Ultimate Class - Fic Interativa

Aquele que luta com monstros, se acautele...


―Chegando em minha casa sem ser convidado, Dreamer? Para visitas mal educadas eu tenho algo bem melhor que chá a oferecer.

Enquanto cada folha do gramado encurvava-se na direção de Poky, ele (e seus 20cm de estatura) continuava estático, observando as sapatilhas de renda de Heat, até chegar à decisão mais sábia do homem em situações de perigo: Correr!

Ligeiramente, ele percorria a rasa vegetação, tentando evitar as folhas que o tentavam agarrar como fãs histéricas. Mas, como companhia vegetal é pouco, ele ganhou também a animal... Eis que os pitbulls desenhados no canson partiram em sua retaguarda, como se os rabiscos no papel tivessem pulado para o mundo tridimensional num sopro de vida - sem hesitar, os cães corriam vorazmente, babando de fome. Poky, infelizmente, parecia ser o jantar perfeito.

***

―Heat e Designer estão lá fora acabando com o dreamer duende. Mas isso é pouco! Eu quero aquela mansão inteira destruída.

―Pode deixar, Ilusão. Farei que sua vingança seja um mérito ao nome dos Callers. Eles jamais esquecerão que quem faz sangrar, hora ou outra também sangrará... - o rapaz sorriu.

―Falando em seu querido sangue, certifique-se de que Flame seja o primeiro a morrer. E que sofra. - Ilusão deslizou a mão sobre a espécie de armadura dourada que cobria o que agora era a cicatriz da queimadura provocada pelas chamas negras provenientes dos braços de Flame.

Nyx, que chegara há pouco, pela entrada subterrânea do prédio, agora estava sentada e aparentemente com o pensamento distante, mas completou: ―Em seguida dê um jeito no bosta do Garma.

―Em pensar que aquele garoto e você tem o mesmo sangue... Você, tão bela e... - os olhos de Ilusão estavam ansiosos direcionados ao colega caller ―Já estou a caminho, Ilusão. - ele foi saindo daquela sala apenas iluminada por um telão e uma estranha máquina central que emitia neon, mas continuou com o olhar em Nyx o quanto pôde.

***

―Esse é meu quarto. - Damian abriu a porta, revelando um cômodo totalmente escuro.

A Coringa limpava e ajeitava suas roupas: ―A maldita entrada secreta por onde passamos era apertada pra caralho.

Damian, já dentro do quarto, falava, enquanto Marlena tentava enxergá-lo: ―Vou te mostrar uma coisa.

Ela estava hesitante, mas foi entrando mesmo sem ver nada: ―Mostrar? Neste escuro?

―Ah! Desculpa, eu esqueci de te dizer... além de controlar diversos tipos de ondas da atmosfera, eu também tenho visão noturna!

―Haha, que merda.

―É sério! - A Coringa escutou o que parecia ser o som de portas de um armário velho se abrindo. ―Mas você também pode ter - ele disse, colocando um óculos de visão noturna em Marlena, vagarosamente para não machucá-la.

Agora ela podia ver, tudo meio esverdeado, mas podia: um guarda-roupas com as portas abertas cheio de "parafernalhas" provavelmente herdadas do Batman, uma cama no centro do quarto e um criado-mudo. ―Devo estar linda com esse trambolho gigante na cara - Damian riu, mas pareceu concordar, porém sem ironia. Ela continuou com as piadinhas: ―O Batmóvel tá aí dentro também?

O garoto seguiu com seu sorriso divertido, e fechou as portas do guarda-roupas: ―Falando em automóveis, você já sabe dirigir, Lena? Tem quantos anos mesmo?

***

Alguns andares abaixo, Pierre adentrava friamente ao porão: ―Morfes, você precisa ir para o Edifício Dexter imediatamente. Apenas o Poky não será o suficiente... - Cogent olhou para Pierre com raiva, fazendo o mesmo interromper sua fala e aproximar-se ―O que foi, criança?

Morfes não esperou a discussão prolongar e prontamente parou de roer suas unhas e partiu para ajudar seu querido amigo Poky.

―Criança? Você deve ter a minha idade, Pierre! No máximo alguns anos mais velho.

―Você se porta como uma criança, criança. Esse Poky que eu citei é do tamanho de um inseto e, ainda assim, pode causar estragos gigantes. Da mesma forma que "tamanho não é documento", idade não significa maturidade. - o tom de voz de Pierre mudou completamente, do calmo estudioso que repassa sua sabedoria, para um trem prestes a atingir um pequeno carro que se meteu em seu trilho: Você sabe o que sua imaturidade causou, Cogent?

―Imaturidade? Essa Morfes tá caidinha por mim, eu matei uma dreamer e ainda atraí outro pro Edifício, para que os callers acabem com ele! São três a menos na conta deles... aliás, na sua? Na deles? Eu nunca sei de que lado você está.

―Cale-se.

―Você não vai me tirar daqui?

―Você é quem está "caidinho" - Pierre demonstrou desdém pela tal expressão - pela dreamer, Niki não está morta e...

Cogent interrompeu: ―Me tira logo daqui, depois a gente conversa! - Pierre virou-se, em retirada: ―De que lado estou? Do meu.

***

A garota voava, parecendo exausta. Sua pele estava exageradamente pálida e seu nariz, assim como outras partes de seu rosto, pareciam estar com um pouco de gelo cristalizado. Foi um alívio ver a Mansão X, seu lar, tão perto (ainda a quilômetros, mas perto, comparado de onde ela estava vindo). Porém ela desviou para esquerda, franziu as sobrancelhas, deixando um pouco de neve cair na altura de seus olhos e derreter rapidamente. Agora parecia realmente brava e, coincidentemente, sua pele corou um pouco.

Niki recuperava-se pouco a pouco e estava indo direto para o Edifício Dexter, sem saber que Cogent, agora seu inimigo número um, estava na verdade no porão de sua própria casa.

***

Dezessete. - Ela observava Damian em seu uniforme apertado que, pela primeira vez (graças à visão noturna dos óculos), não estava "ridiculamente" todo colorido, mas sim verde, assim como tudo à sua volta ―E, por enquanto, só dirijo meus atos - Marlena olhou ao redor ―Aliás, nem sempre...

―Vou te ensinar uma regra sobre direção: No trânsito, Lena - ele aproximou-se bastante dela - verde significa...

Siga.

- Damian tentou beijá-la, batendo sua testa nos grandes óculos de visão noturna. Eles afastaram os rostos e riram. Então Marlena tirou seus óculos, passou as mãos levemente sobre os olhos do filho de Batman, indicando para fecha-los. Agora estava justo. Nenhum dos dois estava enxergando.

Ela o beijou ardentemente, fazendo sua pele acima do joelho, desnuda do short curto, sentir diretamente a textura do uniforme sintético de Damian, enquanto as pernas definidas dele entrelaçavam a desejada coxa de Lena.

***

Com algum esforço, Poky conseguiu chegar às escadarias da entrada do Edifício Dexter. De nervoso, ele deu uma mexida brusca nos cabelos, simultaneamente, ao virar para olhar pra trás. Heat mantinha os olhos azuis escuros... algo lhe dizia que aquela era a forma da menina ativar seu poder. Mas se a grama já estava quieta... o que a caller estaria tramando? Era difícil pensar quando cães nutridos de pura hostilidade estão a cerca de centímetros de distância de seu corpo. Aproveitando os termos "centímetros" e "corpo", Poky decidiu aumentar os seus, voltando à sua altura natural. Foi até fácil chutar o focinho dos dois cachorros, fazendo-os cair por um tempo...

Mas Poky olhou ao redor... Ops, AQUILO não seria tão fácil de deter. Heat sorriu. Ela era mesmo fofa. Poderosamente. Fofa.

***

Niki já planava recuperada, há mais ou menos dois metros do chão. Ao término de uma pequena inclinação no relevo, a menina avistou um rapaz... Com quase 1,90 de altura, o cara tinha os braços fechados com tatuagens. Poderia assustar alguns, mas sua cara de sono deixou Niki tranquila. Ele estava ofegante, parecia ter vindo correndo... A dreamer quis ser simpática, já que ele não parava de observá-la:

―Fazendo cooper? - ela sentiu-se feliz, há algum tempo não via alguém vestindo mangas curtas.

O jovem rapaz pareceu surpreso... Por algum motivo, não esperava essa reação de Niki. "Será que ela não sabe quem sou?"

―Bom, apesar de eu amar esportes, se eu estivesse correndo... mesmo que fosse comigo mesmo... eu estaria em segundo, no mínimo.

Niki achou graça e esboçou um sorriso. Ele também. Mas o sorriso de Blood era diferente do sorriso de Niki. Era maldoso. Ela não notou (ou não quis notar) e seguiu a conversa:

―Não seja pessimista!

―Eu não sou. Aliás, sou bem otimista. Por exemplo, agora... você sabe pra onde estou indo, Niki... ou Jennifer? - ela ficou séria por ele saber o nome dela, tanto de mutante, quanto o verdadeiro. Na verdade, de qualquer forma, já deveria ter sacado que um humano não reagiria tão calmamente à uma garota voando campo afora.

―Se você disser que para o Instituto eu te mato agora mesmo.

―É assim que se trata os amigos, dreamer? Nós dois somos ingleses, temos muito em comum, acho que eu merecia um pouco mais de respeito.

Agora, além de séria, Niki parecia tentar conter sua raiva: ―Callers não são amigos. E, se você quer respeito, conquiste-o.

―Caller? Que bom que adivinhou, um pouco tarde... - "O que é isso? Parece que o braço dele é uma peneira e esse fluído vermelho está saindo desses buraquinhos pra cima, como se não houvesse gravidade!? Ou será que estamos de ponta cabeça? Maldito frio da Sibéria e o que ele fez com meu cérebro..." Niki pensava enquanto sentia raiva de Cogent e, agora, de Blood, que continuava a falar: ...mas, ainda é tempo de eu conquistar o seu respeito antes de matar todos naquela Mansão que você chama de lar.

Niki lembrou-se de sua conversa telepática com Pierre, pelo Cérebro. O colega inteligente havia falado que ela só sobreviveria ao gelo do inverno da Sibéria se tivesse o psicológico forte. "O psicológico, é isso que devo atacar primeiro... vou chutar o óbvio".

―Me fale sobre seus pais...? Quem é mesmo você? - Niki as vezes aparentava ser arrogante.

―Blood. Meu nome é Blood. E meus pais são ricos e sempre me apoiaram. - parecia mentira.

―Sério? Porque é raro um caller ser filho de alguém importante, poderoso... Eu apostaria que você foi criado por alguém, por pura piedade, ou que viveu de orfanato em orfanato. A maioria das aberrações tem um passado assim.

Aparentemente, Blood desinflamou um pouco aquela confiança toda, ―Se eu sou aberração, você também é. - ele fez uma pausa pensativa ―E meu... passado... não lhe interessa.

Ela notou a mudança em Blood e decidiu parar. Apesar de ser seu adversário, Niki não poderia ignorar seu lado humano e a compaixão que ela sentia pelos outros.

Ele não demonstrou tanta compreensão e aquele fluído vermelho escarlate saindo de seus braços pareceu tomar uma forma mais sólida e foi direto em direção a Niki. Acertando-a em cheio.

―Um chicote!? - ela apertou os olhos tentando enxergar os braços de Blood com cuidado ―De sangue!?

―Sim. - Ele confirmou orgulhoso. Seu sangue podia se transformar em armas!

Ela riu. ―É o melhor que pode fazer? Depois de tudo que passei, acha mesmo que ISSO é capaz de me causar algo?

Blood mantinha sua expressão de sono, mas observava Niki curioso, parecia pensar no movimento de ataque que ele proferiria a seguir, afim de machucar o dreamer o máximo possível.

Mas ela foi mais rápida.

Niki apontou as solas de seus sapatos para a direção de Blood e soltou explosões magnéticas fortíssimas. Ao voltar o olhar para ver o estrago que causara contra Blood, uma surpresa...

[...]