A aula passa voando e Luke me espera na porta. Ele está com um jeans rasgado regata preta e jaqueta do time. Ele tinha arrepiado seu cabelo e parecia estar mais claro nas pontas. Seus olhos estavam incrivelmente mais verdes.

–Oi linda.

–Oi Luke.

–Está com fome?

–Muita. – saímos e ele está com a Land Rover Preto. Ele pegou a autoestrada e andou por um bom tempo na estrada de terra até chegar a um longo caminho com Ipês coloridos, tinha pelo chão também formando um capitulo com as pétalas. Chegamos a uma casa com as paredes de vidro e decoração rústica.

Eu me encanto com tanta beleza, tem fotos espalhadas pela sala, a maioria preta e branca mostra um casal no decorrer do tempo. Vejo um retrato de um menino pequeno loiro com olhos verdes ele segura um peixe ao lado de um adulto. Luke para atrás de mim e pega o retrato na mão, seus olhos mergulham na foto e ele parece viver o momento.

–É você, não é?

–Sim. – ele faz uma pausa ao passar o dedo em cima da imagem do adulto. – Eu e meu avô, ele tinha acabado de me ensinar a pescar eu tinha cinco anos.

–E onde ele está?

–Deitado ao lado da minha avó no cemitério da minha família. Essa era a casa deles, e foi deixada pra mim. Eu venho aqui sempre que sinto saudades ou quero ficar sozinho.

–E por que me trouxe aqui?

– Quando estou aqui me lembro do amor em cada lugar dessa casa, lembro que aqui eu fui feliz. A beleza desse lugar se parece com a sua, suave, pura e incomparável.

Eu não falo nada.

–Vamos, quero te mostrar como é por aqui. – ele pega em minha mão e eu não solto.

Passamos da sala pra cozinha e saímos na porta do fundo. Vejo um grande lado mais a frente, um barco encostado à beira e mais a esquerda uma grande cúpula de vidro. A beleza do lugar é algo indescritível, tem um grande arvore próxima a casa com uma casa da arvore e um balanço.

– Mas primeiro..- ele passa a mão por meus olhos e fala em meu ouvido. – Vamos comer, porque como diria minha avó: Saco vazio não para em pé.

–E qual seria o cardápio do chefe?

–Eu morei aqui por muito tempo, então minha avó me disse que um dia eu iria precisar cozinhar para impressionar uma mulher eu não acreditei. Mas aprendi e hoje teremos em homenagem a vovó macarronada a La Franchesca Castellan.

–Hum, vamos ver se você foi um bom neto?

–Por favor. - ele diz puxando a cadeira para eu sentar.

–Obrigado.

Ele coloca os pratos e as bebidas, logo após levanta a tampa da bandeja e cheiro se espalha no ambiente. Eu começo a salivar e meu estomago como sempre me entrega e ronca a um som audível. Ele ri e me serve, espero ele servir-se e começo a comer. O sabor é incrível, eu nunca comi algo assim, fecho os olhos curtindo a sensação até perceber que ele está na minha frente abro os olhos e ele me encara com um sorriso disfarçado.

–Não foi você que fez isso? Pode mostrar quem fez, ele deve tá escondido em algum lugar aqui. – ele apenas ri.

–Juro que fui eu, e pelo jeito foi aprovado.

Aprecio o almoço com muita calma, a sobremesa é manjar de coco com calda de ameixa. Após eu quase explodir de tanto comer sentamos no balanço da arvore. A conversa flui, curtimos a pequena brisa afastando o calor.

–Vem quero te levar a um lugar. - ele pega a minha mão e caminhamos pelo longo gramado até chegar a grande cúpula de vidro. Ele para na frente e tem um tapete escrito “Uma pequena flor traz consigo todo amor.”.

Ele abre as portas e eu me deparo com algo colossal, surreal, e lindo. Dentro existem muitas plantas algumas com flores, outras frutos, mas todas juntas formavam um colorido impressionante. O cheiro não se iguala a nenhum perfume, é a melhor das fragrâncias. Eu começo a passear pelo local parando em cada espécie, Luke me acompanha com o mesmo fascínio. Passo pelas tulipas, begônias, bonsai, hortênsias, margaridas, orquídeas e lírios. Em cada uma Luke me conta uma historia de sua avó, em como ela cultivava cada planta com um cuidado especial.

–Isso aqui é muito lindo, você tem muita sorte em ter um lugar desses.

–É tenho, minha avó dizia que o amor que as plantas passavam era incomparável a de um ser humano. – ele olha em volta, e vejo que ele viaja no tempo. – Eu te trouxe aqui pra dividir um pouco desse amor com você.

Eu não fico sem resposta, novamente.

–Ainda falta uma surpresa. – ele pega minha mão, vamos até o final da cúpula onde tem uma escada daquelas em espiral ele sobe primeiro, chegamos a uma cobertura. De lá vejo todas as flores lá embaixo com um brilho especial do sol que entra pelo vidro. Ele puxa minha mão até um pequeno estande com rosas, tem de todas as cores. Eu acaricio algumas, e cheiro a vermelha. Então Luke se vira pra mim, ao lado dele existe algo coberto por uma tela.

–Eu penso em você desde quando te vi naquela festa por entre o jardim olhando os pássaros, sabia que você tinha algo diferente. – ele faz uma pausa e toma fôlego. – Há algum tempo eu penso em te trazer aqui. Na época que você ficou longe de mim, eu não parei de pensar em você e criei uma forma de ter você aqui.

Ele tira a tela, por baixo a uma rosa, mas não é uma rosa qualquer. Ela é o vermelho mais vivo dentre todas as expostas, e apenas uma pétala branca nesta está escrito, como se fosse a mão, Abby. Meu nome, ele criou flor com o meu nome escrito nela.

–Eu registrei a espécie no registro geral, chama-se Abby Mandox.

–Eu não sei o que dizer..- Falo com as mãos no rosto, emocionada.

–Não precisa falar nada, eu só queria mostrar o quanto você importa pra mim.

–É linda. - eu o abraço com força. - Obrigado.

Estamos descendo as escadas, de repente eu tropeço e ele me segura. Paramos a centímetros um do outro, estou com os braços em volta do seu pescoço. Nossos olhares estão conectados, nossos lábios parecem se atrair, ele se aproxima mais e agora eu posso sentir sua respiração.

–De repente me deu uma sede, onde tem água por aqui?- falo disfarçando o clima e acabando de descer as escadas. Ele demora a me acompanhar. Vamos até a cozinha e ele me entrega um copo de água. Eu tomo tranquilamente olhando pro lago através do vidro, quando olho pra trás ele não está mais lá. Chamo seu nome e pede pra eu esperar. Ele volta com uma regata branca e um short azul escuro.

–Porque trocou de roupa? – eu pergunto com surpresa.

–Porque não queria sujar minha jaqueta.

–Sujar com o que? O que você vai fazer?

–Você vai ver. – ele tira um spray de chantilly coloca um pouco no dedo e esfrega no meu nariz.

–Ah você quer brincar disso? Você vai se arrepender. – pego o tubo e coloco uma grande quantidade na palma da mão, e esfrego toda no cabelo dele.

–Meu cabelo?- ele diz com indignação. - Corre! – eu não me mecho até ele apontar o tubo pro meu cabelo.

–Não Luke, foi brincadeira. - falo dando passos pra trás até passar da porta.

Ele começa a correr em minha direção e eu disparo pelo longo gramado, ele é mais rápido que eu então faço zigue-zagues como tática, mas em poucos minutos ele me pega. Ele me abraça por trás colocando chantilly por toda minha blusa, eu tento me soltar é quando nós dois caímos rolando pelo gramado em declínio. Ele para em cima de mim, segurando meus pulsos contra o gramado eu não me mecho. Seu corpo pressiona o meu, permitindo que eu sinto todos os seus músculos tensionados, sua pele é quente e seus lábios me chamam. Ele se aproxima deixando centímetros de distancia, ele espera alguma reação mas eu não tenho, eu estou totalmente envolvida pela situação e apenas permito. Seus lábios tocam os meus, me atingindo com uma sensação de calma mas ao mesmo tempo eu sinto seu coração pulsar forte. Seu beijo é calmo mais como uma euforia disfarçada recheado de adrenalina e emoção. Ele se afasta devagar e olhando em meus olhos, é nessa hora que aproveito ralando pra cima dele pego o spray e espalho por todo seu rosto levanto espalhando por toda a roupa dele e ele me braça me sujando com a minha arte.

–Eu me rendo, você venceu. - eu digo colocando as mãos em seus ombros. – Mas agora estamos todos sujos.

–Isso é fácil de resolver.

–Como?

–Do jeito mais convencional. Você vira pra lá. – ele me posiciona de frente pro lago. De repente sinto água atingir meu corpo com força, olho para trás e porta uma mangueira em suas mãos.

–Tá gelada- eu grito e ele apenas ri. Eu saio correndo e desviando da água. Quando eu estou completamente encharcada eu paro e sento olhando pra ele que cai na gargalhada e desliga a água. –Agora é sua vez, cascão! – eu levanto e pego a mangueira em sua mão me afastando miro nele e aperto ao Maximo e ele começa a pular o que me faz rir muito.

Depois de muita água nós estamos sentados na casa da arvore enrolados na toalha. A visão de lá é privilegiada e assisto o pôr do sol deitada em seu colo enquanto ele faz cafuné. Há horas passam voando e quando notamos já é de noite e lua ilumina a noite acompanhada de um punhado de estrelas. Ele insiste que eu preciso tomar um banho quente, estou lá quando alguém bate na porta.

–Licença pode continuar ai, estou de olhos fechados. – ele deixa umas peças em cima do armário. –são pra você vestir, já que as suas estão molhadas ainda. – ele sai rapidamente.

Eu desligo o chuveiro e me enrolo na toalha, e vou ver a roupa que ele trouxe. É um vestido azul de bolinhas brancas, o modelo parece antigo mas eu gosto e um suéter branco. Eu saio procurando-o, ele está lá fora já sentado num banco de madeira perto da porta. Eu me sento ao lado dele colocando minha mão sobre a sua, ele me olha e sorri.

–Vamos. – ele se levanta e saímos com as mãos dadas até chegar ao lago, ele sobe no barco e me entende a mão, eu subo com cuidado ele balança bastante. Sentamos lado a lado e ele rema até o meio do lago.

–Daqui podemos tocar a lua.

–Não quero a lua. Só quero você. – ele acaricia meu rosto e me beija suavemente.

–Luke, vamos com calma não quero te dar expectativas do que nem eu sei ainda.

–Eu entendo a sua indecisão, só quero que você saiba que o meu sentimento por você é verdadeiro, só com você eu me sinto completamente feliz.

Seus olhos brilham com o reflexo da lua e não tenho outro desejo se não beija-lo.