Uivos ao luar
Capítulo especial: Treinamento – Parte 1
Os primeiros meses foram os mais duros. Jiraya-sama nos treinava mesmo! Tanto conosco como nos fazendo lutar um contra o outro. Nos dizia sempre o que fazíamos de errado e o que deveríamos fazer corretamente. Não era muito diferente do que Neji fazia comigo, mas pelo menos ele não exclama com frequência. Estávamos perto de uma pequena vila e Naruto e eu treinávamos lutando um contra o outro enquanto Jiraya-sama estava sentado na beira do rio.
– Não! Não! Bakayarou! – Ele exclamou.
Paramos e o olhamos, assustados.
– Vigie os pés, eles darão o aviso para o próximo passo! – Ele dizia – Naruto, Naru tem o Sharingan e lê seus movimentos, mas agora ela não está com os olhos ativados. Seja mais rápido!
– Hum... – Naruto resmungou.
– Gomen... – Disse suave.
– Iie. – Ele disse – Você treinava com Neji, ne.
– Hum, hai.
– Chega de conversa! – Jiraya exclamou, nos assustando – Vão para a água.
– Hã? – Dissemos em coro.
– Concentrem o chakra nos pés e lutem no rio! – Ele disse.
Naruto e eu assentimos. Tiramos as sandálias, eu minhas meias e o colete, e ele amarrou o casaco na cintura. Nos posicionamos e começamos a lutar.
– A mão dela! – Jiraya-sama disse.
Naruto desviou da minha palma, dando a ele a chance de atingir meu estômago.
– O joelho dele! – Jiraya-sama disse.
Me inclinei para trás e desviei do joelho dele, que acertaria meu estômago. Jiraya-sama apertou os olhos em nossa direção, pensando. Naruto e eu nos encarávamos, pensando qual passo cada um daria em seguida. Naruto atacou e eu desviei, dando um contra-ataque e acertando-o. Ele se recuperou rápido, torcendo a expressão e me atacou de novo. Arregalei os olhos, ele foi rápido e me chutou, depois de girar o corpo. Eu exclamei e parei longe, desconcentrando o chakra e afundando no rio.
– Ah! Naru! – Ele exclamou, vindo em minha direção.
Emergi da água e esfreguei meu rosto com o braço, vendo-o se aproximar.
– Gomen! – Naruto disse me ajudando a levantar.
Concentrei o chakra de novo e levantei, ficando de pé na água.
– Daijoubu. – Deixei uma risada escapar – Você ficou bem melhor. – Ri.
Ele sorriu largamente, percebendo isso também. Treinamos mais algumas horas, Naruto não queria parar de treinar e eu também não. Esperávamos que o treinamento contínuo acelerasse o nosso crescimento, nossa evolução para outro nível.
– Oe, chega! – Jiraya exclamou.
– Só mais dez minutos! – Naruto disse, continuando a me atacar e eu a me defender de seus golpes.
Desviei, girando para trás e indo acertá-lo.
– Se exagerarem vão ficar fracos e não fortes, bakayarou! – Jiraya gritou.
Paramos ofegantes e saímos do rio. Jiraya-sama preparou o jantar para nós, foi quando percebemos que já era noite. Tiramos os peixes da fogueira e começamos a comer. Comecei a olhar para a lua.
– Naru-chan. – Jiraya me chamou.
– Uh? – O olhei e mordi um pedaço do peixe.
– Você tem uma técnica em especial?
Parei de mastigar e desviei o olhar, pensando.
– Não exatamente. – Disse – Eu uso o Katon, Juukenhou...
– Entendo. – Ele disse.
– Ero-sennin, Naru pode aprender invocação.
– Naruto, eu já disse que esse tipo de técnica é para certos tipos de pessoas. Precisa de uma grande quantidade de chakra.
– Hum. – Naruto resmungou – Isso porque você não viu a luta dela.
– Eh? – Ele disse em dúvida.
Eu abaixei o olhar, envergonhada.
– Ookami tomou conta dela, mas ela o fez voltar. – Naruto disse enquanto mastigava, quase não deu para entender.
Jiraya ficou surpreso e me fitou.
– Certo... – Cantarolou, pensando – Naru.
O olhei enquanto comia.
– Que tipo de animal você pensa invocar?
– Eh? – Disse em dúvida e desviei o olhar, pensando – Eu não sei... Depois que essa coisa começou a falar comigo, eu comecei a não querer aproximação de animais.
– Entendo. Você consegue falar com ele sempre que quer? – Jiraya perguntou.
Naruto me olhou em dúvida e curioso.
– Não gosto de falar com ele. – Disse emburrada – Mas quando eu preciso, ele me responde.
– Quando precisa?
– Hai. – Disse cabisbaixa – Na segunda fase do Exame Chuunin um garoto me emboscou e Neji apareceu, me ajudando. Mas o garoto era mais forte. Ookami falou comigo e me deu chakra. Eu virei... Hum... Algo parecido com ele mesmo. – Pensava – Nas finais do Exame Chuunin ele tomou conta do meu corpo, eu não conseguia mais me controlar. Ele disse que foi porque eu usei o chakra dele da última vez e porque fiquei fraca naquela hora.
– Entendo. – Jiraya-sama disse, apoiando o queixo na mão cerrada – Teve alguma outra vez?
Eu abaixei o olhar. Naruto pareceu ter se lembrado de algo.
– Quando a gente tentava salvar Gaara! – Ele exclamou.
– Hai. – Confirmei.
– Naru, você precisa controlar isso. – Jiraya disse.
– Eu não sei como. – Disse confusa – Se eu ficar fraca de novo, ele vai me controlar. Por isso quero ficar forte.
– Hum. – Ele pensava – Vamos dar um jeito então.
Abaixei o olhar, assentindo com a cabeça. Terminamos de comer e depois nos hospedamos para dormir. No dia seguinte, Naruto me chamou para ir perto do rio de novo. Jiraya nos seguiu e ficou nos assistindo escorado numa árvore.
– Nani? – Perguntei a Naruto.
– Quero te mostrar uma coisa. – Ele disse.
Franzi a testa em dúvida e ele mordeu o dedo, fazendo selos com as mãos em seguida. Jiraya arregalou os olhos.
– Oe, Naru! Saia de perto...! – Ele exclamou começando a correr em nossa direção.
O fitei em dúvida e Naruto pôs a mão no chão, onde surgiu uma marca grande abaixo de nós. Uma grande fumaça surgiu e eu arregalei os olhos. Me desiquilibrei e caí sentada, era um sapo gigante!
– Naruto...! – Exclamei com os olhos arregalados – Nani!
– Hehe! – Ele sorriu largamente pondo a mão na nuca.
O olhei surpresa e me lembrei do ataque na vila. Foi ele que tinha invocado aquele sapo gigante.
– Oe, Naruto! – O sapo exclamou – O que você quer, baka!
– Ah, Gamabunta! – Ele sorriu – Essa é a Naru.
– Hã?! – O sapo exclamou indignado – Você me chamou pra apresentar sua namoradinha, baka?!
Arregalei os olhos, indignada.
– Não sou namorada dele! – Exclamei pasma.
– Rá! – O sapo exclamou – Me invocou pra que?!
– Pra ela ver como era a Técnica de Invocação! – Naruto exclamou.
– Run! Baka! – O sapo exclamou.
Gamabunta ficou em posição e Naruto arregalou os olhos.
– Naruto, o que ele vai fazer?! – Exclamei desesperada.
– Segura em mim! – Ele exclamou.
Engoli a seco e o fiz, Naruto segurou na roupa dele. O sapo se preparou e saltou. Tenho quase certeza que a vila perto dali escutou todos os meus gritos desesperados. Eu segurava em Naruto, gritando e o chamando de idiota. Por que ele fez aquela idiotice?! Jiraya-sama assistia aquilo do chão e torcia a expressão. Gamabunta saltou por quase metade do dia e eu fiquei rouca por causa disso. No pôr do sol, o sapo parou e pareceu analisar algo. Eu ainda estava agarrada em Naruto, me tremendo com os olhos arregalados.
– Hum, não me chame mais para coisas à toa! Baka! – Gamabunta exclamou – Run!
Gamabunta desapareceu e em meio a fumaça que se dissipava nós caímos em direção ao chão. Naruto aterrissou primeiro e me pegou no colo enquanto eu caía, vendo que eu estava sem condições de aterrissar decentemente.
– Naru, você está bem? – Ele perguntou me pondo no chão.
Acalmei meu olhar aos poucos, ficando com uma expressão indignada. Ele arregalou os olhos quando me viu fechar os punhos.
– BAKAYAROU! – Gritei mesmo com a voz rouca, dando um soco nele e o fazendo parar longe.
Jiraya-sama se aproximou com a mão na cintura.
– Run... – Ele disse – Um dia de treino desperdiçado, Baka!
– Gomen! – Naruto exclamava com a mão no rosto.
Jiraya balançou a cabeça em reprovação e me fitou. Eu seitei no chão, tentando recuperar todo o fôlego que perdi durante o dia.
– Mas você viu como é, ne Naru? – Ele perguntou.
– Hai. – Disse quase inaudível – Não quero fazer isso não.
Ele deixou escapar uma risada.
– Se você está em dúvida de qual animal invocar, pense no que você mais tem medo e o escolha.
– Como assim?
– Se você fizer isso irá controlar seu medo e ele será seu maior aliado. – Ele concluiu.
Abaixei o olhar, pensando. Do que eu tenho mais medo?
Fale com o autor