Twists Of Life

Capítulo 3 – Alguém nos deve explicações, muitas explicações.


Etthan’s POV:

O que? Eu não posso acreditar que ela morreu, a única mulher que eu amei verdadeiramente, ela morreu, eu a deixei, e ela morreu, é tudo culpa minha, eu não acredito.

—É-é meninas, creio que eu devo uma grande explicação para vocês... – Disse entre lágrimas.

—Deve mesmo! – Exclamou Natália. Além de ter puxado a beleza da mãe, puxou também o seu lado rebelde e durão.

—Bem, eu ainda não sei por onde começar... – disse pensativo.

—Que tal do inicio? – Me encarou.

—Vejamos... Desde pequeno sempre morei em Londres com meus pais e meus outros 3 irmãos. Eu sempre quis conhecer outros lugares, outros continentes, eu nunca gostei de ficar em um lugar por muito tempo...

— É nós, mais do que ninguém, sabemos. – Natália me interrompeu revirando os olhos.

—Ah, tu não vai começar com essa sua mania de interromper os outros, não agora, faz o favor de fechar essa sua boca e escutar, cacete! – Falou Brenda, fazendo Natália olhar com cara feia.

— Eu sei que a magoei, mas deixe-me explicar, por favor – A encarei.

—Bem, continuando, eu tinha esse desejo por aventuras, por viagens, então quando eu completei meus 18 anos eu decidi que iria fazer uma viajem sem data de volta, mas eu não queria um lugar comum, eu queria algo novo então eu pesquisei na internet, até que eu achei o Brasil... – Contei, todos na sala não piscavam de tão atentos ao que eu falava, fizeram um gesto me mandando continuar e eu consenti.

—Então, eu vim para cá, eu fiquei apaixonado por tudo, desde as comidas até as pessoas, tudo me chamava a atenção, nada era parecido com a Inglaterra. Mas o que mais me chamou a atenção foi certa mulher que guiava os turistas pelo o hotel, ela falava inglês tão bem, que por um momento me parecia uma completa britânica, mais não, estava na cara o que a diferenciava das mulheres britânicas que eu estava acostumado a namorar, aquelas curvas bem definidas, aqueles olhos cor piscina, aquele cabelo cor de ouro, e... Ah! Aquele sorriso, que fazia qualquer pessoa cair em seus pés. Eu não podia negar, eu estava completamente apaixonado por aquela menina, e eu nem tinha conversado com ela ainda. Comecei a puxar assunto com ela, ela era tão simpática, tão informada sobre tudo e todos, todos os dias da minha viajem era com ela que eu conversava e nós tínhamos assunto para tudo, nós se dávamos tão bem... Era uma coisa de louco, eu lembro como se fosse ontem, nós adorávamos brincar de códigos, e sempre mandávamos códigos secretos um para outro, e foi numa dessas brincadeiras que eu mandei um código dizendo que a amava dês do dia em que a vi, ela veio até mim, olhou-me e disse que me amava também. A partir daí começamos a namorar e bom por descuido, ou talvez por ignorância a nossa, deixamos que algo que não estávamos planejando acontecesse... – Fitei Brenda - Roberta estava grávida de Brenda, eu fiquei perplexo, eu não sabia o que fazer, faltava apenas alguns dias para eu voltar para Londres, e com isso ela ficou em choque, ela não parava de chorar, e eu disse que nunca a abandonaria. Então eu fiquei por aqui, tirei um visto com durabilidade maior, ela sempre me falava que tudo daria certo, ela me ensinou a falar português e eu arrumei um emprego, só que os problemas só aumentavam, nós ganhávamos muito pouco, mal conseguíamos se sustentar, e para piorar tudo Brenda começou a ficar doente consecutivas vezes, eu me desesperei, já havia passado dois anos e nem havíamos conseguido juntar algum dinheiro para que pudéssemos nos casar, quando ela veio com a notícia de que eu seria pai novamente, eu tomei uma das piores decisões de toda a minha vida, meu visto estava quase espirando, e invés de eu renová-lo, eu resolvi voltar para Londres, eu disse a ela que eu iria encontrar um trabalho e quando eu finalmente me ajeitasse financeiramente, eu voltaria para buscar ela e vocês, eu pensei que ela fosse surtar e me odiar por essa decisão, mas não, ela me disse que confiava cegamente em mim e que se eu estava dizendo que um dia eu voltaria, era porque eu iria voltar... – Continuei, agora com lágrimas em meus olhos. Natália, Brenda e até mesmo Carlos, estavam aos prantos, a sala estava em silêncio, a única coisa que se escutava eram os soluços exagerados de Carlos e Brenda.

—Então, porque não voltou? Ou, sei lá, porque não deu a ela um telefone, um e-mail, sei lá, qualquer coisa para que ela possa te achar, hein? – Questionou Natália quebrando o silêncio.

—Eu não podia voltar sem ter dinheiro, eu queria arrumar um trabalho e dar uma vida melhor, digna de uma princesa, a mãe de vocês, e a vocês. Eu mandei essa foto, tinha o meu endereço, ainda nessa época eu era apenas atendente do hotel, eu mandei milhares e milhares de cartas, mas eu recebia todas de volta, porque vocês tinham se mudado do lugar onde moravam antes de eu voltar para a Inglaterra, a única que ela recebeu foi essa da foto, mas que também nunca foi respondida. – Falei abaixando a cabeça.

Eu ainda não posso acreditar, contar toda essa história só me fez perceber o quão idiota eu fui, eu deveria ter ficado, ter encarado tudo junto dela, mas não, eu fui fraco. A minha princesa morreu, eu a deixei, quão tolo eu fui, quis deixa-la para poder construir um futuro bom para nossas filhas, com o propósito de quando eu conseguisse finalmente me estabelecer financeiramente eu voltaria e levaria ela, e as nossas filhas junto, mas eu não posso acreditar que ela não está mais aqui, que ela morreu, o amor da minha vida se foi, eu nunca poderei amar uma mulher como eu a amei, nunca.

Brenda’s POV:

Eu não piscava os olhos, prestava a atenção em cada palavra que o nosso pai falava, a história era linda, parecia contos de fadas, ele foi um tolo por tê-la abandonado, mas de certa forma eu o entendo, ele só queria dar uma vida melhor para todas nós, e pelo jeito como ele falou da nossa mãe, ele realmente a amava e eu tenho certeza que ele não estava mentindo quando disse que voltaria para nós buscar.

—Meninas, eu sei que eu não mereço, mas eu peço o perdão de vocês, por favor, me perdoem... – Implorou Etthan.

—Calma pai! Eu te entendo, eu sei que você só queria o nosso bem, eu não te julgo por isso, vocês eram muito jovens, eu não tenho o que te perdoar, ninguém é culpado disso, ninguém! –Respondi abraçando-o.

—E você Nath, não vai falar nada? – Perguntou Etthan enquanto caminhava em direção a Natália. – Você sabia que o seu nome é em homenagem a uma personagem de um filme que eu e sua mãe assistimos um dia antes de eu partir para a Inglaterra? – Completou fitando-a.

— Sério? Que tipo de filme? – Questionou curiosa.

— Sim! O filme era sobre uma menina de classe média que tinha um sonho impossível, mas que era forte, determinada, simpática e muito bonita, com isso ela consegue realizar o seu sonho e mostrar para todos que a menosprezaram que ela podia conseguir tudo o que ela queria, essa menina se chamava Natália. Quando o filme acabou a sua mãe sugeriu que o seu nome fosse Natália, pois ela sabia que você seria igual a essa personagem... E eu posso ver que ela tinha razão. – Respondeu Etthan com um enorme sorriso no rosto. (n/a: imagina que existe um filme assim ok? Kk)

—Pai! – Natália o abraçou com lágrimas caindo de seu rosto.

Agora eu me pergunto, mesmo sem conhecê-la direito como ele conseguiu amolecer o coração de pedra de Natália Fonseca? Ele precisa me contar esse segredo!

Nath’s POV:

Se você acha que uma historinha dessas, de filme, de garota determinada, forte, bonita e coisa e tal fez com que toda a mágoa que eu tenho do meu pai se vá? Você está meio certo (?), eu não consigo esquecer tão facilmente as coisas, mas eu acho que ele merece uma segunda chance, e eu pude perceber que ele amava a nossa mãe e a nós de uma maneira incontrolável, então porque não dar uma chance, esse negócio de dar segundas chances pode ser novo pra mim, mas algo me diz que eu não irei me arrepender (assim espero!).

Puxei Brenda fazendo ficarmos nós três abraçados por alguns minutos.

— Meninas, assim vocês vão me sufocar! – Falou Etthan entre risos.

—Bom, como eu prometi a mãe de vocês, eu voltei aqui não só para vê-las, e sim para leva-las comigo... – Fitou Brenda e eu. – Para Londres! – Completou com um sorriso no rosto.

—Londres!?! – Gritei boquiaberta.

Eu ouvi direito, pouco tempo atrás eu estava ali no meu quarto, pedindo aos céus para que aconteça algo de bom na minha vida entediante, e depois eu reencontro o meu pai, descubro que ele é milionário, que meu nome veio de um filme, e agora, LONDRES! Eu estou sonhando?!

— Londres, Reino Unido, London Eye, Palácio de Westminster, Tower Bridge, Big Ben! – Disse entusiasmado.

—Então, vocês topam? Eu prometo mostrar para vocês Londres de cima abaixo, e aí? – Perguntou Etthan encarando eu e Brenda com um sorriso no rosto.

-Eu já conheço a metade do que você falou aí, hã! – Disse Brenda num tom esnobe.

—Ah, eu fiquei sabendo que a senhorita já fez uma excursão para lá, mas bem, tem muitas coisas que você provavelmente não deve ter conhecido de Londres enquanto esteve lá, e bem, eu posso mostrar tudo e mais um pouco para vocês. – Etthan falou esfregando as mãos.

— Bom, eu não posso deixar a agência, mais eu sei que uma garotinha marrenta vai amar ir com você papai, sempre foi o sonho dela ir para Londres, então... – Falou Brenda apontando para mim.

—Seu sonho? – Perguntou nosso pai, surpreso.

—É-é, bem, digamos que sim... – gaguejei, confirmando com a cabeça.

—Então está fechado minha garotinha marrenta, a senhorita volta comigo para a Inglaterra! – Falou Etthan enquanto me abraçava.

—Eu só vou se a Brenda for junto. –Protestei.

—Agora você vai deixar de realizar o seu sonho por minha causa? – Questionou Brenda cruzando os braços.

—Não, mas eu sei que você pode dar um jeito de ir junto, e será bem mais legal com você lá, vamos, por favor? – Fiz bico.

—Está bem, vou deixar Mia no comando.

— Londres é melhor se preparar, a gatinha aqui está chegando! – Falei fazendo sotaque britânico e provocando risada geral.