- Para com isso menino – esbravejei dando um tapa rápido e barulhento na mão de Yesung que fez um bico imediatamente, e colocou a mão junto ao cor a massageando. Devia ter doido, mas eu não estava em um momento bom para ficar com peso na consciência.

- Quem é esse rapaz? – perguntou minha tia novamente, fazendo meu sangue congelar.

- É um amigo – disse com um sorriso largo.

- Amigo e professor de coreano, então trate de parar de me bater dongsaeng – disse Yesung sério, me assustando com outro termo em perfeito coreano.

- E porque ele veio? – perguntou minha tia com cara de pouco amigos.

Nesse instante o celular de Sooyoung começou a tocar a música No Other do Super Junior. Ela pediu um minuto de silêncio com o indicador esquerdo para a mãe dela e puxou o aparelho da bolsa o atendendo em seguida. Estranhamente ela soltou um ‘calma aê’ e esticou o celular para mim.

- É pra você – avisou entediada.

Embora um pouco relutante, peguei o celular e coloquei próximo ao ouvido, soltando um curto ‘alô’.

- Duda – disse a voz do outro lado com empolgação – Aqui é o Baro, tem como você me dizer o nome da pousada onde está? Se passar o endereço também seria bom, mas acho que só o nome da pousada e o taxista deve achar – prestei atenção na voz de Baro que não parecia rouca, pelo menos, não pelo celular.

- Você está aqui? – perguntei sem acreditar – Eu pensei que você estava morrendo de gripe.

- Meus pais quiseram viajar e os convenci de vir para a cidade onde você está, seria bom passar um tempo com minha amiga que não me liga, nem sequer me manda mensagem por twitter perguntando se eu estou bem.

- Para de drama Baro – disse revirando os olhos – O nome da pousada é Raio de Sol, não me pergunte o porquê desse nome porque aqui tem sol para tudo quanto é lado. Ela é grande e de cor verde-água, não tem como ter outra pousada com um nome tão capenga quanto esta.

- Tudo bem, nos vemos em breve – ele disse em um tom animado, mas escutei um tossido baixo antes que ele desligasse o celular. O incrível era pensar que ele havia ligado para Sooyoung, pois nem eu que era sua prima tinha seu número. Devolvi o celular para a minha prima e voltei encarar minha tia.

- Então né tia? Nós encontramos o Yesung no ônibus por acaso e o chamamos para ficar conosco. A senhora não tem nenhum objeção não é mesmo? – perguntei com um sorriso gigante e notei que Sooyoung imitava o meu sorriso, enquanto Yesung já estava sorrindo há tempos.

- Eu tenho todas as objeções possíveis – disse um dos gêmeos, me fazendo espreitá-lo com os olhos.

- Ele não pode dormir no mesmo quarto que vocês – falou minha tia dignada.

- Tudo bem, ele arruma outro quarto – retrucou Sooyoung rapidamente – Mas para o que a senhora veio mesmo? Para nos chamar para almoçar? O Yesung adoraria nos acompanhar.

- Mas... – ele tentou dizer algo, mas Yesung a interrompeu.

- Verdade, estou com fome – ele comentou distraído e passando a mão na barriga.

Sorri o mais sem graça possível e me agarrei ao braço de Yesung o levando comigo para onde quer que nós fossemos. Meus pais acreditaram na história do encontro por acaso e acabamos almoçando em um restaurante simples ao lado da pousada e quando digo ao lado, é ao lado mesmo. Isso porque eu havia reparado que o meu quarto ficava em cima de uma padaria que ficava aberta para a avenida, então o restaurante devia ter sido parte do estacionamento, mas isso é coisa para se discutir com o dono.

Assim que o almoço terminou, os três pirralhos quiseram ir à praia, mas minha tia não os deixou, dizendo que tinha que esperar um pouco, o que era uma glória, já que eu ia evitar de todas as maneiras possíveis chegar perto do mar, mas trinta minutos depois e os três Min's trocavam de roupa. Não fiz menção de me mover da cama onde eu estava deitada, mas Yesung cutucou minha perna.

- Vamos à praia? - perguntou com um sorriso sugestivo.

- A Duda não gosta de mar – disse Sooyoung revirando sua mala provavelmente atrás de traje de banho, fazendo um bico se formar nos lábios de Yesung – Mas eu posso te levar sem problema algum – ela finalizou com um sorriso malicioso, que me fez espreitar os olhos para ela.

- Fique longe dele – disse no mesmo instante fazendo uma careta.

- Duda! - exclamou uma voz animada da porta do quarto. Não acreditei que Baro havia descoberto em qual quarto eu estava, pelo menos sua voz parecia realmente melhor, ele devia estar tomando remédios contra gripe – E macumba – ele completou sem humor fitando Yesung e fazendo uma curta careta.

Sooyoung soltou um sorriso torto para Baro e disse algo como 'oi para você também', mas foi tão baixo, que ele apenas acenou para ela com um sorriso curto e voltou-se para mim voltando a sorrir animadamente.

- Eu sei que não gosta de praia, mas faça um esforço, o sol está maravilhoso, as ondas estão boas e meu irmão está na maior boa vontade do mundo – ele realmente me parecia empolgado e tossiu apenas algumas vezes, mas o difícil dessa história era imaginar seu irmão de boa vontade.

- Eu já estava indo mesmo – disse dando de ombros e me levantei da minha cama indo atrás da minha mala.

Baro fez uma careta surpresa, acho que ele estava preparado para ficar no meu pé um tempão até que eu aceitasse ir para a praia, mas havia sido tão fácil que ele ficou sem acreditar. Ignorei a expressão que ele fazia e segui para a minha mala. Assim que a abri, soltei um grito de susto baixo, por que mesmo eu havia pedido para Yesung arrumar minha mala? Retirei um short mini, que eu nem sabia que tinha e mais outro e mais outro, não era possível que meu presente havia achado aqueles shorts, que eu os mantinha no fundo do meu guarda-roupa, além do que meu biquíni vermelho que minha mãe havia me dado no Natal passado, sensualidade total, também estava presente. Reparei também que ele só havia pegado blusas regatas e bem leves, nada das minhas camisetas xadrez e as mais larguinhas.

- Eu peguei as roupas certas? - ele perguntou todo empolgado parecendo uma criança que espera por uma estrelinha dourada depois de ter feito toda tarefa. Não tinha como eu dizer não para aquela coisa cute.

- Ahn... Super acertou – disse na maior ironia do mundo e procurei por uma roupa de banho mais decente que não fosse o biquíni vermelho sensual da minha mãe.

Por sorte, meu presente também havia pegado um biquíni azul escuro com sutiã estilo top, que era bem mais confortável e grande, ótimo para praticar esporte. Como não daria muito certo Yesung ir para a praia com uma bermuda do meu pai, porque ela ficava grande demais, muito contragosto Baro emprestou uma sua e depois de eu encher Yesung de protetor solar, seguimos para a praia. Por causa da nossa demora, meus pais, tios e os três pirralhos, já haviam ido na frente, restando eu, Yesung, Baro, Sooyoung e Jinyoung. Meu presente estava crente que nunca havia visto o mar e estava empolgado com esse encontro, enquanto Sooyoung tentava desenvolver uma conversa sem sucesso com Baro. Seu irmão mais velho ia em completo silêncio. Assim que chegamos à praia, reconheci os adultos em um quiosque e não vi nem sinal dos três pirralhos, que deviam estar rolando na areia grudenta e suja, não, eu não gosto de areia.

Sendo a criança que era, Yesung logo tratou de tirar as havaianas pretas que ele havia pego do meu pai e enterrou os pés na areia, chamando a atenção até mesmo de Jinyoung que soltou um sorriso leve e revirou os olhos para direção oposta observando o horizonte pensativo.

- Vamos dar um mergulho – sugeriu Sooyoung que estava apenas com um biquíni rosa e uma canga dobrada e florida presa na cintura como se fosse uma saia.

Yesung se animou de imediato, não era possível que minha prima fosse levá-lo assim para o lado ruim da vida. Tentei impedi-lo, mas vai tentar impedir uma criança de quase um e oitenta de altura e abs definido de ir para a água, vai que você vai ver como é impossível. Sem se importa com os olhares, ele tirou a camiseta branca do meu pai e saiu todo feliz ao lado de Sooyoung. Não acreditei que eu estava vendo aquilo.

- Também vou entrar - avisou o irmão de Baro tirando sua regata preta.

Eu nunca havia visto ele sem camisa e agora, me perguntava por que eu nunca havia tentado vê-lo, porque que visão do paraíso era aquela? Acho que eu estava babando, vendo-o correr com seu corpo atlético em direção ao mar, eu conseguia ver até seu cabelo negro e perfeito se movimentar para cima e para baixo em câmera lenta, quando Baro me acertou com sua regata.

- Pare com isso Duda – ele esbravejou me espreitando com os olhos.

Apenas revirei os olhos e segui para o quiosque onde meus pais estavam. Não que eu estava com vontade de socializar com eles, longe disso, mas é que eu não queria ficar segurando as coisas de Sooyoung e Yesung, então era melhor deixar com eles. Feito isso voltei para o lugar onde eu estava parada antes na companhia de Baro e vi uma cena que me chocou. Sooyoung e Yesung estavam parecendo duas crianças paradas recebendo as ondas quando do nada minha prima se virou na direção do meu presente e o abraçou. Tudo bem que eu odeio mar, mas nesse momento apenas grunhi e sai marchando em direção ao mar.

- Você vai entrar? - perguntou Baro me seguindo rapidamente, mas não respondi – Se você vai entrar, tire o short e regata – ele sugeriu ainda me seguindo, mas não dei ouvidos.

Entrei no mar ainda com meu chinelo havaianas laranja, correndo o risco de perdê-lo e caminhei marchando até Sooyoung que havia se soltado de Yesung, mas ainda estava super entrosada com ele.

- Olha aqui Sooyoung – comecei a agarrando pelos cabelos – Você fica longe do Yesung ou te faço beber toda essa água com canudinho - disse modo mais ameaçador possível sendo surpreendida por um abraço de Yesung – O que você pensa que está fazendo? - perguntei ligeiramente brava e soltando os cabelos da minha prima, meus pais poderiam estar vendo aquilo.

- Estou te abraçando – respondeu ele sorrindo sem me soltar.

Resmunguei algo inaudível e confesso que tive um pouco de dificuldade para me soltar daquele abraço repentino, mas até que foi um abraço legal e estranho, considerando que ele havia me abraçado de lado... Isso é outra história. Fiquei junto daqueles dois apenas para evitar aproximações, mas na primeira oportunidade arrastei Yesung para fora daquela água cheia de sal e que para completar ainda ficava levantando areia.

Muito cuidadosa como eu estava me saindo, repus o protetor solar de Yesung depois de um tempo e o convenci a ficar sentadinho na areia depois que lhe dei um milho cozido, mas Jinyoung tinha que aparecer parecendo um deus grego do Olimpo para acabar com meus planos não é mesmo?

- Vamos até píer, lá as ondas são mais fortes e é mais fundo - ele chamou a mim e Yesung tendo a aprovação de Baro e Sooyoung que havia brotado sabesse lá da onde na companhia dele.

Hesitei um pouco, mas Yesung, que novamente vestia a camiseta do meu pai, prontamente se levantou e acabei acompanhando o grupo. O píer ficava super longe de onde estávamos, pelo menos minha prima, teve esse tempo para desenvolver uma conversa de verdade com Baro, já que ele estava mais falante e não parecia tão gripado assim, apenas se abraçava tentando se porteger dos ventos. Os três conversavam sobre um jogo qualquer de computador. Meu presente comia seu milho super feliz e estava tão perdido quanto eu na conversa, então estávamos bem em silêncio até que uma bola abençoada de vôlei acertou em cheio a cabeça da minha prima. Comecei a rir de imediato enquanto Baro se inclinava na direção de Sooyoung, que havia se jogado no chão por puro drama, perguntando se ela estava bem. Jinyoung e Yesung também demonstravam preocupação, deixando minha risada ecoar sozinha no ar, mas nenhum dos dois quis atrapalhar o momento dos dois. Só que havia uma terceira pessoa na história.

- Desculpe-me – disse o garoto alto e forte se agachando ao lado de Sooyoung, ele podia ter me acertado com a bola que eu estaria dando vivas – Eu não tinha a intenção – disse ele constrangido – Você está bem? - ele perguntou com seus grandes olhos puxados fixos na face de Sooyoung, era incrível como eu não dava sorte de encontrar um coreano bonito na rua, mas eles encontravam a minha prima.

- Eu estou bem – respondeu minha prima para ambos os garotos massageando a testa dramaticamente, mas ela deve ter reparado no garoto de cabelo longo repicado, pois ela soltou um 'uh' parando de massagear a cabeça, mas voltou rapidamente para o seu drama.

- Vou levá-la para um quiosque – disse Baro e toda a sua magreira, fazendo menção de pegá-la no colo, mas o garoto interviu.

- Deixa que eu faço isso – disse ele com um sorriso maroto e pegou minha prima nos braços, porque ele não me acertou com a bola? Eu pensava sofrendo – E a propósito, eu me chamo MinHo – apresentou-se o garoto para Sooyoung que estava morrendo com aquele sorriso e naqueles braços fortes, isso porque o garoto estava sem camiseta, deixando a mostra seu tórax definido.

Estranhamente Baro seguiu os dois dizendo que ele ia derrubá-la e eu, Yesung e Jinyoung ficamos parados com cara de tontos observando toda a cena. O primeiro a reparar nesse detalhe, foi Jinyoung que sugeriu que seguíssemos para o píer sem eles e apenas concordamos. A real intenção do irmão do Baro era entrar na água, mas Yesung ficou tão encantado com o enorme píer de madeira, e como eram por volta das seis da tarde ou noite, não entendo bem essas coisas, acabamos subindo no píer.

Caminhamos até a ponta dele e ficamos observando o horizonte, estranhamente Yesung estava entre eu e Jinyoung e ele sorria feliz, enquanto o irmão do Baro sorria pensativo. Sentindo a brisa fresca em meus cabelos, tentei ver algo bom na praia, mas então notei que a brisa estava bagunçando minha franja de Eunhyuk loiro e voltei a bloquear esse tipo de pensamento.

Havia três madeiras horizontais para a proteção, por pura falta de não ter o que fazer, pisei com a ponta dos pés na primeira e inclinei sobre elas tentando ver o mar. Era bem alto ali e as ondas realmente pareciam mais forte, ainda mais com o sol desaparecendo na direção oposta.

- Desce dai – pediu Yesung sério me fitando.

Balancei a cabeça negativamente.

- Desce de uma vez Duda – falou Yesung de modo mais autoritário me fazendo arquear a sobrancelha esquerda.

- Não – disse balançando a cabeça negativamente e inclinando todo meu tórax para fora do píer, apenas para contrariá-lo, mas nesse momento meu braço direito fraquejou e dobrou.

Tentei me segurar com braço esquerdo, mas o lado direito do meu corpo já pendia para baixo e meus pés não conseguiram se manter na primeira madeira. Não sei como, despenquei para o mar a uma altura de três metros.