Novamente não tinha conseguido dormir direito, pensava em uma solução para o que estava acontecendo, até por que estava confusa, por que meu coração batia tão forte quando via Takumi se eu amava Otani? Por que suas palavras de conquista me faziam estremecer? Não queria perder Otani por isso tinha que por um basta naquilo.

Eram seis e quinze da manhã, me levantei e fui para o banho estava perdida em pensamentos quando fui despertada com um beijo suave, Otani também tinha vindo se lavar e me viu no mundo da lua, me perguntou se estava bem e assenti com a cabeça, sai do banho e fui me trocar, tomei café rapidamente e logo fomos para a faculdade.

Ao chegar frente ao prédio em que estudava percebi que já me esperavam, Takumi estava encostado no portal de entrada de braços cruzados e sério, quando me aproximei ele se virou para mim e suspirou:

– eu passei a noite toda esperando sua resposta, eu entendo que seja comprometida, mas não há quem não resista a esse seu jeito doce.

Meu coração quase saia do peito, não sabia bem o que iria dizer e com isso a sineta tocou, preferi abaixar a cabeça e seguir para a sala de aula, o professor de artes lembrou-me que o dia dos namorados estava chegando e que pitaríamos um quadro com este tema para a exposição da escola, todos pegaram suas telas e se puseram a trabalhar, eu não tinha ideia do que pintar então preferi pintar uma cerejeira num dia ensolarado (nada a ver com o dia dos namorados né?).

Olhei para Takumi e ele parecia concentrado em sua tela e logo percebi porque, ele havia pintado uma mocinha no meio de um roseiral sorridente num crepúsculo lindo, a cena perfeita para um beijo, corei ao ver aquilo e abaixei a cabeça, logo recebi outra mensagem dele.

Eu imagino você assim todas as noites nesta cena, num lugar assim comigo e eu me preparando para encostar seus lábios nos meus, será que vou realizar este sonho um dia?

Eu li aquilo e de repente me vi imaginando a cena, era lindo o por do sol, com pétalas se soltando das rosas e o vento balançando meu vestido, e Takumi segurando minhas mãos e preparando-se para me beijar, de repente fui tirada do transe pelo som da sineta juntei meus materiais e segui para o armário, ele me seguiu e pensei que este era um momento oportuno para deixar tudo claro.

– Takumi. Preciso falar a sós com você,

– estou te ouvindo. Ele se aproximou e segurou no meu queixo.

– eu gostaria que parasse de me mandar este tipo de sms, sou uma mulher casada e amo meu marido, e espero que você me respeite.

Ele abaixou a cabeça e sorriu.

– eu sabia que seria rejeitado, mas não me darei por vencido, ainda não, eu estarei aqui quando seu marido te tratar como naquele dia, e serei seu ombro amigo quando você precisar, e então você vai ver que eu sou bem melhor que ele.

E dizendo aquilo ele se aproximou e me deu um selinho, o que me deixou sem jeito, me afastei dele e ao me virar dei de cara com Otani, será que ele viu aquilo?

Otani pegou na minha mão e foi me arrastando para o pátio, ao chegar lá ele me esbofeteou e disse:

– é assim que você age quando eu não estou por perto? Via lagrimas escorrendo de seus olhos, ele bufava como um touro e logo chamamos a atenção de um grande numero de pessoas. - o que eu pedi pra você?

– olha eu posso explicar...

– não precisa, você pode fazer da sua vida o que quiser, se tivesse me dado ouvido não teria o que me explicar.

Ele saiu com sua mochila em direção ao estacionamento e eu continuei parada no mesmo lugar, todos cochichavam e saiam dispersos e eu tentava colocar os pés no chão novamente. Aquilo havia sido um baque e o pior era que Otani estava certo.

Depois de alguns minutos senti um abraço caloroso por trás, era Takumi eu comecei a tremer o choro já era visível empurrei-o para longe e fui para o ponto de ônibus, este ia parando e sem pensar entrei rapidamente em minutos estava em casa, a porta estava semiaberta e eu entrei e logo avistei Otani fazendo as malas, eu sentei no sofá e fiquei ali o observando. Será que por descuido acabei de perder meu esposo? Pensava comigo mesma, as lagrimas não paravam de rolar e logo o vi saindo de casa ele bateu a porta com tudo e eu senti que não o veria por um bom tempo, quem sabe até nunca mais.