Try Again

Conserto do coração


Quando Chloe falou isso, sabia que não era algo de bom, por isso já me preparava para alguma coisa que viria.

– A polícia acabou de me ligar, pois no celular do papai, meu número está salvo por ''Chloe-filha''. Eles avisaram que encontraram um carro colido com uma árvore. Esse carro é nosso, e... mamãe e Kate já estão em um outro lugar.

Antes de minha irmã terminar de falar, deixei Brenna por lá e saí correndo desesperada. Como não ficar chateada com a morte de duas pessoas amadas? Minha vida está indo de mal a pior.

Estou andando sem sina, sem rumo. O que será da minha vida depois disso? Como vou sobreviver com toda essa memória? Por que isso foi ocorrer justo agora? Mas, lembrei que Chloe não citou o nome do papai. O que será que aconteceu com ele?

Minha cabeça está a ponto de explodir. Continuo andando, correndo, morrendo...

(Nesse momento, Laurren esbarra em um garoto e cai na calçada de uma praia.)

– Ai! Desculpe.

– Não, tudo bem. Por que você está assim? Chorando, desesperada, ferida...

– Acabei de saber da morte de duas pessoas queridas.

– Desculpe a curiosidade, mas quem?

– Minha mãe e minha irmã.

– Nossa, que horrível... Meus pêsames. Não é nada fácil saber que alguém nunca mais estará em algum momento de sua vida. Qual seu nome?

– Laurren, e o seu?

– Brad. Me conta melhor o que ocorreu...

– Bom, eu estava chegando em casa com minha amiga, e minha outra irmã falou tudo isso. Não aguentei essa notícia, e, não sei o que fazer agora de mim...

– Calma, senta aqui nesse banquinho. Fica com esse colete. O tempo está muito frio, e você ainda está ferida, toma esse casaco aqui e vou ali te comprar uma água, ok?

– Ok. Vou esperar.

Nunca havia visto esse Brad, mas ele me parece ser uma pessoa legal. Várias pessoas me viram correndo e chorando, mas elas não fizeram nada. É difícil achar alguém do bem nesse mundo de hoje, ainda mais, pronto para ajudar você.

(Depois de uns minutos, Brad traz a água e se senta ao lado de Laurren.)

– Pronto, comprei.

– Obrigada, Brad.

– Então, você está melhor?

– Estou sim, obrigada mesmo por isso, você realmente melhorou meu estado.

– Eu perdi meu pai muito cedo, quando tinha 8 anos. Eu sei muito bem o que é perder alguém que se ama incondicionalmente. Ele morreu de um infarto...

– Meus pêsames, Brad. Esse dia está tão triste. Eu perdi duas pessoas, conheci alguém que passa pelo mesmo sentimento que o meu...

– Pois é...

Enquanto eu continuava conversando com Brad, avistei Brenna correndo, muito preocupada pelo estado, com certeza atrás de mim.

(Nesse momento, Brad se afasta para as duas conversarem sozinhas.)

– Laurren, ainda bem que achei você. Meus pêsames. Você nem esperou sua irmã terminar de falar e saiu correndo! Mas tudo bem, eu entendo bem como você está se sentindo e não é por isso que eu vim aqui. Vim aqui para te ajudar e falar o que houve com seu pai.

– Ele está vivo, não é?

– Sim, ainda bem. A polícia ligou novamente pra sua irmã e nos avisou que seu pai vai ser encaminhado para um hospital daqui. Não sei muito bem como, mas eles vão trazer ele para o Mercy Hospital. Ele já saiu da internação, está recuperando muito rápido. Sua mãe e Kate serão transferidas para a cidade natal delas, que é aqui. Vão para o cemitério mais próximo de sua casa. Você pode contar comigo para tudo, essa fase está muito difícil e você precisa do conforto de alguém. Não só você, como a Chloe também.

– Bom, desculpe atrapalhar, mas, vou indo, Laurren. Você está agora em segurança. Se recupere, ok?

– Ok. Obrigada, Brad. Tenha um bom dia. Muito gentil de sua parte ajudar uma menina taciturna correndo pelas ruas...

– Esse era o meu dever. Tchau para vocês. Até um dia em que o destino nos encontre novamente!

– Tchau...

Brenna me pergunta, curiosa:

– Quem é esse, Laurren?

– Brad...

– Hum. Ele é seu conhecido?

– Não, ele me ajudou enquanto eu ainda estava me recuperando. Não que eu esteja bem, pois não estou. Ele só me tirou do pior momento de minha vida.

– Eu sei... Bom, quer voltar agora pra casa?

– Sim, quero. Vamos voltar.

Ainda estou magoada, uma tristeza não é recuperada de uma hora para outra. Não sei se tudo isso é apenas um pesadelo, ou a verdadeira realidade. Nós sempre pensamos que essas coisas ruins nunca vão se passar com você mesmo, mas elas chegam em um instante e você quebra a cara. Continuo com a mente fora de mim, ainda não compreendi isso tudo.

Chegando em casa, vejo minha ''querida donzela'' sentada no sofá, desanimada. Eu amo muito mesmo ela, e no momento que digo isso, esqueço tudo de ruim que ela já me fez. Dizem que todo lado ruim, tem um lado bom, e vice-versa. Ela é minha irmã, e por isso, desculpo qualquer coisa que aconteceu. O amor une tudo, e a raiva separa tudo. Meus pais viviam brigando, por motivos bobos, mas depois, eles sempre se acertavam, pois, o bom sentimento destrói qualquer outra coisa que exista. Por que guardar rancor de uma pessoa importante em sua vida?

Brenna está indo tomar um banho, ela está muito cansada. Parece até que ela procurou o dia todo por mim, ela merece um pouco de descanso. Os amiguinhos da minha irmã já tinham ido embora, antes até da polícia ligar.

Agora, aqui na sala, está apenas Chloe e eu, as duas filhas da família Stone.

– Oi, Chloe...

Ela apenas me abraça, e, ainda chorando, se deita em meu colo. Talvez para arranjar um abrigo, um abrigo para se esconder desse mundo. Até agora, ela passou o dia sozinha. Recebeu a notícia sozinha, está se recuperando sozinha. Me sinto culpada por isso, ela é minha irmã caçula e devo cuidar dela.

– Eu te amo, irmã Chloe...

(Brenna sai do banho e encontra Laurren e Chloe dormindo juntas no sofá da sala. Ela traz um cobertor, cobre as duas e vai dormir no quarto de hóspedes.)

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.