Um Dia De Sonhos

Acredite, sonhos podem se tornar realidade.


Era uma tarde fria e chuvosa. Eu podia observar as gotas de chuva batendo na janela do meu quarto enquanto eu chorava de felicidade sobre o que eu acabara de ler.

Naquele tempo, por incrível que pareça, o “orkut” era muito usado e foi na principal comunidade da banda “The Pretty Reckless” que li a notícia.

Meus lábios tremeram e minhas pernas pareceram perder os movimentos.

- Caralho, não acredito! – gritei e a partir daí as lágrimas de felicidade brotaram de meus negros olhos.

Minha mãe, assustada e apreensiva, veio correndo até mim.

- O que houve, meu filho?! – perguntou ela, ainda aflita.

Ao vê – la, eu soltei um sorriso. Um sorriso vivo, que exalava felicidade. Ela pareceu me fitar confusa, porém logo em seguida, tudo foi esclarecido.

- The Pretty Reckless vem pro Brasil em agosto. – respondi.

Minha mãe pareceu me fuzilar com os olhos. Ela não era capaz de entender ao certo o que a banda significava para mim. Eu sei, eu nunca seria capaz de tocar, ou falar em/com qualquer um dos integrantes da banda, porém, só em vê – los, eu seria o adolescente mais feliz do mundo.

- Onde vai ser o show?! – ela me perguntou.

- Dia três de agosto em Curitiba, dia quatro em São Paulo e dia cinco no Rio de Janeiro.

Eu falei isso meio desconfiado, afinal, eu moro onde Judas perdeu as botas, minha mãe nunca me deixaria ir sozinho para qualquer um dos shows.

- Eu sei que deve significar muito pra você... – ela começou dizendo – porém, como você vai ficar ou ir para qualquer um desses lugares?!

Eu olhei para baixo, confuso. Logo depois, com toda a determinação que eu tinha, falei:

- Me dê o dinheiro que eu me viro.

Até hoje não entendo como ela permitiu que eu fosse, porém isso não importa mais. Eu a abracei com toda a força que tinha e agradeci a ela inúmeras e inúmeras vezes.

Os meses seguintes passaram depressa.

Eu estava muito, mas muito ansioso. Contando os dias e as horas para que o show acontecesse.

Peguei o avião para São Paulo um dia antes do show. Eu tenho uns tios que moram lá e quando a minha mãe explicou a eles a situação, eles não hesitaram em me receber.

Na noite anterior ao show, eu não consegui dormir, só em pensar que eu veria os meus maiores ídolos na minha frente me dava vontade de gritar.

O dia seguinte passou rápido e quando finalmente cheguei ao HSBC Brasil, eram cerca das 17:30. O Show era apenas 22h, porém se eu quisesse realmente ver a banda de perto, eu deveria estar no mínimo entre os primeiros da fila de entrada. Ao descer do táxi, pude ver a fila enorme que se alojava na calçada.

Caramba, quanta gente, pensei ao observar a fila. Me sentei no fim da mesma e aguardei.

O tempo passou, e finalmente às 20:00, abriram os portões para nossa entrada.

Não sei explicar ao certo, mas acredito que nunca corri tanto na vida, afinal, mesmo com tanta gente lá, consegui ficar na grade.

- Nem o maior e mais forte segurança do mundo me tira daqui. – disse, sorrindo, para uma garota que estava ao meu lado. Ela riu e a partir de então, uma multidão passou a aguardar ansiosamente a entrada deles no palco.

Fome, sede e cansaço. Essas três palavras definiam o que eu sentia naquele momento, porém tudo aquilo passaria ao ouvir aquela voz...

- Boa Noite Brasil! A The Pretty Reckless esperou muito por esse momento. Esperamos dar a vocês o show mais foda que vocês tiveram na vida. – gritou a Taylor ao entrar no palco, a minha sorte é que eu sabia/sei inglês fluentemente, logo, não foi problema entender o que ela dizia. Ela vestia uma blusa relativamente grande, que chegava a metade das suas cochas, da banda Metallica, um salto extravagantemente alto e usava tranças no cabelo assanhado. Logo após sua entrada, “Hit Me Like a Man” fez a multidão ir a loucura.

Não tenho palavras para definir o que senti naquele momento. Eu só conseguia gritar. Lágrimas escorriam involuntariamente de meus olhos. Taylor Momsen era, naquele momento, o mais belo ser que eu havia visto na vida.

Após Hit Me Like A Man, vieram: My Medicine, Make me Wanna Die, Nothing Left to Lose (que arrancou infinitas lágrimas de meus olhos) e Goin’ Down, que mudaria minha vida para sempre.

Um momento de silêncio ecoou pelo lugar, ele era interrompido apenas pelos gritos eufóricos dos fãs.

- Hoje farei diferente, ao invés de chamar garotas, chamarei três garotos para dançarem aqui comigo. E ai? Quem tem coragem de abaixar as calças aqui no palco? – gritou Taylor, aparentemente animada.

A multidão vibrou. Gritei tão loucamente, que não percebi o momento em que me puxaram para o palco. Sim, me puxaram para o palco. A sensação de felicidade foi tão insana, que, ao subir no palco, corri para abraçar a Taylor. Eu a abracei e logo depois a olhei nos olhos e disse:

- Você é foda.

Ela sorriu e por fim, respondeu:

- Obrigada!

A Taylor se afastou de mim e começou a cantar a música.

Os dois garotos e eu abaixamos as calças, e Taylor, por sua vez, fez com a gente, danças que digamos, eram proibidas para menores como eu. Mas foda – se. Aquele era um momento único. Eu não tinha a menor das esperanças que ela me chamaria para o palco, afinal, ela normalmente chama garotas, em “Goin’ Down”. Tirando todos os tipos de pensamento da minha mente, me concentrei apenas nela. Nas mãos dela. Senti – las encostando em mim, foi a maior sensação de prazer que eu já havia sentido na vida.

Após o fim da música, eu e os outros garotos ficamos no canto do palco, pois, mais tarde, por algum motivo, Taylor falaria particularmente com os três.

Since You’re Gone, Factory Girl, Zombie e Under The Water, que me provocou arrepios, finalizaram o show. Após o término do mesmo, fui conduzido ao camarim da banda, junto aos outros garotos. Dos três, fui o último a falar com a Taylor. Ao chegar minha vez, não perdi tempo. Entrei correndo e mergulhei de cabeça naquele sonho que não sairia nunca mais da minha memória. Entrando lá, chorei mais uma vez. Meu corpo tremia muito.

- Calma, garoto! – disse ela ao rir e me abraçar – Quer um cigarro?

- Não, Obrigado. – respondi. Caralho, a Taylor me ofereceu um cigarro, pensei.

Eu não conseguia parar de olhar para ela. Eu não conseguia acreditar naquilo que eu estava vivendo. Aqueles olhos azuis pareciam refletir a vida. Eles eram simplesmente o meu mundo.

- Caramba Taylor, você é real! Sei que isso parece idiota, mas é exatamente isso que está vindo até meus pensamentos. – falei ao tocar seu rosto.

Ela sorriu e baixou a cabeça timidamente.

- Sem problemas, eu gosto de pessoas que falam o que pensam.

Eu tremi. Ela gosta de mim, pensei, ela pensa da mesma forma que eu.

Aquilo tudo era surreal demais. Eu não podia acreditar. Era simplesmente impossível.

- Engraçado... – eu disse – Meu sonho sempre foi te ver, te tocar, falar com você, porém agora que estou do seu lado, te olhando diretamente nos olhos, não tenho palavras suficientes para conversar contigo. Bom, eu quero saiba que eu te amo pra caralho, Taylor. As músicas da banda me salvaram, eu não imagino a minha vida sem ouvir vocês todos os dias.

Taylor tocou meu rosto. Ela parecia grata pelo que eu havia dito.

- Poxa, obrigado. – disse ela. – Eu sei exatamente como você se sente. Eu fico assim perto das pessoas que amo. Eu só quero que você saiba que os fãs são o bem mais precioso de um ídolo. Saiba que vocês são tudo pra gente e que eu também amo você pra caralho, OK?!

Ela riu. Eu não consegui conter as lágrimas, apenas a abracei mais uma vez.

De repente, o Ben, o Jamie e o Mark entraram no camarim. Eu soltei a Taylor e falei com cada um deles. Alguns minutos depois, eles tiveram de ir embora. Enquanto nos despedíamos, a Taylor me abraçou de novo.

- Foi um imenso prazer te conhecer, Taylor. – falei.

- O prazer foi todo meu. – disse ela.

Eles partiram e enquanto diziam “até breve”, minha voz parecia ter sumido, por isso simplesmente acenei...

Voltei para a casa dos meus tios cerca das duas e meia da manhã. Cansado, com fome, porém feliz. Afinal, não é todo dia que você tem a honra de conhecer seus maiores ídolos pessoalmente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.