Um Tom a Mais

- Revelações e Desistências Definitivas - Parte II


Então eu estava ali, entre os travesseiros, e lençóis que me cercavam como um berço, como se aquilo fosse uma espécie de gruta protetora de todos os males do universo, meditava atenciosamente em todas as revelações de Tom, e como cada uma delas me doíam, me eram como um murro no estomago, aquela sua dor, seus olhos cheios de lágrimas, seus sentimentos apertados, que aos poucos lhe desfazia, e como aquilo era triste, doido para mim, pois o que me resumia, era única e exclusivamente, impotência, por não saber o que fazer como agir e o que dizer. Fazia apenas meia hora em que eu havia me despedido de Thomas, e por algum tempo, eu tinha me esquecido do encontro que eu teria com Tito, no mesmo lugar, foi quando subitamente me levantei preocupado, mandando em seguida uma mensagem para ele.

[Pim] – Hey! Estive no farol, apareceram alguns imprevistos, mas enfim, você não apareceu... aconteceu alguma coisa?

E algum tempo depois, sem receber qualquer mensagem, adormeci. Pensei em ligar, mas devido ao horário, imaginei ser o suficientemente inconveniente.

...

– Pim! PIMMMMMM! – Acordei com o meu irmão me chamando! – já são dez da manha, o Charlie e a mamãe foram na feira local com o senhor e a senhora Cohen, e os parentes, ah! Jake e Belle foram juntos, para o seu alivio, mas para a sua sorte, parece que eles vão ficar por aqui alguns dias conosco! Vai ficar aí dormindo até que horas? O Tito já te ligou umas quatro vezes, disse que seu celular só cai na caixa postal. – Foi então que procurei pelo meu celular na cama, e o achei embaixo do meu travesseiro com a bateria descarregada.

Puta merda, essa bosta descarregou! – Disse indignado, como se aquilo fosse suposto nunca acontecer. – espera um pouco, sério isso dos irmãos de ouro? – Perguntei indignado.

– Bom, é o que acontece com celulares que não se carregam... – respondeu meu irmão entre risos. – e sim! É serio sobre os irmãos de ouro – me fazendo contorcer na cama – a propósito, hoje eu estava a fim de ser o irmão mais velho do meu irmãozinho querido! Bora armar algo? – revirei meus olhos debaixo do lençol, não que eu não quisesse estar com ele, ou não gostasse, não era isso, eu simplesmente tinha um milhão de coisas para pensar naquele dia, Tito, Tom, e bem, definitivamente fingir um dia, como se estivesse tudo bem, não fazia parte dos meus planos. Mas eu não pude me opor, e desde o dia em que chegamos a Easthampton, de fato não havíamos feito nada juntos. Digo, a sós.

– O que você esta pensando em fazer – perguntei demonstrando algum entusiasmo, quando então fui surpreendido, ao ligar o celular, por oito ligações do Tito, e uma pancada de mensagens do Tom. Que praticamente diziam todas, - foi mal pelo desabafo, eu precisava – ou então, - desculpa qualquer coisa, vamos conversar mais tarde – ou melhor ainda e pra variar todo o seu jeito de desconversar – acho que te deixei confuso com tudo aquilo, me liga quando puder – enfim, era o Thomas, na sua infinita indecisão, era eu lendo tudo aquilo, e eram oito ligações de Tito, que a principio não me importei em responder, apenas conjecturar nas mensagem do Tom.

– Pela sua cara, parece que o que você viu aí no celular não é nada agradável. – verificou meu irmão. – Mas isso não quer dizer que vou perder você de vista hoje. Vai resolve aí seus problemas, toma uma ducha que daqui a pouco eu volto aqui pra gente sair, vou me arrumar.

Resolvi então ligar para o Tito.

– Hey! Sorry for not calling yet, my phone was off!

– Don’t worry kiddo!

– Então, você não apareceu no farol ontem! Acon...

– Posso ir aí agora!

É poderia sim... O problema é que estou saindo com meu irmão, pra sabe-se lá o quê – disse entre risos.

Ok! À noite? – respondeu ele sucinto.

Sim, com certeza! Aqui ou na sua casa? – Perguntei!

Aí... Vou indo nessa, minha irmã esta me chamando. – desligou o celular antes mesmo de eu responder, me deixando um tanto inquieto com a atitude meio grosseira dele, talvez de fato estivesse com pressa, ou teria algo acontecido?!

– Já pronto Crispin?! Perguntou meu irmão entrando no quarto mais uma vez.

– Porra claro que não, nem saí da cama ainda – respondi – estava falando com o Tito!

– Vai logo moleque, não vou ficar te esperando o dia todo!

– Já estou indo! – revirei os olhos.

...

– Podemos ir ao cinema se você preferir! - Respondeu meu irmão a minha propensa cara de desanimo à primeira oferta. – ah dá um desconto também Pim, você não esta se esforçando nem um pouco para estar aqui, se eu soubesse que fosse isso, tinha saído com o pessoal!

– Foi mal Sammy, hoje estou meio perturbado com algumas situações que me ocorreram – respondi meio inconformado – muitas informações para assimilarem.

– Tem algo a ver com os moleques? – perguntou meu irmão me fazendo ligeiramente corar.

– É... Eu preferia não falar disso! – Respondi sucinto.

– Ah Pim, vai se foder, para de agir como uma menininha cheia de pudores, eu sei que pode soar estranho pra você falar de rapazes comigo, sim, talvez se você tivesse falando de garotas seria bem mais fácil eu te ajudar ou sei lá, dar um conselho, mas porra somos irmãos, e vamos combinar eu sou o cara mais mente aberta do mundo, então me da uma chance, ou melhor, se dê uma chance! – respondeu meu irmão nitidamente irritado com minhas falas introspectivas, eu então lhe olhei devidamente assustado e respondi:

– Poxa Sammy, eu sei saca, foi mal, mas você não sabe como é muito estranho falar disso com você!

– Eu sei que é! Mas a gente pode se adaptar a isso não podemos?

– Claro – respondi entre risos – mas só me promete não me zoar?!

– Jamais – respondeu ele entre risos – te zoar faz parte de mim, você sabe disso, se fossem garotas, eu também zoaria de qualquer forma, garotos então – dando uma boa gargalhada – isso é o paraíso da zoeira – e voltou a rir novamente me fazendo rir desconcertado, porém aceitando a sua proposta, afinal, éramos, sobretudo irmãos e amigos! – vai começa! – disse ele curioso.

– Não tem o que começar – disse entre risos – isso não é um filme pornô – respondi. – Ele então me olhou com os olhos arregalados, como se eu tivesse lhe entregado algo muito peculiar.

– Calma me deixa assimilar... Vocês já...

– Sammy cala boca! Não fala mais nada! – respondi já deduzindo que a pergunta seria um tanto saliente! – porque você pensou nisso?! – perguntei.

– Ué, foi você quem falou em filme pornô! – Respondeu ele rindo.

– Ah tá, como você é engraçadinho! – respondi fazendo uma careta.

– Calma irmãozinho! Eu sei que você é puro ainda. – Disse entre risos – mas eu estou aqui imaginando como seria isso! E pra ser sincero – me olhando e rindo – isso vai doer de qualquer forma! – E riu desenfreadamente, chegando a encurvar-se de tanto que ria, me fazendo corar, de todas as cores possíveis.

– Está vendo porque eu não queria falar sobre isso com você?! Filho da puta! – respondi irritado.

– Parei – entre risos – juro, parei! Foi mal, mas não dá pra evitar. Bro, eu te amo, você sabe disso! Vamos descontrair vai, larga essa carranca de lado e me da um sorriso aqui! – Foi então que desamarrei o cenho franzido, e relaxei indo para seu abraço, e em seguida ele me disse no pé do meu ouvido, rindo como um palhaço e me fazendo lhe empurrar bufando como uma criança que é provocada – top or bottom? – disse ele zoando, rindo e perguntando em seguida onde almoçaríamos.

...

– E aí curtiu o burger? Perguntou meu irmão.

– Hum... Bacana! Gourmet , não enche barriga! – respondi rindo!

– Nossa! Isso vindo de você é estranho, tão fino e educado! – disse Sammy rindo!

– Mais uma vez, cala boca! Hoje você está sem limites heim!

– Nossa... – respondeu rindo – parecia a mamãe dizendo. Não estou sem limites, eu sempre fui. Eu estava com saudade disso Pim, saudade de você e de estar com você! – Eu lhe olhei terno e dando um sorriso respondi zoando:

– Isso foi muito gay! – ele então riu passando a mão na minha cabeça dizendo:

Not so like you little princess! – e rimos finalizando o lanche nos direcionando para o balcão.

– Gostaram meninos?! – Perguntou o balconista.

– Sim delicioso – respondemos juntos, olhando um para o outro e rindo.

– Que bom! Boa tarde para vocês e voltem sempre...

– Obrigado!

– E aí, a fim de fazer mais alguma coisa?! Sério que não quer ir ao cinema? – Perguntou meu irmão

– Ah Sammy, sem clima pra cinema hoje, e juro, acho que já podíamos voltar para casa, aí a gente fazia uns drinques lá e conversávamos mais, o que acha? – Sammy me olhou com aquele olhar de quem queria aprontar, quando eu lhe sugerira os drinques.

– Acho uma ótima ideia! Podemos chamar os seus peguetes – disse entre risos – eu chamo umas amigas, o que acha?

– NÃO Sammy, na casa dos Cohen ainda, você achando que está onde? – Sammy então me olhou resignado e concordou que só nós, não seria o suficiente claro, mas seria agradável.

– Bom, vamos nessa então!

...

– Eu estou com medo do Charlie dar trabalho por causa da vodka que nós pegamos! – Disse eu receoso.

– Relaxa seu bobão, antes mesmo de você imaginar, eu mandei uma mensagem pro Charlie perguntando se podíamos pegar um pouco da vodka dele! – respondeu Sammy rindo.

– Você é louco, ele vai contar pra mamãe!

– Sim, ele vai! E vai ficar bravo com a gente também!

– Então? louco?

– Mas é só de mentirinha – disse rindo – ele falou que se ele não deixasse, não iria nos impedir de pegarmos mesmo – risos – então que poderíamos pegar, mas que fossemos responsáveis pois ele estava confiando na gente! – disse mais uma vez rindo – e claro Pim, nós somos muito responsáveis!

– Eu sou você quer dizer!

– Nós somos! E vamos para piscina que hoje eu estou patrão. Neste instante então chegou Jake e Belle nos indagando sobre a bebida e perguntando se poderiam se achegar a nós!

– Mas vocês não estavam com os pais de vocês e os Cohen? – perguntou Sammy.

– Sim, mas eles resolveram que iam ficar mais uma noite, e pegaram um helicóptero para Nova York, vão assistir alguma peça de teatro que estreou. Entretanto eu estou pouco me fodendo para isso! – eu então virei para o Sammy, dizendo:

– Estranho a mamãe não falar nada, ela não faria isso! – Jake então olhou para mim – enquanto tirava a camisa dizendo:

– Você esta sugerindo que eu estou mentindo, ou que eu matei meus pais, meus avos, meus tios e a sua mamãe pra vir pra cá tomar um banho de piscina – disse sarcástico e rindo de canto de boca.

– Nenhumas dessas alternativas seriam de se descartar – respondi grosseiro! Ele então rio alto e respondeu:

– Como você é imaturo! – rindo novamente e tirando o jeans.

– Jake! Acho melhor você ficar bem quietinho hoje viu! – sugeriu Belle.

– Esta bem irmãzinha só porque você esta me pedindo. – respondeu cínico. – e então Sammy, algo para hoje? Estava a fim de dar uns pegas, bora? – Disse Jake, enquanto pulava na piscina. Que ódio, aquelas palavras definitivamente haviam animado o meu irmão, o fazendo então devotar toda a sua atenção para Jake. E me deixando de lado.

– Calma, Pim, ele só esta fazendo graça! – Disse Belle, também entrando na piscina e se posicionando ao meu lado. – o Jake sempre foi assim esse poço de atenção só pra ele.

– Não sei como você aguenta! – respondi a fazendo rir.

– Aguento! Só isso. – neste momento escutei meu celular tocar, e corri para fora da piscina para atender, era minha mãe, finalmente me confirmando a história do Jake, e como aquilo havia me deixado puto, pois pareciam adolescentes tomando atitudes impetuosas do nada, mas enfim, eram férias, eram os Hamptons, e ali qualquer coisa estava valendo.

– Vocês programaram algo pra hoje?

– Ah, por enquanto não, mas eu já tenho o que fazer também! – respondi.

– Nossa! Você é um garoto muito ocupado para dezesseis anos – respondeu Belle entre risos.

– Nada disso – respondi rindo – é que eu já havia feito algumas amizades aqui antes, e eu marquei de me encontrar com um amigo, alias nem é nada demais, ele só vai vir aqui em casa pra gente conversar sobre um assunto!

– Tudo Bem! Bom, essa água está me dando frio! Acho que vou tomar uma ducha quente e tirar um cochilo, afinal levantamos cedo hoje pra acompanhar a velharada! – disse rindo – beijos pra você e nos vemos então depois do seu encontro! – me deu uma leve piscadela, e saiu da piscina como uma sereia linda, fazendo o Sammy a admirar por alguns segundos, enquanto o Jake engraçadamente lhe dava um peteleco na nuca.

...

Já eram oito da noite e eu estava com alguma preocupação a respeito do que eu conversaria com Tito, afinal, todas as chances que pensei em lhe dar, todas as palavras que haviam sido trocadas do dia anterior para hoje, haviam tomado uma reviravolta sem fim, ainda mais, quando se recebe minutos antes de uma conversa dessas, a mensagem de alguém que você espera a todo custo, lhe dizendo – quero muito te ver e conversar com você ainda hoje – em alguns momentos, eu chegava a pensar que Thomas tinha o dom de adivinhar meus pensamentos, meus sentimentos, minhas decisões para com Tito, por exemplo, porque parecia irrefutavelmente que sempre que eu tomara alguma decisão a respeito de algo, ele, o Tom, aparecia como uma fada madrinha, provida de todas as minhas esperanças, e me fazendo mais uma vez, me perder em toda minha decisão. Eu sei, não era de propósito, entretanto as coincidências do destino estavam cada vez mais me torturando e me levando para um caminho de dúvidas, irrefutavelmente sem fim. O que irá sair da conversa com Tito, bem, mais uma vez, isso, só o destino sabe, o meu coração naquele momento, estava sem rumo, atado, sim, ao mínimo fio de esperança com Tom, mas ao mesmo tempo, temeroso, receoso e profundamente duvidoso! Coloquei então meus fones de ouvido e selecionei algumas músicas a fim de ouvi-las enquanto esperava por Tito.

– Jake e a Belle vão sair, vão à casa de uma amiga de escola deles! – disse Sammy aos gritos, devido os fones, enquanto descia as escadas suntuosas e me avistando sentado nos degraus de entrada com a porta da sala aberta à espera de Tito.

– É melhor que vão mesmo, - respondi tirando os fones do ouvido – não estou a fim de olhar pra cara daquele garoto! – respondi enquanto meu irmão se sentava ao meu lado colocando seu braço em volta do meu pescoço.

– Daqui a pouco eles descem! Mas, e você, está tudo bem? – Perguntou Sammy me olhando de canto.

– Esta sim! Só estou esperando o Tito chegar para conversarmos!

– Não é o que parece! Quer conversar enquanto isso, dessa vez eu juro que é serio – disse rindo suavemente e olhando para o jardim a frente da casa.

– Não! – respondi suavemente e rindo de canto de boca – podemos fazer isso depois, porque a conversa, definitivamente! Não sei o que vai ser dela!

– O que foi que você aprontou em senhor Crispin?!

– Nada – risos – Ou sei lá?! Sammy o que você faria se você tivesse duas pessoas maravilhosas ao seu lado, cada um a sua maneira, no seu jeito, um te corresponde de todas as maneiras possíveis, e o outro de deixa em dúvida de todas as maneiras possíveis, mas as duas pessoas, irremediavelmente, te fazem bem, uma talvez seja um pouco sôfrega, a outra extremamente autêntica, enfim, o que você faria?! – Sammy então meu deu um leve sorriso e disse:

– Sabe, te ver dizendo tudo isso, me mostra o quanto você deve estar em conflito aí no seu coração – riu suavemente – mas enquanto você falava, eu me peguei pensando no mais óbvio, e talvez seja isso, o que você ainda não ponderou, para se aliviar de tanta dúvida! Afinal qual deles você ama? – Sammy então me olhou profundo lançando a pergunta, que de fato, eu já sabia a resposta, sim, já sabia!

– Então é isso! Simples assim?! Mas ao mesmo tempo conflituoso.

– É Pim, é isso mesmo!

– Sammy, eu e Belle estamos indo, se você e o seu irmão mudar de ideia, aparece lá! – Disse Jake descendo as escadas com Belle, nos interrompendo e saindo pela porta dos fundos.

– Não vai com eles por quê? – perguntei.

– Resolvi ficar pra de dar um suporte – disse rindo.

– Acha, vai lá relaxa!

– Não! Nem pensar, se esse mané levantar a mão pra minha irmãzinha ele vai ver o que é! – Respondeu rindo e se levantando em direção à sala de jogos, enquanto eu ria lhe mandando para aquele lugar.

Passaram-se alguns minutos, até que pude avistar Tito atravessando o jardim em minha direção, eu então me levantei ansioso e ofegante, lhe esperando.

Hi – Disse ele com um sorriso contido e uma face tristonha.

Hi – Respondi, lhe direcionando um abraço, sendo recebido por ele rápido e sucinto, me fazendo achar aquilo estranho – Quer entrar pra gente conversar.

– Não... É... Não é preciso! Aqui tá tudo bem, eu adoro esse cheiro de maresia. – respondeu ele olhando para os lados com um olhar perdido e silencioso.

– Ontem eu te esperei no farol... É... Aconteceram algumas coisas e...

– Não precisa me explicar – disse ele me interrompendo – eu estive no farol, eu te vi lá! – Foi neste momento que eu entendi o motivo de todos os silêncios, de toda a forma seca e sucinta de Tito para comigo, afinal, ele havia me avistado com Thomas no farol, enquanto eu lhe esperava. O que me tomou então foi um sentimento de vergonha, e ao mesmo tempo de tristeza por ter permitido que ele me visse com Tom, e principalmente da maneira como estávamos. Tão íntimos e tão próximos.

– Eu, eu tenho uma explicação! – respondi.

– Pim! – respondeu ele abaixando a cabeça e dando um curto sorriso anasalado – Pim, não tem o que explicar, você não me deve explicações! Eu vi tudo... Eu vi as caricias, eu vi que ele estava chorando, e certamente desabafando com você.

– Eu quero que você saiba que não foi premeditado Tito, ele... Ele já estava lá, e é muito complicado! – Respondi com a voz trêmula.

– Complicado? – respondeu Tito – Eu sei, é bastante complicado! Pim, eu... Havia prometido pra você naquele dia, que eu não lutaria por você pois você já havia feito sua escolha, mas, te ver no decorrer dos dias me impossibilitava cada vez mais de fazer isso, foi por isso então que eu resolvi te enviar aquela música, com aquela letra tão significativa – ele já começava esboçar uma face chorosa e os olhos começavam a ficar vermelhos enquanto a voz ia embargando aos poucos – E... Quando você consentiu em ter aquela conversa, a que teríamos ontem, eu confesso pra você que tive muita esperança em algo, mas, mas eu fui teimoso Pim! Porque contra o Tom, por você, eu poderia lutar todos os dias da minha vida – ele então derramou uma lágrima – isso pra mim seria fácil, mas lutar contra o que você sente por ele, isso jamais eu conseguiria, nem com toda a persuasão do mundo – ele então segurou o choro limpando as lágrimas – porque eu... Eu te amo! Mas você ama o Tom...

– Tito, por favor, não é isso, não é... Não é tão simples assim! – eu tentava de alguma forma dizer algo plausível, mas era impossível!

– Me deixa terminar... Pim eu não tenho raiva de você, não tenho raiva do Tom, muito pelo contrário, eu torço por você – voltando a embargar a voz novamente – ainda hoje cedo eu pensei, nossa, se eu tivesse chegado aqui, um dia antes de o Thomas entrar na vida do Pim, eu estaria com ele hoje! – Disse entre risos suaves – mas aí imediatamente me lembrei de algo que li uma vez, “você pode dar mil voltas contra uma pessoa que seria suposto você ama-la, podem se passar os anos, ou até mesmo voltarem ao passado na tentativa de te impedir ama-la, mas quando esse amor é pra ser, ele vai ser, custe o que custar!” Ou seja, mesmo se eu tivesse aparecido na sua vida dias antes do Tom, e tivesse te conquistado de todas as maneiras possíveis, o que você sente por ele, você ia acabar sentindo de uma forma ou de outra. It was mean to be! And this is the time for me, to go home. – Eu então estagnei, parei todos os meus sentidos para assimilar tudo o que ele havia me dito, e, sobretudo a ultima frase.

– O quê?

– Eu vou estou indo embora Pim, eu já iria de qualquer forma, - risos – só estou adiantando alguns dias, vou para Boston primeiro, ficar uns três dias com uns amigos, e de lá volto para o Brazil!

Why... why doing this... you dont need to do this! Are you wanted to kill me? – respondi com o coração apertado.

Kiddo – respondeu ele rindo suavemente – its not always about you… remember? – iniciando um sorriso de canto de boca me fazendo lembrar-se da primeira vez em que estivemos juntos, em seguida se despedindo. – Good Bye!

Ty... Hey, wait!

Don't be too pushy kiddo! You need to be kind with yourself, then life just goes easy! – E saiu sem se quer deixar um abraço, deu meia volta, enfiou as mãos nos bolsos, abaixou a cabeça, e seguiu em frente, atravessando o jardim, e me deixando ali, estático, sem qualquer tipo de reação, foi quando eu subitamente fui tomado de uma ângustia incontrolável, indo em direção ao gramado do jardim, me deitando sobre ele e chorando compulsivamente, enquanto ouvia a seleção cretinamente depressiva que eu fizera. (Alexi Murdoch – Orange Sky).

– HEY, Pim, PIMMM... – foi quando eu ouvi ao fundo meu irmão gritando por mim me fazendo levantar sobre meus cotovelos e lhe avistar correndo em minha direção – Are you fucking nuts! Quase morri de susto hora que te vi aí desse jeito! – Eu então me levantei chorando e direcionando um abraço em meu irmão, que reciprocamente me abraçou. – Hey, o que foi, aconteceu alguma coisa, ele te fez alguma coisa?

– Não, fui eu quem fez! – Respondi entre lágrimas e me afastando do meu irmão. – eu sou uma pessoa horrível Sammy, horrível, eu sempre fui, sempre... – dizia eu chorando copiosamente, como se fosse perder a respiração.

– Hey, Pim... Calma, vamos pra dentro, vem... – e segurou pelo meu braço me levando pra dentro de casa – e para de ouvir essas músicas que você esta ouvindo, isso só vai piorar as coisas!

– Eu sou uma pessoa, horrível, eu sou desprezível!

– Pim, por favor, para de falar essas coisas! Você não é nada disso! Essas merdas acontecem. Calma eu vou buscar uma água pra você.

Enquanto meu irmão buscava a água, tudo o que vinha a minha mente eram as minhas decisões, os meus medos, as coisas terríveis que eu havia feito até ali, e tudo aquilo, depois do que acabara de acontecer entre eu e Tito, só confirmava, o quão realmente odioso, eu poderia ser. Eu estava desvastado

– Se acalma Pim! Por favor – dizia meu irmão nitidamente compadecido e preocupado comigo.

– Eu... Eu não sou esse Pim que você pensa que sou Sammy!

– Pim, relaxa, para de dramatizar...

– Foi por minha causa que o papai foi embora de casa! – Olhei para o Sammy angustiado e com aquilo entalado na minha garganta.

– Ah Pim, por favor, não exagera vai, o papai foi embora de casa por que ele traiu a mamãe, lembra, ela pegou uma mensagem de uma garota no celular dele! Então por favor, menos. – Eu então olhei para ele dizendo:

– Fui eu quem plantou a mensagem da garota no celular do papai, e armei a situação pra mamãe ler! Respondi seco, deixando Sammy, confuso e atônito.

– O quê? Como assim, você enlouqueceu Pim? Me fala que você esta delirando... – eu acenei um não com a cabeça e comecei a chorar, fazendo com que Sammy ficasse nervoso e começasse a me chacoalhar cobrando respostas mais concretas. – hey, para de chorar, agora eu quero ouvir a verdade, como você pode fazer isso com o papai, com a mamãe, meu Deus, porque Pim? Porque – me colocando contra a parede aos gritos! – porque você faria algo tão cruel!

– Pra proteger a mamãe – respondi aos prantos!

– Proteger do que? Você destruiu o coração dela fazendo isso, e o papai, o papai não fez nada... Como você pode fazer isso Pim! – gritava nitidamente nervoso e se segurando pra não me esmurrar, foi quando neste momento eu soltei um grito, o mais alto possível, como se eu estivesse me libertando do inferno.

– O PAPAI ESTAVA TRAINDO A MAMÃE COM A TIA AILEEN! – neste instante meu irmão então me soltou, me olhando atônito:

– What? – eu então respondia em choro.

– Eu peguei o papai e a Tia Leen se beijando. – respondi contendo o choro.

– Como assim? Pim... É a irmã da mamãe, como ela e o papai pode fazer isso! Se a mamãe soubesse, ou souber disso... Ela...

– Exato! – Respondi me escorando na parede e sentando no chão de carvalho da sala escura iluminada apenas pela luz da lua que atravessava os vitrais, em seguida Sammy, sentando-se do meu lado, agarrou minha mão dizendo:

– Pim! Me perdoe, toda essa dor e esse fardo... – eu então olhei pra ele encostando minha cabeça em seu ombro dizendo em seguida:

Mom Will never forgive me! E voltei chorar. – As Tito too!