- Ei Di, você não quer repetir pra mim porque o casamento é no Olimpo mesmo? – Seth perguntou ainda desanimado.

Aproximei-me um pouco da porta do banheiro e o vi travando uma luta com a gravata a fim de dar um nó nela. Segurando o riso o vi desistir, ficando apenas com o terno, e a camisa branca com a gola levantada. O cabelo penteado para trás, mas nada artificial, com um leve topete. Naquele momento eu tive a certeza de que nunca tinha encontrado um homem tão lindo como ele. Eu passei por séculos e vivi milhares de tendências, vi milhares de homens com belezas peculiares, mas nenhum se comparava aos olhos castanhos marcantes e aquele cabelo brilhante e macio. E muito menos com o perfume doce e tentador que impregnava nas minhas roupas e no meu corpo e me perseguia.

- Não sei amor, a Perséfone tem um gosto bastante peculiar, talvez Mekah quisesse voltar às origens. Meu pai insistiu também, como se quisesse se perdoar por não ter feito nada na situação que ocorreu com o Hades. Por que você parece tão desanimado? – disse sorrindo.

- É que sei lá, eles não podiam fazer aqui como fizeram Edward e Bella? O Olimpo é tão...

- Você está com medo do meu pai?

- Não. Claro que não... Ou talvez. Sei lá, você não lembra quando a gente transou pela primeira vez? Di, não parava de relampejar ou coisa parecida, achei que o teto da casa ia cair sobre nossas cabeças.

Não pude evitar dar uma risada e Seth resmungou alguma coisa.

- Realmente, eu tive que fazer muito esforço pra manter o teto no lugar – ele se virou para o banheiro assustado – É brincadeira amor. Não vai acontecer nada, meu pai parece um pouco hostil no começo, mas ele é bem tranquilo.

- Claro, porque “tranquilo” é uma típica característica do deus da tempestade – ele debochou.

- Vai ter muitas testemunhas, fica tranquilo, ele não vai fazer nada. No máximo apertar sua mão um pouquinho mais forte, mas você está acostumado – continuei a rir enquanto arrumava meus brincos.

Ao terminar de colocá-los, me olhei mais uma vez no espelho para certificar de que estava tudo certo. O vestido em tom bege, de um tecido leve, com a cintura marcada com uma fita marrom de seda, e mais solto embaixo, como de uma princesa, disse a Alice antes de me dá-lo. Abaixei para afivelar a sandália e ao levantar encontrei Seth com um enorme sorriso, e o olhar um tanto surpreso e ao mesmo tempo admirado. Droga, já tinha falado o quanto o sorriso dele é lindo? E ele me deixa embaraçada. Até hoje. Isso é ridículo.

- Diana, eu achava que isso era impossível, mas você está mais linda do que nunca!

Eu adorava esse nome humano na voz um pouco rouca e sexy dele.

- Bobo, não tem nada demais. – sorri e me virei para ele – Você que está maravilhoso, nunca te vi de terno, cai bem em você. – disse deslizando a mão pelo seu blazer.

- Você gostou? Eu ia colocar a gravata, mas não me dou bem com essas coisas. Você quer colocar pra mim?

- Não, assim está ótimo.

Ele colocou as duas mãos em minha cintura e me puxou e nós nos beijamos. Logo, descemos as escadas para se juntar aos outros, para irmos todos juntos. Alice estava arrumando a gravata de Ian acompanhada de Rosalie que tentava arrumar seu cabelo, sendo vigiada pelo olhar ciumento de Emmet. Carlisle e Esme conversavam com Nessie e Jacob, Jasper lia um livro no sofá e Edward e Bella namoravam em um canto afastado da sala de estar. Quando chegamos à sala, Nessie e Jacob vieram até nós.

- Ah até que enfim vocês chegaram. Eu não aguentava mais essa atmosfera meio velha. – Renesmee reclamou.

- Que isso Nessie, seus avós não são velhos. Eles só têm uns cento e poucos anos. – sorri para Esme que nos observava admirada.

- Esqueci que estou falando com a mais velha de todas.

Nós começamos a rir e depois fui até Mekah para saber como estava.

- Ah até que enfim! Ele não deixa arrumar o cabelo, espero que consiga – Rosalie me entregou a escova e foi ficar com Emmet.

- Ele está maravilhoso, Alice, você fez um ótimo trabalho.

- Infelizmente eu não fiz nada. Odeio estar aqui, odeio a Perséfone – falou com um biquinho.

- Qual é Alice? Só porque ela não deixou você ir arrumá-la? – Mekah disse.

- Claro! É uma ofensa pra mim! Como ela pode ter decidido se arrumar no Olimpo e não me levar? Eu arrumei a Bella e quer saber? Ela foi à noiva mais linda do mundo!

- Sei lá, talvez porque a Afrodite, a deusa da beleza vai arrumá-la? – Mekah disse com sarcasmo.

– Alice calma, não é o fim do mundo. Se a gente for agora, você vai comigo para dar uma olhada em como está indo a Perséfone – tentei inutilmente, acalmá-la.

- É, talvez você esteja certa. Então porque a gente ainda não foi? – falou enquanto pegava a bolsa e dava uma olhada no espelho – VAMOS LOGO, O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO? Ta Jasper, eu já estou melhor... Pode parar de tentar me acalmar! – Jasper passou o braço em sua cintura com um sorriso.

Fomos atrás dela, rindo de seu surto por ter sido substituída por Afrodite. Na verdade, Perséfone foi obrigada a se arrumar no Olimpo já que Macária passa um bom tempo por lá com Apolo. O que me irritou, afinal eu queria ajudar minha amiga com os preparativos para o casamento dela. Mas não posso comparar com Alice. Ela odiou a ideia, lutou até o ultimo minuto, inventou uma visão de que o vestido rasgaria, mas não conseguiu vencer o pedido manhoso da filha de Perséfone.

Quando nos posicionamos perto do lago, uma espécie de passagem que emitia uma forte luz branca se abriu para nós. Aos poucos cada um de nós entrou e assim que a última pessoa passou, ele foi se fechando aos poucos até se tornar um mísero ponto. O portal havia nos deixado em frente ao palácio do meu pai, mas logo Renesmee nos convidou a olhar para baixo e observar todo o lugar. Continuava maravilhoso, com um céu azul e brilhante, pois nunca havia nuvens ali.

No pico o castelo de Zeus, feito de cristais e com pilastras típicas das construções gregas, era o palácio mais rico, delicado e extenso do Monte Olimpo. Nos outros cumes vinham os palácios dos outros deuses e cada um denunciava quem era seu dono por ter um aspecto peculiar deles. O monte era coberto por flores e um manto verde, com leves cachoeiras que caíam da beirada dele.

- Ei até que enfim vocês chegaram! Sejam bem vindos a minha casa! – meu pai nos recebeu sorridente ao lado de Hera.

Adentramos no castelo que estava ricamente decorado com delicadas flores e ao fundo, antes dos tronos de meu pai e Hera, tinha sido montado um pequeno altar, coberto por um teto de seda, e alguns bancos onde já ocupava vários deuses. Os Cullen foram procurar seus lugares enquanto Alice esperava inquieta ao meu lado para que eu perguntasse a meu pai sobre o paradeiro de Perséfone.

- Art, como você está linda minha filha. Vem cá, dá um abraço nesse velho pai. – ele abriu os braços.

- Que conversa é essa pai? Desde quando você se trata como velho? – comecei a rir e o abracei.

- É mesmo, ficou estranho né? Veja só, então esse é o Seth.

Afastei-me de seus braços e fiquei perto de Seth, entrelaçando nossas mãos.

- É pai, esse é o Seth, meu namorado. – sorri animada.

- Olá senhor Zeus – ele fez uma cara estranha e estendeu a mão.

- Que Mané senhor Zeus o que rapaz? – ele sorriu e apertou a mão dele, forte como eu tinha previsto.

- Ok pai, já deu. Ei onde está Perséfone? Eu e Alice queremos vê-la.

- Ah ela está no quarto de Hera, pode ir lá – ele disse enquanto passava o braço ao redor de Seth, como se o apertasse para um abraço. Aos poucos eu o vi ficando roxo.

- PAI! Ta, já deu. Ok que o senhor não aceitou o fato de eu não ser mais virgem, mas...

- Filhinha não entendo. Foi você que pediu.

- Eu não pedi coisa nenhuma! Você que quando descobriu que eu estava afim do Órion aprovou a ideia do Apolo de me fazer a deusa pura das matas! – falei enquanto tentava tirar Seth dos braços do meu pai.

- Ta bom Art. Agora não tem mais jeito né? O que está feito, está feito. – meu pai olhou para Seth – mas não dava pra esperar um pouquinho? Sei lá, até ela fazer uns 10.000 anos?

- Droga pai, para com isso!

Alice segurava o riso e Seth respirava fundo tentando se recompor. Puxei os dois em direção ao quarto de Hera e ao chegar, encontramos Perséfone rodeada por Macária, Afrodite e Atenas. Estava com um maravilhoso vestido branco de folhas e flores em cristais swaroviski com crepe de seda fazendo o estilo grego esvoaçante.

- Eu sabia que não iam conseguir segurar a Alice por muito tempo – Perséfone disse – Não deixei ninguém cuidar da minha maquiagem, não quer fazer isso? – ela sorriu para Alice.

- Perséfone consegue ser irritante quando quer! Insisti muito para fazer a maquiagem dela.

Afrodite disse colocando as mãos na cintura com seus lindos cabelos dourados e ondulados, de olhos azuis marcantes que encaravam a pequena Alice. Ela me lembrava Rosalie, talvez pela prepotência e às vezes o súbito momento em que eram legais com você.

- Sorte a sua que sempre trago meu estojo de emergência ok? – Alice encarou Afrodite com um sorriso cínico.

Observei a maleta grande que Alice trazia e sorri para Perséfone. Com um sorriso enorme, foi se juntar as outras deusas gregas para ajudar a deixar a noiva mais linda ainda.

- Artêmis você está linda, como posso competir com você? É impossível.

- Deixa de ser ridícula Perséfone! – comecei a rir – Você está maravilhosa. Mekah vai ter um infarto quando te vir assim.

- E ele como está? – seus olhos verdes brilhavam intensamente.

- Muito bonito. Alice ajudou a arrumá-lo.

- Bom então ele realmente deve estar bonito – Perséfone sorriu para Alice.

Realmente, só no dia do casamento para Perséfone estar com um ótimo bom humor. Queria fazer com que ele se repetisse todos os dias. Continuei sorrindo, era bom vê-la casar, finalmente, com alguém que ela amasse. E que a amasse também. Com o fim do Hades nas mãos de Nyx, não houve mais empecilhos para que finalmente Mekah e Perséfone pudessem ficar juntos, pela eternidade.

- Sei que você está querendo me conquistar com esse seu bom humor repentino Perséfone, mas eu ainda não te perdôo – Alice falou e fez um biquinho.

- Ah qual é Alice? O que te custa me perdoar? Aproveita, eu estou bem hoje! – Perséfone riu.

- Vou terminar sua maquiagem e pensar no seu caso.

- Ok, eu vou lá pra fora ok? Estou esperando vocês.

Fechei a porta atrás de mim e Seth virou com um sorriso aliviado no rosto.

- E então como está a Perséfone?

- Ela está ótima! Olha desculpa pelo meu pai, ele nunca teve uma filha que ficasse com um mortal, ainda mais sendo um metamorfo.

Ele sorriu e me abraçou forte, e quando nos separamos, entrelaçou seus braços em minha cintura e me perdi por alguns segundos em seus olhos.

– Pelo menos ele não jogou um raio na minha cabeça ou coisa parecida – nós começamos a rir.

– Está tudo bem. Eu fiquei com um pouco de medo, mas depois pensei que nós passamos por tanta coisa pra chegar até aqui e eu desistir porque seu pai é o rei dos deuses?

– O deus dos Deuses, o manda chuva! – a voz do meu pai trovejou pelo salão.

– Ok, foi mal ai Zeus – Seth se desculpou rindo – E acima de tudo, não teria força capaz de me fazer desistir do meu mundo.

– Ah Seth, eu amo tanto você – sorri e o abracei novamente.

– Ok, desculpa atrapalhar o casal, mas eu cheguei!

Desvencilhei-me dos braços de Seth e encontrei Eowyn sorridente nos observando. Corri até ela e a abracei, nós não nos víamos desde viagem ao Tártaro. Que por acaso, já fazem 2 anos.

- Eowyn! Há quanto tempo, você desapareceu – sorri para ela.

- Só um pouquinho, estava ajeitando umas coisas por aqui. E Perséfone, onde está?

- Está aqui no quarto da Hera. A gente se encontra lá?

- Claro! Só vou ver a minha antiga protegida – ela riu e entrou no quarto.

Depois Seth e eu nos dirigimos para o lugar onde seria feito a cerimônia, cumprimentei alguns deuses, e sentamos na mesma fileira em que estavam os Cullen. Olhei para o simples e maravilhoso altar, em que Mekah já estava esperando ansioso pela sua amada. Conversava alegremente com Makária que vestia um magnífico vestido vermelho composto por um corset tomara que caia decorado com algumas flores. Enquanto a saia era longa coberta até a metade por um tecido idêntico ao do corset e o resto um tecido preto de seda.

Assim que voltamos de Tártaro, Mekah e Makária conversaram bastante a fim de se conhecerem. Sabiam que demoraria a recuperar o tempo perdido, mas já se comportavam como pai e filha. Apolo e Makária assumiram um namoro depois que esta salvou a vida dele, de repente ele esqueceu a paixão louca que tinha por mim e desenvolveu uma espécie de afeto por Makária, e não demoraria a se tornar amor. Era estranho, mas bonito de se ver.

Em alguns minutos, começou-se um leve som de violino e não demorou para que Perséfone aparecer na entrada. Sozinha, desfilou pelo tapete vermelho entre os bancos, sorrindo para os conhecidos e segurando um buque de rosas vermelhas. Logo, já estava nos braços de Mekah que beijava sua testa e a seguiu até o altar onde meu pai esperava para começar a cerimônia.

***

Seth p.d.v

Quando voltamos do Olimpo, deixei Diana na casa dos Cullen e fui para a minha trocar de roupa e pensar em como faria uma surpresa para ela. Chegar em casa e não encontrar a Leah de cara feia, ou na cozinha reclamando do quanto odiava fazer comida, ou só por estar ali perto, era muito torturante. Antigamente, quando éramos crianças e acabávamos brigando (o que era constante) às vezes a gente praguejava um ao outro pra que ele morresse. Só que se antes eu soubesse o quanto dói perder a Leah, eu nunca teria dito.

Subi para meu quarto e tomei um banho quente pra tentar tirar aquela carga negativa que tinha recaído sobre mim quando me lembrei da morte de Leah. Assim que terminei, enrolei a toalha na minha cintura, ajeitei meu cabelo no espelho e quando cheguei no quarto levei um tremendo susto.

- Oi Seth – Vanessa falou com uma voz sexy.

Ela estava sentada em minha cama com um vestido lilás leve, extremamente parecido com os que a Diana usava. O cabelo estava com alguns cachos e pra minha incrível surpresa, estava loiro.

- Vanessa? O que está fazendo aqui? – perguntei assustado.

- Ei não está feliz em me ver? Eu vim te dar os meus pêsames pelo o que aconteceu com Leah, sinto muito.

Ela se levantou da cama e tocou em meu ombro, deslizando seus dedos pelo meu braço. Afastei dela e procurei por algo que pudesse me cobrir todo, encontrei uma camisa e a vesti rapidamente.

- Vanessa, achei que a gente já tinha conversado sobre isso. Nós terminamos. – falei tentando parecer educado, mas com ela era difícil.

- Não Seth. A gente não conversou direito. Você nem ao menos me deixou explicar.

- Explicar o que Vanessa? Não tinha nada pra ser explicado.

- Claro que tinha! Você deveria ter ouvido o que eu tinha a dizer. Você acha que eu fiquei feliz por ter terminado comigo pra ficar com aquela loira falsa? Pareceu que foi falso comigo o tempo todo! Achei que nosso namoro era algo verdadeiro.

- Nunca fui falso com você Vanessa. Eu só nunca te amei.

- Para de falar assim! Você me ama sim, a gente se ama Seth. Olha pra mim, diz que não sente nada.

- Você acha que vou cair nesse jogo estúpido?

- Que jogo Seth? Não tem jogo nenhum. – disse nervosa.

- Está tentando parecer a Diana, pra ver se eu mudo alguma coisa.

- Que ridículo Seth! Não tem nada a ver.

- Magina, você só está com um vestido idêntico ao que ela gosta de usar e pintou o cabelo de loiro.

- Quis fazer uma transformação radical, ficar mais bonita pra você, deixa de ser ingrato Seth! Não pode mentir pra nós, você me ama.

- Olha aqui Vanessa, eu nunca te amei. Estava com você porque pretendia ter uma espécie de imprinting, mas sei que fiz a coisa errada. A Diana é meu imprinting e eu a amo tanto, que nem essa sua tentativa ridícula de se parecer com ela vai dar certo.

- É mentira Seth. VOCÊ É UM MENTIROSO! QUER SABER? NÃO DOU UM MÊS PRA ELA TERMINAR COM VOCÊ E FICAR COM UM DEUS QUALQUER! É EU SEI QUE ELA É UMA DEUSA. E VOCÊ ACHA MESMO QUE ELA IRIA QUERER UM MORTAL COMO VOCÊ? RIDÍCULO É VOCÊ SETH. – ela respirou fundo e olhou nos meus olhos, os dela estavam marejados, mas eu sabia que era mentira, ela nunca chorava – Ela não ama você como eu te amo. E quando você perceber isso vai ser tarde demais! Não quero te ver nunca mais Seth.

- Essa foi a melhor coisa que você já disse na sua vida.

Ela deu um gritinho abafado e saiu batendo forte o pé pelas escadas e no chão velho de madeira, então ela tentou quebrar a porta e logo depois saiu.

- Ei cara, to entrando!

A voz de Jacob ecoou no ambiente e eu gritei de volta falando que ele podia ficar a vontade. Vesti uma calça e desci logo e o encontrei na cozinha.

- Fala Jake.

- Parece que alguém saiu daqui bufando.

- É você a encontrou? Veio aqui me fazer uma chantagem emocional.

- Ela estava parecendo alguém...

- A Diana cara! Que menina ridícula, ela nunca conseguiria chegar aos pés da Di.

- Que conversa de apaixonado. – ele riu e bebeu um gole de cerveja.

- H-a-h-a. Olha quem fala. Ei Jake posso te perguntar uma coisa?

- Claro Seth, fala ai.

- Bem, eu to querendo fazer uma surpresa pra Diana, mas sei lá, eu to com medo.

- Que tipo de surpresa?

- Sei lá, tipo pedi-la em casamento – falei baixinho.

- PEDIR A DIANA EM CASAMENTO? – Jake gritou depois de cuspir em mim a cerveja que estava em sua boca.

- Parece que não mais né? Depois dessa sua reprovação – limpei meu rosto.

- Não cara, que isso, foi mal. É que parece estranho pedir uma deusa em casamento.

- É por isso que eu estou com medo. Pensa: quantos admiradores ela não deve ter tido? Quantos caras pedindo ela em casamento? Eu não posso simplesmente comprar um anel e pedir. Vai ser sem graça.

- Seth calma, sem neura. Ta que ela viveu milhares de anos e já foi cortejada varias vezes.

- Cortejada? – gargalhei.

- Estou entrando no ritmo dos mil anos ok? Não me atrapalha. Porque sei lá, não leva ela num lugar especial?

- Continua sendo muito simples.

- Mas cara, a Diana é uma garota simples. Você vai ficar tentando fazer algo esplêndido e ai depois fica pior.

- É mesmo, você parece que ta certo.

- Eu já sei! Você ainda sabe tocar violão?

Sorri e subimos correndo para o quarto.

***

- Então você pretende chamar o Seth para viajar? – Perséfone perguntou enquanto enrolava uma mecha com o dedo.

- Acho que sim. Pra gente ter um tempo pra nós dois sabe? Aquela coisa romântica que você adora – falei com sarcasmo.

- Ei eu casei hoje ta legal? Isso foi algo romântico.

- É ok Perséfone. Aliás, porque sua lua-de-mel ta atrasada mesmo?

- Está atrasada alguns minutos ok? Só conseguimos avião pra amanhã. Mas pra onde você pretende chamá-lo?

- É clichê demais. Mas é o lugar que eu mais amo.

- Não me diga que você vai pra Grécia – ela fez uma careta.

- Sim! Eu vou! Ah eu gosto tanto de lá.

- Artêmis, o Seth está fugindo do seu pai, ai você vai pra cidade dele?

- Primeiro, ele não está fugindo do meu pai e segundo, teoricamente, meu pai não mora na Grécia.

- O Olimpo fica aonde? Ah desculpa, parece que não é em Paris – ela deu uma risada.

- Obrigada por perder o seu bom humor comigo – sorri de volta – Aliás, eu acho que vai ser ótimo.

- Ok, ok. Eu me rendo. Vou lá ver como o Mekah está ok?

- Aham eu já to descendo.

Perséfone saiu e eu fui arrumar algumas roupas no closet. Prevenida era uma característica típica minha por isso fui dar uma olhada nas roupas que eu podia levar pra viagem. Mesmo não falando com o Seth, eu sabia que ele ia gostar da ideia de uma viagem só nós dois, finalmente a gente teria privacidade, paz e poderia curtir nossa eternidade juntos.

De repente o barulho de pedrinhas, batendo de encontro ao vidro, me fez interromper o que estava fazendo. Fui até a janela e não pude evitar sorrir quando notei que era Seth lá embaixo segurando um violão.

- Seth? Porque não entrou amor? – perguntei abrindo a janela.

- Eu quero te perguntar uma coisa Di.

Ele sorriu para mim e começou a tocar alguns acordes. Quando começou a cantar eu realmente não posso descrever a emoção que senti durante aqueles segundos.


Together can never be close enough for me

("Estar junto" pode nunca ser perto o suficiente para que eu)

Feel like I am close enough to you

(Sinta que estou perto o bastante de você)

You wear white and I'll wear out the words “I love you”

(Você usa branco e vou usar as palavras "eu te amo")

And “you're beautiful”

(E "você é linda")

Now that the wait is over

(Agora que a espera acabou)

And love and has finally shown her my way

(E o amor finalmente mostrou a ela minha maneira)

Marry me

(Case comigo)

Today and every day

(Hoje e todos os dias)

Marry me

(Case comigo)

If I ever get the nerve to say hello in this café

(Se eu nunca tiver a coragem de dizer Olá neste café)

Say you will

(Diga que você vai)

Mm-hmm

Say you will

(Diga que você vai)

Mm-hmm


No fim, ele deixou o violão no chão e subiu pelas paredes entrando no meu quarto pela janela. Ele sorriu para mim e acariciou meu rosto. Continuei em silêncio pois as palavras estavam presas na minha garganta. Então eu sorri e me perdi em seus profundos olhos castanhos. Depois analisei seu sorriso enorme, sua expressão ansiosa, sua mão em meu rosto.

Por todos esses anos, ninguém nunca havia me pedido em casamento. Por ser uma deusa pura das matas, me mantive afastada de qualquer contato intimo com algum homem. Até que Seth apareceu e agora meu coração não era mais meu, e sim dele, somente daquele homem de cabelos castanhos, pele avermelhada e olhos terrivelmente sedutores e maravilhosos.

- Seth, eu não sei o que dizer... – dei uma risadinha sem graça.

- Só diga que você vai. – falou colocando uma mecha do meu cabelo de trás da orelha.

- Sim, sim, eu aceito!

Pulei em seus braços e ele me deu um abraço forte, como nunca tinha feito antes, e eu me senti completa, pela primeira vez na vida.

- Ah você não sabe o quanto me deixa aliviado... confesso, estava morrendo de medo.

- Estava com medo de me pedir em casamento Seth? – sorri para ele.

- Sim, porque afinal eu sou um simples mortal e você uma deusa perfeita. Já deve ter recebido diversos pedidos de casamento e eu queria que fosse especial.

- Foi especial, simples mas perfeito. E quer saber de uma coisa? Ninguém nunca me pediu em casamento.

- Qual é Art? Você já deve ter tido muitos namorados.

- Não, bem poucos. Eu era a deusa virgem das matas, esqueceu? – nós rimos.

- Uau, não me sinto nem um pouco mal de ter tirado essa característica sua.

- Perai, você me chamou de Art...

- Ai é mesmo... foi mal você não gosta desse apelido.

- Eu amei ouvi-lo nessa sua voz perfeita.

- Perfeita é você futura sra. Clearwater. E olha, sei que não vamos viver pela eternidade, como Perséfone e Mekah, mas saiba que mesmo quando eu estiver longe daqui, perto da Leah.... saiba que meu coração ficará com você. Eu te amarei para sempre Art.

- Ei, não fale assim... você não vai me deixar.

- Você sabe que vou Art... não posso viver para sempre.

- Tenho que te contar uma coisa... quando um deus conhece um mortal, e se apaixona tão perdidamente, a ponto de lhe entregar seu coração, ele deixa de ser um mero mortal... e torna-se imortal. Cuida bem do meu coração Seth, eu entreguei ele a você.

Ele abriu um sorriso enorme e beijou minha mão. Conduziu-me lentamente até a cama onde aproveitamos muito a nossa primeira noite como noivos.


***


Alice p.d.v

- O que você acha que pode ser hein? Ela veio à viagem toda desse jeito.

Seth olhou para Esme preocupado. Artêmis e ele haviam chegado esta noite para viagem e estávamos fazendo uma espécie de jantar para reunir toda a família e para cuidar dos últimos preparativos do casamento deles, que seria amanhã. Assim que chegaram, Artêmis correu, enjoada, para o banheiro. Eu sabia o que era, mas queria que ela contasse. “Alice, porque tem um teste de gravidez aqui?” Ela sussurrou no banheiro.

- Fique tranquilo Seth, não vai ser nada demais. – Esme tentou tranqüilizá-lo.

Corri para o banheiro e a encontrei assustada.

- Bom não sei se dá certo com deuses, mas tenta aí – sorri para ela.

Ela me puxou para dentro do cômodo e fechou a porta.

- Você viu? Eu estou grávida? – ela sussurrou a ultima palavra.

- Não sei... – dei uma risadinha.

- Alice para! To falando sério. Você viu isso?

- Não sei Art. O Seth atrapalha muito minhas visões com você. Faz logo esse teste.

Eu saí do banheiro e depois de vinte minutos, Artêmis saiu do banheiro com um leve sorriso no rosto. Seth veio correndo até ela e colocou suas mãos em seu ombro.

- E então? Você está bem meu amor?

Logo, a sala começou a ficar cheia e estávamos todos reunidos ali, esperando a novidade da Artêmis. A verdade é que eu não sabia de tudo, Seth atrapalhava muito minha visão e eu não consegui ver exatamente a resposta sobre a gravidez. Perséfone olhava sorridente para Ártêmis com Mekah ao seu lado. Bella, Edward, Renesmee e Jacob sorriam admirando o jovem casal em silêncio. Esme, Carlisle, Jasper, Emmet e Rosalie estavam num canto esperando a noticia. Enquanto Macária, Apolo e Eowyn começavam a chegar no recinto.

- Eu estou bem Seth. Mas tenho que te contar uma coisa... eu... eu... – ela respirou fundo, passando a mão pelos cabelos dourados.

- O que foi Art? Você já sabe por que está assim?

- Sei sim. Eu estou grávida Seth.

- Grávida? – Seth arregalou os olhos.

- É, eu estou sim. Eu... eu estou com medo.

- Ei, ei calma Art. Não precisa ter medo ok? Eu estou feliz. Cara eu to muito feliz! – ele a abraçou e os dois começaram a rir – Não tenho ideia do que pode surgir, mas é nosso filho, fruto do nosso amor minha Art – eles se beijaram.

- Ah amiga... que fantástico. – Perséfone veio até Artêmis e a abraçou.

Aos poucos todos foram cumprimentando o jovem casal e se espalhando pela casa. Fui até Jasper e me aconcheguei em seus braços. Era bom ver todos ali reunidos. Eu não tinha nenhuma lembrança sobre como era minha vida antes de ser vampira, mas momentos como este faziam esse esquecimento valer à pena. Aquela era minha nova família e eu sentia que não tinha uma melhor do que esta.

- Ei Art, eu já tenho um nome se por acaso for uma menina – Seth puxou Ártêmis para o seu lado enquanto os outros se dispersavam.

- Ah é? E qual é sua escolha amor?

- Diana – ele a beijou e depois os dois riram.

Seguimos para a sala de jantar e ficamos reunidos ali até o fim da noite. O que descobri durante todos esses anos, é que a parte mais interessante desse momento chamado “vida” são as surpresas. Elas podem ser boas ou ruins, mas fazem disso grandes acontecimentos para serem vividos dia-a-dia. Conhecer a Ártêmis, a Perséfone, Macária, Eowyn e Apolo e estar aqui reunido com essas novas pessoas, que aos poucos se juntaram a minha antiga família, não tem coisa melhor. Sobre o futuro? Prefiro não falar agora, os metamorfos atrapalham minhas visões, mas tenho certeza que será uma perfeita união, para sempre.