Aula de matemática, professor maluco, contas gigantes, tudo normal até agora. Hoje é sexta e o plano M está chegando ao seu ápice. Falo com Mary no almoço pra checar e ela diz estar tudo ok. Estou nervosa com o fato de estar mentindo pra minha mãe, mas ela nunca ia aceitar. Em casa, vou direto pro quarto, arrumo uma pequena bolsa pra levar.

Seis e meia, era o horário que Mary tinha marcado. São seis, e eu estou na porta gritando minha mãe, tentando não me atrasar, ela desce a escada reclamando e perguntando se eu vou assistir ao julgamento lá. Minha mãe era advogada, então usava este tipo de comparação sempre.

O caminho não era longo, mas muito bonito, principalmente o bairro de Mary. A casa dela tinha um jardim enorme na frente com arbustos de meio metro e flores pra todos os lados, um caminho de pedras que levava a porta, a caixinha do correio marcava Srs. Corisi. Mary estava num balanço duplo de madeira que ficava perto da porta. Veio até o carro falou com minha mãe, calmamente não parecia ela, nos despedimos e entramos Ufa!

– Parte dois entrando em ação. – disse Mary me puxando pela escada central depois pela subindo a da direita e entrando na ultima porta de um corredor largo. – Bem vinda ao meu quarto. – completou sem ar, quando fechou a porta.

Sorri observando, era enorme. Tudo lilás e branco, uma cama que nem a das princesas, uma mesa com xícaras e cadeiras estofadas, um canto de estudo com prateleiras de livros, uma penteadeira com duas moças e duas cadeiras, uma porta escrito Closet, outra escrita Toilette e um tapete muito macio que parecia nuvem ao pisar.

– Essas são minha maquiadora Stela e minha cabeleireira Marise, estão ao seu dispor hoje. – disse Mary apontando pras moças perto da penteadeira. – Tem toalha no banheiro se quiser tomar banho. - completou.

– Não obrigada, já tomei antes de vir. – disse

– Os vestidos estão no closet, pode ir colocar. – ela disse apontando pra porta, enquanto eu me dirigia até lá ela virou pras moças e disse:

– Meninas a festa é às dez da noite, agora são sete temos muito trabalho pela frente. Vou tomar banho rapidinho. Enquanto isso assim que Abby sair do Closet, Marise comece o cabelo dela, pode fazer uns cachos com pouco brilho porque ela não gosta. – terminou as ordens e saiu.

–É aqui que vai rolar uma festa hoje? Porque o Rush chegou. – disse enquanto abria aporta com tudo.

– Já não era sem tempo, pensei que não vinha. Sem querer cortar seu barato, mas vai buscar as bebidas, estou terminando de arrumar por aqui, as gêmeas vão chegar com os aperitivos já. – disse Travis pegando minha mala e me empurrando porta a fora.

– Ótima recepção, amigo. Só não vai repetir a técnica a noite. - disse sarcástico e sai.

Enquanto estava na fila do mercado, olhando pro nada me veio aquele par de olhos castanhos. Eu não entendia porque eles continuavam aparecendo pra mim, ela tinha chamado minha atenção, mas porque minha mente insistia em lembrar-se daquele misterioso olhar. Mas hoje aquilo passaria, eu veria outros olhos e cabelos então Abby não passaria de uma garota de mau humor.

Eram nove horas e eu estava sentada com o rosto inclinado pra cima enquanto Stela terminava minha maquiagem, olhos delineados e batom vermelhos, conforme Mary diria. Quando ela disse pronto olhei no espelho a minha frente e não me reconheci.

–Gostou? – perguntou Mary

Eu estava com feição delicada. Minha boca estava maior? Meus olhos estavam provocantes? Como ela tinha feito isso, eu não sei, mas eu tinha gostado do resultado. Era bom olhar e não ver mais a mesma Abby, apenas por uma noite eu queria ser diferente esquecer tudo, ser nova, uma nova garota.

–Gostei, muito. – respondi, finalmente. – Como fez isso? Nem pareço à mesma pessoa. - Indaguei a maquiadora que apenas sorriu e agradeceu.

– Acabei meu cabelo, minha vez de passar pelas mágicas mãos de Stela A transformadora- falou Mary sorrindo pra mim. Ela estava com seu vestido magnífico preto de veludo, e por enquanto de pantufas, era engraçado. Uma campainha toca e eu olho procurando, Mary ri e pede pra eu abrir a porta. Entra uma senhora dirigindo um carrinho daqueles de hotel, com varias bandejas e jarras em cima, diz:

– Trouxe um especial pré-festa, meninas. Não podem dançar de estomago vazio.

– Nem beber!- disse Mary. – Obrigada Ivone, você sempre sabe o que fazer. – completou e a senhora se retirou.

– Pode atacar Abby, não fica só olhando. Estou quase chegando aí.

– Já que você insisti. – Falei com um tom sarcástico que a fez rir.

Tinha várias opções de bebidas, entre elas chá, refrigerante, sucos em variedade. Pra comer tinha croissant, donuts, biscoitos de nata, torradas com azeite e orégano, vários molhos e geleias, tinha também um bolo de chocolate que roubou minha atenção.

– Bolo de chocolate com refrigerante surpresa. É deve ser muito bom morar por aqui. – falei enquanto partia outro pedaço de bolo.

– Ás vezes é sim. Mas não se engane pequena Abby. Ser rica tem seus males. Mas cortando esse papo ruim, o que achou da minha make? – ela disse e olhou pra mim. Estava linda com uma sombra perolada pra combinar com o tom das correntes nas costas, mas faltava o batom.

– Linda, mas e o batom?- questionei.

– Primeiro alimento depois batom- ela sorriu.

Enquanto nós comemos sentadas na mesa, ela me deu dicas de como era a festa que iríamos e o que teria. Não aceitar bebidas a não ser dela, não ir pros quartos a menos que eu queira, não dar bola pra bêbados, e me divertir essas eram as regras básicas.

Bebidas geladas, petiscos na mesa, musica em alto e bom som, agora só faltam às garotas. Nunca fui muito paciente, então peguei uma dose de whisky pra ver se ajuda.

As gêmeas chegam e com ela vem o time de futebol inteiro. Um bando de marmanjos com dois fardos de cervejas, nada atraentes, não era o que eu queria. Quero garotas, quero sorrisos insinuativos, quero ter com quer flertar, e quero esquecer os olhos castanhos, quero uma noite normal de Rush Devil.

A festa começa, finalmente, me levanto do sofá, encho meu copo novamente e vou em direção á uma roda de loiras de minissaia.

Chegamos à festa, era um sobrado com degraus na frente. Casais se beijavam na varanda e de onde estávamos já se ouvia gritos e musica. Mary pegou minha mão me arrastando porta adentro, entrei e logo meus ouvidos ensurdeceram com o som ensurdecedor que tocava. Agora Mary se comunicava por sinal, ela apontou e eu a segui entrei em uma suposta cozinha, ela pegou bebidas. Refrigerante pra mim, tequila pra ela. Fomos pro roll e ela apontou pra um garoto e gritou no meu ouvido

– É ele, o Travis que te falei.

Olhei em direção ao garoto, ele era alto, musculoso, cabelos castanhos claros, vestia um jeans e uma camiseta que realçava sua beleza. Mary me cutucou arrumou o cabelo e perguntou se tava boa eu acenei positivamente com a cabeça e ela saiu em direção a ele. Enquanto conversamos vindo pra cá Mary disse pra eu não ficar depressiva, ela ia atrás do Travis assim que o visse porque não era garota de ficar esperando. Então assim que ela foi eu virei e fui andar pela casa. Passei pela cozinha e fui em direção à área externa. La era metade gramado metade cimento. Tinha varias caixas de som, cadeiras espalhadas e balanços com casais. Pego outro copo de refrigerante. E vou ver a parte que parece um jardim, têm begônias, rosas, margaridas, nem parece que mora só homens aqui. Distraio-me olhando os pássaros nas gaiolas que estão penduradas nas arvores, quando ouço uma voz masculina atrás de mim:

– O que será que uma moça linda faz sozinha pelo jardim?

Com uma expressão assustada olho em direção a ele. Olhos verdes me encaram com um sorriso de dentes brancos, cabelos loiros completam a beleza.

– Desculpa te assustar. Meu nome é Luke. Luke Castellan. – ele diz ao me estender a mão. Agradeci por não estar lá dentro, aqui o som era mais baixo e não era necessário fala no ouvido. Hora de ser educada e sociável Abby, não parece louca.

– Abby. Assustar moças é a sua principal técnica pra começar uma conversa? Um oi funciona muito bem às vezes. – disse sorrindo pra não parecer rude.

– É devia mudar a minha tática, mas quando te vi foi à única coisa que pensei. Alias não pensei.