Um Segredo Entre Nós

Quando eu conheci outro alguém


Regina saiu do corredor e foi ao encontro de seus pais na sala de estar, Louise não tinha sido tão exigente no seu ritual “pré-sono” dessa vez. Ambos sorriam e conversavam distraidamente, compartilhando um copo de vinho tinto, poderiam se passar quantos anos fossem, eles sempre agiriam como duas pessoas que acabaram de se apaixonar. Sorrindo, ela se aproximou e beijou a têmpora do pai enquanto se sentava entre os dois, apoiando a cabeça no ombro dele e envolvendo o braço pelo ombro da mãe, puxando-a para si.

— Essa semana passou tão rápido, não acredito que amanhã vocês já estão de partida.

— Infelizmente sim querida... – Henry falou enquanto afagava os cabelos da filha – Louise não está mais dando trabalho para dormir?!

— Ela melhorou muito nesse último ano, acho que antes ela fazia de propósito porque sabia que eu tinha aulas, seminários, provas e um estágio ao longo do dia, agora que eu só trabalho ela dificilmente acordar de madrugada, mas de vez em quando eu sinto um corpo quentinho se aninhando no meu.

— Ela já está uma mocinha Regina... Me lembra muito você quando pequena – Cora sorriu e se lançou de leve sobre a filha e o marido os envolvendo em um abraço.

— Sua mãe tem razão, eu geralmente acordava pela manhã com um bracinho gorducho em volto do meu pescoço nos seus cinco primeiros anos.

— Eu tenho que contar algo para vocês... – Regina se afastou o suficiente para encarar os dois, um de cada vez, com os dentes fincados no lábio inferior, escondendo o sorriso.

— Diga meu bem – a mãe abriu um sorriso doce.

— Bem... eu recebi uma promoção! – orgulhando de si mesma Regina inclinou a cabeça e levantou os ombros simpaticamente.

— Filha que notícia maravilhosa! – Henry a abraçou apertando, ambos os pais vibrando com a notícia.

— Sim Regina, meus parabéns querida! Você tem se esforçado tanto ultimamente, mereceu essa promoção.

— Eu fui praticamente o braço direito do meu chefe com o último caso, um divórcio milionário. O grande porém era que o advogado da outra parte era excelente e antigo no ramo, meu chefe tentou inúmeros artifícios para que nosso cliente cedesse apenas o necessário e não a quantia exorbitante que a esposa queria. Ele já não sabia mais o que articular, foi quando eu lhe mostrei as brechas no processo... E funcionou, ganhamos! Agora faço parte da equipe sênior de advogados, ele está apostando muito em mim e viu meu potencial, mesmo com minha pouca idade.

— Você é brilhante, eu nunca duvidei – se desvencilhando das mulheres que tanto amava ele foi até a mesa de centro e pegou a garrafa de vinho sobre ela, sobra do jantar, enchendo outra vez o copo dele e da esposa e adicionando um novo para a filha. Os três uniram suas taças, brindando a nova conquista de Regina.

— À Regina e todas as suas futuras realizações – com um sorriso gratificante, levaram suas taças até a boca.

— O que você tem minha querida? – sua mãe questionou – Vejo que não parece tão feliz, mesmo com a grande notícia que nos deu.

— É que...

— É que...? – Henry a estimulou com seu sorriso afável.

— Louise tem me perguntado muito pelo pai dela ultimamente... – Regina percebeu a respiração de seu pai começar a ofegar.

— E o que você quer fazer a respeito disso? – Cora perguntou também não aparentando satisfação, porém disfarçando muito mais que o esposo.

— Fazer a respeito? – Henry a encarou com o cenho franzido.

— Bom eu não sei – a advogada arrumou a postura – Eu não sei como lidar com isso. Antes eu só dizia que ele morava longe, por isso não podia vim, mas minha filha é uma garotinha esperta e ela já começa a ter questionamentos que não é qualquer mera resposta que vai calar.

— Nós combinamos filha, você se mudou para Paris justamente para que aquele homem permanecesse longe de vocês duas, ou melhor, vocês duas estivessem fora do alcance dele. Eu sei que nós não te sustentamos mais, entretanto, não vejo motivos para inseri-lo na vida da nossa menina agora... Eu sou o pai que Louise precisa – Henry já havia se levantado e agora caminhava pela sala.

— Papai... veja bem, o que eu estou dizendo é que vou precisar contar para minha filha algum dia quem é o pai dela, mesmo que não seja para que eles mantenham contato. Essa é uma fase delicada, a maioria das outras coleguinhas tem um pai e ela não...

— Diga para ela dizer que eu sou o pai dela – ele bufou.

— Ela sabe a diferença entre pai e avô... Mesmo que não precisemos dele, eu preciso contar para ela, prefiro agora a quando Louise for uma adolescente, descobrir por conta própria e sair daqui atrás dele... Não estou dizendo que vou convidar Robin para nossas vidas, apenas que preciso ir conversando com minha filha sobre seu pai. E foi por isso que, algum tempo atrás eu dei uma foto dele para ela.

— E como ela reagiu? – a senhora perguntou, enquanto Henry sentava-se outra vez já mais tranquilo.

— Ela guarda a foto dentro de uma caixinha nomeada: “Os tesouros de Lou Lou” e me perguntou se poderíamos vê-lo algum dia.

— O que você disse?

— Que eu iria pensar no assunto...– Regina passou a mãos pelos cabelos sentindo toda tensão que esse assunto lhe trazia.

Henry puxou um longo e audível suspiro, puxando uma de suas mãos e cruzando com a sua.

— Maçãzinha – ela riu ao uso do seu apelido de infância – você já é uma mulher adulta e resolvida, não posso e nem quero te obrigar a nada, mas vou te pedir um favor e deixar um conselho. Primeiro, reflita bastante sobre sua decisão, uma vez que você o trouxer para a vida de vocês, seja com memórias ou relatos, a presença dele só aumentará e provocará o desejo que Lou Lou tem de conhecê-lo. Segundo, eu realmente gostaria que Louise não tivesse nenhum tipo de relacionamento com o homem que a gerou, o que ele fez com você eu não consigo perdoar. Ele não te merece, nem minha neta, todavia, essa é uma decisão sua.

— Eu sei, eu sei... Estou confusa, por isso quis conversar com vocês, é complicado – ela jogou a cabeça para trás e suspirou, pressionando os olhos para afastar qualquer lágrima – Eu tive um pai tão maravilhoso – ela olhou para ele com um meio sorriso nos lábios – será que é errado desejar que meu bebê também pudesse desfrutar dessa experiência que tive?!

— Não sweet – a mãe acariciou sua coxa ternamente – Mas a nossa preocupação é justamente se Robin seria isso para Louise... Pense bem, porque como seu pai disse, uma vez que ele começar a fazer parte da vida dela, mesmo que apenas com fotos, memórias e histórias, não terá volta.

— Eu entendo mamãe, eu só não sei o que fazer...

— Posso te perguntar uma coisa?! – Regina assentiu enquanto fitava os olhos castanhos, um tom mais claro que os seus – Você ainda tem sentimentos por aquele homem?

Regina sentiu um frio na espinha, todas as sinapses trabalhando rapidamente, seu coração batendo vigorosamente contra o peito. “Oh Céus... O que ela sentia por Robin? Ela tinha dúvidas de que ainda o amava?! Porque se tinha, seu corpo respondendo nervosamente desse modo acabara de lhe afirmar que sim. Como ela poderia esquecê-lo quando Louise todas as manhãs a encarava com aqueles mesmos olhos azuis que capturavam os seus depois de cada beijo apaixonado? Como? Como poderia se vez ou outra era surpreendida por traços tão fortes do caráter energético e descontraído dele na sua pequena?! Robin ainda ocupava um lugar em seu coração, mesmo que ela o expulsasse constantemente, o anel repousando há tantos anos em seu dedo, a promessa nunca cumprida, que outrora lhe trouxe alegria, agora um lembrete de dor, apenas confirmava-lhe isso.”

— Sim mamãe, eu ainda sinto algo por ele. Mas eu não o quero de novo, não depois do que ele me fez. Isso não é uma hipótese viável.

— Minha menina, apenas tome cuidado e não se deixe levar por suas emoções – passando as costas das mãos pela bochecha da filha ela levantou-se.

— Isso mesmo – a voz de Henry soou mais suave – sua mãe tem razão, cuidado com seus sentimentos, espero que consiga seguir em frente um dia e encontre alguém que seja digno de você e da minha Lou Lou – inclinando-se ele beijou a testa dela – estamos contigo em qualquer decisão que você tomar... Boa noite darling.

— Boa noite.

Regina permaneceu mais um tempo no sofá, sorvendo o vinho restante na taça numa golada só, em seguida afundando-se entre as almofadas. “Droga Robin, seu maldito! Mesmo depois de tanto tempo você ainda vem complicar minha vida... Porque eu simplesmente não consigo te deixar ir? Porque minha filha tinha que reviver esse maldito fantasma? Eu odeio te amar!”.

* * *

Nottingham, Inglaterra.

Robin Locksley estava em sua sala, no escritório no qual era sócio junto com Jhon Stuart, mais conhecido como Little Jhon, um apelido irônico que ele tinha ganhado devido ao seu tamanho. Will Scarlet, um palhaço sem fantasia, mas com um coração gigante e Andrew Thomas, Tuck, um ex monge que abandonou o monastério, cursou direito e agora fazia parte do bando deles, ajudando os mais necessitados. Eles se chamavam de The Merry Mens, na verdade seus clientes os chamavam assim, tanto que eles tiveram que mudar o nome do escritório.

Era um local pequeno e modesto um pouco afastado do centro de Nottingham, nada parecido com toda a pompa que os escritórios Locksley carregavam e com certeza com uma clientela bem diferente, mas uma que ele estava feliz em defender. Porque muitos, mesmo sem dinheiro para pagar as despesas, eram honestos e acusados de crimes dos quais eram inocentes. Ele e seus sócios tinham um acordo, só cobrariam o que o cliente tinha condições de pagar, eles estavam ali para ajudar os mais necessitados a terem justiça.

Já fazia alguns anos que Robin dividia não só seu trabalho com eles, mas sua vida privada também. Quando ele descobriu que Marion não estava grávida, amaldiçoou ela e sua mãe por todo teatro mentiroso, cortando laços com sua família e renunciando toda sua herança, sua antiga vida, pegando alguns poucos pertences que tinha em casa e embarcando para a Inglaterra no dia seguinte sem saber o que viria pela frente.

Ele tinha encontrado um bar antigo com um nome inusitado, Sherwood Forest, e foi ali que conheceu Will, um universitário que para pagar as contas trabalhava como bartender, três dias após chegar a Nottingham, eles se tornaram amigos. Um mês depois, Jhon chegou no bar gritando para quem quisesse ouvir que ele seria pai pela terceira vez e pagou uma rodada de cerveja para todos os presentes. Por último Tuck, que uma noite passou no estabelecimento vendendo uma bebida à base de mel que ele próprio produzia. Ninguém a comprou exceto Robin, Will e Jhon. A partir aquele dia, os quatro bebiam juntos todas as sextas a noite, até terem a brilhante ideia de abrir um escritório juntos. Funcionou. O orçamento era modesto, mas pagava as contas e o salário deles.

Distraindo-se de uma causa que tinha pego, ia tendo a certeza de que o amor é a arma mais letal com a qual se podia ferir alguém. O pobre homem que havia pedido sua ajuda tinha sido enganado pela mulher pela qual estava apaixonado, assinando papéis que lhe passavam o único patrimônio que tinha, seu açougue e agora tentava reavê-lo dela e seu amante.

Fechando os olhos ele suspirou e como frequentemente acontecia, pensou em si próprio, em como sua vida tinha sido amarga nos últimos cinco anos, totalmente monocromática, como o céu londrino, sem a mulher de cabelos escuros que trazia sentido ao seu mundo, sorriu, quando uma memória lhe atingiu tão rápida e fugaz quanto o lampejo de um relâmpago.

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6 anos atrás...

— Oh my God, eu não acredito que fiz isso, então, por favor, feche os olhos e só abra quando eu mandar...

Regina estava temerosa, Robin sentia pelo tom de voz, estavam no quarto dele, na casa de praia em Hamptons, era feriado e seus pais tinham saído de viagem para a Europa.

A morena saiu do closet com um robe de seda curto atado por um laço na cintura, o namorado não a tinha visto ainda. Estava tão vermelha quanto a lingerie que escolheu. Mordendo o lábio inferior como uma criança, ela cogitou correr para dentro do banheiro e se trancar lá, definitivamente não ia fazer isso... Se ele não gostasse? Se sorrisse dela?

— Posso abrir meus olhos? – perguntou sentado na cama, com Regina parada poucos metros a sua frente.

“Okay, vamos lá...”

— Pode sim...

Abrindo-os ele a encontrou com o laço do robe desatado, onde podia contemplar partes de sua lingerie, o bordô contrastando com a pele de oliva, encantado ele apenas apreciou a visão por algum tempo.

— Você não gostou? – a namorada o encarou com uma expressão aflita, saindo de seu torpor ele se levantou e foi até ela.

— Porque você acharia isso? – Robin colocou as mãos por dentro do robe e acariciou o quadril curvilíneo, sorrindo, uniu seus lábios – Minha cara de idiota não foi o suficiente?

Regina envolveu seu pescoço com seus braços e inclinou-se para beijá-lo outra vez.

— Eu só fiquei preocupada que talvez você não gostasse.

— Como eu poderia não gostar? Meu Deus Regina, você está maravilhosa e quando eu abri meus olhos quase tive um ataque cardíaco, fiquei tão extasiado que fui à lua e voltei, estava apenas organizando meus sentidos.

— Seu bobo – ela sorriu – passei horas na Victoria Secrets escolhendo essa peça. Se você visse a que Emma queria que eu trouxesse, eu nunca teria coragem de usar aquilo!

— Cada milésimo de segundo valeu a pena, porque você está deslumbrante! Emma é uma figura, apesar de que eu fiquei bastante curioso agora para saber como era a outra lingerie...

— Que bom que gostou. Escolhi especialmente para você, sei que gosta quando uso vermelho – suas bochechas ficaram rosas – Esqueça a outra e desfrute dessa – ele a fitou de cima a baixo, lambendo o lábio inferior.

— Você é a mulher mais linda que tive o prazer de conhecer e eu a amo tanto.

— Também amo você Rob – sorrindo ela deslizou o dorso da mão pelo rosto dele – e se você me olhar assim todos os dias tenho certeza que esse sentimento nunca morrerá, adoro o azul dos seus olhos.

— E eu o castanho dos seus – não resistindo beijá-la, ele sussurrou sobre os lábios finos da namorada – Me prometa duas coisas...

— Depende – a jovem o encarou e arqueou uma das sobrancelhas – Não me venha com nenhum pedido indecente porq...

— Não seja boba Rê, eu a conheço o suficiente para saber que você não é esse tipo de garota.

— Que bom! Diga o que quer e eu direi se estou de acordo.

— Primeiro, gostaria que você um dia realizasse um desejo meu – Robin corou e coçou a nuca – que um dia usasse um daqueles terninhos com saias, fizesse um coque no cabelo e usasse seus óculos de leitura, que por sinal são um charme...

— Quer que eu me vista como uma advogada? Okay ent... – ele a cortou delicadamente.

— E ponha uma lingerie tão linda quanto essa por baixo para eu despi-la por inteiro – Robin a encarou mordendo o lábio inferior, com um olhar travesso.

— OH GOD Robin! – Regina sorriu e bateu no peito dele de leve – Você tem um fetiche comigo vestida de advogada?

— Fazer o que querida? Você é escandalosamente linda aos meus olhos e para completar meu fascínio por ti, ainda cursa direito... Tenho minhas fraquezas – ambos sorriram e agora fora Regina quem mordera o lábio inferior o encarando.

— Tudo bem, eu prometo que um dia farei isso... e o segundo pedido?!

O jovem segurou o rosto dela com as duas mãos, encaixadas sobre o maxilar fino, prendendo seus olhares.

— Quero que me prometa nunca sairá do meu lado, que vais me amar todos os dias, que nós estaremos sempre juntos, pois eu não sei mais viver sem você, não me deixe, nunca.

Tocada ela deu um pequeno impulso e uniu suas bocas. O beijo era suave e profundo, envolvente numa frequência sedutora, clamando por mais, sempre mais. E ela se perguntava se um dia esse sentimento passaria, o amava tanto, sentia-se nas nuvens com a menor das carícias. Robin não precisava de uma promessa assim, ela era dele e não havia como reverter isso. Realmente nunca.

Suspirando, eles se separam do beijo.

— Só se você me prometer o mesmo. Eu sou sua meu amor e sempre serei, meu coração dei a você.

— E o meu a dei a você também.

— Então nossa promessa está selada. Meu coração é seu – ela iniciou.

— Como o seu é meu – Robin continuou, tirando o robe dela em seguida e beijando sua clavícula, descendo a boca e fazendo suas pernas se transformarem em geleia – Regina – ele ofegou, perdido no cheiro doce que exalava do corpo dela – eu nunca tinha me sentido assim antes – seus beijos alcançaram as alças do sutiã, afastando-as enquanto descia a boca pelo contorno em V, inebriado pela pele exposta, contornando os seios pequenos e redondos, “Deus! Ela era sua perdição e não tinha noção do quanto o tinha na palma das mãos” – essa necessidade de ter sempre mais e depois que eu te beijei naquela piscina – fez uma pausa colocando um mamilo na boca e o sugando, Regina gemeu, pressionando seu corpo contra o dele – tudo o que eu queria era mais – iniciou a dar atenção ao outro mamilo, como resposta, ela desenhou as unhas de leve no couro cabeludo, descendo pelos fios loiros sedosos, entregue a cada toque – e mais – ele desceu as mãos para as coxas torneadas e a tomou nos braços, envolvendo as pernas em sua cintura – e mais – capturando sua boca com fome – e depois – suspirou, sentindo a respiração ofegante contra sua boca –tudo de você – Regina o fitava com um misto de desejo e fascínio, enquanto ele a guiava até uma parede, tomando sua boca e sugando seus lábios e língua. Sentia-se exatamente como ele, o sentimento que o menor dos contatos desencadeava era inebriante. Como agora, ele tinha apenas afastado a borda da calcinha e ela estremeceu.

— O que você fez comigo? Que tipo de magia poderosa é essa? – ele liberou suas pernas apenas para deslizar a peça íntima, mas antes a virou de costas, apreciando sua bela bunda coberta pela renda bordô.

A morena não conseguia dizer uma palavra, muito envolvida com a forma sensual com que ele estava conduzindo aquilo. Inclusive agora, quando ele apertou sua nádega e em seguia deslizou a mão para a frente, tocando-a.

— Robiiin! Deus, o que você – enfatizou – está fazendo comigo? – ela gemeu outra vez – quer me matar? – seu peito subia e descia de forma acelerada.

— Só se for de prazer – um sorriso cheio de malícia apareceu em seus lábios e ele a tomou novamente em seus braços, sentando-a sobre uma cômoda, ela podia sentir sua excitação através da calça moletom que usava, pressionando onde ela mais o queria.

— Tire isso – ela começou a puxar as peças de roupas que ele vestia e ele terminou a tarefa. Ficando gloriosamente nu. Regina sentiu um calor ainda maior a consumir com a imagem e foi quando ele disse:

— Eu amei tanto sua lingerie que quero deixar ao menos o sutiã enquanto faço amor contigo.

Puxando-o pelos cabelos, ela o beijou e então ele a trouxe até a borda do móvel, deslizando vagarosamente nela, fazendo-a revirar os olhos e procurar sua boca para aliviar o desejo.

Robin era apaixonado pelas expressões que ela fazia enquanto eles estavam unidos, a maneira como ela ofegava, a forma como suas unhas bem feitas arranhavam seus braços, suas costas, como puxavam seus cabelos gemendo sobre seus lábios. Perfeição era pouco para Regina Mills.

O conjunto era tão maravilhoso que ele teve que se segurar para não vim antes dela, levantando uma de suas pernas, mudando o ângulo do encontro de seus corpos até que ela não aguentou mais e se desfez beijando seu pescoço e mordendo o lóbulo da sua orelha em seguida, sendo este o estopim que o fez chegar ao ápice.

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Ele balançou a cabeça, expulsando a imagem antes que ficasse muito acesso. Abrindo a carteira puxou a polaroid velha, colocando-a sobre sua mesa. Eles tinham passado o dia no paintball, logo nos primeiros meses de namoro, os dois gostavam de uma boa aventura e a sugestão da turma da faculdade os atraiu. Depois do jogo, foram ao shopping em busca de comida, acabaram entrando numa cabine e tirando várias fotos como aquela. Ele roubou uma e Regina ficou com as outras.

— Ah Regina... porque você foi embora? Porque sumiu assim? Nós tínhamos uma promessa... – puxando outra respiração profunda o advogado passou a mão pelos cabelos loiros. Sempre se perguntara o porquê ela tinha partido sem ao menos uma palavra, admitia seus erros, porém, ela o deixou sem ouvir uma explicação se quer. O coração apertou, suas papilas identificaram o sabor amargo que sentia toda vez que pensava na sua partida repentina.

“Garota esperta com seus olhos de chocolate e seus cabelos escuros e selvagens como a noite, qual feitiço lançou em mim? Todos esses anos e você não sai da minha mente... Droga Regina! Aonde você se meteu?”

Logo foi roubado de seus pensamentos quando ouviu a voz de seu amigo:

— Pensando na morena bonita? – Jhon perguntou escorado no umbral da porta.

— Por que você supõe isso?

— Porque eu estou te chamando há uns dez minutos e você não me respondeu. Além do mais, você só faz essa cara de idiota quando pensa nela – Robin sorriu derrotado, olhando a foto sobre a mesa mais uma vez enquanto Jhon se aproximava. Passando a olhar a imagem também – eu sempre me pergunto como um cara feio como você conseguiu uma garota bonita como essa.

— Você é um idiota Jhon! – ele lhe deu uma cotovelada na barriga redonda.

— Você ainda a ama, não é?

— Nunca deixei, nem um minuto se quer.

— Irmão, essa menina acabou com você, não é?

— Eu era outra pessoa antes dela – sorriu recordando seus tempos de faculdade – Só mais um cara que tinha qual quer garota que desejasse e estava bem com isso. Então eu a vi numa festa, me aproximei, peguei seu número e nós trocamos mensagens durante toda semana e quando eu a beijei percebi que havia terminado. Não tinha mais volta para mim. Eu sabia que tinha encontrado àquela pessoa única, mesmo que não estivesse à procura.

— Seguir em frente então seria algo impossível pra você?

— Você já encontrou aquela pessoa cujo os olhos sabe que nasceu para admirar? – Jhon concordou com um aceno – Como eu posso esquecê-la se ela está impregnada na minha mente e alma? – Robin esfregou o rosto com as duas mãos, frustrado – Como posso permitir que ela saia do meu coração se eu o entreguei para ela? Me diga, meu amigo, como deixar de amar alguém de quem meu corpo se lembra de cada detalhe?

Jhon sorriu pensando no quão ferrado seu amigo estava. Aquele nìvel de paixão não era uma coisa que se esquecia facilmente.

— Você tentou procurá-la? - sugeriu já imaginando a resposta.

— Passei um ano indo em quase todas as universidades de direito dos Estados Unidos, as que não fui, liguei ou paguei algum hacker para acessar o sistema. O nome dela não estava em nenhuma – o loiro jogou a cabeça para trás e Jhon apertou seu ombro.

— Poxa amigo, eu realmente sinto muito. Eu queria ter um bom conselho pra te dar, ou alguma experiência em corações partidos. Mas sou um bastardo sortudo que encontrou a mulher da sua vida e agora está caminhando para o bebê número 4.

— Um bom jeito de esquecer uma bela dama meu caro é transar com outra. Você deveria experimentar – Will entrou na sala dando sua opinião e tanto Robin quanto Jhon reviraram os olhos.

— Por que eu sou seu amigo mesmo?

— Você deveria realmente levar meu conselho adiante e sair com alguém, se você não sair com outras mulheres vai passar a vida preso a essa Regina.

— E você já esqueceu Anastacia?

— Não, mas estou me esforçando muito para isso seguindo o conselho que te dei – ele mexeu as sobrancelhas de um jeito divertido e Robin não resistiu sorrir.

— Eu preciso ir até o tribunal e provavelmente não volto hoje, tenho que ajudar Ester com as decorações da festa de Amanda. A propósito, não faltem!

Ambos acenaram e Jhon os deixou a sós, seguindo até a saída. Will o acompanhou, virando-se quando chegou a porta.

— Faça o que eu te disse amigo.

— Se eu prometer que vou pensar a respeito você me deixa em paz pelo resto do dia? - Will concordou sorrindo e levantou o dedo do meio enquanto virava as costas saindo de vista de uma vez.

* * *

— Hey Rê, a que devo a honra? – Emma perguntou ao pegar o celular que estava em cima de seu criado mudo, colocando-o no viva voz enquanto fechava o notebook.

— Oi tia Emma... Sou eu Lou Lou – a menina sussurrava e a loira começou a suspeitar que a garotinha estava fazendo algo errado.

— Oi docinho... – entrando no clima, ela começou a sussurrar também – queria falar comigo?

— Sim, eu estou com saudades... Quando você vem visitar a gente?! – seu tom ainda era baixíssimo.

— Eu não sei Lou Lou, mas podemos marcar... Agora posso saber porque estamos sussurrando?!

Ela podia ouvir os risos doces de uma criança quando apronta do outro lado e teria visto Louise espreitando a cabeça para fora do cobertor na tentativa de ver se sua mãe estaria sentindo falta do eletrônico. Não notando nenhum sinal continuou a conversa.

— É porque eu peguei o celular da mamãe escondido... Ela me proibiu e me deixou de castigo, porque eu me comportei mal hoje na escola, então quando ela me colocou para dormir eu escondi ele debaixo do meu travesseiro... Mas eu queria muito falar contigo Tia, estava morreeendo de saudade – ela fez um biquinho e encheu a voz de emoção.

“Pestinha!” Emma pensou sorrindo. Louise era uma das crianças mais extraordinárias que ela conheceu, na verdade ela não conhecia muitas, o que não isentava a menina do título.

— Lindinha, eu também estou com muuuitas saudades de vocês, entretanto, sua mãe vai me matar quando souber que eu estou acobertando sua desobediência... Agora diga para titia porque você se comportou mal na escola?

Louise franziu a testa ao se lembrar do ocorrido.

— Por que uma das meninas bobas da sala disse que eu sou a única garota que não tem pai – Emma sentiu um aperto no coração e uma vontade de puxar a orelha da estupidinha que tinha feito bullying com sua sobrinha, quando ia responder Louise se apressou em terminar a história – mas eu sabia que era mentira, pois eu tenho um papai como todo mundo, minha mãe até me deu uma foto dele... Então eu dei um pisão no pé dela, depois a professora chegou e ela começou a chorar e eu levei toda a culpa.

Opa. Isso era novidade... Desde quando Lou Lou sabia sobre Robin?!

— Ainda bem que você sabe que tem um pai meu amor, sobre essa garota, ela também deveria ser punida, não se deve caçoar das pessoas, nem intimidá-las por alguma diferença que possuam... Vou fazer sua mãe processá-la – Emma riu e a menina a acompanhou.

— O que é processá-la Tia?

— Uma coisa que a dinda Emma faz muito bem... Então... sua mãe te deu uma foto do seu papai?

— Sim, está na minha caixinha de tesouros, quando a senhora chegar vou lhe mostrar... Meu pai é bonito titia, ele tem os cabelos loiros, mas os olhos são da mesma cor dos meus.

— Sua mãe quem lhe disse isso?

— Não Tia, eu vi na foto dã – a menina bufou uma risada e revirou os olhos, exatamente como sua mãe. Emma riu imaginando a reação – foi por isso que eu liguei também, você conheceu meu pai tia?

Merda! Mil vezes MERDA! Como ela ia fugir disso? Regina a mataria se ela falasse algo que ela nem sabia se estava autorizada a revelar. Mas se caso ela fizesse, a culpa não era dela, oras! Como ela não lhe informou que havia dado uma foto de Robin para a menina... Pense Emma, pense...

— LOUISE! – a advogada ouviu a voz de sua amiga. Lou Lou arregalou os olhos quando viu sua mãe na porta.

— Fui pega dinda! – Regina andou até a cama e a menina se enfiou ainda mais dentro do edredom.

— Vou falar com ela sweet, não vou deixá-la brigar contigo, coloque no viva voz.

— O que eu disse sobre pegar meu celular enquanto estiver de castigo? – ela puxou a coberta e encontrou sua filha a olhando com a expressão mais encantadora do mundo e que derretia seu coração. Os dentes de leite a mostra, os cabelos lisos espalhados pelo rosto e as covinhas aparecendo nas bochechas rosadas... O pacote era demais para Regina que não resistiu sorrir.

— Desculpe mamãezinha linda... – a morena mais nova bateu os lindos cílios e ganhou de vez a mãe.

— Com quem você estava falando? Sabe que não...

— Não brigue com a menina Regina – a voz de Emma ecoou pelo telefone.

— Eu devia imaginar que era você!

— Fazer o que se Lou Lou me adora!

— Me passe o celular Louise – ela ergueu a mãozinha e lhe entregou o objeto – Agora dê boa noite para sua madrinha e vá dormir.

— Boa noite Tia Emma! – Regina se inclinou e a acomodou novamente na cama beijando sua testa.

— Boa docinho.

Retirando a chamada do modo de auto falante e movendo-se do quarto, elas seguiram com a conversa.

— Então... quando ia me dizer que deu uma foto do Robin para a menina?!

— Louise te contou não foi?

— Pelo menos ela está se mostrando mais minha amiga ao me manter informada do que acontece com vocês...

— Emm – Regina pediu – Não seja tão dramática, essas últimas semanas foram corridas demais. Tínhamos um grande caso e dividir todas as minhas funções com a criação de uma criança, junto com toda responsabilidade e tempo que isso exige não é fácil. Logo em seguida meus pais chegaram e... – ela foi interrompida.

— Tenho certeza que você vai pensar duas vezes quando for fazer sexo sem camisinha agora não?! – a loira gargalhou.

— Você é uma idiota Emma! – ela revirou os olhos em resposta.

— Estou brincando.

— Eu sei – Regina já havia entrado no seu quarto e agora relaxava os músculos sobre o colchão de molas e camada extra de plumas novo, um dos primeiros luxos particulares que seu salário lhe deu – Ah... fui promovida! – compartilhou a novidade com um sorriso.

— Que ótimo! Parabéns, estou muito feliz porque eu vejo o quanto voce tem se dedicado... Entretanto, não vou deixar com que fuja do assunto senhorita Mills. Por que dar a foto para a menina agora?

— Porque Louise está numa fase de descobertas, entre as muitas que ela fez, querer saber quem é o seu pai e o por que dele nunca ter vindo visitá-la foi uma delas... Quando dei a foto, a ideia era acalmá-la um pouco, porém, só fez com que levantasse uma nova onda de perguntas e não sei o que fazer... Tenho medo de esconder agora e quando ela estiver crescida descobrir por si só e ir bater na porta de Robin... Também não sei como continuar a contar sem aguçar ainda mais seu desejo de conhecê-lo.

— Você já pensou em procurá-lo? Para conversarem sobre a menina...

— Você só pode estar brincando comigo Emma! Claro que não! Não depois do que aquela vadia da mãe dele me fez e falou.

— Aquela mulher é uma cascavel, é verdade! Mas você deveria reconsiderar, já faz muitos anos e – Regina a cortou.

— E eu ainda me lembro de absolutamente tudo o que ela me disse naquele dormitório.

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5 anos atrás, Universidade de direito de Harvard...

Uma batida na porta fez com que Emma erguesse o rosto na direção da amiga que estava deitada, como sempre agora e com a face virada para a parede, provavelmente chorando, indicando que não fazia questão de abrir.

Com um suspiro resignado ela se levantou e a abriu. A mulher loira e muito bem vestida retirou os óculos escuros Louis Vuitton e sondou o ambiente. A atitude irritou a loira mais jovem que logo se pôs na frente dela e indagou:

— Posso ajudá-la senhora? - ela foi ríspida.

— Vim falar com a senhorita Mills.

— Ela não está disponível no momento.

— Óh garota, não seja tola, posso vê-la daqui.

— Se pode vê-la está percebendo que ela está indisposta!

— Saia da minha frente porque vou passar! – Eleanor empurrou Emma e entrou no quarto, caminhando até a cama de Regina, cutucando-a. Encarando-a assustada, Mills sentou-se na cama.

— O que a senhora deseja?

— Vim lhe devolver isso – ela estendeu o exame que Regina deixara cair no Café onde se encontraram a poucos dias – Levei em uma clínica de uma amiga minha e ela atestou que é verdadeiro – a jovem engoliu o nó em sua garganta a encarando sem palavras. Emma permanecia observando tudo da porta, esperando o momento de intervir – Então... você realmente quis dar o golpe da barriga no meu filho? Eu sempre soube que esse era seu objetivo!

— Se eu quisesse dar o golpe no seu filho ele teria sido a primeira pessoa para quem eu contaria a respeito dessa gravidez.

— Foi muito bom você não ter feito isso. Eu já lhe disse que Robin e Marion vão se casar, ela sim está esperando o meu futuro herdeiro.

— Eu já entendi tudo isso no encontro que tivemos, portanto não se dê o trabalho de repetir, eu realmente não estou passando bem, será que a senhora poderia ir embora?

— Quanto você quer para dar um jeito nessa bagunça e desaparecer da vida de Robin de uma vez? Diga seu preço e aproveite que estou generosa hoje.

Olhando-a chocada, Regina se indignou:

— Eu não quero dinheiro nenhum seu e nem vou “dar um jeito” no meu bebê. Não quero um aborto! Eu só queria a chance de mostrar para a senhora que sou digna de Robin embora não carregue um sobrenome nobre, que realmente o amo.

— Olha, não me venha com uma cena agora menina. Diga o que você quer e nós entraremos em um acordo.

Regina a olhou com raiva queimando em seus olhos. Ela tinha expressado seus sentimentos e ela simplesmente os ignorou.

— O que eu quero é que a senhora vá embora daqui!

Ela sorriu debochada, continuando:

— Você acha que é a primeira namoradinha do Robin que engravida e eu tenho que resolver o problema? – Regina a olhava em choque – Meu filho sempre teve um quedinhas por – arqueando uma sobrancelha Eleanor a olhou de cima a baixo – garotas como você, de classe inferior à nossa e vocês sempre acham que a melhor forma de prendê-lo é um bebê. No final ele vem chorando para eu resolver o problema... Sempre trato tudo como um negócio, digo um preço, elas aceitam e pronto. Então não me faça todo esse teatro, apenas diga o valor, eu assino o cheque e tudo acaba bem.

Regina se sentiu tão enojada que não sabia o que fazer, seus olhos derramavam as lágrimas que ela lutou tão bravamente para deter. Ele realmente a tinha enganado daquela forma? Por isso todo aquele silêncio nos últimos dias?

— Eu só vim para deixar uma coisa bem clara senhorita Mills... Se você continuar atrapalhando os planos que fiz para o meu filho, juro que irá se arrepender, não duvide do que sou capaz de fazer pelo meu Robin. E se você tem realmente amor à criança que espera, me ouça!

— Você está ameaçando seu próprio neto? – Emma já não suportava mais manter-se em silêncio e bradou indignada de onde estava.

— Não querida – Eleanor virou-se na direção dela e sorriu elegante – eu estou apenas eliminando qualquer obstáculo que aparecer na frente dos meus planos. Seja ele qual for! – voltando a olhar para Regina continuou – Espero que tenhamos ficado entendidas... Não procure mais Robin, deixe que ele e Marion formem a família que sempre estiveram destinados a ter.

— Dê o fora daqui agora sua vadia imbecil! – Emma foi até a mulher e a puxou pelo braço, jogando-a porta a fora e quase batendo-a no nariz da advogada sem a menor culpa em fazê-lo e ignorando sua cara de indignação.

Retornando, sua amiga havia deitado na cama outra vez e lágrimas desciam pela face esguia, molhando seu travesseiro.

— Como você deixa que ela fale assim contigo Rê? Aquela mulher é um monstro! Eu a odeio tanto! Quero que ela e Robin vão para o inferno! – sentando-se ao lado dela afagou seus braços e em seguida seu rosto.

— Ele não fez nem questão de vim aqui Emma, não apareceu no nosso encontro, mandando a mãe em seu lugar para me dispensar... Robin é tão cruel quanto ela! Meu filho não tem culpa de nada disso e ela o tratou como se fosse algo descartável – Regina sentiu a dor corroê-la, enquanto mais lágrimas escorriam e soluços tomavam lugar no choro – ele mentiu para mim, me enganou, disse que sonhava com um futuro comigo e agora que eu mais preciso, ele simplesmente foge... Eu o odeio Emm, odeio!

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.

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— Eu também lembro.

— Então não me peça para ir até a casa dele conversar! Quem sabe eu não dou de cara com Marion e seu filho querido, ou talvez a própria Eleanor bancando a avó doce e prestativa para eles. Não, não mesmo! Vou proteger minha filha deles o quanto puder. Ela nem sabe o nome dele e estou começando a me arrepender de ter dado a maldita foto!

— Louise quer um pai Regina, então dê um a ela! Você é tão bonita e inteligente, porque não arruma um namorado? Tenho certeza que tem um monte de cara legal te querendo.

— Não tive tempo para namoros com uma graduação e uma criança para administrar nos últimos anos. Os caras correm quando descobrem que você tem um bebê te esperando em casa.

— Pare com essa desculpa velha! Você já terminou a faculdade, seus pais não te sustentam mais e Lou Lou já está crescida. Tire esse homem de uma vez da sua vida, arrume alguém, curta um pouco, você é uma mãe e não um monge!

Sorrindo, Regina suspirou e encarou o rodapé que emoldurava o teto forrado de gesso. Emma tinha razão, ela precisava voltar a viver um pouco para si própria também.

— Você está certa, prometo que quando conhecer alguém em que se valha a pena investir, eu não vou recuar. Agora eu preciso dormir, minha rotina começa cedo.

— Boa noite, estou me organizando para dar um pulo aí e ver vocês em breve.

— Será um prazer tê-la aqui, como sempre. Beijos.

— Beijos Rê.

* * *

O escritório de advocacia de François Gold era um dos mais requisitados de Paris, ela realmente tinha tido sorte de conseguir estagiar ali. Seu chefe era um homem muito sério e de grande influência, tinha apostado nela no último caso de divórcio que eles defenderam e como resultado do seu êxito, ela tinha sido promovida de junior para a equipe sênior há alguns meses.

E foi ali que ela tinha conhecido Daniel, eles tinham se aproximado desde que ela se instalara na sala ao lado da sua, sempre interessado em mostrar-lhe o funcionamento do grupo sênior da empresa, ele se mostrou prestativo e espontâneo, a morena também estaria mentindo se não confessasse que percebeu o interesse além do profissional que ele possuía nela, os olhares roubados pelos cantos, os sorrisos persistentes sempre que o encarava e caramba! O homem era bonito! O oposto de sua antiga paixão, mas não menos atraente. Os cabelos escuros, os olhos eram claros, mas não azuis e sim verdes, a pele um pouco mais bronzeada, o corpo levemente tonificado estava na medida certa, dando-lhe um ar elegante e modesto. E de todo o conjunto o que capturara sua atenção tinha sido o sorriso gentil. Colocando a caneta na boca ela percebeu que estava pensando muito nele nos últimos dias... “Damnit Regina! Concentre-se no seu trabalho e não no seu colega!”.

— Regina? – Daniel chamou – Regina? – intrigado ele se levantou e caminhou alguns passos até parar na frente da mesa da colega – Oie, está me escutando?! – estalou os dedos algumas vezes fazendo-a sair do seu torpor.

— Oi?! – ela balançou a cabeça o encarando.

— Você está bem?

— Sim, desculpe, eu só me distrai um pouco com esse processo...

— A secretária do Sr. Gold telefonou solicitando sua presença na sala dele, como seu ramal ainda não está cadastrado, ela chamou pelo meu.

— Ok, obrigada, já estou indo – ela sorriu enquanto levantava-se parando na frente dele, esperando que ele lhe desse passagem.

— Regina... – eles se olharam por alguns segundos.

— Oi...

Puxando a respiração, ele prosseguiu:

— O pessoal vai a um pub após o expediente hoje, será que você não gostaria de ir conosco?

— Olha Daniel – a jovem sorriu simpática – eu agradeço o convite, mas eu tenho uma criança me esperando em casa à noite.

— Oh – exclamou surpreso e envergonhado – Não sabia que você era casada, me desculpe.

— Eu não sou – dessa vez ela sorriu abertamente, pois percebeu o embaraço do homem – apenas uma mãe solteira – Regina deu de ombros.

— Então, essa mãe solteira não teria uma babá? – Daniel levantou uma sobrancelha e ela se amaldiçoou por lembrar que Robin tinha a mesma mania.

— Vou conversar com Belle ‘a babá’ – ressaltou – quando ela chegar essa tarde para ficar com Louise, se ela estiver disponível eu vou.

— Ótimo, agora se apresse porque nosso chefe não é a pessoa mais paciente do mundo – piscando abriu caminhou para a jovem e retornou a sua mesa.

* * *

Estacionando em frente à escola primária, a advogada desceu do carro, contente pela temperatura agradável que a primavera francesa trazia. Louise a esperava sentada no banquinho, com sua mochila de rodinhas azul claro ao lado e a lancheira com formato de um panda nas costas. Ao ver a mãe ela saltou e correu pulando em seu colo, Regina a abraçou e pegou a bolsa da menina.

— Vamos para casa fofinha?

— Sim mamãe. E hoje eu estou com muita fome!

— Que bom então que eu pedi comida naquele restaurante que você adora – ela piscou para a menina que se sacudiu em seu colo enquanto passavam pelo portão, despediam-se da recepcionista e se dirigiam para o carro.

— Mamãe, põe uma música por favor – a menina pediu sentada em seu assento de carro no banco de trás.

— Claro Lou Lou.

A melodia de Always in my head mal começou e Louise exclamou feliz.

— Ótima escolha mami! Coldplay... Yeh! – pelo retrovisor, Regina a viu fechando os olhinhos e balançar a cabeça no ritmo da canção.

Sua filha amava a banda e nem suspeitava que seus dois pais a ouviram durante seu relacionamento todo. Quanto a isso ela precisava confessar sua culpa, sabia de cor quase todas as músicas dos mais diversos álbuns, escutou-os durante a gravidez inteira. Essa em especial afirmava exatamente a reincidência de seus sentimentos.

“Eu penso em você

Eu não tenho dormido

Eu acho que consigo

Mas não esqueço

Meu corpo se move

Vai onde eu for

Mas mesmo que eu tente

O meu coração continua imóvel

Nunca se move

Simplesmente não se moverá

Então a minha boca saliva para ser satisfeita

E você está sempre em minha mente

Você está sempre em minha mente...”

"Mas eu vou arrancar você de lá Robin! Eu juro!"

Suspirando Regina tentou não fechar os olhos, afinal ela estava no trânsito e também precisava esquecê-lo de uma vez por todas. Droga! Ela ia seguir em frente, merecia uma segunda chance. Estava decidido, sairia com o pessoal do trabalho após o expediente e se Daniel estivesse mesmo interessado nela, também estaria disposta a se abrir para ele.

— Filha, você se importa se eu chegar mais tarde em casa hoje? Queria sair com o pessoal após o trabalho.

— Não mamãe... Você ainda vai me dar meu beijinho de boa noite não vai?

— Eu não deixaria de fazer isso por nada nesse mundo meu amor – a morena sorriu pelo retrovisor.

— Então tudo bem... – Lou Lou voltou a fechar os olhos e curtir sua banda.

* * *

A turma estava sentada ao redor de uma mesa de madeira redonda, num assento de couro tabaco acolchoado, o pub era agradável, ela identificou os grupos de universitários enchendo a cara com shots de tequila como se não houvesse amanhã, sorriu lembrando de si própria e Emma no primeiro ano, certamente os mais ávidos eram calouros, ela revirou os olhos sorrindo. Pensou que não se encaixaria mais no ambiente, entretanto, precisava parar de se ver como uma velha, afinal só tinha 25 anos. Da turma ela era mais nova, óbvio, todavia eles sabiam como aproveitar uma noite muito melhor que ela.

Nos últimos 5 anos suas noites se resumiam a maratonas de filmes infantis, assar cookies, karaokês de Coldplay, Twister e outros jogos que Louise pudesse acompanhá-la. Isso quando ela não precisava curar uma febre, uma virose ou qualquer outro incomodo que sua filha tivesse. Contudo, ela não trocaria sua menina por nada, não trocaria o sorriso sincero cheio de dentes de leite e o olhar cristalino de tanto amor e pureza.

— O que foi Regina, não está curtindo? – Uma das mulheres sentadas à mesa, Victoria Devil, perguntou.

— Regina vive em um mundo de pensamentos aleatório Vic – Daniel explicou.

— Não é isso, mas já faz tanto tempo que não saio para beber com amigos que acabei me distraindo com algumas lembranças – ela sorriu para a outra mulher e levantou o copo.

— Pois você precisa se divertir mais, ainda é tão jovem e tem uma vida pela frente – Archie, um dos outros advogados do grupo afirmou.

— Eu sei, prometo me esforçar mais.

— Então proponho um brinde – Daniel sugeriu – pela presença de Regina mais vezes nas saídas de sexta – todos ergueram os copos e os viraram na boca.

Alguns dos amigos se levantaram rumo ao bar para pegar mais bebidas, deixando a moça sozinha com Victoria. Regina olhou o celular e a ausência de mensagens de Belle a deixou aliviada. Porém, não resistindo, ela própria digitou uma:

Como está meu bebê Belle?

Não demorou muito e uma foto de Louise em seu pijama azul estampado de girafas, comendo cereais e com um bigodinho de leite apareceu na tela. Ela sorriu, digitou vários emojis com um coração nos olhos e bloqueou o aparelho outra vez.

— Você está preocupada com sua criança não é? – Daniel sussurrou por trás dela. Não preparada para a surpresa ela sentiu um arrepio correr por toda sua coluna, virando-se para ele, sorriu respondendo:

— Sim e não, é a primeira vez que a deixo sozinha assim, mas sei que ela está em boas mãos.

— Como é mesmo o nome dela?

— Louise – ela desbloqueou o celular em suas mãos e mostrou a imagem que recebera há poucos segundos.

— Regina – o homem olhava enternecido – ela é a menina mais linda que já vi – sentindo o peito encher de orgulho ela o encarou – tal qual sua mãe – ele segurou seu olhar e uma sensação que não sentia há anos tomou conta dela, o coração bateu mais rápido no peito e o frio crescendo na barriga.

Percebendo o climão entre os amigos, Victoria sorriu, mordendo o lábio inferior e levantou-se sutilmente parando os homens que vinham do bar e levando-os para a pista de dança.

— Vamos deixar os pombinhos, Daniel está interessado nessa moça desde quando ela colocou os pés na empresa.

— Ela é incrivelmente linda – Archie os observou de longe – se eu próprio não tivesse minha mulher teria tentado.

— Cadê ela por falar nisso?

— Deve chegar a qualquer momento, o trabalho a prendeu um pouco hoje.

* * *

— Obrigada – Regina disse poucos decibéis acima do considerado um sussurro, o olhar desviando-se para os lábios, ela ia mesmo fazer aquilo? Daniel se inclinou um pouco mais, parando milímetros de sua boca ele olhou em seus olhos uma última vez, ambos sorriram em acordo e pousando a mão na curva de seu pescoço uniu suas bocas.

A sensação era muito boa! A advogada não sabia dizer se eram os cinco anos de seca ou o homem que beijava muitíssimo bem, contudo, o beijo foi sensacional, e agora, quando a língua dele deslizou por seus lábios e pediu passagem parecia ainda melhor. A vozinha no fundo de sua mente quis trazer Robin à tona, porém Daniel a calou quando pressionou a mão em sua nuca mais forte e os movimentos pediram por mais intensidade, e ela não se importou em ceder.

Obrigados a parar, Regina se afastou com um suspiro e ele desceu os lábios e beijou de leve seu pescoço, soltando a respiração. O contato fez a morena estremecer de uma forma boa, eles se olharam e sorriram, buscaram por seus amigos ao redor e os notaram na pista de dança com sorrisos dissimulados nos rostos.

— Quer se juntar a eles para sermos motivo de uma pouco de chacota? – levantando-se ele lhe estendeu a mão.

— Só se você me prometer uma dança para compensar – tomando sua mão ele a puxou para cima.

— Quantas você quiser – de mãos dadas eles foram ao encontro dos amigos.