Narrado 3° pessoa

Ele sabia que um passo errado poderia custar à vida de quatro garotos. Tinha que encontrar alguém que pudesse confiar e que se disponibilizasse a ajudá-los. Alguém que não iria traí-los.

Mas em meio, aquelas pessoas, não passava pela sua cabeça em quem confiar.

José estava no galpão e já sabia que a garota havia chegado e estava presa com outros garotos. Havia descoberto que situação não era nada simples. Havia mais dois garotos, um o filho do Governador do estado da Geórgia, o outro o filho caçula de um milionário influente e dono da maior rede de hotéis do mundo.

Agora estava José sentando a mesa com mais cinco homens que comiam como mortos de fome.

-O chefe só está ganhando. – disse um dos homens e logo enfiou a colher na boca com uma gororoba impossível se identificar.

-Cada pirralho daquele, vale milhões de dólares. – falou um com a boca cheia.

-Ele tem o filho do Governador. – completou um dos homens.

-Ele tem tudo isso, ótimo! Quero vê-lo usar isso a seu favor. - disse o homem que aparentava ser mais velho daquele grupo – Alex não sabe o que fazer com os garotos. Ele quer mesmo utilizá-los para atravessar a fronteira mexicana em tempo recorde. – ele concluiu e levou a colher a boca. – estou aqui mesmo, por falta de opções. – disse com boca cheia e todos ficaram calados.

Minutos depois eles já haviam se levantado e deixado José e o homem sozinhos ali.

Ele precisava saber mais do homem para se aproximar, mas e se contasse a ele seu plano e Alex descobrisse. Não havia tempo para pensar era tudo ou nada.

-Por que trabalha para o Craig? – perguntou José o encarando.

-Quer mesmo saber? – respondeu de maneira indiferente e José balançou a cabeça assentindo – Por minha família.

-O que ele fez? – perguntou José baixo e de maneira curiosa.

-Pegou minha filha! – respondeu cerrando os punhos e abaixando a cabeça.

-A minha também. – quando José disse aquilo o homem o encarou de maneira curiosa – Sabe que a única maneira de salvá-las é a policia? – perguntou José e homem olhou para um lado e para o outro pra ver se alguém os observava.

-Sozinhos? Vamos contar com a ajuda de quem? – perguntou calmamente.

-A menina. Ela é filha do Comandante do FBI e o garoto filho do governador. Tem noção do que vamos ganhar com isso? – perguntou José tentando persuadi-lo.

-Eu não quero nada, só minha filha. – sussurrou irritado.

-Então quer me ajudar?

-O que vou fazer? – perguntou me encarando decidido.

-Consegue levar o Alex para a fronteira? – perguntou José e ele o encarou pensativo.

-Consigo, dou meu jeito. – respondeu se arrumando na cadeira.

-Sou José Assis. – cumprimentou José estendendo a mão.

-Johnny Lassiter. – disse o homem estendendo a mão também.

-Mas o que vou fazer só levá-lo até a fronteira? – perguntou abaixando o tom de voz novamente.

-Não vai levá-lo para fronteira. – disse José calmamente - Vai levá-lo para Savannah.

-Como assim? – perguntou Johnny olhando em volta e encarando José minuciosamente tentando ter certeza que aquele homem não era louco.

-Vai levar Alex para o estaleiro de Savannah. Vou dar um problema para que ele resolva. Ele vai passar o caminho todo resolvendo esse problema, não vai ter tempo para prestar atenção no caminho. – concluiu José.

-O que vai acontecer depois disso? – perguntou Johnny.

-Acho que vai preferir não saber. – respondeu José de forma misteriosa.

-E se der algo errado? O que vai acontecer comigo e minha família? – perguntou Johnny.

-Pior do que está não fica. – respondeu José e Johnny enrijeceu.

-Tudo bem, mas só estou fazendo isso pela minha filha.

-Eu também. – respondeu José.

***

Narrado Anne Sherwood.

Não conhecia onde estávamos, mas pelo que o José havia me explicado logo estaríamos no estaleiro da Cidade de Savannah. O mais estranho é que o Alex não tirava os olhos de um GPS que nem sabia se era mesmo um simples GPS.

Olhei para o Shane nervosa e ele me encarou esperando uma explicação.

Fiz um movimento para que ele não buscasse explicação e olhei na direção do Jared, que dormia com a cabeça escorada na janela.

Justin estava atento e Shane olhou para o lado de fora e seus olhos brilharam, tinha certeza que ele conhecia o lugar.

Ele me encarou e movimentou devagar os lábios para que pudesse entender o que ele queria me dizer:

Justin não vai agüentar correr. – olhei para o Justin que olhava para nós dois, irritado.

-Para de agir como se eu não estivesse aqui! – sussurrou me encarando. Assenti para Shane e repeti seus movimentos olhando pra ele.

Meu pai está chegando! – ele assentiu e encostou-se ao banco.

Ele mexia os pés com impaciência e fazia movimentos rápidos e desordenados com as mãos.

Sentia meu coração martelar na expectativa de que o Alex descobrisse e acabasse com aquela palhaçada.

Sentia medo por pensar que se tudo desse errado. Ele acabaria com seus amigos sem ao menos pensar. Escorei minha cabeça na do Justin que estava escorada no meu ombro e fechei os olhos.

-Onde estamos? – meu coração gelou ao ouvir Jared perguntar.

Shane o encarava com uma expressão de medo e Justin levantou a cabeça, olhando para Alex que olhava pela janela, de maneira irritada e uma expressão de raiva.

-Pra onde pensa que está nos levando? – perguntou Alex com uma voz alta e fria.

-Pra dar um passeio - respondeu o motorista pisando no acelerador – Pra dar um passeio.

Alex voou no motorista que por pouco não perdeu o controle da van.

-Seu desgraçado vou te ensinar a me trair. – Shane pegou a corda que estava jogada no banco da van e com um movimento rápido prendeu o pescoço do Alex contra o banco.

-Para o van e deixa a gente descer. – gritei para o motorista e ele freou bruscamente.

-A- Anne eu... Desculpe-me – gaguejou Jared.

-Vai Jared corre! – gritei e ele abriu a porta correndo em direção ao estaleiro e o motorista também saiu correndo – Shane eu seguro o Alex, corre com o Justin eu não consigo carregá-lo.

-Não Anne você não vai fazer isso. Eu não vou! – gritou Justin irritado.

-Olha eu consigo me salvar sozinha. Agora vai! Por favor. – Shane me passou a corda e forcei minha perna contra o banco para conseguir mais força – Vai! – gritei e o Shane colocou Justin nas costas. – Eu amo você. – falei para o Justin e Shane me olhou de maneira triste.

-Eu também. – respondeu passando seus braços pelo pescoço do Shane.

-Se cuida. – falou Shane e saiu com Justin.

Segurei a corda com força lutando para não soltá-la.