Em algum lugar do Acre. 03:35.

Por detrás de uma pequena colina de terra árida, três vultos permaneciam imóveis observando detalhadamente a enorme fábrica de estrutura oval localizada a pouco mais de trinta metros deles. O nome “C.A. Baterias” preenchia a maior parte da fachada do lugar.

O local era cercado por grades elétricas altas e por alguns guardavam que faziam rodízio em determinados pontos. Um dos mais viciados era justamente a área da entrada.

— Pela porta é que não vamos entrar... - reconheceu Wade. - Temos que achar outra alternativa.

— Que tal pelo teto? - Christian apontou para dutos sobre a fachada do galpão.

— Vamos tentar chegar até lá sem fazer barulhos! - Wade pediu, saindo em passos silenciosos para dar a volta no pequeno monte de terra que os rodeava.

Em uma área fora de alcance dos guardas, Wade se colocou de frente para a tela energizada e mirou seu relógio com cabo Bamph numa antena no alto da fábrica e atirou. Num tiro certeiro, o cabo de aço se enroscou numa quina de metal e o espião se preparou para ser puxado.

— Venham, vamos subir!

Os colegas se acoplaram ao seu corpo e logo o apetrecho puxava todos os agentes para a fachada da indústria. A ação foi tão rápida que os vigilantes em solo sequer notaram a movimentação.

— Fase um completa! Agora é entrar... - comentou o ruivo, desprendendo seu cinto e vendo seus parceiros se desatarem dele.

Blake foi até a entrada da tubulação, colocou suas mãos na grade e usou toda a sua força para tentar arrancá-la, no entanto não obteve sucesso.

— Tá emperrada! - alegou.

— Talvez eu consiga retirar...

Christian pegou o cabo do seu relógio e amarrou numa antena na beirada do teto. Em seguida, foi caminhando para o duto e retirou o relógio de seu braço, prendendo-o na barra de aço que impedia a entrada. Por fim, retornou a antena para concluir seu plano.

— Me ajudem a empurrar aqui...

Os companheiros assentiram e, em conjunto, os três conseguiram jogar a antena pra fora do terraço da fábrica, deixando-a em queda livre até o solo. O peso desta forçou a barra de aço a sair pra fora do duto e ir em queda livre para fora do prédio também, no entanto ela acabou se prendendo num pequeno aclive de concreto do fim da passagem e deixou a antena pendurada no alto da fábrica, impedindo qualquer ruído que pudesse vir à tona na sua colisão com o chão. Os rapazes suspiraram aliviados.

— Caminho livre... vamos! - O loiro tomou a frente e invadiu a tubulação. Os amigos foram logo atrás.

— Espero que não tenham ratos aqui... - Blake disse.

— Ratos serão o menor dos nossos problemas agora, Blake... - Wade advertiu.

A trindade continuou o rastejo pelo cubículo até o fim do circuito reto, tendo que encarar em seguida uma decida pelo próprio duto. Cristian prosseguia na frente, sendo seguido pelo ruivo e na retaguarda o moreno.

O loiro, deslizando cuidadosamente pela tubulação, começou a perceber algum brilho forte tomando conta de uma sala mais a baixo deles pelas arestas de luz que entravam pelas frestas de uma grade logo no fim do caminho.

— De onde será que vem esse brilho? - Wade questionou preocupado.

— Acho que logo, logo, descobriremos... - respondeu o primeiro.

Blake, distraindo-se por um segundo com a conversa dos amigos, notou uma enorme teia de aranha rente à sua cabeça e sentiu um calafrio tomar conta de todo o seu corpo. Foi então que elevou sua visão e se deparou com uma aranha caranguejeira aterradora a centímetros de distância do seu nariz.

— AHHH!

Em pânico, ele acabou se descuidando e escorregando da parede da tubulação, despencando sobre os parceiros como uma jaca e levando todos em queda livre pelo duto.

Fazendo um esforço incalculável, Cristian conseguiu impedir que se chocassem na grade de baixo agarrando firme nas laterais do cubículo e sustentando o peso dos companheiros e o seu próprio com apenas seus braços.

— Blake! - ele grunhiu.

— Tinha um monstro lá em cima! - berrou o menor.

— Essa foi por pouco! - Wade suspirou. - Cristian, consegue ver o que está acontecendo na sala debaixo de nós?

— Vou tentar! - assentiu.

O mais velho dos espiões aproximou seu rosto das barras da grade e inspecionou atentamente a sala dentre quatro paredes que se encontrava sob eles. Pelas varias máquinas elétricas e painéis provavelmente se tratava de algum tipo de laboratório.

Ao meio do cômodo, numa espécie de estufa, localizava-se uma engenhoca gigante cuja ponta de uma espécie de laser ficava direcionada para algumas macas vazias ao chão.

— Parece um laboratório. - disse.

De repente, alguns soldados adentraram na estufa empurrando outro deles, que parecia estar sendo forçado a agir.

— Coloquem-no na maca! - ordenou uma voz masculina num tom um tanto imperativo e os homens obedeceram.

— Não, senhor Ashton, por favor, não! - suplicava o rapaz enquanto era atado na cabine pelos próprios colegas de trabalho.

— Acalme-se, Richie, não vai doer quase nada! E o lado positivo é que depois que virar uma estátua permanente você nunca mais vai tentar denunciar meus planos às autoridades! — E o algoz soltou uma perversa gargalhada, enfim tornando-se visível perante um painel ao lado de fora do globo. Era um homem alto, bem vestido e de cabelos grisalhos.

Ao terminarem de prender o rapaz na maca, os demais guardas abandonaram a estufa e a travaram, então foram para próximos do homem perante o painel. Este, por sua vez, apertou alguns botões e girou uma alavanca. Um forte sinal sonoro começou a ecoar pelo laboratório.

— O que está havendo? - Wade questionou.

— Parece que um funcionário rebelado vai ser transformado em pedra...

— Ele transforma os próprios guardas em estátua? Que cruel! - Blake murmurou.

— E tem mais... segundo as próprias palavras desse vil dessa vez o efeito de rocha é permanente...

— Não podemos deixar isso acontecer! - exclamou o moreno.

— E não vamos! - findou o loiro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.