07h30min a.m meu despertador toca. Eu me arrasto pra fora da cama em direção ao chuveiro. Minha mochila com algumas roupas e objetos de higiene já estava pronta. Provavelmente eu só iria voltar à noite. Meu celular apita, mensagem do rush.
“Aqui em baixo te esperando"
Eu saiu pelo corredor na ponta dos pés e desço as escadas com leveza, quando coloco a mão na maçaneta da porta algo encosta-se ao meu ombro. E eu coloco a mão na minha boca para não gritar quando vejo Ely.
– Quase me matou agora Ely- eu sussurro.
– Eu? Você que ia sair escondido sem falar pra ninguém.
– Eu deixei um bilhete na cozinha ontem à noite depois que todo mundo dormiu.
– Vai sair com o rush?
– Aham. Provavelmente só volto a noite.
–Uau! Ele realmente ta afim de você.
– Ely somos só amigos. -faço uma pausa e depois sorrio. - Pelo menos por enquanto.
– Olha Abby eu sei que eu to te conhecendo agora, mas antes estar na sala do seu irmão eu fiz dois anos de faculdade de psicologia então eu sei quando tem algo errado. Eu sei que existe algo que aconteceu no passado, que te deixa com medo dele. Mas posso te dizer como cunhada, amiga e psicóloga que o medo não leva ninguém a lugar algum. E que você só vai descobrir algo se você mergulhar de vez em seus sentimentos e não ficar só molhando o pé.


Eu não digo nada. Apenas a abraço e ela sorri. Ela sobe as escadas e me acena com a mão e eu dou tchau.
Entro na Land Rover e saímos ao som de Green Day para o destino incerto, pelo menos pra mim. Eu durmo durante o trajeto e ele me acorda com um beijo no rosto.
– É anjo, acho que você tem dificuldade em acordar cedo.
Eu abro os olhos e fecho novamente pela claridade. Sinto a brisa do mar. O Rush esta atrás do carro tirando malas e malas pretas. Ajudo-o com algumas coisas e vamos para o iate. Pela primeira vez desatracamos e vamos em direção ao horizonte imenso. Ele dirigiu e para no meio do nada. Ele me puxa e descemos as escadas em direção ao fundo do barco. Lá ele mergulha um tipo de radio velho no mar.
– O que esta fazendo?
–Chamando meus amigos. – ele fala com um sorriso misterioso.
De repente ouço barulhos e sombras envolta do barco. E quando menos espero vejo pulos de golfinhos e um deles se aproxima. Rush passa a mão nele.
–Oi Arco Iris. Lembra daquilo que a gente combinou? Então ela ta aqui. Não me decepciona! - Rush fala e entrega uma sardinha pra ele aprontando pro lado. O golfinho faz um barulho e mergulha. Vejo saltos lindos mais a frente de vários golfinhos. É lindo

–Nossa Rush eles são lindos. E você fala com eles como se fossem gente.
– Eles são muito inteligentes, anjo. E o Arco Iris é meu amigo há anos.
O golfinho encosta na borda do barco com uma garrafa na boca na minha direção.
–Pega anjo ele trouxe pra você!
Meu Deus tem um golfinho falando comigo. Sem pensar muito vou a sua direção e primeiro passo a mão em sua cabeça e depois pego a garrafa.
Ele vai se afasta e Rush atira sardinhas no alto e ele faz saltos ao pegar e tudo muito lindo. Abro a garrafa, esqueci de mencionar mais tem um papel dentro. Pego o pergaminho que este escrito:
“Meu amigo rush gosta muito de você!"
Sem palavras dou risada enquanto Rush me olha com cara de bobo.
– O Arco Iris é muito verdadeiro, viu!- ele diz ao rir.
–Realmente ele é seu amigo - disse sem mais detalhes e rimos por um bom tempo. Fui lá dentro guardar minha garrafa na minha mochila. Passamos a manha inteira alimentando os golfinhos e peixes. Rush me contou que conheceu Arco Iris no centro de tratamento na cidade vizinha. Arco Iris nasceu num cativeiro ilegal, mas foi resgatado e hoje vive no mar. Depois de um bom tempo com os golfinhos o sol batia forte e fui retocar o meu protetor solar enquanto Rush dirigia o iate novamente pra algum lugar onde eu não sabia onde. Paramos e eu vou pra fora vejo um ilha, mas estava longe.
– Vamos almoçar na ilha hoje ok?
– Ok. Mas como vamos chegar do outro lado?
– Isso é fácil e divertido. Vamos de golfinho móvel. - ele ri e eu o encaro.
– Vamos de golfinho? Como assim?
– Lá na ilha ta tudo preparado pra gente, vamos de golfinho eles dão uma carona pra gente. Vamos por favor? Não diga não, porque n tem comida aqui.
– Aah Deus! Tudo bem vai.
Ele assobia e Arco Iris salta. Ele conversa como golfinho explicando e apontado para ilha.Vou lá dentro colocar meu biquíni.
– Anjo você vai com o Arco Iris e eu vou com a Sasha. Nos vemos lá.
Pulei no mar Rush gritou pra eu segurar em Arco Iris. Segurei e quando vi já estávamos a toda a velocidade. Eram incríveis como eles nadavam tão rápido mais tão suave pelo mar. Em minutos eu estava na praia. Agradeci Arco Iris e fiz carinho em sua cabeça, ele fez barulho e se foi. Rush chegou logo depois.

Ele pega minha mãe e caminhamos até um casal que nos espera mais a frente. Eles nos entregam uma toalha, roupas e colares havaianos. Coloco meu vestido e Rush sua bermuda caqui. Mais a frente tem um quiosque grande com uma única mesa ao centro.

– Estamos sozinhos aqui?- olhando e vendo apenas nos dois com roupas comuns.

– Somos nós e o pessoal da ilha. Mas o serviço é todo pra gente.

– Essa ilha é sua? – pergunto com um tom de curiosidade e espanto e ele ri sem me olhar.

– Minha não, do meu pai. Eu pedi emprestado foi difícil ele tem muito ciúmes dela, mas estamos aqui.

Nosso almoço foi basicamente frutos do mar. Tinha todo tipo de animal marinho, Rush parecia se deliciar enquanto eu tinha certa cautela ao comer. Mas tudo estava muito gostoso apesar dos tentáculos.

– O que disse pro seu pai pra convencê-lo a te emprestar a ilha?

– Disse que te traria aqui pra almoçar, ele me perguntou quem era e eu expliquei tudo. E estamos nós aqui – ele diz sorrindo pra mim, seus dentes super brancos e sua boca rosada chamam minha atenção. - Que foi? Minha boca tá suja? – ele passa o guardanapo ao redor da boca.

– Não, não. – eu digo envergonhada.

Ele percebe e se levanta me estendendo a mão para eu levantar. Eu seguro a sua mão e saímos andando.

– Aonde vamos?

– Dar uma volta, não pode entrar na água agora. – pisamos descalços na areia fofa e quase branca. Caminhamos por um bom tempo, ele ainda esta de mãos dadas comigo.

– Vamos dançar? – ele pergunta com uma sobrancelha arqueada

– Não sei dançar Rush.

– Todo mundo sabe dançar anjo. Mas não se preocupe que você está com o melhor professor da região. – nós rimos enquanto ele me pega no colo e gira.

Quando eu já estou tonta ele me coloca no chão e pega minha mão e começa a dançar. Tudo roda a minha frente e ele ri sem parar eu piso nos pés dele incontáveis vezes.

– Nossa anjo, você dança muito bem. Só precisa de um pouquinho de coordenação nos pés. –ele me gira e eu caio sentada na areia, minha barriga dói de tanto rir. Ele se senta ao meu lado e nos deitamos olhando as nuvens. Ele começa a falar como elas se parecem golfinhos e polvos. Eu não vejo nada do que ele vê, mas tudo bem.

– Entrar no mar não pode né, mas me rodar até eu ficar tonta depois do almoço pode. Tá certinho você viu.

– Era pra te dar ritmo. Você se saiu muito bem, mas amanhã acho que vai se sair melhor.

– Amanhã? O que tem amanhã?

– Não estrago surpresas. Espere e verás, mas tenho certeza que vai gostar. – ele termina e eu não digo mais nada apenas ficamos ali olhando as nuvens passarem.

Ele coloca sua mão sobre a minha, e quando eu me dou conta eu estou deitada sobre o peito dele olhando pro mar. Penso sobre o que a Emily me falou de manhã. Ela tinha razão, mas tudo isso apesar de mágico e fora do comum ainda me causa aflições. Meu passado tinha ficado pra trás, mas meu coração ainda tinha avisos de não entre, fechado ou cuidado. E quando eu estava com Rush eu não lembrava disso, nada do meu passado existia, os avisos sumiam e minha preocupação se esvaia. Mas era eu chegar em casa e ver a caixa de lenços em cima da minha mesa, que esta lá desde de o incidente, me volta todos as dores causadas pelo idiota. Nessa ultima semana eu não tive tempo pra pensar em sofrer, eu só estava feliz. Feliz porque meu irmão tinha voltado feliz porque sua namorada realmente gosta dele, feliz por ter nascido de novo, feliz por descobrir que eu sou bonita e que ninguém pode dizer ao contrario.

Agora estamos voltando pro quiosque, ele conversa com os empregados enquanto eu vejo como vamos voltar pra lá. Ele chega e me garante que vamos voltar de maneira convencional, de lancha. Chegamos ao iate e ele se enfia lá pra baixo e eu sento na beirada do barco com meus pés na água.

– Vamos dar um mergulho? – ele fala por trás, eu me viro e vejo-o com os macacões na mão e os pés de pato estão no chão.

Eu não respondo apenas rio e me levanto e pego meu macacão e meu pé de pato e vou me trocar. Após nos colocarmos os equipamentos, ele me explica como usar o oxigênio e os outros produtos.

– Dessa vez vamos mais fundo, e passaremos mais tempo. Fique sempre comigo e aproveite.

– Sim senhor capitão! – eu falo provocando e ele ri, daquele jeito.

Mergulhamos aqui o mar é mais limpo e cristalino, mas conforme nos aprofundamos fica escuro e ele faz sinal para ligar a lanterna em minha cabeça. E agora ela aponta pro fundo e eu vejo muitos corais. Ele aponta pro lado e eu acompanho enquanto ele segue. De repente algo gigante se mostra a minha frente e eu só não abro a boca porque não posso. É um navio naufragado, os corais se apossaram dele e vários peixes passeiam por suas janelas. Ele aponta pro terraço do navio que agora esta cheio de areia e arraias brincam de se esconder. Exploramos o navio e todo o seu redor. É tudo colorido e maravilhoso. Toda a vida que existe aqui em baixo é linda, eu observo enquanto Rush se aproxima do navio, ele me pede pra esperar. Ele entra por uma janela e sai por outra com algo em suas mãos, de repente ele desenrola é uma faixa presa ao navio. Ele termina de desenrolar a faixa e se vira pra mim e eu só consigo ver o brilho azul de seus olhos por trás dos óculos de mergulho. Na faixa está escrito:

“Esse é o meu mundo. O mar sempre foi meu refugio, suas ondas me acalmam e seus habitantes me fazem companhia. Mas você chegou e de modo suave balançou tudo o que nele havia. Você agora é o meu mundo, a parte mais importante de tudo que há por aqui. “

Meus olhos se encheram de lagrimas, e as lagrimas caiam pelos óculos que a essa altura já estava embaçado. Ele deixou a fita e pegou em minha mão, subimos até a superfície e nadamos até o iate. Ele me ajudou a subir e tirar o equipamento e o cilindro de oxigênio. Meus olhos ainda vermelhos e embaçados e eu com certeza estava vermelha.

– Rush, não tenho pala..- ele coloca a mão sobre minha boca.

– Não diga nada anjo, por favor! – ele olha diretamente em meus olhos, estamos próximos e eu posso sentir sua respiração.

Eu vou até o banheiro e tomo banho. Visto meu vestido longo, o por do sol se aproxima e eu não sei o que vai acontecer agora. Eu saio do banheiro e sinto o cheiro. Ele está com uma churrasqueira e espátulas na mão, ele me vê e sorri.

– Talvez eu tenha omitido sobre a comida do barco, mas garanto que foi pra um bem maior.

– Dessa vez passa. – eu digo e sento no banco que está logo atrás dele. Ele está de bermuda, mas o cheiro de borracha exala dele. – Passeio de golfinho, essa foi incrível! Sempre faz isso?

– Não, só fiz uma vez e ele me largou no meio do nada- ele ri e eu assusto.

– E você me mandou ir mesmo assim?

– Valia a pena tentar. E a experiência foi linda, eu sei, e é o que vale. – ele faz uma pausa e parece estar se enrolando com o fogo.

– Precisa de ajuda?

– Na verdade já está tudo pronto, só os medalhões que precisam terminar de dourar e o super peixão aqui precisa tirar o cheiro de borracha. – gargalho alto e vou em direção a ele.

– Deixa comigo, e vai tomar banho porque você tá cheirando borracharia – ele ri e sai não demora muito ele está de volta com bermuda florida e camiseta branca.

Ele assume o controle da churrasqueira em minutos ele está puxando a cadeira pra eu sentar.

– E de jantar temos medalhão de frango com molho especial de capitão!

– O cheiro está ótimo, pelo menos.

A comida estava perfeita. Conversamos sobre tudo e até bebemos vinho. A lua já brilha lá em cima quando ele pede pra eu esperar que tem a ultima surpresa do dia. Depois da faixa no fundo do mar, não sei nem o que esperar.

O iate se meche e eu me levanto e vejo-o dirigindo, subo as escadas e ele sorri.

–Não sou muito de esperar. – digo chegando ao seu lado.

– É eu sei!- à noite esta muito escura mais eu vejo a frente à ilha novamente. Ele me puxa pela mão e descemos até o deck principal na frente.

Lá ele pega um laser e aponta pra ilha piscando.

– Anjo, foi maravilhoso passar o dia com você, e eu não tenho mais palavras pra explicar o que sinto por você. Só um pedido.. – ele diz e se vira. E então na areia se acende as luzes brancas, formando as palavras.

“ANJO, NAMORA COMIGO?”

Meu mundo gira, e em segundos se passa um filme da ultima semana que tive com ele, e de tudo que aconteceu hoje. Ele me encara com os olhos a espera de uma resposta eu abro a boca mais nada sai. Nem uma palavra.

Chegou a hora de mergulhar, Abby!

Vou a sua direção, e beijo-o.