Capítulo 2

TUDO MUDOU

Apesar de eu ter aceitado que iria morrer a muito tempo atrás, não torna isso menos assustador e a sensação de medo também não é totalmente extinta, apesar de sempre repetirmos que não temos medo da morte pois ela chegará em algum momento, la no fundo, no último vestígio de nós, estamos apavorados. O Abraço da minha mãe me confortou e por um momento afastou tudo, a coragem, o medo, o cansaço e só restou um grande sentimento que tomou conta de todo o meu corpo amor e paz, que pareciam um só sentimento, uma junção doce e maravilhosa.

— Hazel? - perguntou Isaac que estava sentado ao meu lado em um banco de madeira na frente do museu

— Oi, desculpe estava distraída, o que você dizia?

— Que eu quero lhe apresentar uma amiga, o nome dela é Ordalet e... - Isaac é interrompido por uma moça, extremamente branca, cabelos ruivos marcantes e cacheados,olhos negros e com uma sorriso simpático estampado em seu rosto

— E ela é norueguesa extremamente esquisita e julgada pelo seu fanatismo por k-pop, esqueci de alguma coisa? - completou

— Completando o que eu disse? Diria que está caidinha por mim - ele dizia direcionado a ela

— Ai cala a boca, não se iluda - Rebateu a ruiva

— As vezes é bom ter ilusões - explicou rindo

— Hazel essa é Ordalet, Ordalet essa Hazel!

— Olá, Hazel, é um prazer!

— Oi, a quanto tempo vocês se conhecem?

— Um mês, que parece muitos anos

— Pra ele parece muitos anos - dissera enquanto sentava no lugar vago ao meu lado - você não tem noção de tempo? Enfim, vamos? O carro ta estacionado na esquina

— Para onde? - questionei

— Qualquer lugar, só vamos, que sentido a vida teria se a gente não descobrisse lugares novos e sei la, até sensações e sentimentos novos ou preferem ir para suas casas e deitarem em suas camas ficando no tédio profundo?

— Ordalet, você parece uma louca falando, só que uma louca genial - afirmou Isaac

— Por mim tudo bem! - concordei

Ordalet foi dirigindo, eu no banco ao lado e Isaac no banco de trás!

— Aventura!!!! - gritou animada

Ligamos o rádio e viajamos ao som de "The Smiths ", Ordalet cantava de uma forma desafinada e feliz, ela tinha uma energia que levava todos a felicidade, até a mim, ela dirigiu sem um rumo certo por uns 40 minutos, até chegar na ponta de uma colina

— Vocês acham que da pra subir? - perguntou

— Olha, eu acho melhor direcionar essa pergunta a Hazel, porque considerando que para mim é tudo escuro, não terei uma opinião completamente concreta

— Hazel?

— Não sei, podemos tentar

— É assim que se fala garota, se preparem que a Ordalet aqui vai pisar fundo, to me sentindo muito esportiva

Todos começamos a rir e logo em seguida Ordalet pisou no acelerador e depois de passarmos por um sufoco danado conseguimos chegar no topo da colina e saímos rapidamente do carro

— Todo o esforço valeu a pena, olha que lindo, olha esse por do sol e Isaac você consegue sentir esse vento que parece cantar para nós? - observou em puro êxtase

Nos deitamos na grama de um verde alegre, tudo parecia perfeito novamente, igual como era com Augustos, Oh Augustos, que saudade!

— O que foi, Hazel - questionou Ordalet

— Nada, é só que pela primeira vez desde a morte de Augustos, hoje tem sido um dos melhores dias

— É... Isaac me contou, mas você está preocupada com seu estado terminal ou é do tipo que já aceitou?

— Eu pensei que já estava conformada, mas sei que la no fundo estou com medo!

— Você não tem que ter, digo, a morte é uma amiga, se você não olhar ela com frieza é isso que ela é, e quando você aceita totalmente e tenta viver o que ainda resta é quando faz para de doer e não é mais assustador, é uma espécie de calma

— Ai que bonitinho - Isaac interrompeu em tom de graça

— Fica na sua - retrucou Ordalet sorrindo

Virei meus olhos em direção ao céu e toda aquela sensação que fazia meu corpo formigar parecia valer a pena, valeu a pena ter enfrentado todo aquele caminho até o topo da colina, apesar de parecer que só foi um simples ato de subir até ali para ver o céu, mas era muito, muito mais do que isso, algo que mudou todo o resto da minha existência.