Durante longos segundos com os lábios encostado na boca de Gustavo, consegui sentir bastante coisas nunca sentidas antes. Pude sentir uma paz que durante esse tempo, perdi a noção de onde estava e com quem estava. Ao abrir os olhos, precisei me afastar o mais rápido possível. Todos que estavam presente, ficaram de boquiaberta, inclusive Bianca. Eu não sabia o que fazer naquele momento, então empurrei Gustavo para longe e perguntei:

— Bora, quem fez isso? – Tentei fingir que não havia gostado.

— Foi eu, Miguel. Desculpa! Era só uma brincadeira – Larissa respondeu

— Tudo bem, graças a Deus ele está bêbado e não vai lembrar disso amanhã. Espero que vocês não comentem isso com ninguém – Pedi – Bianca, vem cá, me desculpa – A chamei lhe dando um abraço.

Ao ver aquela situação, Bianca também decidiu beber e também ficou bêbada. Após algumas horas, Helena e Larissa também ficaram. Sobrando eu, Paulo e Adriele para cuidar de todos. Gustavo por sua vez, não soltava meus braço e queria está sempre dizendo que me amava.

—Miguel, eu te amo. Tu foi a melhor coisa que me aconteceu e muito obrigado por hoje – Ele não parava de repetir essas coisas no meu ouvido.

— Para Gustavo, dá um tempo, por favor! Larga Miguel – Bianca interrompeu.

— Deixa Bianca, eu cuido de vocês dois... Vem cá, vem – Falei abraçando os dois.

O show acabou e Paulo decidiu ficar mais um pouco com Helena. Eu tive que arrastar Bianca e Gustavo por um longo caminho até se afastar da multidão. Adriele também estava levando sua namorada bêbada em seus braços. De repente começa uma grande movimentação a poucos metros. Pessoas corriam para todos os lados gritando por ajuda e informando que estava tendo um arrastão.

Mais uma vez, eu estava em maus lençóis. "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"... Eu estava com duas pessoas quase desacordados em meus braços. Não sabia que tinha tanta força, mas precisei ter naquele dia. Peguei os dois pelos braços e corri até chegar em um local seguro.

Durante a correria, nos perdemos de Larissa e Adriele. Após descansar por alguns segundos, começou a chover, fazendo Gustavo acordar e ficar sóbrio. Rapidamente, fu recebido com suas grosserias.

— Me solta, Miguel. Eu não sou nenhuma criança! – Gustavo falou soltando minha mão.

— Vejo que já está melhor no é? – Perguntei

— E eu estava com o que? Eu estava ótimo. – Respondeu.

— Tu estava bêbado e até beijou meu namorado, amigo fura olho. – Bianca soltou

— Para Bianca, eu pedi para esquecer esse assunto – Falei irritado – E outra, não namoramos.

— É sério isso? Eu nunca faria isso, para de mentir Bianca – Gustavo falava sem acreditar e dando um leve tava na amiga

— Ela ainda está bêbada, Gustavo. Agora anda que precisamos sair daqui.

Chegamos em um local seguro e pedimos um taxi. No banco de trás, Bianca dormia com a cabeça encostada no meu ombro direito e Gustavo no meu ombro esquerdo. Antes de chegar em casa, liguei para Tacy e a pedi para que a mesma abrisse a porta sem que minha mãe visse. Ao chegar, me despedi do taxista e entrei cuidadosamente sem fazer barulho. A perto já estava aberta a minha espera. Levei os dois amigos para meu quarto e os coloquei em minha cama. Bianca dormiu rapidamente e Gustavo ficou acordado me fazendo mil perguntas.

— É verdade que te beijei?

—Não, Gustavo. Quer dizer, foi apenas um selinho, sem importância – Respondi - Agora vai dormir e cala a boca para não acordar minha mãe.

—Tu vai levar eu e Bianca na casa dela, certo? – Gustavo insistia em puxar assunto.

—VOOOU, agora vai dormir, menino. – Respondi virando para o lado contrário.

Eu acordei antes deles e fui pegando meu celular para pedir ajuda novamente a minha fiel amiga, Tacy. Pedi para que a mesma arrumasse um jeito de tirar minha mãe de casa antes da dupla acordar e mais uma vez, Tacy me ajudou.

Quando acordaram, a mesa estava pronta para os dois comer alguma coisa. Após isso, a dupla tomou banho e novamente pedi um taxi para levar os dois para casa de Bianca. Levei Bianca até a porta da sua casa, onde fomos recebidos pela dona Sandra, mãe de Bianca.

—Uma hora dessa, Bianca? – Dona Sandra perguntou com os braços cruzados

— Foi culpa de Gustavo que demorou para se arrumar, sabe como ele é... – Bianca respondeu

—Pronto, vocês estão entregues – Falei olhando para os dois – Tchau dona Sandra. Até amanhã, gente!

— Tchau, querido. Obrigado. – Dona Sandra agradeceu e depois continuou falando com a filha – Olha, Renato veio aqui te procurando e pediu para avisar que te espera hoje na casa dele.

Eu já estava de costas caminhando para voltar para casa, mas fui interrompido ao escutar o que a mãe de Bianca falou. Parei e pensei em voltar para tirar alguma satisfação, mas achei melhor seguir e ir embora rapidamente daquele lugar.

Quando cheguei em casa, Tacy já estava no meu quarto esperando para saber de tudo que tinha acontecido. Eu ainda estava um pouco abalado e cheio de duvidas. Realmente precisava desabafar com alguém.

—Resumindo Tacy, fomos todos assaltados, mas eu terminei beijando Gustavo na frente de Bianca.

—Está falando a verdade? Eu não acredito! – Tacy ficou sem acreditar – Como foi o beijo?

— Gustavo ficou bêbado e saiu beijando umas meninas que foram com a gente e por ultimo ele chegou até mim e me pediu um selinho, Eu levei na brincadeira e fingi que iria beijar, daí uma menina que foi comigo, empurrou minha cabeça e a gente ficou com a boca encostava por alguns segundos.

— Você gostou? – Tacy Perguntou

— Eu amei, prima. Acho que gosto dele mesmo – Falei me deitando na cama – E ele não me soltou a noite toda, dizendo no meu ouvido que me amava. – completei.

— Primo, e a Bianca?

— Eu fingi que não gostei na hora, então ela relevou por ele está bêbado.

— O que você vai fazer agora?

—Eu não sei. Eu não posso me declarar para Gustavo sem saber que é reciproco ou não. Até por que, depois que ele ficou sóbrio, me tratou super mal e disse que não lembrava de nada.

— Mas e Bianca, primo?

— Nem me fala dessa menina... Hoje, antes de eu voltar para casa, escutei a mãe dela dizendo que Renato foi a procura dela. Já não é a primeira vez que o ex é vinculado a ela.

— Você está ferrado com esses dois. Não queria está na tua pele...

Lembrei que fazia tempo que não fumava um cigarro. Procurei em minhas coisas e não achei nenhum, então decido comprar. Eu estava precisando pensar e só o meu lugar poderia me ajudar. Então peguei um ônibus e fui para o prédio abandonado. Ao chegar, percebo que tudo está do mesmo jeitinho. Meu colchão está lá, junto com toda minha grafitagem, simbolizando todas as bad's que já passei.

Tentei desenhar três pessoas em um espaço livre, mas fui interrompido por uma mensagem em meu celular.

— Miguel, ontem foi a melhor noite da minha vida. Nunca passei por tanta adrenalina em minha vida. Sei que você não teve culpa de tudo que aconteceu, mas acredito que foi necessário para que eu olhasse para você de uma forma extraordinária. Mais uma vez, obrigado e te amo.

"É isso mesmo que estou lendo? Ele disse que me amava?"

Pude fazer essas perguntas para mim mesmo. Procurei uma forma de responder a altura, mas no momento eu não pude pensar em nada, então respondi com seis palavras:

— Por nada. Eu também te am.

Não demorou e logo Gustavo respondeu:

— Porque tu nunca completa a palavra? É tão difícil assim para você?

— Eu não consigo completar, desculpa.

Na segunda feita, ao chegar no trabalho, a primeira pessoa que encontro é Bianca. Ela vem em minha direção e me abraça.

— Miguel, aquele dia foi a melhor noite da minha vida. Eu amei, tu foi foda com todo mundo. Muito obrigado.

— Por nada, Bianca. Eu precisei ser aquela pessoa, pois vocês só estavam alí por minha causa – Respondi – É bom tu está aqui tão cedo, preciso conversar contigo... Ontem, após me despedir de vocês na tua casa, quando eu estava de costas, não pude deixar de ouvir tua mãe dizendo que o Renato estava a tua procura... Essa não é a primeira vez que ouço falar do teu ex. Quero que você seja sincera comigo. Você ainda fica com ele?