Três vezes Kageyama

Eu posso esperar por você


Kageyama não conseguia ficar longe de você por muito tempo. A amizade de vocês era maravilhosa, e por mais que ele não assumisse, sabia que sentia algo a mais.

Sempre que tinha folga, fazia visitas surpresas, mesmo sendo uma das coisas que mais odiava. Ainda assim, adorava te surpreender.

Era uma tarde tranquila quando você ouviu a campainha tocar. Já acostumada com as surpresas de Kageyama ao ponto de dar acesso a ele na sua casa, a chave reserva ficava presa dentro do vaso de plantas localizado à esquerda da porta que você sorriu antes mesmo de abrir.

— Oi, Tobio! O que te traz aqui hoje? — Você perguntou, rindo enquanto ele entrava.

Kageyama deu de ombros, tentando parecer casual.

— Tinha um tempo livre. Pensei em passar aqui.

Vocês passaram a tarde juntos, conversando e rindo como sempre. A presença dele era confortante e fazia você se sentir em casa, não importava onde estivessem e, com isso, a cabeça de Tobio martelava sobre a situação em que encontrava. Desde o colégio, ele veio analisando os próprios sentimentos em relação a você, o coração disparava com o seu sorriso, os abraços que recebia o deixavam com o estômago desesperado e suando e, quando você dormiu no ombro dele pela primeira vez após passarem a noite toda estudando, Kageyama Tobio teve a certeza de que estava apaixonado.

Uma semana depois, algo aconteceu que abalou a rotina de vocês. Você recebeu uma carta informando que havia conseguido um intercâmbio em Paris. Era um sonho se tornando realidade, mas também significava que você ficaria longe de Kageyama por um longo tempo.

Então imagine esse turbilhão de sentimentos reprimidos explodindo ao descobrir que você, a garota dos sonhos dele e melhor amiga, estava prestes a partir para outro país. É evidente que a coragem latejou no peito dele como um rugido de um leão faminto para fazer alguma coisa.

E ele fez...

Quando você contou a ele, percebeu uma mudança em seu comportamento. Kageyama, que sempre fora tão reservado, parecia agitado e ansioso. Ele tentou esconder, mas você sabia que algo estava incomodando-o.

No dia anterior à sua partida, você chegou em casa após um longo dia de preparativos. Ao abrir a porta, encontrou a casa iluminada por velas e decorada com flores. No centro da sala, Kageyama estava parado, segurando um buquê de flores e com um olhar determinado no rosto.

Seu coração disparou. Você não sabia como lidar com a surpresa que te esperava e nem compreendia o motivo das batidas fortes do seu coração.

— Tobio, o que é isso? — Perguntou, tentando esconder a emoção em sua voz.

Kageyama deu um passo à frente, suas mãos um pouco trêmulas, por não saber se seria correspondido, mas naquele momento, tudo o que importava era expor os sentimentos que mantiveram trancafiados por tanto tempo.

— Eu... eu precisava te dizer algo antes de você ir. — Ele respirou fundo, suas palavras saindo mais rápido do que o normal.

— Eu sempre fui péssimo em expressar meus sentimentos. Mas a ideia de você ir embora, mesmo que seja temporariamente, me fez perceber algo.

Você olhou para ele, seu coração batendo ainda mais forte. Kageyama continuou, seus olhos encontrando os seus.

— Eu não posso mais esconder o que sinto. Eu gosto de você. Muito. Mais do que amigos. E a ideia de você estar longe me assusta.

Você ficou paralisada, as palavras de Kageyama ecoando em sua mente. Ele se aproximou, segurando suas mãos com firmeza.

— Eu sei que Paris é uma oportunidade incrível para você. E eu não quero te impedir de ir. Mas eu precisava que você soubesse como me sinto.

Lágrimas começaram a se formar em seus olhos enquanto processava tudo e balançava a cabeça. Kageyama, o rapaz que sempre foi reservado e focado em vôlei, estava se abrindo de uma maneira que você nunca esperou.

— Tobio, eu... — você começou, mas ele te interrompeu gentilmente.

— Não precisa dizer nada agora. Eu só queria que você soubesse. E, independentemente do que aconteça, estarei aqui para você. Sempre, mesmo que não possa retribuir esse sentimento.

Você sorriu, uma mistura de alívio e felicidade tomando conta de ti.

— Obrigada, Tobio. Isso significa muito para mim.

No dia seguinte, enquanto você se preparava para partir, Kageyama estava ao seu lado, ajudando com as malas. Antes de você embarcar, ele te puxou para um abraço apertado, sussurrando em seu ouvido.

Vou estar esperando por você.

Você sorriu, sentindo o calor do abraço e a sinceridade em suas palavras.

— Eu sei. E voltarei. Prometo.

Enquanto o avião decolava, você olhou pela janela, sentindo uma nova confusão se formar. Paris seria uma nova jornada, mas você sabia que, no final, tinha alguém especial te esperando. Alguém que transformou uma simples amizade em algo muito mais profundo e significativo, ao qual ansiava por responder.