POV Beatriz

Aquele amanhecer parecia ser mais caloroso, a luz do sol refletia o que restava de uma noite de amor muito bem aproveitada, Otani e eu estávamos abraçados e exaustos, eu o admirava adormecido, seus cílios eram grandes o que o deixava ainda mais charmoso, levantei-me sem que ele percebesse e fui até a sala, meu celular estava piscando e vi que tinham muitas chamadas não atendidas, era da agência de modelos, procurei retornar a ligação quando minha empresária atendeu quase gritando:

—até que enfim você resolveu se pronunciar, estou tentando te dar uma notícia esplêndida e você resolve desaparecer?

—desculpe, mas que notícia é esta? Deve ser muito boa pra você estar tão feliz…

—você foi chamada para trabalhar no Brasil novamente, não foi o que você sempre quis?

—você está falando sério? Estava feliz pela notícia, mas, por outro lado, um aperto monstruoso se dava em meu peito, e agora? Como ficaria meu relacionamento com Otani? Como contaria a ele que me mudaria de volta para o meu país? Será que ele entenderia ou gostaria de me acompanhar? Várias destas perguntas pairavam em meus pensamentos e fiquei em silêncio por instantes, até que percebo que estou sendo observada.

Desliguei o telefone meio repentinamente, Otani me encarava sério e eu fui até ele o abraçar, a noite tinha sido maravilhosa e eu não queria estragar nada.

—quem era? Era do trabalho? Ele perguntou com as sobrancelhas arqueadas

—era minha empresária, mas é coisa de trabalho mesmo não se preocupe.

—você não confia em mim Beatriz? Ele pareceu sério ao perguntar e eu decidi abrir logo o jogo, afinal ora ou outra ele teria que saber.

—eu confio em você e por isso vou lhe contar o que ela queria, bem como posso começar, eu sempre almejei voltar ao Brasil para trabalhar com modelos como Gisele Bündchen e Rodrigo Santoro. Acontece que me surgiu esta oportunidade agora e eu tenho dois dias para responder, e eu estava pensando em tudo que aconteceu recentemente em nos dois e…

Ele me encarava, parecia surpreso e eu o entendia, ele não assimilaria aquilo e entenderia com tanta rapidez, pensei.

—e então você vai desistir de seu sonho por amor? Ele me perguntou me olhando fixamente.

—não consigo responder diretamente, na verdade gostaria de saber se não teria como você vir comigo para o Brasil, você é famoso por aqui e lógico que alguma agência lhe daria oportunidade.

Ele me olhou ainda mais sério, suspirou e respondeu diretamente.

—para ser sincero linda eu toparia te acompanhar nesta empreitada, mas assim como você eu tenho um sonho que consegui realizar a todo custo, e não posso deixar minha família para ir para um lugar onde os costumes e as pessoas são estranhos. Pra te dizer a verdade não estou te impedindo de realizar seu sonho, mas eu não posso deixar meu país para ficar inseguro em outro. Desculpe-me.

Ao ouvir aquilo meu mundo desabou, tinha sido difícil conquistá-lo e agora mais difícil ainda deixá-lo, mas ele tinha razão, pertencemos a países e culturas diferentes e cada um tinha um sonho a realizar, abaixei a cabeça e senti lágrimas escorrerem em meu rosto, sentei-me no sofá esperando me recompor, tudo girava e só vi um vulto e vozes ao longe.

Acordei em um quarto de hospital com Otani segurando minha mão, em sua face tinha uma mescla de felicidade e espanto, sem entender tentei me levantar e ele apenas me forçou a deitar novamente, resolvi perguntar o que havia acontecido.

—você será mãe, seremos pais Beatriz. Ele me disse com voz de choro, era uma mescla de felicidade e de tensão por que ambos sabíamos qual era meu real propósito naquele momento.

Olhei-o por um instante e vi tudo o que passamos juntos e resolvi colocar na balança o que realmente valeria pra mim e percebi que o Otani e nosso bebê eram importantes para mim.

—você sabe cuidar de crianças? Perguntei sarcástica, eu não tenho experiência alguma…

Ele me olhou pasmo e respondeu em sorriso radiante: não mas vamos conseguir e aquela cena terminou com um beijo apaixonado e aplausos da plateia de médicos e enfermeiros.

POV Risa

Acordei com a luz do sol em meu rosto, Takumi não estava mais na cama, levantei-me e fui fazer as higienes, só poderia ter sido um sonho, meu coração ainda estava acelerado com os acontecimentos, tinha me sentido amada pela segunda vez mas a sensação era tão boa que perecia surreal, tomei uma ducha rápida e coloquei uma camisola e desci ate a cozinha em busca de algo para comer, ao chegar a sala ouvi conversas e resolvi me ater na escada.

Uma mulher falava autoritária e ouvia Takumi responder as vezes, resolvi chegar mais perto para entender o que diziam.

—você sabe que como filho único você tem responsabilidade com a empresa de seu pai, por que insiste nesta tolice de tornar-se professor quando tens um império para governar? Dizia a mulher.

– tanto eu quanto a senhora sabemos a que preço eu governaria este império, e eu não quero isso, eu já tenho alguém que amo, e tenho meus próprios bens e meu sonho, não veem que é perda de tempo o que estão tentando fazer?

—e o que seu pai fará com as empresas que ele lutou tanto para fundar?

– de a um de seus irmãos, eu não me importo que fim levará essa maldita empresa, só quero que me deixem em paz vivendo minha vida com minha mulher.

Ao ouvir aquilo sem saber por que acabei me adentrando no escritório, olhei para a senhora que tinha um ar de matriarca, me olhava da cabeça aos pés com desprezo.

—bom dia a todos desculpem interromper a conversa de vocês mas não pude deixar de ouvir, quero deixar claro que não estou aqui para impedir que Takumi assuma os negócios da família, mas acho injusto que o forcem a isto, sei que cada família tem seu sistema mas não acho conveniente tentar forçar alguém a fazer algo que não queira.

Ao terminar de falar tapei a boca com as mãos, havia falado de mais e para a pessoa errada, tinha me entrometido em um assunto que não me dizia respeito e pra piorar estava em vestes desapropriadas. Estava sendo vergonhoso encarar o que acabara de fazer.

Takumi atravessou a sala e me abraçou a senhora espantada nos olhava fixamente.

—qual o seu nome mocinha? Perguntou com ar de assombro.

—Koizume Risa, senhora.

—Risa, se é que posso chamá-la assim, agora sei por que meu filho preferiu a você do que aos compromissos da família, és inteligente e tem pulso firme e mais uma vez confirmou o que estava cansada de dizer ao meu marido, Takumi tem sua própria vida e agora tem uma esposa para cuidar. Espero que no encontremos de novo mas em outras ocasiões.

Ao dizer aquilo a mulher se retirou do escritório e Takumi a acompanhou até a saída, meio que desentendida sentei-me no sofá e tentei assimilar o que ela realmente esperava daquele encontro com Takumi, de repente fui surprendida por um beijo no rosto.

—esta de parabéns, acaba de dobrar a senhora Nekozawa! É a primeira vez que vejo alguém falar assim e ela deixar barato.

—e o que ela faria iria me matar ou castigar no açoite?

Rimos juntos e em seguida ele me pegou nos braços e me beijou, caminhou ate a cozinha e sentou-me na mesa, em seguida segurou em minhas mãos depositando uma caixinha de veludo perguntando:

—Risa, você aceita ser a senhora Nekozawa até o fim de nossos dias?

E em meio a lágrimas e beijos um sim meio embargado foi dito e dali em diante seriamos um só em dois corpos.

Dois anos depois…

Estávamos no supermercado, quando senti uma pequena tontura, me encostei em uma das prateleiras e esperei que o mal estar passasse, um menininho louro vendo aquilo se aproximou e questionou o que havia acontecido.

—esta tudo bem tia?

—claro, respondi, foi só um mal estar já vai passar.

Olhando aquele garoto ele me lembrava muito Otani, suas madeixar louras e seu ar de preocupação me remetiam a tempos de outrora, de repente uma jovem se aproximou e pegou-o pela mão o repreendendo, era a mulher que com quem vira Otani da ultima vez.

Ela o puxou para perto de si e saiu dali, não demorou muito até que Otani aparecesse no local.

—Koizumi?

—oi, Tudo bem?

Ele me olhava intrigado e eu resolvi sair dali, me sentia mal por encará-lo novamente.

—quer ajuda, meu filho me disse que tinha uma moça passando mal e vim ver.

—já passou não se preocupe, deve ser cansaço, vou ligar para meu esposo vir me buscar.

—tem certeza posso te levar até o hospital mais próximo?

—não há necessidade, muito obrigada.

Takumi chegou naquele momento e eles se entreolharam por instantes, Takumi veio ate mim e segurou meu braço me tirando do local. Mais adiante perguntou-me o que havia acontecido.

—senti um mal estar e um pouco tonta mas não deve ser nada,

Ele arregalou os olhos e segurou forte em minhas mãos,

—vamos ao hospital querida, acho que teremos um novo integrante na família.

Depois de alguns exames e questionamentos a notícia, seriamos pais em breve, estava feliz com o homem que eu amo e um presente de Deus estava a caminho.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.