Capítulo 5 - À Moda Antiga

No momento em que Débora enviou a mensagem, ela se arrependeu, pois não sabia com que roupa iria, nem o que falaria com ele, porque puxar assunto não era com ela, sempre quando ficava aquele silêncio constrangedor entre ela e outra pessoa, Débora desatava a falar sobre química, único assunto que ela dominava, mas a outra pessoa começava a ficar entediada e a deixava falando sozinha.

Porém, ela havia prometido à Cassandra e a si mesma que iria tentar ser mais desinibida, principalmente porque ela havia se encantado por Charles e ele parecia realmente querer algo sério com ela, então ela foi pedir ajuda à sua irmã sobre qual roupa usar. Ela não queria ir muito arrumada, mas também não queria parecer desleixada. Acabou por escolher um vestido bordô simples e prendeu seu cabelo de um lado só.

Quando Débora chegou na sorveteria, Charles já estava lá e no momento em que a viu, deu aquele sorriso que fazia as pernas dela tremerem. Ele se levantou para cumprimentá-la:

— Oi, Débora. – disse dando um beijo em sua bochecha.

— Oi, Charles. – Débora respondeu lhe dando um sorriso.

Ele puxou a cadeira para que ela se sentasse.

— Nossa, que cavalheiro. – disse Débora sentando-se.

— Eu sou um cara à moda antiga. – explicou ele.

Débora ficou tímida e não soube o que responder, então ficou olhando para suas mãos em cima da mesa. Charles, percebendo o constrangimento da menina, resolveu mudar de assunto.

— Mas então Débora, o que você achou da sua primeira vez em uma boate? Foi como você imaginava?

— Ah, eu gostei, até me surpreendi. – Débora riu. – Eu tinha uma imagem bem diferente dessas baladas, mas até que dá para conhecer pessoas legais e se divertir.

— Sim, eu gosto bastante da Kurt, sempre vai gente interessante lá, mas em particular ontem. – ele deu uma piscadinha para ela e Débora sorriu.

— Mas você deve conhecer pessoas interessantes toda noite lá!

— Que nada, na verdade nem dá tempo de conversar de verdade com alguém, porque o lugar sempre está cheio e eu fico atolado de clientes para atender, igual ontem quando você chegou, só com a boate mais vazia deu para a gente conversar melhor. – Charles respondeu.

— É verdade, percebi isso. – Débora concordou. – Mas e você, sempre vai a boates?

— Na verdade eu nunca fui fã de balada, já fui a umas duas quando era mais novo por influência dos meus amigos, mas não gostei muito. Aí fui contratado como barman na Kurt, mas eu nunca vim aqui para curtir, só venho para trabalhar mesmo. Acho que passei dessa fase de frequentar baladas. – Charles falou rindo.

—Aaah sim, mas também como você trabalha lá acaba perdendo a graça, né? – perguntou Débora.

— É, um pouco.

Eles ficaram mais um tempo conversando sobre banalidades, até que Charles finalmente criou coragem para falar com Débora sobre o beijo que eles compartilharam na noite anterior.

— Bom, Débora, na verdade eu marquei esse encontro para saber o que você achou do nosso beijo ontem... – Charles começou e percebeu que Débora abriu a boca para responder, mas ele a interrompeu, pois tinha ensaiado um discurso em casa e não queria se esquecer de nada. - Olha, eu sei que você é uma menina séria e eu quero que você saiba que as minhas intenções com você também são super sérias! Eu não saio por aí beijando mulheres que eu conheço na boate, na realidade você foi a primeira mulher por quem eu me interessei desde que comecei a trabalhar lá. Eu realmente gostei muito de você e por isso eu gostaria de saber se você também sente algo por mim...

Débora ficou sem palavras, ela não esperava que Charles fosse um cara tão perfeito assim, parecia um sonho! Ele era um cara à moda antiga de verdade e ela meio que se considerava assim também, eles combinavam tanto!

— Charles, eu... Na verdade eu nem sei o que te dizer... Eu me diverti muito ontem com você como eu nunca havia me divertido antes! Eu sempre tive dificuldade para conversar com as pessoas, porque eu tenho interesses que hoje em dia as pessoas acham careta, mas com você eu pude conversar sobre tudo e ser eu mesma. – Débora respondeu, nem parecia que era aquela menina tímida de sempre, que tinha dificuldade de falar sobre seus sentimentos, mas com Charles ali na sua frente se declarando para ela, Débora conseguiu dizer o que estava sentindo. – Eu realmente gostei do nosso beijo, eu só estou um pouco confusa agora, porque nós praticamente acabamos de nos conhecer...

— E o que você acha da gente se conhecer melhor então? – Charles perguntou e deu um sorriso travesso.

Débora não falou nada, apenas piscou os olhos rapidamente com a surpresa da pergunta e assentiu com a cabeça.

Charles, então, foi chegando mais perto dela na mesa, segurou seu rosto delicadamente com as duas mãos e por fim encostou seus lábios nos dela. Os dois sentiram aquela corrente de eletricidade passando por seus corpos como na noite passada. Débora suspirou e abriu um pouco sua boca, Charles aproveitou o momento para intensificar o beijo. Débora pôs uma de suas mãos na nuca de Charles e eles continuaram se beijando em um ritmo lento, apreciando um ao outro.