Ele foi andando facilmente, com se não estivesse no colo dele. Abriu a porta do carro, colocou o sinto em mim e bateu a porta. Ele deu a volta e entrou no carro.

Ligou o carro e quando reparei lágrimas desciam por meu rosto.

-Anne o que ele fez? – perguntou Shane me encarando – Te machucou?

Balancei a cabeça negando e ele me encarou, enquanto parávamos no sinal.

-Por favor, para de chorar e conversa comigo.

-Não posso ir pra casa, me leva pra outro lugar. – falei entre soluços e ele me encarou – Terei que dar explicações demais.

Ele seguiu dirigindo, não sabia para onde estávamos indo até pararmos na porta do Oakland cemitério aqui de Atlanta.

-O que viemos fazer aqui? – perguntei e ele sorriu amarelo.

-Quero que confie em mim, como confio em você. – saiu do carro e abriu a porta pra mim.

Ele pegou minha mão e saímos andando com ele na minha frente.

Andamos por entre os túmulos, até que ele parou em frente a um e me olhou.

-Anne sabe o que significa perder a coisa mais importante da sua vida? – perguntou Shane olhando para o tumulo - Sabe o que significa, perder a única pessoa com quem se importou? Sabe o que significa ter certeza que tudo poderia ter sido diferente? – então se virou pra mim e lágrimas saiam dos seus olhos. Ele se afastou e vi uma foto de uma menina. Ela era linda, morena dos olhos negros. E ela tinha morrido ano retrasado.

-Shane quem é ela? – perguntei colocando a mão no mármore frio.

-Essa era Jenny, minha namorada. – sussurrou Shane.

-O que aconteceu com ela? – perguntei curiosa e me arrependi depois.

-Eu a matei. – respondeu e meus olhos piscavam sem entender.

-Como assim? – perguntei gaguejando.

Ele se virou e deitou no tumulo, deitou-se como se fizesse isso sempre. Olhando para cima, com uma expressão dura e fechou os olhos.

-Corríamos em um lugar que as ruas eram fechadas. – fiquei parada, estática, ouvindo cada palavra que saia da sua boca. – Éramos os melhores em todos os aspectos. Sempre ganhávamos – ele sorria e parecia que se lembrava de alguma coisa – Então um dia Alex me desafiou. Me desafiou para correr pelas ruas da cidade junto com mais três caras. Não resistir, não ligava para o dinheiro e sim pela forma que ele falou que não conseguiria. – ele virou a cabeça e me olhou rapidamente, voltando para a posição anterior – Ela disse que não me deixaria ir, que era perigoso, poderia machucar pessoas, poderia me machucar. Discutimos então ela falou que ia comigo – ele parou de falar e apertou os olhos, pensando se falaria aquilo – Ela era como você – e suspirou – Teimosa. E disse que ia comigo. – ele sorriu como se estivesse tendo outra lembrança e depois ficou serio novamente – Naquela noite começou a chover muito. Então meu carro derrapou, capotou e depois bateu no murro de uma trincheira. – então pude ver lágrimas descendo dos seus olhos – Ela não resistiu aos ferimentos, morreu na hora. Eu fiquei em coma uns dias, mas nada que pagasse a vida que tirei. Nada que pagasse a dor de sua ausência quando abri os olhos naquele maldito hospital.

-Seu acidente no ano retrasado foi esse racha? – perguntei secando as lágrimas que caiam dos meus olhos com o dorso das mãos – Falavam que foi a chuva, a visibilidade.

-Às vezes é bom ser filho do governador. – debochou dando de ombros – Ele comprou os peritos. Que fingiram não ver várias coisas. Principalmente o fato, de que um carro que está dentro da velocidade. Não capota seis vezes.

-Eu não sabia... – então as lágrimas aumentaram dando lugar a soluços e ele ficou sentando e me aconchegou entre as pernas dele.

-Anne confia em mim? O que Alex quer com você? O que ele fez com você hoje? – ignorei o que ele estava perguntando só conseguia pensar nela. E na culpa que ele deveria sentir. Soluçava em meio ao choro e só sentia seus braços quentes e o calor que eles proporcionavam.

-Anne olha pra mim. – disse me afastando do seu abraço e me encarando – Ele é perigoso.

-Hoje – lutei com as palavras e com a vergonha - Eu não sei aonde ele chegaria se você não tivesse chegado.

-O que ele teria feito Anne? Por que ele é assim fixado em você?

-Ele me agarrou e me beijou. Depois começou a subir minha blusa. Dei uma cabeçada nele e corri. Em seguida você apareceu.

-Você está me dizendo que ele tentou... – e não continuou – Com esse sol essa hora da tarde. Ele me soltou - Anne você tem noção de com está se metendo. Ele é o traficante mais procurado pelo FBI.

-Como assim? – perguntei assustada – Ele é louco e não me deixa em paz. – sussurrei e ele me abraçou.

-Vamos dar um jeito nisso, confia em mim? – perguntou me encarando e ficamos assim abraçados até que eu parasse de chorar.

-Que tal sairmos desse cemitério, antes que os moradores se irritem conosco? – percebi que já devia ser cinco horas e que não havia comido nada.

-Claro, claro. – respondeu rindo – Não quero que puxem meu pé. – então ele me encarou. – Tá a fim de uma corrida? Sem carros. Por cidades perigosas. – e fez uma voz de assombração.

-Estou pronto pra tudo. – e comecei a correr deixando ele pra trás.

Corríamos por entre os túmulos, pulávamos os túmulos que estavam no chão e chegamos ao portão do cemitério arfando e rindo.

-Estou com fome. – falei e ele gargalhou.

-Sei fazer um macarrão a bolonhesa que você vai amar? E aí topa? – perguntou rindo enquanto entravamos no carro.

-Meu Deus, garoto prendado. – debochei e ele ligou o carro. Seguíamos em silencio o caminho.

-Que tal uma música? – perguntou rindo.

-Claro. – liguei na radio e tocava Give Me Everything.

- Grab somebody sexy tell 'em hey! – dei uma gargalhada com ele cantando e entrei na onda.

- Give me everything tonight. – comecei a cantar. Então percebi que já havíamos chegados em minha casa.

-Tudo bem chegamos! – falou brincando.

-Uau! – brinquei e fiz uma voz sedutora que terminou com um sorriso – Como você é rápido.

-Então outra corrida até a porta? – perguntou enquanto eu saia do carro com minha mochila que estava no banco de trás.

-Cansa de perder, não garoto? – perguntei e ele gargalhou.

-É não consigo acreditar, que corre mais que eu, até com as pernas. – deu de ombros exibindo seu lindo sorriso.

-Tudo bem! Já - e saímos correndo atravessando a rua e batendo na porta rindo. E Mandy abriu assustada.

-Anne onde estava. Estávamos preocupados. – ralhou Mandy e entramos rindo – Estávamos? – perguntei curiosa – Meu pai já chegou?

-Não é que tínhamos marcado. – falou Justin visivelmente chateado - Mas pelo visto, se divertiu demais e se esqueceu.