Depois de se recuperar voltou para seu castelo e se trocou, colocando uma veste negra com detalhes em vermelho, que pareciam galhos de árvores subindo pela calda do vestido e parando ao contornar seu busto, foi para frente do espelho e preparou sua maquiagem, voltaria para os Volturi, toda vez que saía alguém se preocupava ou tinha um problema a mais para resolver.

Negam havia cometido um erro ao concordar ajudar Anúbis a trazer Osíris ao mundo mortal usando seu corpo, ainda se tornou a deusa da morte para ter acesso às informações que ajudariam a encontrar a reencarnação de Didyme Volturi, para alguém mais sensata, foi muita estupidez o que ela havia feito, sem escolha cortou toda sua ligação com ela, com o poder genuíno de um deus e o conhecimento de um foi bem fácil se livrar da Negam e romper todos os laços.

— Só de pensar que ainda tenho que resolver os problemas dos príncipes já bate o desanimo. – Seu olhar estava abatido, se não fosse à maquiagem que usava estaria bem pior, precisava ficar mais apresentável antes de se encontrar com um bando de Volturi’s desconfiados.

— Suprema.. – Moira a encarava com pesar – Deveria descansar antes de retornar para seu consorte.

— Não a tempo para descanso, preciso me livrar de todo o lixo do meu porão e voltar para o meu consorte.

***

Havia lido em Instrumentos Mortais que Magnus Bane ajudou Clary Farchild a invocar o anjo, mas depois do que tinha feito na corte Unseelie era incabível pedir ajuda ao seu antigo professor. Sendo uma deusa não deveria ser difícil invocar um, mas onde seria apropriado? Idris seria de difícil acesso, mesmo ascendendo ao divino não dava para negar o sangue demoníaco em suas veias, e as defesas dos shadowhunters eram bem eficientes.

Observando Nova York de cima uma ideia brotou em sua mente travessa, seria bem apropriado. Se desejar falar com o divino vá à igreja.

Para sua surpresa assim que tentou avançar para dentro da catedral sentiu energias que a repeliam, demônios realmente não podiam pisar em solo sagrado, mas isso não a impediria. Se teleportou para o telhado e chamou o poder do céu.

— Raziel, Ithuriel ou qualquer anjo na escuta, essa deusa demônio precisa enviar uma mensagem para a alta patente das forças celestiais. – Não esperava que lhe respondessem, não era como se tivesse algum anjo olhando para terra e lhe vendo.

Alguns minutos se passaram e nem um sinal de que os céus lhe ouviam foi dado. A deusa bufou irritada.

— Se os arcanjos não estão interessados nos príncipes do inferno que sobreviveram das chamas celestiais voltarei para casa. – Assim que deu um passo para o lado pronta para dar as costas uma bola de luz veio ao seu encontro. – Agora tenho sua atenção, com quem falo?

— Arcanjo Uriel. – Falou a luz dourada. Uma vibração incomoda passava pelos seus ouvidos ficando cada vez mais alto, cada vez que o anjo falava o som aumentava.

— Caro arcanjo, eu sou a nova deusa da morte, feiticeira na minha vida anterior, com magia dos deuses. Usei minhas habilidades para invocar os príncipes quando me foi necessário, coincidentemente eu os invoquei quando Edom estava sendo destruída, agora que acabei com eles não tenho para onde bani-los. Deus não poderia recriar Edom? – Se o arcanjo se recusasse a lhe ajudar várias opções alternativas surgia em sua mente, mas não queria ter tanto trabalho, era mais fácil deixar o céu cuidar do seu próprio lixo.

— Então foi você que os salvou. – Comentou o arcanjo. – O céu ficou um alvoroço por causa de uma pequena deusa.

— Não me rebaixe anjo, eu sou uma criadora de mundos, e tinha o poder da criação antes mesmo de me tornar a deusa da morte. – O céu realmente tinha o dom de irritar seu lado demoníaco, mas tinha que ser paciente.

— Se é tão poderosa porque não se livra sozinha dos príncipes infernais? – O cinismo na sua voz era visivelmente irritante, se tivesse um corpo naquele momento teria o feito pagar por sua audácia.

— Como pode existir o bem se não houver o mal? – Rebateu Megan com uma pergunta retórica. – Se existe o céu para os bons, deve haver um inferno para os maus. É uma questão de equilíbrio, o céu deve ser capaz de entender isso.

— ...

— Avise ao seu chefe que se não tiver um lugar para eu enviar os príncipes irei jogá-los no centro de Nova York junto das legiões de demônios que eles criaram, talvez não tenha shadowhunters o suficiente para lidar com os sete príncipes infernais.

— Não ousaria.

— Quer apostar? – Rebateu Megan com um sorriso no rosto, adorava essas situações, sempre surpreendia seu adversário com um movimento insano. – Sete dias mortais, se não houver um inferno, eles vão criar um.

Sua imagem se dissolveu em uma nuvem vermelha, em quanto à luz brilhante voltou ao céu para contar o que havia escutado.

***

Quando voltou ao mundo de crepúsculo não retornou direto para o ninho de vampiros, mas para o apartamento do Marcus, precisava acalmar sua mente agitada, não queria preocupar seu companheiro e muito menos arrumar confusão naquele estado, até porque se fosse descontar sua raiva destruiria toda a Itália, seria problemático demais.

Sentou no sofá empoeirado, no passado usava para ler sobre aquele mundo, quem diria que tanta coisa poderia acontecer naquele curto período de tempo? Teria sido mais fácil se fosse tudo fruto da sua imaginação. Teria confortado seu coração em saber que havia tirado aquele olhar de melancolia da face de Marcus.

— O que está acontecendo comigo? – Tapou os olhos com suas mãos. – Desde quando sou tão sentimental?

Em quanto estava absorta em seus pensamentos no cômodo ao lado esta Asten, de olhos arregalados em quanto ficava imóvel e respirando o mínimo possível. Belo momento para Megan aparecer, justamente onde estava, se ela soubesse que o feiticeiro estava do outro lado da parede as coisas poderiam ficar feias, quando foi expulso da corte a deusa rainha dos Unseelie estava de péssimo humor, temer por sua vida não seria uma atitude irracional.

Porque Megan teria voltado? Teria acabado seus assuntos na corte e voltado para ver o Marcus? Só torcia para que a raiva dela ter dissipado, ou viver em Volterra estaria fora de cogitação.

— Está se escondendo porque Asten? – Perguntou Megan olhando para direção onde sentia a alma do feiticeiro. – Sou a deusa da morte, sei onde todas as almas da Itália estão localizadas, como não perceberia você?

O feiticeiro saiu do seu esconderijo e olhou para a mulher, não parecia tão irritada comparada ao dia desastroso na corte. Isso era bom, tinha péssimas notícias a dar, seria bom para sua integridade física que o humor dela fosse favorável.

— Está me olhando como se quisesse me dizer alguma coisa, desembucha! – Era obvio o receio do feiticeiro, o que passou na corte deveria estar fresco em sua memória. Embora quisesse descansar depois de tudo que passou, não podia ignorar um problema quando o via, e pela expressão corporal de Asten, com certeza era um problema.

— Aro andou visitando Ianova na sua ausência. – Informou relutante. Megan apoiou o braço no sofá e apoiou sua cabeça em seu punho, estava exausta mentalmente, sua cabeça parecia mais pesada do que realmente era.

— Não enrole, vá direto ao ponto, o grande problema. – Fechou os olhos e espero pela resposta. Hesitante o feiticeiro contou tudo o que tinha presenciado e visto em suas visões, Megan bufou irritada, quando abriu seus olhos sua pupila estava como uma fenda em vez de uma pequena circunferência, o feitiço de ilusão que escondia seus chifres foi quebrado por tamanha surpresa que sua usuária recebeu. – Mas eu não tenho um minuto de paz nesse caralho, Inferno!

Aro havia invadido Ianova e convencido o guardião das fontes termais da luxuria a dar seu sangue para um grupo de vampiros.

— Asten.. – Chamou Megan tentando manter a calma para não explodir nada – É melhor você voltar para onde lá você viva, eu mesma vou cuidar do Aro e dos subordinados dele, é melhor não ficar no caminho.

— Está bem. – Não precisava dizer duas vezes, um portal foi criado no minuto seguinte.