Um desejo de Natal

Um desejo de Natal


24 de dezembro de 2012

O meu afilhado mal consegue se conter no lugar devido à euforia de conhecer finalmente o Papai Noel. A pequena mão de Kal escorrega da minha pelos pulinhos que dá enquanto esperamos a fila, que tem 4 famílias à nossa frente, andar. A loja está muito cheia e barulhenta, as vozes se misturam às músicas Natalinas que tocam sem parar. Devido à quantidade de pessoas, estamos na fila há algum tempo.

Um pequeno espaço na loja de decoração é dedicado para o Papai Noel. Ele está sentado em uma grande e larga cadeira, envolto de uma cerca vermelha, algumas arandelas de Natal estão penduradas de forma despretensiosa ao redor do espaço, além de guirlandas com sinos e luzes pisca-pisca. Atrás da cadeira, está um enorme pinheiro com dezenas de decorações nas cores tradicionais do Natal e uma estrela brilhante e dourada adorna a ponta.

É véspera de Natal e parece que toda Forks está espalhada pelas lojas e ruas de Port Angeles. Eu sei disso porque já havia cumprimentado várias pessoas de Forks que passavam apressadas por mim.

No enorme trânsito de pessoas, está a minha amiga e mãe do meu afilhado, Angela Weber, sendo seguida pelo marido, Ben Cheney, que tem unicamente a função de carregar todas as sacolas de compras. A vinda de Angela para Forks não havia sido planejada, portanto, estão comprando os presentes de Natal para os familiares Weber-Cheney de última hora. São para os pais de Angela e Ben, além dos irmãos gêmeos de Angela, já que o presente de Kal já foi comprado.

A nossa vez chega e Kal corre até o homem de vermelho. Me aproximo da fotógrafa, observando meu afilhado sentar no colo do Papai Noel e estender um papel para ele. Na cartinha escrita com uma doce letra infantil, meu afilhado explica ser um garoto surdo (por isso, utiliza a carta) e que tinha sido um ótimo garoto durante todo o ano, portanto merece um boneco do homem aranha de presente. Tal foi a minha surpresa quando assisti o homem falar na Língua dos Sinais, começando um diálogo com Kal, perguntando sobre a escola e os amigos.

Os olhinhos em formato de meia-lua do garoto, muito similares aos do pai, brilham em uma intensidade que eu nunca tinha visto. As bochechas redondas e rosadas estão mais proeminentes com o sorriso largo que ele esbanja. Percebo o impacto do ator saber se comunicar em Língua dos Sinais e incluir as crianças com deficiência auditiva ao observar Kal abraçar o homem pelo pescoço e soltar sons e gritos de felicidade. Eu dou um sorriso bobo. Meu coração dá um pulo de felicidade.

Percebo que a fotógrafa tira algumas fotos neste momento e eu vou comprar todas elas. Me aproximo da mulher, me identificando como madrinha do garoto no colo do Papai Noel, e peço para olhar as fotos que ela tirou, para que eu possa comprá-las. Estou distraída olhando as fotos, quando sinto um puxão inesperado que me fez tropeçar em meus próprios pés e cair sentada no colo do Papai Noel. Minhas bochechas ardem quando percebo o que aconteceu. Observo o rosto escondido pela barba e bigode falso, encaro os olhos verdes esmeralda, que me parecem familiares, mas não consigo saber exatamente de onde.

Desvio o olhar, extremamente envergonhada, e vejo o pequeno Kal rindo, já que ele foi o autor do acidente. Apesar de fazer uma careta feia para ele, indicando que o que ele havia feito estava errado, ele mexeu as mãos, me dizendo em Língua dos Sinais para fazer o pedido para o Papai Noel. Respiro fundo e volto a olhar o homem, que sorri atrás da barba.

— E então? Você foi uma boa garota? — ele pergunta e eu mordo meu lábio, segurando uma risada, e sinto meu rosto pinicar pela vergonha.

— Eu fui, sim.

— Qual o seu pedido? — a voz dele é profunda e suave, preenchendo todo o meu ouvido e descendo pelo meu estômago.

— Quero um feliz Natal para todos. — falo por fim, voltando a encarar os olhos da cor de esmeralda.

Kal e eu estamos terminando de comer quando Angela e Ben nos encontram. O cabelo de Ben gruda em sua testa e ele está vermelho e aparentemente cansado por carregar sacolas tão grandes.

— Não esperava que fossem tantas coisas assim. — comento, um pouco surpresa pelo volume de presentes. Angela sempre foi mais discreta, eu esperaria algo assim vindo de Alice e não de Angie.

— Bem, nem eu… Mas faz algum tempo desde que visitamos todo mundo. — ela limpa o rosto de Kal, beija sua testa e depois se abaixa para conversar com ele e chamá-lo para irem embora. Fico com um pouco de dó de Ben e o ajudo a carregar algumas sacolas até o carro, enquanto Angela segura a mão de Kal e o ajuda a andar na calçada escorregadia.

Após guardarmos tudo no porta-malas do carro e Kal ser colocado na cadeirinha, mostro para Angela e Ben as fotos de Kal e do Papai Noel tiradas pela fotógrafa. Estão lindas e dá para ver o brilho no olhar do meu afilhado. Eu também havia comprado a minha foto no colo do Papai Noel, que escondi na minha bolsa para ninguém ver. Tinha jurado para mim mesma ser por medo de ter a foto exposta no mural de fotos que não foram compradas, mas sei que é uma mentira; eu gostei do momento e quero ter uma lembrança.

— Ele sabia falar na Língua dos Sinais — comento e dou um sorriso bobo — Fizeram um ótimo trabalho na escolha do ator. Kal ficou radiante.

— Oh! — Angela coloca as mãos sobre a boca, claramente emocionada. Ben a abraça de lado e dá um sorriso doce.

— As fotos ficaram incríveis — entrego-as nas mãos dos dois —, porque dá para ver como ele se sentiu vendo que o Papai Noel conseguia conversar com ele.

— Obrigada pelas fotos, Bella… Oh, eu deveria estar lá, mas está tudo tão corrido…

— Eu entendo, Angie, mas saiba que você não está sozinha. Como madrinha, estou aqui para todos os momentos que precisarem de mim. Obrigada por ter me dado a oportunidade de estar ao lado dele nesse momento.

— Ah, Bella — ela soluça e me abraça, e eu a abraço de volta, também emocionada. Sinto Ben nos abraçar também e ficamos envoltos desta energia que só poderia existir no Natal. Por mais que eu não acredite em magia, me sinto mexida pelo Natal como em nenhuma outra comemoração.

Nos afastamos rindo e enxugando nossas lágrimas.

— Bem, antes de nos despedirmos… — eu digo, levantando o dedo indicador, pedindo para esperar 1 minuto, e vou até o carro alugado, estacionado a duas vagas de distância do deles. Foi muita sorte nós encontrarmos vagas tão próximas naquele estacionamento lotado. Abro o porta-malas do carro e pego os pacotes de presente de Angela, Ben e Kal.

Eu havia comprado todos os presentes em Phoenix, quando fui visitar minha mãe, pois sabia que iria passar o Natal em Forks, depois de dois anos passando o Natal sozinha em Seattle. Eu já consigo sentir os efeitos da viagem abaterem meu corpo, afinal, mal tinha terminado de alugar o carro, ao chegar em Forks, quando Angela me ligou me pedindo para ajudá-la com Kal enquanto ela faria as compras de Natal em Port Angeles.

Caminho até meus amigos e entrego os pacotes aos dois.

— Espero que gostem. — sorrio.

Havia comprado uma câmera instantânea para Angela, uma lembrança dos velhos tempos. Atualmente, sendo jornalista, ela usa apenas as câmeras digitais para as matérias, então pensei que como ela sempre teve o passatempo de tirar fotos, iria curtir algo mais instantâneo e pessoal. Para Ben, consegui encontrar um quadrinho raro de uma série que nem o nome eu sabia pronunciar, pois era em japonês, e ele sempre comentava sobre. Eu tive muita sorte em encontrar em uma loja alternativa de HQs, visto que a revista estava escondida atrás de várias outras da Marvel e da DC. E para o meu afilhado, encontrei um livro interativo, em que as imagens se formavam em cada página que era aberta, de uma autora independente; eu havia gostado tanto do material, que fui em busca de um contato com ela para que assinasse com a editora da qual faço parte e consegui fechar o contrato. Me interessei porque a história contava as aventuras de um pequeno herói surdo. Depois de hoje, eu sabia que ele iria amar o protagonismo na história.

— Obrigada, Bella. — Angie me aperta em um novo abraço.

— Obrigado. — Ben agradece e guarda os presentes no porta-malas junto aos outros.

— Só abram meia-noite e não esqueçam de me mandar as fotos das reações, hein?

— Claro. — eles riem e assentem.

— Vamos? Eu preciso desfazer as malas.

— Vamos.

Seguimos rumo à Forks, e na virada para a casa dos pais de Angie, ela dá uma buzinada, se despedindo de mim, enquanto eu sigo reto em direção à casa do meu pai.

Estaciono meu carro em frente à casa, pois a garagem está com dois carros ocupando todo o espaço. Leah e Seth devem estar ali, então. Não me surpreenderia, já que Seth irá participar do Natal conosco. Peguei minhas duas malas no carro, que têm roupas suficientes para passar o Natal e o Ano Novo em Forks, e vou até a varanda para tocar a campainha. Faz tanto tempo que eu não vejo meu pai, desde a última vez que ele tirou duas semanas de férias e passou quatro dias em Seattle comigo, que sinto meu estômago retorcer de ansiedade e saudade.

Ele abre a porta e eu logo pulo para o abraço dele. Ao longo dos anos em que morei com ele, conseguimos quebrar inúmeras barreiras entre nós. Por sermos dois tímidos e reservados, tínhamos dificuldade de nos acessarmos, mas, gradualmente, conseguimos construir uma relação sólida e mútua. Nos abraçarmos dessa forma, agora, é uma das barreiras quebradas. E, céus, eu sinto tanta falta do abraço do meu pai.

— Senti saudades, pai.

— Senti saudades, Bells.

Apenas isso é dito por nós dois, e é o suficiente para expressar o que sentimos.

Quando finalizamos o abraço, ele me ajuda com as malas e as carrega até meu antigo quarto. Agora, o quarto é compartilhado entre eu, Leah e Seth quando vínhamos visitá-lo; ficou apertado com a adição de duas camas de solteiro. O guarda-roupa já não existe e foi trocado por duas araras finas, que ocupam menos espaço, assim como a mesa e o computador dinossauro não existem mais. É um quarto simples, apenas para que tivéssemos onde dormir quando visitávamos.

Apesar de ter dito à Angela que precisava desfazer as malas, percebo que não vou conseguir fazer isso por hora, visto que o cansaço começa a me dominar. Então, apenas desço com meu pai e vamos até à cozinha, onde estão as outras pessoas da casa.

— Bella! — Seth sorri, extremamente animado em me ver.

— Oi, Bella, querida. — Sue Swan, minha madrasta, me cumprimenta com um sorriso caloroso.

— Oi, Bella. Bem-vinda de volta. — Leah sorri.

Nós duas tivemos alguns problemas no início. O relacionamento entre meu pai e Sue iniciou depois que ela ficou viúva de um dos melhores amigos do meu pai, Harry Clearwater. Com o tempo, eles se aproximaram e se tornaram o apoio um do outro. Acho que dois solitários conseguem se encontrar e se preencher. Quando o pai de Leah morreu, ela se acostumou em guardar os sentimentos e a afastar todos à sua volta, usando a raiva para lidar com tudo. Então a mãe dela começou a sair com meu pai e ela odiou a ideia. Foi um início duro para todos, visto que a aprovação de Leah era um passo muito importante na relação de Charlie e Sue.

Sue, na intenção de ajudar a filha, encontrou Enola, uma psicóloga Quileute recém-formada, que havia voltado para a Reserva para atuar na área, e, desde então, as coisas mudaram entre Leah e o mundo, ela aceitou o relacionamento da mãe com meu pai, e criamos uma relação tão forte que parecia algo de outra vida.

— Imagino que esteja cansada, certo? — Sue pergunta.

— Um pouco. Vou comer alguma coisa rápida e ir deitar. Mas antes eu preciso pegar os presentes de vocês que ficaram no carro.

— Bella, não precisava. — Sue sorri e me abraça.

— Claro que precisava, Sue.

— Então vamos, Bells. Estou curioso! — Seth diz, pegando minha mão e me puxando para fora. Eu rio e balanço a cabeça. Mesmo sendo um adulto com idade legal para beber, Seth é o mesmo garoto de anos atrás.

— Mas só vai poder abrir à meia-noite.

— Ah, não! — ele reclama, fazendo uma careta.

— Ei, odeie o jogo e não a jogadora. Não fui eu quem inventou a regra.

— Tá, tá. Mas vamos pegar e colocar debaixo da árvore.

— Tudo bem, mas sem espiar!

— Droga. — ele ri e me ajuda a pegar os pacotes corretos pelos nomes escritos em um papel colorido colado no pacote. Por sorte, eu tinha apenas duas malas, pois o resto do espaço do carro foi ocupado com os vários presentes que trouxe de Phoenix para Forks.

Entramos com todos os presentes e os organizamos embaixo do pequeno pinheiro decorado com inúmeros piscas-piscas coloridos.

— Pronto, Bella.

— Ficou lindo. Espero que gostem.

— Nós vamos amar, garota. Agora vem, nós fizemos biscoitos de gengibre e estão deliciosos.

Mas antes que eu pudesse me levantar para ir com ele, percebo que na janela da parede a qual o pinheiro está próxima há cinco meias penduradas; a casa não tinha uma chaminé para manter da forma tradicional. Cada meia tem um nome bordado e o meu está entre os nomes de Leah e Seth, indicando estar em ordem de idade. É bobo, mas aquele pequeno gesto faz o meu coração esquentar. Sorrio boba e me aproximo, tocando a meia e percebendo que está cheia.

— Nada disso, só depois da meia-noite. — ele diz de forma divertida e eu reviro os olhos para ele. — Odeie o jogo. — e pisca para mim.

Voltamos para a cozinha e eu me sento na cadeira mais próxima aos biscoitos de gengibre. Pego um e como com gosto, pois como Seth havia falado, realmente está delicioso.

— Como estão as coisas em Seattle, Bella? — é Leah quem pergunta.

— Algum gatinho? — Seth balança as sobrancelhas e meu pai faz uma leve careta.

— Sem gatinhos, apenas muito trabalho na editora. Eu sabia que todo o processo até chegar ao livro final era enorme, mas eu nunca imaginei ser realmente tão cansativo assim. Mas eu me sinto realizada, sabe? Quando finalmente tenho em mãos cada livro que selecionei e ajudei no processo, me sinto parte daquilo. É lindo.

— Você gosta muito disso, é perceptível. — Seth sorri, pegando outro biscoito.

— Bem, e vocês? Como está a clínica veterinária, Leah?

— A clínica está bem. Sempre temos muito trabalho lá, por ser na Reserva, e os caras-pálidas começaram a aparecer por lá também e isso está ajudando muito nas contas.

— Que ótimo saber disso, e a parte melhor ainda é que Forks é minúscula, logo todos que têm um animalzinho vão estar no seu consultório.

— Mal posso esperar! — ela sorri e enche sua xícara com eggnog*.

— E a faculdade, Seth? — dou mais uma mordida no biscoito, e pelo canto do olho percebo meu pai e Sue saindo da cozinha, tentando não chamar nossa atenção.

— Cada dia mais eu me apaixono pelo curso. — ele diz e seus olhos brilham.

— É pedagogia, né?

— Isso mesmo. Eu quero ser professor na Reserva.

— Isso logo vai acontecer, tenho certeza. — eu falo de forma otimista.

— Hum, é um segredo ainda… Mas vou começar um estágio lá.

— Não brinca! — exclamo e me levanto em um pulo para abraçá-lo com força. — Seth, isso é incrível!

— Shhh, fala baixo!

— Desculpa! — eu rio e o solto, mas apenas para segurar suas bochechas e apertá-las levemente. — Meu irmãozinho cresceu!

— Para com isso! — ele fala envergonhado, o som saindo de um jeito engraçado dos seus lábios esticados. O solto e volto a me sentar, esboçando um sorriso.

Leah ri de nós dois e abraça o irmão pelos ombros.

Me sirvo com chocolate quente e volto a olhá-los. Novamente aquela mesma sensação de mais cedo me abate. Não existe magia, mas o Natal é simplesmente… único e mágico. Olhando meus irmãos, percebendo o quanto nossas vidas estão boas, me lembro do meu pedido ao estranho Papai Noel do shopping. Mesmo que nada tenha a ver com isso, uma pontinha me cutuca, me fazendo imaginar que o meu pedido está dando certo.

Não demora muito para nos despedirmos. Após terminar minha xícara de chocolate quente, o sono fica ainda mais forte. Eu só tive energia para escovar os dentes, trocar de roupa e me jogar na cama.

Madrugada do dia 25 de dezembro de 2012

Acordo com alguns barulhos vindos do andar de baixo. Me mexo na cama, rolando até encontrar o meu celular para olhar as horas; meia-noite e três. Bocejo e me sento na cama, colocando as pantufas de leão que eu havia trazido. Me arrasto até o banheiro para usar o enxaguante bucal e lavar o rosto antes de descer até o pessoal.

— Achei que não iria acordar, Bells. — meu pai diz assim que piso na sala.

— Também achei, mas acabei acordando na melhor hora. — eu comento, vendo alguns embrulhos rasgados no chão.

Me sento ao redor do pinheiro decorado, junto a Leah e Seth, pegando um dos pacotes designados para mim. Mas não abro, vendo Leah pegar o presente que dei para ela e começar a abri-lo. Assim que ela vê o kit de vinho, dá um largo sorriso e eu sorrio junto a ela, feliz por acertar.

— Isso aqui é muito chique, Bella, adorei. — ela agradece e me abraça.

Seth abre o dele, rasgando todo o papel. Há duas jaquetas de tamanhos diferentes dos Yankees, ele olha curioso para as jaquetas, mas ignora por hora para ver a carteira preta que tem no pacote. A pega, girando nas mãos, e a abrindo, com um largo sorriso indicando o quanto gostou da carteira.

— Duas jaquetas?

— Bem, como nós dois torcemos para os Yankees, e o resto dessa família tem o péssimo gosto de torcer para o Giants…

— Péssimo gosto? — Charlie resmunga, revirando os olhos, me fazendo rir, e Sue sussurra algo no ouvido dele, esfregando a mão em seu ombro.

— Eu mandei fazer essas duas jaquetas, uma é para mim e a outra é para você. Tem nossos nomes!

— Eu adorei! — ele veste a jaqueta e me entrega a minha, que logo visto por cima do suéter verde com renas. — E adorei a carteira, estava mesmo precisando de uma nova. — a coloca em cima da poltrona e tira a carteira velha do bolso. Realmente ele está precisando de uma carteira nova.

— Vou tirar uma foto de vocês. — Sue anuncia e pega o celular. Seth e eu nos abraçamos e algumas fotos são tiradas; depois, viramos de costas e voltamos a nos abraçar e mais fotos são tiradas, agora, com nossos nomes nas jaquetas aparecendo.

Eu nunca tinha sido fã de esportes. Sempre fui extremamente desengonçada e estabanada, o que acabava fazendo a educação física ser uma tortura para mim e eu ter uma visão negativa dos esportes. Tudo mudou quando a família Cullen começou a me chamar para assistir aos jogos de beisebol que faziam. No primeiro jogo, me ensinaram o básico para ser a segunda juíza. Depois disso, fiquei interessada em saber mais para quando participasse de novo. Tudo bem, talvez assistir Edward Cullen de uniforme tivesse sido a maior motivação. Então, Seth entrou para a família e me ensinou ainda mais sobre o esporte, me apaixonei pelos Yankees, para a tristeza do meu pai, que sempre foi um fã ferrenho dos Giants, e Leah e Sue também torciam para os Giants. Como eu disse, apenas eu e Seth temos bom gosto nesta família.

Voltamos a nos sentar, nos abraçando e olho meu pai pegar o embrulho dele e de Sue. Eu rio de sua cara quando percebe ser dois suéteres com uma foto minha, de Seth e de Leah abraçados.

— Que graça! — Sue sorri e meu pai apenas assente, com uma expressão de paisagem, fazendo a mim e aos meus irmãos rirem.

— Talvez devesse virar, pai.

Quando ele virou o suéter, haviam grudados dois ingressos do jogo do Giants que teria no final do mês em Seattle.

— E podem se hospedar na minha casa, claro. Eu vou adorar ter vocês lá.

— Obrigada, filha. — Sue sorri para mim, abraçando meu pai e dando vários beijos na bochecha dele, o fazendo corar. Eu também coro, mas por ser chamada de filha. Eu sempre me surpreendo quando ela me trata assim, e gosto muito.

— Obrigado, Bells. Vou lembrar disso sempre.

— Espero que vocês consigam algum autógrafo.

— Seria incrível se conseguíssemos. Vamos tentar, Charlie!

— Vamos sim, querida.

E então, abro os meus presentes: um livro de uma escritora Quileute, dado por Leah; um headphones, de Seth; um colar feito à mão, por Sue; e, uma agenda com capa de couro e caneta de pena, do meu pai. Agradeço a todos pelos presentes, que eu amei. Mal posso esperar para começar a usar todos eles.

Peço para Sue colocar o colar em mim e vou me olhar no espelho do banheiro, no andar de cima. Realmente foi feito pensado em mim, a gargantilha combina com meus olhos castanho-chocolate, enquanto a pedra combina com meu cabelo, é marrom, mas quando a luz toca, fica levemente avermelhada.

Volto para a sala para agradecer novamente e abraço a todos. Charlie me lembra da meia cheia e eu me aproximo, enfiando a mão no pedaço de pano e pegando tudo o que está ali. São docinhos e anéis. Eu sorrio, pois eu realmente adoro anéis e fico feliz que eles ainda se lembrem disso. Os coloco e como os docinhos de chocolate.

Apesar da energia familiar que nos envolve e eu querer continuar ali com eles, o sono ainda insiste, e como vamos acordar cedo para irmos à casa dos Cullen, prefiro me despedir e voltar para a cama.

Passaríamos o dia 25 e um pouco do dia 26 na casa da família Cullen. Tanto Carlisle quanto Esme, convidaram a nossa família para participarmos do Natal deles. Meu pai até teria dito “não”, mas Alice Cullen, com seu jeitinho que encanta a todos, entrou no meio e insistiu para que ele aceitasse. Meu pai adorava Alice e não conseguiu declinar, sendo assim, amanhã iríamos acordar cedo para organizarmos algumas coisas para a Ceia que aconteceria na casa do doutor Carlisle.

Por sorte, o aceite foi antes de eu vir para Forks, assim, tive tempo para comprar os presentes para a família Cullen. Alice, obviamente, me ajudou na escolha de alguns dos presentes. Por mais que eu não morasse mais aqui, nossa amizade continuou mesmo depois do ensino médio, quando eu fui aceita na Universidade de Washington para cursar letras e Alice foi aceita no Instituto Fashion de Design e Merchandising para cursar moda. Ainda conversávamos quase todos os dias, os assuntos nunca acabavam com Alice.

Novamente, assim que deito a cabeça no travesseiro macio, apago em um sono profundo.

Manhã do dia 25 de dezembro de 2012

Acordo quando ouço alguns passos pelo quarto e percebo que Seth e Leah já estão de pé. Olho o relógio, vendo ser seis horas da manhã, pois, pela janela, era impossível descobrir o horário, está escuro e chove, como sempre nessa cidade.

Me levanto também, pegando uma muda de roupa confortável e indo para a fila do banheiro. Só um único banheiro para cinco pessoas não é nada prático.

Assim que terminamos de nos arrumar, vamos todos para a cozinha, cada um encarregado de ajudar em alguma coisa. Meu pai lava as louças da madrugada, já que ele não tinha muito jeito para a cozinha. Sue está pré-assando um pernil, que cheira maravilhosamente bem, enquanto Leah e eu terminamos de decorar os biscoitos de gengibre. Já Seth está encarregado da sobremesa, uma torta de maçã com canela que me deixa com água na boca.

Não demora para terminarmos o que é necessário. O pernil seria finalizado na casa dos Cullen, então, começamos a organizar nossas coisas para irmos: necessaires e malas para passarmos a noite, além de, claro, organizarmos os presentes. Vamos guardar as malas e as comidas na viatura, que logo fica cheia. O que é muita sorte, pois, por mais que ainda haja duas vagas no carro do meu pai, as comidas ocupam os espaços vagos e eu posso ir com o meu carro; ainda odeio andar de viatura. Eu vou sozinha, enquanto meu pai, Sue e Seth vão na viatura.

Leah não vai passar o Natal com os Cullen, optou por passar o Natal na Reserva com o namorado, Jacob. Jake e eu somos amigos desde crianças e é incrível os dois estarem juntos, além de formarem um belo casal, são duas pessoas que eu amo e desejo toda a felicidade. Leah não deu muitas informações, pois era algo privado da comunidade, mas explicou que apesar de não comemorarem o Natal da mesma forma que os “caras-pálidas”, eles fazem celebrações específicas no dia de hoje. E ela queria participar das tradições Quileutes.*

Não demora para que Jake chegue para buscar Leah. O cumprimento com um abraço e ele ajuda Leah a colocar a mala no carro. Nos despedimos, desejando um feliz Natal para todos e logo estamos a caminho da casa dos Cullen. Eles moram quase fora da cidade, então demoramos um pouco para chegar, afinal, não podemos correr devido ao gelo misturado com a chuva torrencial que começa a cair no meio do caminho, e, também, pela viatura que anda na minha frente, atrasando todo o trânsito.

Assim que chegamos, Carlisle, Emmett e Jasper vêm nos ajudar a pegar as coisas nos carros. Apesar da chuva forte, não usam guarda-chuva para se protegerem, mas conseguem levar tudo para dentro da casa de forma rápida, voltando logo para o aquecedor confortável.

Alice me abraça forte assim que piso na sala e começa a falar o quanto sente saudades e o quanto de coisas precisa me atualizar, me deixando zonza com tantas palavras faladas em poucos segundos. Eu apenas rio e a abraço de volta. Alice sempre sendo Alice.

Aos poucos, a sala foi ficando vazia. Carlisle, Esme, Sue e Charlie vão para a cozinha para terminar de preparar as comidas, enquanto Emmett, Jasper e Seth vão para a sala de jogos, localizada no porão da família, deixando apenas Alice e eu na sala. Isso não dura muito, pois logo Rosalie desce, vestida com uma roupa de dormir do tema de Natal, mas ainda estando extremamente elegante, e se aproxima de nós.

Sou melhor amiga de Alice desde que passava minhas férias aqui em Forks, na época do ensino fundamental, e apesar do começo complicado com Rosalie, também nos tornamos grandes amigas. De início, Rosalie sentiu muito ciúmes da minha amizade com Alice, pois elas são amigas desde sempre. Rosalie Hale é filha de uma das melhores amigas de Esme, a qual ela considerava como uma irmã, a mulher faleceu quando Rosalie ainda era muito jovem, e Esme adotou os irmãos Hale, pois não haviam sobrado muitos familiares que pudessem ficar com os dois irmãos. Então, Rosalie é praticamente uma prima-irmã de Alice, e achou que eu estava querendo roubar o seu lugar quando Alice se aproximou de mim. Quando vim morar em Forks com meu pai, eu e Rose pudemos nos conhecer melhor e ela entendeu que eu não queria, de forma alguma, roubar seu posto, e que não precisava, pois Alice tem um coração enorme. Ela foi o principal motivo da minha aproximação com Rosalie, pois queríamos vê-la feliz.

— Quem é vivo sempre aparece, não é, dona Isabella. — Rosalie faz um biquinho e eu rio, indo abraçá-la também.

— Ei, as coisas continuam corridas no meu trabalho, mal estou tendo férias… Mas assim que eu me consolidar mais na empresa, vou começar a vir mais para cá.

— É bom mesmo, viu? Se você me deixar por aqueles seus amiguinhos de Seattle, vai se ver comigo.

— Para de graça, Rose. Não precisa ter ciúmes de ninguém, ok? Eu amo vocês.

— Também te amo, Bella. Agora vem, vamos subir, temos muitas coisas para conversarmos.

— Edward está na cidade? — Pergunto surpresa ao ouvir Alice dizer que Edward está atrasado.

Edward Cullen é o filho mais novo de Esme e Carlisle, foi um dos alunos mais brilhantes da escola, principalmente do seu ano, que era o mesmo que o meu, e foi meu primeiro crush. Talvez o único. Ele saiu de Forks assim que terminou o colegial, nove anos atrás, na intenção da busca pessoal. E desde então, Edward é apenas uma memória. Fazia pelo menos sete anos que eu não sabia absolutamente nada dele, já que ele é extremamente reservado em suas redes sociais e não posta nada, as únicas informações que eu tinha eram por parte de Alice, que me mantinha atualizada, mas não durou por muito tempo. Apenas sei que ele viajou praticamente o mundo inteiro, conheceu dezenas de lugares, fez diversos cursos, e provavelmente deve ter conhecido várias mulheres maravilhosas. Respiro fundo para afastar esse pensamento idiota e infantil da minha cabeça. Eu não vejo o cara há anos, pouco importa quem tenha passado pela vida dele.

— Sim, ele vai passar o Natal conosco. — é Rosalie quem responde.

— O primeiro desde que ele começou as viagens. — Alice comenta.

Apesar de Edward ser a minha única paixão, eu conheci pessoas legais na faculdade e experimentei coisas que nunca havia chegado a experimentar durante meus anos em Phoenix ou Forks, mas não cheguei a ter nenhum relacionamento sério ou algo assim. Foi extremamente difícil me conectar com as pessoas a um nível tão profundo que me levasse a querer ter alguma coisa romântica.

De alguma forma, meu coração bate acelerado desde que ouvi que Edward estaria ali. É loucura, afinal, ele pode ter mudado e para pior. Não tem um porquê para me sentir da forma como estou me sentindo, mas, ao mesmo tempo, não consigo me segurar.

— Bem, é melhor descermos para ver se estão precisando de algo. — eu digo, talvez se eu ocupasse minha mente, esqueceria de como Edward Cullen me faz me sentir. As meninas assentem e nós descemos para ajudar os mais velhos.

Eu quero fugir do assunto Edward, mas, pelo visto, está me perseguindo, pois quando nos aproximamos, percebo que estão conversando sobre ele.

— Faz anos que nosso filho não participa de um Natal conosco, então estamos muito felizes por ter vocês aqui também, nossa família está completa e reunida.

— Estamos realmente muito felizes. — Esme dá um sorriso e seus olhos estão mais brilhantes, como se segurasse algumas lágrimas. Imagino quão emocionante deve estar sendo este momento.

Então, me lembro que eu faço parte dessa família também. Não apenas eu, como meu pai e sua esposa, que são grandes amigos de Carlisle e Esme. E Seth, o mais jovem entre nós, foi acolhido com tanto carinho, que sente que todos os filhos Cullen, Hale e eu somos seus irmãos. E eu realmente o considero como meu irmão. Sue, Seth e Leah foram algumas das melhores pessoas que eu já conheci em toda a minha vida.

— Vocês querem ajuda? — Alice pergunta, quebrando o clima parental.

— Não vamos reclamar. — Esme diz, dando um sorriso em seguida.

Eu e Rosalie começamos a ajudá-los com os acompanhamentos do prato principal, enquanto Alice, que tinha mais facilidade com confeitaria, estava ajudando com as sobremesas. Esme chama os garotos para ajudarem com alguns detalhes da decoração. Emmett Cullen, Jasper Hale e Seth Clearwater entram na cozinha grande, fazendo-a parecer minúscula, principalmente por Emmett, que parece uma geladeira de duas portas de tão alto e largo. Observo meu irmão interagindo com os Cullen, e sinto meu coração encher de alegria ao vê-lo sendo tão bem recebido e acolhido por aquela família; não espero o contrário, a família Cullen é realmente admirável quando querem fazer alguém se sentir em casa.

Os meninos terminam de pendurar as decorações de paredes, enquanto nós terminamos com as comidas. Tudo fica pronto. A comida cheira maravilhosamente bem, e cheira a Natal. Os risos são contaminantes, como um vírus da felicidade, e aquele momento é tão perfeito, que eu queria poder ter registrado. Mas antes que eu possa pegar meu celular em meu bolso, Edward Cullen atravessa o umbral da porta da cozinha e um silêncio recai sobre todos de surpresa.

— Edward! — Esme suspira e soluça ao dizer o nome do filho, e corre para abraçá-lo.

Ainda não caiu a ficha de Edward Cullen está à minha frente, com seus cabelos ruivos desordenados e seus olhos esmeraldas brilhantes. A bochecha está rosada pelo frio, o maxilar está mais marcado do que quando ele era mais jovem, e eu posso ver algumas pequenas rugas ao redor dos olhos, como se ele tivesse sorrido muito nos últimos anos. Ele era lindo, e consegue ser ainda mais lindo agora.

Edward está quase tão alto quanto Emmett, e tenho certeza quando ele se aproxima do irmão e o abraça também. Toda a família Cullen se envolve em um abraço coletivo com Edward ao centro. Estão todos emocionados. Sinto meu pai me abraçando também, Sue se aproxima do meu outro lado e Seth descansa o queixo em minha cabeça, me lembrando que mesmo sendo muito mais jovem que eu, ele é muito mais alto. Me sinto acolhida e pertencente. Essas pessoas são a minha família.

Quando os abraços terminam, Edward se aproxima do meu pai e o cumprimenta. Charlie o abraça, deixando o Cullen surpreso pela atitude inesperada; ele conheceu meu pai quando ainda era uma pessoa muito travada e não teve a oportunidade de perceber a mudança gradual que aconteceu no xerife Swan depois de Sue.

— Edward, garoto, quanto tempo!

— Olá, senhor Swan. Muito tempo mesmo. — ele sorri e olha para o lado, vendo Sue e Seth. — Imagino que sejam Sue e Seth, certo?

— Isso mesmo! — Seth diz com a voz animada. — Nossa, cara, parece que eu te conheço a vida toda. Seus irmãos falam muito de você.

Edward ri, jogando a cabeça para trás.

— Eles também falaram muito de vocês para mim. Fico feliz que estejam próximos da minha família.

— E nós agradecemos todo o acolhimento da sua família. São ótimos amigos. — Sue comenta, com um sorriso doce.

Ele assente com a cabeça e sorri junto a ela.

Então, seus olhos se encontram com os meus, e é como se toda a galáxia tivesse parado e só existissem nós dois neste momento. Meu corpo fica completamente arrepiado, ao ponto de parecer que uma presença está ao redor do meu corpo, quase me tocando. Um sorriso iluminado se abre no rosto dele e ele dá alguns passos em minha direção, cortando o espaço entre nós. Os seus braços me envolvem antes que eu consiga raciocinar o que está acontecendo. Correspondo ao abraço de Edward enquanto tento controlar as batidas do meu coração, pois tenho certeza que ele irá conseguir sentir minhas batidas frenéticas.

Ele se afasta e continua sorrindo. E a jovem Bella que ainda existe dentro de mim fica em alvoroço.

— Bella, caramba! Como você está?

— Bem, e você, Edward?

— Estou melhor agora — mais uma batida forte — que estou com todos vocês depois de todos esses anos.

Eu sorrio, e tenho certeza que não consigo disfarçar minha cara de boba apaixonada, mas ao menos ninguém parece notar. O que agradeço, já que ninguém nunca soube na minha grande queda por Edward Cullen, e eu prefiro que permaneça assim, já que sei que não tenho nenhuma chance com ele, e prefiro evitar completamente a rejeição.

— Ah, filho — a magia parece se quebrar e parece que eu volto a estar presente na cozinha dos Cullen —, venha experimentar um dos biscoitos de gengibre. — Esme puxa Edward pela mão e entrega um dos biscoitos enfeitados para ele.

Ele mastiga e entra em uma conversa com a mãe. Eles devem ter muito o que conversar depois de tantos anos longe de casa. Esme ainda parece desacreditada que seu primogênito está de volta. Não os observo muito, porque logo começamos a arrumar a mesa para a Ceia que faremos em conjunto, e também porque não quero ficar babando em cima de Edward, apesar do meu coração não parecer ter entendido ainda, Edward não é alguém para mim.

Assim que tudo está pronto, nos sentamos à mesa de 12 lugares dos Cullen, ficando bem confortáveis ali. Emmett é o primeiro a se servir com a comida, sem se importar em esperar o sinal de Esme, que parece um pouco indignada com a atitude do filho. Seth ri e segue Emmett, fazendo um prato tão grande quanto o do Cullen. Os dois começam uma conversa sobre alimentação saudável e déficit calórico, enquanto comem a maior quantidade de comida que eu já vi na minha vida.

Aos poucos, cada um de nós nos servimos com a deliciosa comida. Alice coloca uma música de Natal para tocar em som ambiente e ficamos em uma atmosfera familiar única e confortável. Me delicio não apenas com a comida, mas com a presença de cada pessoa ali. Claro, Edward é quem faz meu coração bater desenfreado, mas o amor que eu sinto por cada um é maior que o sentimento romântico que tenho por Edward. E como poderia ser diferente? O amor que eu tenho pelos Cullen e pela minha família é real, enquanto o sentimento que guardo por Edward é apenas uma fantasia adolescente.

— Como está seu trabalho em Seattle, Bella? — Carlisle pergunta.

— Ah, muito bem, na verdade. Eu sou completamente apaixonada pelo que faço na editora.

— Que ótimo saber disso. Lembro quando você e Edward se escondiam na minha biblioteca e ficavam lendo juntos por lá, enquanto deixavam Alice e Emmett procurando por vocês.

Edward e eu rimos ao nos lembrarmos de algumas vezes que fugimos de seus irmãos para nos escondermos nos mundos das histórias fictícias. Era divertido. Olho para Edward e sorrimos cúmplices um para o outro.

— Ah, então era com o meu irmão que você ficava quando fugia de mim? — Alice pergunta em um tom falso de indignação. — Isso é uma enorme traição, Bella Swan. Você trocava as minhas maquiagens por livros!

Eu rio mais e balanço a cabeça.

— Não pode me julgar, Alie.

— Claro que posso. Ainda mais que você me trocava pelo Edward.

— Ei! — ele protesta. — Qual o problema comigo?

— Nenhum, mas eu claramente sou a irmã mais interessante desta família.

— Eu que sou, Alice. — Emmett diz com um largo sorriso. — Todos me adoram.

— Não, Emmett, as crianças te adoram porque você é uma delas!

— Não pode me julgar, pode?

— Alice, você também é uma criança e tem a mesma energia que elas. — Edward comenta.

— Eu devo concordar com o Edward. — digo, risonha.

— Viu? Traidora!

Eu rio mais.

— Ah, crianças — Carlisle diz. —, todos vocês são os nossos bebezinhos.

— Ah, não. — Emmett reclamou, o que fez todos rirem.

— Mas, então, está trabalhando com livros? — Edward pergunta para mim, voltando ao assunto inicial. Os outros conversam entre si e as conversas se embaralham na mesa.

— Sim. Eu sou assistente editorial e basicamente estou em todos os processos importantes da produção editorial.

— Uau, fico feliz por você. Eu lembro como você sempre foi apaixonada por livros.

— Sim, é incrível poder realizar esse sonho e estar trabalhando com algo que eu gosto tanto. — ele sorri para mim e concorda com a cabeça. — E você?

— Se estou trabalhando? — pergunta e olha para o prato, mexendo com o garfo na comida que resta ali.

— Uhum.

— Formalmente, não. — dá de ombros. — Mas faço alguns bicos aqui e ali. É complicado manter um trabalho fixo enquanto viajo sem parar.

— Realmente…

— Mas gosto dos trabalhos que faço. São variados e diferentes.

— Tipo? — o observo com curiosidade.

— Fui uma atração principal em uma festa infantil. Me fantasiei de Fera.

— Uau, eu realmente não esperava algo assim. — falo, rindo baixo.

— Fera, maninho? — Emmett se intromete em nossa conversa e balança as sobrancelhas de forma sugestiva.

Edward revira os olhos e me encara, ignorando a piada de Emmett. Mordo meu lábio, segurando o riso, e ele aperta os olhos para mim, como se estivesse me desafiando.

— Bem… — ele pigarreia, enquanto engulo o riso. — Gosto de ver outras pessoas felizes, é o que me faz bem.

— Isso é… demais, Edward. — o encaro, sentindo as borboletas no meu estômago tentando alçar voo, mas me esforçou para mantê-las na gaiola.

Ele me dá um tímido sorriso.

— Pretendo trabalhar com algo assim em algum momento da minha vida.

— Olha só, está querendo criar raízes? — abafo a esperança em minha voz.

— Não, ainda não. Tenho muito o que viver fora daqui ainda.

— Hum, entendi. — respondo, tentando não demonstrar o quanto aquela resposta me frustra.

Percebo que não sou a única, Esme, que até então sorria largamente, murcha como uma flor que recebeu pouca água. Ninguém comenta sobre o que ele disse, mas é claro que ninguém esta feliz com a resposta. Mudamos de assunto, comentando sobre as Festas de Natal dos anos anteriores, e ficamos comentando amenidades durante o resto da Ceia.

Para o jantar, comemos o que sobrou da Ceia no almoço; e, ainda assim, muita comida sobrou depois de comermos. Os adultos resolvem ir para o porão jogar cartas, e também para nos deixar mais à vontade. Jasper, Alice, Rosalie, Emmett e Seth vão para a sala, enquanto eu e Edward recolhemos as louças do jantar, para colocar na lavadora. Depois disso pegamos uma das garrafas de vinho e taças suficientes para todos e vamos para a sala. Nos sentamos lado a lado nos únicos espaços que sobraram no sofá e colocamos as taças e as garrafas na mesinha de centro da sala.

Cada um coloca a quantidade de vinho desejada na própria taça. Sirvo a minha, enchendo até a metade e sorvo um gole, sentindo o líquido queimar levemente minha garganta. O sabor é suave, doce e cítrico, delicioso. Observo Edward levar a taça aos lábios e beber um gole do vinho também. Seus lábios são finos e rosados, e ficam levemente vermelhos com o toque da bebida contra eles. A minha boca seca de desejo em beijá-lo.

— Conte sobre suas viagens, Edward! — Seth pede, animado, me fazendo voltar para a realidade.

— Bem… — Edward dá um sorriso torto e olha para a taça em que bebia o vinho, contemplativo. — Eu posso dizer que essas viagens me fizeram conhecer a mim mesmo. Tudo o que vivi foi importante para que eu chegasse aqui e para que eu pudesse me conhecer da forma como eu me conheço.

— Muita droga, Edward? — Emmett perguntou. Apesar do tom inocente, era óbvio que estava fazendo uma piada idiota. Rosalie revira os olhos para Emmett e dá um tapinha de leve no braço dele, o fazendo rir.

Emmett é noivo de Rosalie, é um casal muito exótico, já que Emmett é um ser extremamente engraçado e Rosalie é super rígida e fechada. Mas, ao mesmo tempo, eles são o equilíbrio um do outro. Rosalie não deixa Emmett exagerar nas brincadeiras que podem se tornar incômodas e Emmett dá leveza para Rosalie, não a deixando ficar presa em um mundo tão sério. É lindo observar os dois e como ambos são felizes um com o outro.

Ele é professor de educação física e Rosalie, apesar de ser tão linda quanto uma modelo, faz pequenos trabalhos de modelagem apenas para Alice, sendo muito mais reservada que Emmett. Optou por seguir uma carreira médica, assim como Carlisle. Ela é incrível e, quando a conhecemos, sabemos que ela é uma das pessoas mais amorosas do mundo, mas quando se trata sobre o trabalho dela, ela consegue ser segura, calma e fria o bastante para realizá-lo. Ser médica-cirurgiã exige isso dela.

Enquanto Emmett trabalha com as crianças do ensino fundamental e é capaz de competir como um igual em relação à energia. Ele conseguiu formar um time de beisebol com crianças entre 7 a 9 anos, que são ótimos esportistas, além de super fofos. Ele conseguiu criar uma comunidade tão forte, que a Forks High School começou a focar no time de beisebol para que jovens atletas consigam bolsas nas faculdades dos Estados Unidos.

— Não, Emmett… E, mesmo se fosse, eu não iria assumir nada disso com Jasper e o Swan aqui. — Edward fala com um sorriso torto nos lábios.

— Sim, muitas drogas. — Jasper afirma. O tom é leve e sem julgamento, o que faz Edward rir. Jasper, irmão de Rosalie, é parecido com ela. Também é mais fechado, centrado e quieto.

— Ah, parem, por favor! Fale do que realmente é importante, Edward: você se apaixonou?

Fico em silêncio, apenas bebendo do vinho, enquanto meu coração bate de forma desregulada com a pergunta de Alice. Ela é namorada de Jasper, e apesar de não ter o humor como o de Emmett — ninguém o tem —, é tão animada quanto o irmão. Alice é completamente elétrica e tem a energia de 100 duendes do Papai Noel. E também é uma das pessoas mais românticas que eu conheço, torcendo pelo amor e por tudo o que o romantismo promete.

É interessante observar como Alice dá cor à vida de Jasper. Ele é ex-oficial militar e precisou ir à guerra. Hoje em dia, carrega vários traumas em consequência disso, o suficiente para lhe dar crises fortes de pânico até hoje. Jasper continua com uma postura de alguém treinado para a guerra, mas não gosta disso. Ele, diferente de outros ex-oficiais, não informa ser um veterano nos lugares que vai e, quando alguém descobre isso e ele recebe uma chuva de elogios pelo “belíssimo trabalho realizado para e pelo país”, ele precisa voltar correndo para casa ou se trancar em algum lugar porque uma crise o abate.

Alice consegue trazer um lado amoroso e carinhoso de Jasper. Com ela, ele é apenas o Jasper Hale. Com ela, ele aprendeu a viver novamente, e está, aos poucos, começando a conseguir viver sem que os traumas da guerra o afetem em demasia. Ele se esforça para viver o presente sem que o passado transborde, mas não é fácil.

Alice é uma blogueira de moda. Apesar de ter formação suficiente para se tornar uma estilista tão grande quanto Louis Vuitton, prefere a comunicação, e isso a levou a criar um blog e posteriormente um canal no YouTube, sendo a mais seguida no nicho da moda. Ela é incrível no que faz. Em tudo o que faz.

Alice dá cor à vida de todos que passam em sua vida.

— Não. — Edward responde e eu solto o ar que estava prendendo sem nem mesmo perceber.

— Ah, eu não sei como você é meu irmão, Edward. Quase mil anos fora de casa e não encontrou ninguém?

— Emmett? — Rosalie o encara.

— Ah, meu docinho, não é bem assim, você é meu amor.

— Bom mesmo!

— Não ter me apaixonado não significa que não estive com alguém, Emmett. — Edward diz como se fosse a coisa mais óbvia possível.

— Huuuum, olha o meu irmãozinho, todo safado.

— Por Deus! — Edward reclama.

— E quando você vai viajar de novo? — Seth pergunta, voltando à conversa para o assunto das viagens. O agradeço mentalmente por isso, pois não queria ficar ouvindo Edward falar de suas aventuras sexuais.

— Antes do Ano Novo. Pretendo passar a virada em Hong Kong.

— Caramba, isso é demais!

Ele vai embora tão cedo e isso me deixa chateada, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso. É frustrante. Mesmo que ele ficasse, não significaria nada. Absolutamente nada. Encho minha taça, desta vez, e torno a beber o líquido alcoólico.

— E você, Bella? — Alice me chama para a conversa.

— Eu? — a encaro, confusa.

— Esteve com alguém nesses últimos anos?

— Hum, eu…

— Você…

— Eu tive experiências, mas não cheguei a namorar. — respondo, envergonhada, querendo fugir daquele assunto.

— Experiências, é? — Alice me encara e então sorri maliciosamente. — Deveríamos jogar “eu nunca”.

— Ah, não. — Edward, Jasper e eu reclamamos em conjunto.

— Ah, sim! — Alice e Emmett comemoram juntos, fazendo Rosalie e Seth rirem. Rose não parece gostar muito da ideia, mas se é algo que deixa Emmett feliz, ela não se opõe.

Alice e Jasper vão até a cozinha pegar os copos de shots e uma bebida mais forte que o vinho que estamos tomando. Me sento de forma confortável no sofá, já que não tenho escolha e serei obrigada por Alice e Emmett a participar do jogo. Edward e Seth se sentam cada um ao meu lado, e Emmett puxa Rosalie para se sentar no colo dele. Eles se envolvem na atmosfera de amor deles e ficam cochichando um com o outro enquanto esperamos Alice e Jasper voltarem.

— Ok, pegamos tudo! — Alice diz e coloca os copos na mesinha e Jasper coloca a bebida. Ela serve os shots e então se senta em um dos lugares vagos, puxando Jasper consigo. — Eu começo! Eu nunca quebrei um osso!

Eu rio, porque parece ter sido direcionado a mim. Pego um dos copos de shots e viro, sentindo a bebida arder minha garganta.

— Se eu quebrei quando criança, conta? — Emmett pergunta, parecendo não querer beber. Provavelmente está levando o jogo como uma competição.

— Sim, bebe! — Alice manda e todos bebem.

— Roubado demais. Quem nunca quebrou um osso? — ele reclama, continuando chateado por ter “perdido”.

— Emmett, é apenas o esquenta. Vai, sua vez, então.

Ele sorri malicioso, passando os olhos em cada um de nós.

— Eu nunca me fantasiei para trabalhar.

— Depois fala que é roubado. — Edward revira os olhos e toma mais um shot, o que faz Emmett gargalhar.

— Eu nunca dei um bolo em alguém. — é a vez de Jasper.

Edward e eu bebemos nessa rodada e estou começando a achar que esse jogo realmente está sendo roubado.

— Eu nunca beijei uma pessoa desconhecida — Rosalie diz e sorri.

Aperto os olhos para ela e pego o copo vazio, o enchendo para beber mais uma vez. Edward faz o mesmo. Rosalie sabe que eu já beijei um desconhecido, pois contei para ela uma das minhas aventuras na faculdade. Vejo Seth virar um shot e faço uma careta, pois ele é meu irmãozinho e finjo que ele não faz esse tipo de coisa. Viro o meu ao mesmo tempo que Edward.

— Hum, seus safados! — Emmett comenta e ri.

“Eles me pagam!”

— Eu nunca — Seth diz e olha para a própria bebida, pensativo — gostei de alguém mais velho. — e ele mesmo dá um gole na própria bebida.

— Seth? — eu o chamo.

— Não vou falar sobre, mas é isso. — ele ri.

— Bem, gostar… — dou um gole também, assim como Edward e Jasper. Fico surpresa por Jasper por um segundo, mas lembro que ele e Alice começaram a namorar depois de muitos anos que se conheciam, e ele teve um relacionamento antes de Alice.

Edward dá um pequeno sorriso.

— Eu nunca namorei alguém que é como se fosse um primo.

— Ah, vai se ferrar, Edward! — Emmett reclama e eu rio. Edward levanta a mão em minha direção e eu bato contra a sua palma, enquanto comemoramos a volta que ele deu no jogo. Meus amigos bebem da bebida, soltando reclamações pelo jogo sujo de Edward.

— Eu nunca fiquei com ciúmes de quem eu namoro. — falei, dando mais um sorriso vencedor. Edward e Seth riem.

— Nossa, vocês são tão engraçados. — Alice ironiza, me fazendo rir mais. Eles bebem mais da bebida. — Eu nunca tive um crush em um amigo. — quando ela diz, ela pisca para mim, me fazendo corar.

Dessa vez, todos bebem. Percebo Rosalie cochichar algo no ouvido de Emmett e depois beijar a bochecha dele.

— Eu nunca quis beijar alguém que está nesta sala. — Emmett diz.

Meu coração acelera ao ponto de fazer com que as imagens a minha frente passem em câmera lenta. Vejo Alice, Jasper, Emmett e Rosalie beberem. Sinto Alice e Rosalie me encararem. Mas como posso beber? Ficaria na cara! E, então, Edward leva o copo aos lábios e vira o shot. Meus olhos se arregalam quando penso que isso pode significar que ele poderia um dia querer ter me beijado, mas minha mente autodepreciativa grita que com toda a certeza, a pessoa que ele um dia quis, provavelmente foi Rosalie. Apesar de desencorajada pelos meus próprios pensamentos, eu também bebo um shot.

A brincadeira continua, mas não tenho mais a animação de antes e tudo por conta dos meus pensamentos tristes. Continuo brincando por um tempo, até dar uma desculpa que continuo cansada da viagem e me despeço para ir para o quarto de Alice, onde eu e Rosalie iríamos dormir. A ideia era algo como uma festa de pijama quando fôssemos deitar, mas, por me despedir mais cedo, provavelmente isso não aconteceria.

Assim que entro no quarto de Alice, troco de roupa, colocando um pijama confortável e quente, e me deito embaixo dos cobertores macios, cheirosos e confortáveis. Pego o meu celular dentro da minha bolsinha de mão e fico navegando pelas redes sociais até começar a cochilar com o celular em mãos. Quando o objeto cai no meu rosto, opto por guardá-lo e aceitar o sono.

Perto de cair no sono, percebo que as meninas ainda não vieram para o quarto.

Madrugada do dia 26 de dezembro de 2012

Uma sinfonia de trovoadas perturba o meu sono, me fazendo acordar. Me sento na cama e olho pela janela, vendo gotas gordas de chuva batendo fortemente contra o vidro do quarto. Ao longe, luzes de raios quebram o ambiente escuro e hostil da tempestade. Calço minhas pantufas macias e confortáveis, que tem um chapéu de Natal na ponta, e caminho calmamente até a janela, tentando ver algo pelo vidro, mas é impossível. Está tão escuro que é sufocante continuar olhando, então me afasto da janela e resolvo descer as escadas até a sala. Caminho pelo quarto com cuidado para não acordar as garotas e tento fazer menos barulho ainda ao abrir a porta, fazendo todos os movimentos lentamente.

Quando desço as escadas, me surpreendo ao ver uma iluminação fraca vindo dali, e me surpreendo ainda mais ao ver Edward sentado no chão, usando um cobertor aparentemente macio envolta do corpo, na frente da lareira, de onde vem a iluminação. Ele leva uma caneca aos lábios e sorve um gole de alguma bebida que está ali. Me aproximo mais, receando atrapalhar o clima solitário dele, mas sendo puxada por uma força magnética que me impede de retroceder.

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Ele não percebe a minha presença, já que o som da tempestade lá fora é muito alto. Me sento ao lado dele e é quando ele finalmente percebe que estou ali. Ele sorri para mim e solta uma das pontas do cobertor, oferecendo para que eu me sente mais próxima e utilize o cobertor junto a ele. Assim o faço, e logo estamos envolvidos na manta quente. Ele também me abraça de lado, mas meu lado racional tenta me dizer que deve ser apenas para manter o equilíbrio, enquanto meu lado emocional cria ainda mais borboletas na minha barriga.

— A tempestade te acordou?

— Sim. E você?

— Não, eu já estava aqui. Apenas pensando.

— Entendo. Mas deveria estar dormindo, não? Tem uma viagem logo cedo.

— Sim, mas não consigo dormir.

— Você fez seus pais muito felizes hoje.

— É, eu percebi como eles ficaram. Também fiquei feliz em estar aqui.

— Você devia fazer isso mais vezes, Edward. Ir atrás de si não significa abandonar quem você já foi. Longe disso. Quem você já foi é importante para quem você é. Seja como algo que você nunca mais quer ser igual, seja como algo que você quer voltar a ser. Não tem como apagar.

— Eu não estava fugindo de quem eu era, Bella.

— Mas é o que parece. Ou até pior… — falo, mas mordo minha língua para me impedir de continuar.

— Pior? — ele instiga e eu suspiro.

— Sim. Parece que está fugindo de sua família.

— Não, eu nunca…

— Eu sei, mas isso não significa que não pareça isso. Não significa que, em uma pequena parte deles, há um receio de que você não goste tanto deles assim.

— Eu não sabia…

— Bem, agora que sabe, pode fazer diferente. — eu falo, olhando para o fogo da lareira. O som do crepitar das madeiras também é alto, competindo com a chuva lá fora.

— Fiz chocolate quente, quer um pouco?

— Sim, eu gostaria.

Edward serve na mesma xícara em que ele bebia um pouco do chocolate quente que estava em uma jarra ao lado dele e me entrega. Aceito com um agradecimento mudo e bebo um gole pequeno para não queimar a língua.

— Uau, esse é um dos melhores que eu já tomei.

— Ah, eu aprendi por aí, tem um toque de pimenta para deixar levemente apimentado.

— Eu adorei. — bebo um pouco mais.

— Obrigado, Bella. — ele me encara. — E você? Também está morando longe dos seus pais, está fugindo deles ou de você mesma?

— Ah, não, são situações completamente diferentes. Eu preciso morar longe pelo meu mercado de trabalho, e eu não fujo dos meus pais, sempre que tenho um tempinho livre fico com eles, ou mesmo eles vão me visitar.

— Eles já falaram com você sobre isso? Sobre se sentirem abandonados por mim?

— Não. — bebo mais um pouco do chocolate quente. — Mas eu conheço Alice e Rosalie bem o suficiente para saber que é exatamente isso o que elas estão sentindo. Não conheço Esme e Carlisle a esse ponto, mas eu vi como Esme ficou quando você disse que iria viajar de novo. — ele me observa falar. — Ela ficou triste e, principalmente, frustrada. Talvez… Talvez porque há esforço de todos para que você fique, mas parece que nenhum esforço é o suficiente para isso. E, sabe, se esforçar para ser amado é horrível.

O silêncio perdura entre nós por mais tempo do que o necessário, revelando uma atmosfera mais pesada do que achei que realmente estava.

— Você tem razão. — ele concorda em uma voz baixa e reflexiva.

Mas eu já estou envergonhada o suficiente com tudo o que soltei em cima de Edward.

— Desculpe, eu não deveria… Eu acho que já vou. — me levanto rapidamente, tentando fugir o mais rápido dali.

Mas, então, sinto sua mão quente envolver meu pulso.

— Espera, não vá. — ele pede.

— Edward, eu… Me desculpa, eu não deveria me meter nas suas questões. — mordo meu lábio, mas fico parada, sem olhá-lo.

— Não, Bella. Foi bom ouvir isso. Eu precisava ouvir isso. Obrigado por me falar.

— Mesmo? — o encaro e ele assente com a cabeça.

— Sim. Agora, relaxe, termine seu chocolate quente. — ele diz e solta meu pulso, me deixando com saudades do seu toque.

— Ok. — eu respondo, voltando a me sentar ao lado dele e bebendo mais do chocolate quente.

Quando finalizo, ainda não trocamos mais nenhuma palavra depois de tudo o que falei para ele.

— Estou com medo. — ele confidencia, por fim.

— De quê?

— De tudo. De voltar e eu não me sentir eu, de continuar viajando e não me sentir eu. De não saber o que fazer quando eu parar com as viagens… Estou com medo.

— Ah, Edward… O medo faz parte da vida, principalmente quando somos adultos. Nossas escolhas têm consequências, e às vezes consequências que afetam mais pessoas além de nós mesmos.

— Sim, é verdade. Mas parece que todos sabem o que fazer, parece que todos já têm as respostas para todas as perguntas.

— Parece, mas não é assim. Ninguém sabe o que está fazendo. — rimos. — Mas, a verdade, um dos motivos do meu medo diminuir, é saber que eu não estou sozinha. É saber que, se eu cair, terei pessoas para me levantar. São essas pessoas que me dão mais confiança.

Ele me olha no fundo dos olhos, ao ponto de me deixar envergonhada e com as bochechas queimando.

— Dizem que a vida adulta é a mais solitária.

— Não posso discordar. Mas, mesmo que nossa caminhada seja solitária, não quer dizer que estamos sozinhos. Sempre podemos fazer um desvio na trilha para encontrar um novo caminho e novas respostas.

Ele sorri e estica a mão, voltando a segurar meu pulso.

— Então posso contar com você?

— Sim… — respondo com a voz fraca, totalmente abalada com a aproximação dele.

— Você perdeu a parte divertida da noite, já que foi dormir cedo.

— Mesmo? Que chato.

— Sim. Todo mundo bêbado e sem filtro. Foi divertido, mas ficou faltando você.

— Na próxima, eu estarei.

— E, então, Alice inventou que tínhamos que dançar, porque era Natal.

— Alice e suas ideias.

— Tive que dançar com Seth.

— Tomara que o Emmett tenha gravado isso.

— É óbvio que ele gravou.

— Eba! — comemoro e ele ri.

— Mas, já que você perdeu essa importante parte da noite, acho que é seu dever participar.

— Como assim? — pergunto, confusa.

Ele se levanta e me puxa pelo meu pulso, me levanto e o olho nos olhos.

— Dança comigo?

Eu coro. Muito. E assinto com a cabeça.

Ele coloca minha mão em seu ombro e estica a outra mão, segurando meu outro pulso e desliza os dedos pela minha pele, me fazendo abraçá-lo pelo ombro. Respiro fundo, tentando manter um pouco de sanidade. Mas o efeito foi contrário, já que o cheiro de Edward invade meu olfato, me deixando entorpecida por ele.

Ele apoia as duas mãos em minha cintura, me deixando arrepiada com seu toque, e agradeço por estar com um pijama que me cobre por inteira, pois não sei se conseguiria sobreviver com o toque dele contra minha pele. Seus lábios rosados abrem um sorriso bonito, me fazendo corresponder instantaneamente, enquanto ele inicia uma dança comigo.

Me movo no ritmo que ele nos balança, seguindo uma musicalidade da chuva batendo contra a janela que eu não entendo; mas Edward sempre foi apaixonado por música e qualquer barulho vira melodia para ele. Ele me gira e me segura pela cintura quando bato a ponta do meu pé na minha panturrilha da outra perna, quase caindo. Nós rimos baixo, para não acordarmos ninguém.

Ele volta a me puxar para perto dele e nos balançamos em uma dança lenta. Apoio meu rosto contra seu peito, ouvindo as batidas descompassadas do seu coração. Fecho os olhos e suspiro, sentindo mais do seu cheiro inebriante. A cada momento em que passamos juntos, mais tenho a certeza de que nunca vou superar minha paixão por Edward Cullen.

Seus dedos se movem pela minha cintura até minhas costas, traçando uma trilha que queima, mesmo sobre o moletom que visto. Minha respiração fica pesada e percebo que a dele também. Nossos olhares se encontram. Vejo o verde dos olhos dele brilharem como uma esmeralda. A ponta da língua dele aparece enquanto ele lambe os lábios, os deixando molhados e convidativos.

Mas antes que eu me deixe ser levada pelos meus desejos, me afasto, rindo envergonhada. Ele esfrega a nuca e dá um passo para trás também.

— Está tarde, eu vou voltar para o quarto agora. — aviso.

— Sim…

— Boa noite, Edward.

— Boa noite, Bella.

Subo as escadas, com o coração batendo tão forte que fico com receio de estar tendo taquicardia. Entro no quarto, tentando fazer o mínimo possível de barulho para não acordar Alice e nem Rosalie. Me deito no colchão e escondo meu rosto com o cobertor, mexendo todo o meu corpo como se estivesse recebendo um choque elétrico, ou, pior, como se eu fosse adolescente novamente. Tento não fazer barulho, mesmo que meu desejo seja gritar. Fico com um sorriso bobo estampado no rosto e demoro para relaxar e conseguir dormir novamente.

Quando o faço, é com Edward que eu sonho.

Manhã do dia 26 de dezembro de 2012

Acordo e percebo que está muito claro, ao ponto dos meus olhos doerem de incômodo pela claridade. Fecho as pálpebras novamente, apertando forte, e giro na cama, tentando evitar a luz irritante. Alguns barulhos, porém, não me deixam voltar a dormir. Bocejo e me sento na cama lentamente, com muita preguiça de realmente me levantar. Além disso, o cansaço de ter ficado acordada por uma parte da madrugada estava forte, junto ao cansaço da viagem que eu havia feito.

Olho pela janela quando meus olhos já estão acostumados com a dor e percebo que a alta claridade é devido à neve que ocupou todas as superfícies que ela tocou. Ainda chove e parece ser uma chuva congelante, já que a cada pingo, a superfície é pintada com mais branco, formando uma camada maior de neve no chão. A tempestade parece ter piorado durante a noite.

Visto uma camiseta e uma calça jeans qualquer, penteio meu cabelo e o prendo em um rabo de cavalo antes de seguir rumo ao banheiro para escovar meus dentes e lavar meu rosto. O aquecedor da família Cullen está ligado em uma temperatura confortável, mas está tão frio lá fora, que o aparelho faz um ruído incômodo enquanto passo na frente da central principal em direção ao banheiro.

Quando sigo para a cozinha, o barulho continua e só compete com a chuva que bate contra os vidros da janela no lado de fora. Assim que entro no cômodo, um cheiro de canela invade minhas narinas e percebo que há uma travessa cheia de rabanadas em cima da mesa. Meu estômago ronca e eu me sento para poder me servir. Esme se vira para mim e dá um sorriso.

— Bom dia, Bella!

— Bom dia, Esme.

— Espero que tenha dormido bem.

— Eu dormi bem, sim, obrigada.

— Ah, que bom, querida. Essa tempestade foi tão alta, mas espero que todos tenham conseguido ter uma boa noite de sono, apesar dela.

— Ah, as camas são tão confortáveis, então a noite de todos foi muito boa, com certeza.

— Você é um doce, querida.

— Obrigada, senhora Cullen.

— Coma da rabanada que eu fiz, espero que goste.

— Parecem deliciosas! — eu falo e pego algumas, colocando em meu prato. Mordo uma e suspiro pelo sabor incrível.

Edward entra na cozinha, junto a Alice. Nossos olhares se encontram, mas eu logo desvio o meu, sentindo minhas bochechas formigarem de vergonha ao lembrar do momento em que tivemos ontem. Mas, claro, isso devia ser coisa da minha cabeça.

— Bom dia, Bella! — Alice vem até mim e para atrás da minha cadeira, roubando uma das rabanadas do meu prato. — Parece que temos um white christmas* este ano.

— Sim, está lindo lá fora.

— Lindo e perigoso. — Esme comenta. — Espero que não esteja querendo viajar ainda, Edward.

— Eu não sei, na verdade. Pelo tempo, acho que não vou conseguir viajar, de qualquer forma. Mas vou ligar na companhia aérea para saber. — ele diz e saca o telefone do bolso, fazendo a ligação, algo que não deixa Esme muito feliz, já que claramente ela esperava uma negativa direta de Edward quanto à viagem neste temporal.

Edward teria que ficar mais um pouco e, pelo que pude ouvir da conversa no telefone dele com o pessoal da companhia aérea, o próximo voo disponível aconteceria depois do Ano Novo, já que, segundo os meteorologistas, as condições climáticas estariam desfavoráveis para voos nos próximos dias. Até mesmo para minha família e eu voltarmos para a nossa casa seria algo perigoso e, se feito, teríamos que ter muito cuidado.

— Já que Edward vai ficar mais alguns dias e não vamos deixar os Swan voltarem para casa nesse temporal, deveríamos fazer algo diferente na noite de hoje.

— Ah, mamãe, vamos fazer um baile! — Alice pede e Esme sorri, assentindo.

— Um baile é uma ótima ideia.

Alice dá um gritinho e segura meu rosto com as mãos.

— É Natal e você não pode me dizer não, eu vou te maquiar, te vestir e fazer o seu cabelo!

— O Natal foi ontem. — eu reclamo.

— Não importa! — ela ri, animada. — Mal posso esperar!

Às vezes, os Cullen falam de um jeito que parece que vieram de outra época. O que eles estão chamando de baile, é apenas uma festa comum. É um pouco engraçado. Mas nós nos esforçamos para o baile ser bom: afastamos os sofás da sala e a mesinha de centro, abrindo um espaço para dançarmos; colocamos uma playlist de Natal para tocar; fizemos drinks quentes para bebermos; aproveitamos os piscas-piscas espalhados pela casa para colocarmos nas paredes da sala, deixando o ambiente parecido com uma festa, e diminuímos um pouco a iluminação, fazendo com que as luzes coloridas fossem as principais.

Além disso, Alice realmente tirou um tempo para me maquiar, arrumar o meu cabelo e me vestir. Ela auxiliou Rosalie, mas quem realmente precisava de uma mudança completa era eu. Ela havia feito uma maquiagem leve em mim e só aceitou isso depois de eu muito insistir; fez babyliss no meu cabelo, prendendo a parte da frente nas laterais, fazendo um penteado solto mais volumoso; e me emprestou um vestido azul com babados na saia, que tem de um decote grande que valoriza o meu busto. Eu realmente estou linda. Alice fez um ótimo trabalho.

Rosalie usa vermelho e Alice usa dourado e as duas estão divinas. Emmett está usando vinho e está combinando muito com Rose, os dois estão deslumbrantes juntos. Jasper usa um terno verde escuro que, com toda a certeza, tem o dedo de Alice no meio. Eu não sabia que verde e dourado pudessem combinar tanto até ver os dois juntos. Carlisle usa um terno na cor creme e Esme está usando um vestido rosa pastel, o que deixa os dois em uma paleta de cores similar e leve. Já meu pai, Sue e Seth estão usando roupas básicas e pretas, visto que ninguém estava preparado para algo como um baile. Carlisle e Esme até tentaram emprestar algo para meu pai e Sue, mas eles optaram por ficarem com as roupas que trouxeram. Encaixa perfeitamente com os dois.

E, então, tem Edward. Ele está com um terno completo, usando paletó e gravata. Seu terno é preto e a camisa é branca, realçando ainda mais a vestimenta dele. O cabelo foi arrumado em uma espécie de topete e ele fez a barba, deixando o rosto bem liso, o fazendo parecer um pouco mais jovem do que é. Ele está de tirar o fôlego. Literalmente, pois é isso o que me acontece quando o vejo pegar uma bebida de cima da mesa.

Meus pensamentos logo voltam para a madrugada, para o momento em que dançamos juntos. Por um instante, achei que iríamos nos beijar, mas depois, deitada na cama, comecei a refletir que isso foi apenas o meu cérebro iludido tendo uma brecha para fantasiar. Desvio meu olhar quando Alice se aproxima de mim.

— Devíamos dançar! — ela diz em voz alta.

— Não vou dançar com o Edward de novo! — Seth demanda e vai até a senhora Cullen, estendendo a mão para ela. Ela ri e aceita, indo dançar com meu irmão.

Sue e Charlie os seguem, iniciando uma dança lenta. Aos poucos, os casais vão se formando e começam a dançar.

— Me daria a honra? — Edward pergunta, surgindo de repente do meu lado.

Eu aceno com a cabeça e ele segura minha mão, a colocando sobre o ombro dele, assim como fez de madrugada. O abraço pelo pescoço, enquanto ele me envolve pela cintura, e dançamos lentamente a música Natalina calma que fala de amor. Olho para o rosto de Edward, estudando cada mínimo detalhe. Ele é tão lindo, que parece um sonho.

Nos balançamos pela sala, lentamente, e ficamos envolvidos em nossa própria dança, em nosso próprio mundo, sem nos importarmos com quem estivesse ao nosso redor. Ele sobe um pouco mais a mão que envolve minha cintura, e sinto o toque quente dele contra a minha pele descoberta nas costas. Engulo em seco, sentindo minhas pernas fracas com seu toque. Paro de me mover e sorrio para ele, terminando a nossa dança sem falar nada.

Vou para a cozinha e tomo um ar enquanto pego um copo para encher de água gelada.

— Aconteceu algo? — ele pergunta e eu me assusto, já que não o ouvi atrás de mim.

— Não, apenas tive sede. — me viro para olhá-lo e bebo todo o copo com água em poucos goles.

— Hum… — ele se aproxima de mim novamente. Meu coração acelera mais a cada passo que ele dá para perto de mim.

— Edward, o que…

— Certeza que está tudo bem? — ele pergunta, agora tão próximo de mim, que preciso levantar meu rosto para olhá-lo.

Olho para cima e percebo que Edward e eu estamos embaixo de um visco. Minhas bochechas coram sem controle algum. Os olhos verdes seguem o meu olhar e se demoram um pouco na decoração que tem um símbolo muito específico. Respiro fundo, completamente envergonhada.

— Eu… — rio, tímida. — Um visco… Bem, vou pegar algo para bebermos. — falo, ignorando a pergunta que ele fez.

— Estamos embaixo de um visco. — ele comenta.

— Sim, foi o que eu disse.

— Você sabe o que temos que fazer, certo?

— Edward…

— Bella. — ele sorri.

— Não precisamos…

— Mas eu quero isso.

— Você quer me beijar? — pergunto com surpresa. A resposta que ele me dá, porém, não é falada.

Ele levanta a mão até o meu rosto, envolvendo minha bochecha, deixando-a quente com seu toque. Ele curva o corpo para frente e seus lábios tocam o meu. Nosso beijo se encaixa no mesmo instante, como se tivéssemos feito isso durante toda a nossa vida, mesmo que não. As borboletas em meu estômago voam livres; a gaiola que as prendiam, agora estava aberta. Senti a língua molhada dele encontrar meus lábios e roçar contra a minha, me tirando um suspiro audível. Uma de suas mãos se encaixa em meu quadril, me puxando para mais perto dele e eu o abraço pelo pescoço, meus dedos automaticamente encontrando seu cabelo ruivo para puxar delicadamente.

Sua outra mão desce para meu pescoço e sinto o dedão esfregando minha garganta, enquanto os outros dedos estão deslizando em minha nuca, me tirando arrepios que percorrem todo o meu corpo e se concentram em meu ventre. Seus dentes mordiscam meu lábio inferior e eu tenho certeza que tremi em suas mãos. Sugo o lábio dele, deslizando minha língua ali, e volto a beijá-lo com ainda mais fome. Ele me corresponde da mesma maneira.

Sinto meu corpo esquentar e se arrepiar como nunca antes. O beijo me faz sentir como se eu fosse um satélite orbitando fora desta terra, como se eu estivesse me derretendo em suas mãos, como se eu nunca mais fosse ser a mesma; e provavelmente não seria. Arranho a nuca de Edward, o fazendo suspirar. E, aos poucos, ele impõe um ritmo mais lento, acalmando nossos ânimos, até finalizar o nosso beijo com vários selinhos molhados.

— Eu sempre quis te beijar. — ele responde em um sussurro. Meu receio idiota foi apenas minha autoestima baixa brincando comigo. Edward me quer.

— Eu sempre quis te beijar, Edward.

Ele sorri e gruda nossos lábios mais uma vez, em um selinho longo e macio.

— Eu acho que você conseguiu realizar o seu desejo. — ele comenta e eu o encaro. — Foi um feliz Natal para todos. — Meus olhos se arregalam levemente ao me lembrar do pedido que eu havia feito ao Papai Noel da loja. Antes que eu consiga falar alguma coisa, porém, ele continua: — É o melhor Natal da minha vida.

— Edward, o que…

— Eu era o Papai Noel. — ele explica.

— Agora que você disse, faz muito sentido, você me pareceu extremamente familiar, mas eu não sabia de onde poderia te conhecer.

— E ainda assim, sentou no colo de um possível desconhecido? — comenta malicioso, me deixando envergonhada. O empurro levemente pelo ombro e reviro os olhos.

— Idiota!

— Bella, eu acho que você nunca soube, mas você foi a minha primeira paixão.

— Eu fui o quê? — arregalo os olhos.

— Claro que durante esses últimos anos, não alimentei essa paixão adolescente, porque não fazia sentido. Mas, assim que te vi novamente, assim que você caiu nos meus braços, tudo voltou.

— Edward…

— E eu entendo, caso você nunca tenha sentido o mesmo, ou caso nunca venha sentir, mas achei que você precisava saber, e, mais do que isso, eu precisava dizer isso para você.

— Edward… — tento novamente e quando ele abre a boca para falar novamente, o calo ao colocar meu dedo indicador sobre seus lábios. — Eu sempre fui completamente apaixonada por você, achei que tivesse passado depois de todos esses anos, mas não passou, realmente não passou, e acho que nunca vai passar.

— Você é apaixonada por mim?

— Incondicionalmente.

— Isabella Swan, obrigado por me fazer tão feliz. — ele sussurra e junta os lábios aos meus em um selinho. — Feliz Natal! — diz e me beija novamente. As mãos descem ao meu quadril, apertando de forma sugestiva, enquanto ele me dá o beijo mais quente que eu já senti. — Ah, e, sim, você foi uma boa garota. — ele sussurra, me tirando uma gostosa gargalhada.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.