Twists Of Life

Capítulo 16 – A arte de ser desastrada


— Pa-a-i? – Minha voz saiu trêmula.

— Vamos Natália, eu te fiz uma pergunta! – Seu tom de voz não parecia nem um pouco amigável.

— Ai pai longa história, mas não aconteceu nada demais, nós se encontramos e tal... – expliquei.

— Natália, você tem noção de quantos jornais você apareceu? E olha que foi na França ainda, imagina aí!

— Oh. Desculpa... Eu...

— Tudo bem... – ele deu um suspiro - Só me promete que vai tomar todo o cuidado do mundo com esse tal de Harry ok?

— Eu prometo!

— Eu confio em você. Vou desligar...

— Ok, beijos, te amo pai.

— Beijos, também te amo. – E assim ele desligou.

Ligação of.

— Papai? – Brenda perguntou com uma colher na boca.

— Sim...

— hm, o que ele disse? – Ela me perguntou curiosa.

— Sua irmã está com a cara estampada em milhares de jornais ao redor do mundo, o que você esperasse que ele dissesse? – a encarei - “Nossa filha que linda você nesse jornal” – ela deu de língua e voltou sua atenção ao doce que comia. – hm, ta bom isso daí já, é? – perguntei encarando ela comer aquele troço como se fosse um pedaço do céu.

— Ta mole ainda, mas eu não resisti.

— Quero um pouco! – Peguei uma colher e fui em sua direção, peguei um pouco e coloquei na boca e, para minha surpresa, estava bom. – Hm, isso ta bom hein. – Falei pegando mais um pouco e ela sorriu. Comemos tudo e ainda fizemos mais, porém acabamos queimando. Jogamos conversa fora, contei a ela sobre a confusão em que me meti, e ela me contou o que ela havia feito enquanto eu estive fora, disse que foi à casa de sua antiga amiga e elas ficaram conversando sobre muitas coisas, contou-me também que estava pensando em fazer um curso técnico para se ocupar até achar um bom emprego por aqui, para ela não seria difícil, era uma ótima empreendedora, sempre se dá bem, em qualquer profissão. Depois de muita conversa, Brenda foi tomar um banho, disse que sairia mais tarde. Resolvi fazer o mesmo, Londres precisa ser explorada.

Troquei de roupa rapidamente e deixei um bilhete para Brenda dizendo que iria dar uma volta pela cidade. Saí e fui caminhando lentamente pelas ruas, até conseguir me localizar e começar a minha exploração. Eu estava com o meu celular em mãos, com a listinha de tudo que eu sempre quis conhecer daqui, acho que a minha desatenção à estrada foi à razão de ter ocorrido isso:

— Ai garota olha por onde anda! – E pela segunda vez consecutiva eu esbarrei em um britânico.

— Desculpa moço, desculpa – Pedi. E ele me encarou, foi aí que eu o reconheci. Reformulando o que acabei de dizer, pela segunda vez consecutiva eu esbarro em um britânico integrante da One Direction.

— Ora, ora, ora – Ele disse rindo.

— Cala a boca Louis.

— Eu não falei nada... Ainda – disse ele e eu ri.

— Desculpa, eu não te vi aí – Falei.

— Eu percebi né... Mas garota tu tem que começar a olhar por onde anda! – Falou fazendo uma pose engraçada.

— Sim, - abaixei a cabeça envergonhada e ele riu – É que eu estava procurando uma rua por aqui... Mas eu acho que estou no bairro errado... – Olhei em volta e depois para o visor do celular.

— Londres é complicada de se andar sozinha Nath, tem que achar alguém que já conheça – Louis disse tentando olhar o visor do meu celular.

— Eu sei ta. Eu não sou uma turista qualquer! – Falei braba e ele riu debochado.

— Sério? Então ta, quero ver você achar essa rua... – Ele duvidou.

— Poxa, ta duvidando da minha capacidade? – Perguntei séria e ele riu.

— Não. Acha a rua! – Ele mandou e eu comecei a andar, olhei para um lado, olhei para o outro e nada da bendita rua. Okay, Natália volte lá até a onde Louis está, engula seu orgulho e peça ajuda ao garoto.

— Hm, Louis? – cutuquei o garoto. Ele coçou o queixo com uma cara de convencido.

— Achou a rua Natália?

— Não, você poderia me ajudar? – pedi fitando meus pés. Ele começou a rir e assentiu com a cabeça.

— Viu! Vê se dá próxima vez ouve o lindo e perfeito Louis aqui! – ele disse colocando as mãos na cintura e eu ri, dando um tapa em seu ombro. – Agora me deixa ver o nome da rua que tu queres ir – Ele pediu pegando o celular que eu segurava em mãos. Ele encarou o visor por alguns segundos, olhou em volta e em seguida me encarou. – Então, é meio longe para irmos de pé, essa rua é do outro lado da cidade, você tem problemas Natália? – Ele disse sério. E eu ri.

— Eu não tenho culpa, eu só me perdi ok? – resmunguei cruzando meus braços.

— Quero ver quando tu tiver andando sozinha por esses becos aqui de Londres e for assaltada ou coisa pior... Londres não é um total paraíso Natália, coisas ruins acontecem aqui também – Louis disse em um tom sério, parecendo aqueles pais aconselhando os filhos.

— Pode deixar senhor Louis. Tomarei todo o cuidado. Papai. – Eu falei séria. Mas comecei a rir assim que vi a cara que ele fez quando o chamei de ‘papai’.

— Ok, eu tenho que ir agora, vou encontrar com um amigo meu. Mas ei, se cuide ok?

— Espera Louis. – ele se virou novamente para mim soltando um “sim?”. – Porque não tem fãs atrás de você? – Questionei curiosa, não havia nenhum sinal de alguma adolescente maluca berrando e gritando o nome de Louis.

— Você já olhou ao redor? Estamos no barro menos movimentando de Londres, quem passa por aqui são só os que são obrigados por conta do trabalho e coisas do gênero. – explicou.

— E afinal o que o senhor está fazendo aqui?

— Vim na casa do meu amigo, está a fim de ir comigo? – Ele pediu, mais por educação do que por querer realmente que eu fosse com ele.

— Não, obrigada. Já passei tempo de mais com One Direction...

— Mas ele não é da...

— Não, Louis, agradeço o convite. – o cortei. Ele riu e deu um aceno dando adeus e sumiu por entre as ruas.

Londres, Londres, porque tão complicada? E eu que achava que te conhecia de cima abaixo. Olhei para o visor do celular lendo os nomes das ruas e dos lugares que eu gostaria de visitar. Quando eu ainda estava no Brasil, eu deitava na cama um pouco antes de dormir e imaginava os lugares que eu gostaria de visitar pela Inglaterra, a cada noite era uma cidade diferente, Londres, Liverpool, Manchester, Oxford... E era tudo tão mais fácil, eu visualizava o lugar e dizia na minha mente que era ali que um dia eu iria pisar.

Puxei meu casaco a fim de fechá-lo totalmente. Estava frio, mas eu gostava disso. Adentrei uma rua minúscula, por entre dois prédios, caminhei lentamente enquanto eu tentava me localizar, quando cheguei do outro lado e tirei os olhos do visor do celular, levando a minha visão para o local aonde eu estava, eu conhecia aquele lugar, eu estava no Trafalgar Square. Sorri vitoriosa por ter conseguido chegar num ponto turístico, mas ao mesmo tempo me senti uma simples turista.

De repente, algumas adolescentes de uns quinze, quatorze anos começaram a se aproximar de mim, eu as encarei estranhando, logo uma dá um berro, o sotaque britânico era visível. Mais garotas surgiram, sei lá da onde, e formaram um círculo ao meu redor, eu não tinha noção do que estava acontecendo ali, só sei que deve ser algum mal entendido. Elas começaram a falar juntas, berrando coisas que eu não conseguia entender, eram coisas misturadas com o inglês e com francês. Me senti sufoca e logo dei um basta na bagunça das garotas:

— ESPEREM! O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – gritei com um inglês arrastado. Todas elas calaram a boca e me encaravam com um misto de surpresa e medo no olhar. – Desculpem, pelo meu jeito, mas eu não entendo porque esse alvoroço todo garotas! – falei.

— Desculpa Natália, nós ficamos malucas quando a reconhecemos! – uma delas falou.

— Como você sabe meu nome?

— Você é a namorada de Harry Styles, todo mundo sabe seu nome! – uma outra garota loira disse.

— Namorada? Harry Styles? – eu torci o nariz. – Não! Não! Harry é só meu amigo e meu Deus que coisa louca!

— Não tem problema, a gente só quer saber como é ser beijada por Harry Styles, nós somos directioners! – uma menininha que aparentava ter uns dez anos disse animada.

— Oh, claro. Eu também sou directioner. Mas veja bem, eu não beijei o Harry. Eu só apenas amiga dele... – Me expliquei, elas pareceram não ouvir e começaram a berrar coisas que eu não conseguia entender. Eu queria sair dali, mas eu não conseguia, elas pediram para tirar foto comigo, eu não neguei, fiquei ali aproximadamente mais de uma hora, tirando fotos e repetindo “Eu não namoro o Harry” diversas vezes. Depois de longo tempo sendo assediada por algo que não tinha nem pé nem cabeça, elas me liberaram, corri para pegar um táxi e voltar para casa, não queria nunca mais sair e me deparar com uma situação daquelas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.