que na cor, era totalmente dele, a boca, as gargalhadas, o sorriso, que raramente o levava a ver o dele próprio. Ela era toda perfeita, como a que conheceu naquele futuro de natal. E ainda mais amada. Tinha todos os tios, padrinhos, avô e pais em sua mãozinha, mesmo que sua mãe se mostrasse extremamente firme quando necessário, o que fazia seu coração pequenininho, vendo o olhar tristonho de sua pequena. Mesmo assim, não interferia; sabia que era pelo bem de sua filha.

A primeira vez que a viu, nos braços de sua esposa, no quarto de hospital, sentiu como se seu coração não coubesse em seu peito, por conta do amor que sentiu ao vê-la, tão linda e pequenininha. A tocou, emocionado, a pegou nos braços, e lhe sussurrou o quanto a amava, antes de lhe dizer seu nome. Caitlin ainda tinha aquela curiosidade pelo porquê de ter escolhido aquele nome, o que o fazia se divertir. Por mais que ela insistisse, e mais ainda para saber o que viu naquele futuro de natal, mais ele se divertia; era muito divertido vê-la curiosa, e mais ainda quando ela fazia aquele biquinho quando se negava a lhe dar as respostas para as perguntas que fazia.

De repente, em meio a todas as lembranças dos últimos anos e da emoção que sentia por ter aquela família, sentiu braços em volta de si, e olhando de soslaio, mesmo que não fosse necessário, encontrou sua amada esposa.

— O que quer pelos seus pensamentos?

Sorriu, se virando para poder abraçá-la pela cintura.

— Eu os dou de graça.

E foi a vez dela em sorrir.

— Estava pensando na nossa família, na nossa filha.

— Pensando no porquê de dar o nome a ela de Arabella?

E ele riu, percebendo o jogo de sua garota.

— É natal, sabe, você podia me dar essa resposta de presente.

— Isso é jogo sujo.

E foi a vez dela em rir.

— Além disso, eu já tenho um presente para você.

— Esse seria muito mais especial.

— Eu acredito. — Diz com um sorriso, aproximando seu rosto do dela. – E mesmo assim, eu sinto muito, mas não vou dizer.

— Que injustiça.

E Barry sorriu – que na verdade saiu quase uma risada – antes de tomar os lábios dela, sentindo a língua dela contra a sua no instante em que ela o correspondeu. As mãos pequenas subiram por seus braços fortes até chegar ao seu pescoço, mais especificamente, sua nuca, onde pode pegar nos fios acastanhados. A apertou mais contra seu corpo, passando as mãos pelas costas nuas, seguindo com um aperto na cintura e voltando para as costas, sentindo a maciez de sua pele. Quando infelizmente sentiu o ar falta, seguiu com os lábios pela bochecha, pescoço, lóbulo, voltando a tomar seus lábios, dessa vez, de forma mais urgente, sentindo-a corresponder com ainda mais intensidade enquanto caminhava com ela para mais perto de onde estava a árvore de natal, mesmo que não estivesse tão ciente disso. Caitlin tentou dizer algo, mas ele se negou a ouvir. Desde que Bella nasceu, eram raras as ocasiões que tinha sua garota só para si, principalmente porque a pequena consumia o tempo de ambos, e por ser extremamente elétrica como ele quando mais novo, era ainda mais impossível de poderem estar a sós por mais de três horas. E ainda tinha o fato de que ela era velocista como ele; haviam descoberto isso alguns meses após a menina fazer seus dois aninhos, e desde então seu pai se focava em ajudá-la a controlar aquele poder no qual era muito complicado para uma criança compreender.

— A campainha. – Murmurou entre seus lábios ao ouvir o som que vinha de não muito longe e onde estavam, afinal, a casa tinha dois andares, mas não era muito grande.

— Há mais três pessoas nessa casa, um deles atende. – Retrucou, baixinho, beijando seu pescoço mais uma vez, mordiscando levemente e passando a língua por cima.

— Mas chegarão a sala. – O empurrou levemente, para poder olhar em seus olhos. – E eu não sei se lembra, mas é onde estamos.

— Quem se importa?

— Eu! – Revirou os olhos. – Principalmente quando sua mão está... – A pegou e a levou até suas costas. – Onde não deveria. – Murmurou, fazendo um biquinho no qual o fez sorrir.

— Você não reclama quando...

— Não se atreva!

E o velocista riu, se divertindo, antes de beijá-la novamente, sentindo uma certa resistência, principalmente quando os olhos dela estavam sendo dirigidos para o local onde passaria os convidados nos quais haviam acabado de chegar.

— É só um beijo, Cait. – Sussurra, tocando seu rosto, fazendo-a se dirigir o olhar a ele novamente, antes de olhar para seus lábios e então se entregar completamente.

Barry não se preocupava com os convidados, nem mesmo com sua garotinha; Não seria a primeira nem mesmo a última vez que eles veriam ambos se beijar, mas admitia que aquele não era o lugar e nem o horário para que ele tivesse uma de suas mãos – ou ambas – na nádega de sua esposa. Deixaria para mais tarde, quando estivesse a sós no quarto de ambos, quando sabia que sua filha estaria completamente adormecida no quarto ao lado junto a sua melhor amiga, Mia Smoak-Queen.

Aquela era uma novidade na qual havia pego o Allen de surpresa, afinal, mesmo que soubesse que o casal de amigos tivesse um romance, não imaginou que dele nasceria a garotinha loira de olhos esverdeados na qual era sua afilhada e de sua esposa. Quase havia caído para trás quando sua melhor amiga – após Caitlin, claro – contou sobre a gravidez e mais ainda quando contou que seria uma menina. Até mesmo provocou o Queen sobre ele não saber lidar com uma filha, principalmente ele sendo tão ciumento para com a mãe dela. E apesar da brincadeira, todos – inclusive o casal de Star City – sabiam que havia uma verdade naquelas palavras.

— Ei, casal, poderiam se desgrudar um pouquinho?

Ouviram a voz de Felicity Smoak-Quen, em um tom de brincadeira.

— E quem se importa com o ar, não é mesmo? – Cisco provocou com um sorriso divertido, fazendo o casal Allen revirar os olhos, apesar de um deles estar um pouco corado.

— Eu ainda me surpreendo com suas inconveniências.

— Isso porque não convive com ele tempo suficiente para se acostumar, Oliver.

— Você deveria me defender, sou eu quem customizo sua roupa de super-herói. – Retrucou para o amigo velocista. – E eu ainda não me conformei em não ser o padrinho da Bella.

— Ainda não superou isso?

O outro fuzilou o Queen com os olhos, o que não fez efeito nenhum no arqueiro.

— Mia, não vai me dar um abraço? – Caitlin pede, se abaixando para poder corresponder ao abraço carinho de sua afilhada. – Você está tão linda.

— E a cada dia mais parecida com seu pai. – O Allen comenta, também abaixado, tocando o bracinho da pequena, que lhe sorriu. – Só não seja mal-humorada.

Tudo que Oliver fez foi revirar os olhos, enquanto sua esposa ria ao seu lado.

— Vamos brincar, Mia. – A ruivinha puxou a amiga para longe de seus pais.

— Podemos ir ao jardim?

— Não é melhor brincar por aqui? – Felicity diz, meio na dúvida.

— Mas é mais divertido lá fora, madrinha.

— Está nevando, Bella, de jeito nenhum que você sai de dentro dessa casa. – A mãe diz, firme. – Você tem seus brinquedos.

— E ainda temos os biscoitos. – Barry lembrou tanto a si mesmo quanto as pequenas.

— Eba! – Dizem juntas. – Vamos decorar os biscoitos. – Dizem animadas, enquanto corriam para a cozinha, juntas, de mãos dadas, como as melhores amigas que eram.

— No final, não deu no mesmo? – Oliver pergunta, divertido, vendo a amada revirar os olhos, apesar de concordar.

— Eu tenho aventais. – Barry retrucou. – É natal, não pode estar mais feliz?

— E quem disse que não estou?

— Vai começar cedo. – Caitlin comenta, tendo a amiga como apoio.

— E ainda convida ele para ser o padrinho da sua filha. – Cisco remoça com as reclamações. – Vivem implicando um com o outro, e é ele quem fica como o padrinho da sua filha? – Pergunta de maneira indignada.

— Até a Bella me escolheria como seu padrinho. – Diz, fazendo as mulheres que estavam na sala segurarem uma risada. – Você é uma péssima influência para as meninas.

— Eu? – Apontou para si mesmo. – Você quem deixa sua filha conviver com o palhaço do Tommy Merlyn e a ranzinza da Laurel Lance e eu que não sou uma boa influência para as meninas?

— Ela é uma Merlyn agora. – A loirinha retrucou.

— Que seja.

E os outros riram, com exceção de Oliver, que revirava os olhos.

— Eles são muito piores que eu.

— Ninguém é pior que você.

E antes que o outro pudesse retrucar, o que era muito esperado por cada um dos presentes, ouviram uma gargalhada vinda de Joe e Cecile e então dois gritinhos.

— Mamãe, papai, vem logo!

— E eu? Ninguém chama, não?

Dessa vez todos reviram os olhos, enquanto o ignoravam e seguiam para a cozinha, encontrando as pequeninas já com os aventais, apesar de já ter creme colorido em seus rostinhos.

— E eu disse que daria no mesmo.

Barry fuzilou o amigo com os olhos, mas ele fingiu não perceber.

— Okay, eu vim preparada. – Felicity diz, gesticulando. – Meu amor, pode buscar a mochila da nossa filha? Vou trocar a roupa dela.

— Por que, mamãe? Gostei tanto desse vestido.

Ele era vermelho, levemente rodado de mangas grossas, bem semelhante ao que sua melhor amiga estava vestindo, com a diferença de que as mangas do dela eram finas e fazia um X em suas costas.

— Princesa, a mamãe só não quer que você suje ele, o que vai acabar acontecendo se não o tirar. – Oliver responde pela esposa, limpando a bochecha da pequena com um papel toalha que havia ali perto, em cima da mesa.

— Bella, acho melhor eu fazer o mesmo com você, querida. – Caitlin se pronuncia. – Principalmente quando eu tenho um certo pressentimento de que essa brincadeira vai dar no que falar.

— Como assim? – As pequenas perguntam.

Barry tinha um sorriso nos lábios, compreendendo a esposa, diferente dos outros, que tinham um olhar confuso.

— Talvez seja porque toda vez que estamos nessa cozinha, alguém... – Olhou para o marido. – Começa uma guerra de comida.

— O que? Eu?

Ela o fuzilou com os olhos e ele segurou uma risada.

— Não seja cínico.

Os outros acabaram rindo com a forma na qual a mulher disse ao marido.

— Eu vou buscar a mochila da Mia.

— Estarei com ela no andar de cima. – Avisou, antes de o marido sumir de suas vistas.

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Assim como Caitlin havia “pressentido”, havia realmente acontecido uma guerra de comida, no caso, havia sido com os cremes que a pouco estavam sendo usados para decorar os biscoitos. Joe e Cecile haviam fugido no instante em que Barry – mesmo que tivesse dito que havia sido sem querer – havia jogado um pouco de seu creme amarelo em sua esposa, o que acabou indo em Felicity também, por elas estarem uma do lado da outra. A loira ficou furiosa, por um momento, gritando contra o outro, vendo em seguida, sua amiga se vingar por ambas, o que acarretou em risadas da parte das crianças e de Cisco. Oliver chamou o amigo de idiota, enquanto balançava a cabeça e acabou sentindo o creme branco em seu rosto, perguntando em seguida, quantos anos o Allen tinha, mas antes que ele pudesse responder, provavelmente com mais um de seus “tiro ao alvo”, as garotinhas pularam da cadeira gritando com um sorriso contagiante nos lábios: “guerra de comida”.

E era por esse motivo que cada um deles estavam naquele momento tomando um novo banho e vestindo uma nova roupa, na qual a Allen havia avisado para todos levarem. E agora eles compreendiam completamente o porquê. As garotinhas haviam gostado tanto que nem mesmo queriam parar a brincadeira, os pais só conseguiram levar ambas para o banho quando avisaram que estava quase na hora do banho. Felicity estava tão melecada que não se importou quando o marido levou a garotinha para o banho junto de Barry que carregava a filha nos braços. As meninas queriam estar juntas no banho, e por isso estavam naquele momento, debaixo do chuveiro, pulando e olhando seus pais, que tinham certa dificuldade em retirar o doce de seus cabelos, principalmente quando elas não se aquietavam.

Quando desceram, estavam vestidos adequadamente para o festejo. O casal mais velho tomava um vinho, sentados de frente para a árvore, conversando, quando os outros desceram. Era hora da ceia, e mesmo que as meninas já estivessem debaixo da árvore decorada, procurando por seus presentes, mesmo que não fosse a hora, ambas foram puxadas pelo casal Queen, lembrando-as que abririam tudo na manhã seguinte. E elas estavam loucas para chegar esse momento. Era a melhor parte, afinal de contas.

Barry havia puxado a esposa antes que ela pudesse seguir os outros, trazendo-a para mais perto de seu corpo.

— O que foi?

— Nada. – Lhe sorriu. – Só queria ficar mais um pouquinho aqui.

— Bar, estão nos esperando.

— Eu sei, eu sei. – Lhe beijou rapidamente, escondendo o rosto na curva de seu pescoço. – E já estamos indo, só quero mais esse momentinho com você. – Completou, fazendo-a sorrir.

— Ah! – Se lembra de algo de repente. – Bar?

— Hum?

— Lembra de quando tudo começou? Nós dois, eu digo?

E então o velocista se afastou para poder olhar nos olhos âmbar da amada.

— Claro, como me esquecer?

— Lembra de que perguntei sobre o que viu no futuro de natal e você me respondeu que eu veria acontecer?

E ele apenas sorriu ladino, já compreendendo onde ela queria chegar.

— Eu não vou contar, Cait.

— Eu não quero que me conte.

E ele franziu o cenho, confuso.

— Como é?

— Foi isso. – Lhe deu um sorriso presunçoso. – Não foi? Nós e Bella. Foi o que você viu no futuro de natal. Nossa família.

E mesmo surpreso, o Allen sorriu.

— Como deduziu isso?

— Eu na verdade levei um tempo para deduzir isso, mas, foi a forma que olhava para Bella. Parecia conhecê-la, parecia ter a certeza de que ela seria ruiva e que se pareceria com sua mãe. Você disse para mim quando fiquei grávida. – Se lembrou imediatamente de suas palavras. – “Ela será ruiva como a minha mãe”. – Repetiu. – Como você teria tanta certeza disso? E então me lembrei de que nunca contou sobre o que viu naquele futuro.

— Você é tão inteligente. – Lhe beijou os lábios. – Eu conheci nossa família antes de ela realmente acontecer. E eu presenciei momentos entre nós, e entre nós e Bella que ficaram gravados na minha mente, e por muito tempo depois disso, imagens de um futuro com você, aparecia em minha mente, principalmente durante o sono. Eram imagens nas quais eu nunca tinha visto antes, mas que eu sabia o que era. Elas me mostravam minha vida com você, e como ela seria. E como eu era feliz. – Sorriu. – Eu sou o homem mais sortudo do mundo por ter você na minha vida, Cait. Você me deu a coisa mais linda do mundo. Nossa filha. E por ela se parecer tanto com minha mãe, me sinto mais perto dela.

E foi a vez da Snow em sorrir.

— Eu te amo, Caitlin Snow-Allen. – Diz sorrindo.

— Eu te amo, Barry Allen. – Sussurrou, antes de tomar seus lábios, em um beijo calmo, mas não menos cheio de desejo e amor. Em especial o amor, no qual demonstravam com aquele simples e delicioso gesto.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.