Triplex

Flashback 1 – Uma derrota ou uma Victoria?


Victoria teve que passar a noite no hostpital com Nana, sem poder ver Nichkhun. As duas só souberam noticias dele per intermédio de Fei, mesmo assim não havia muito que dizer, ele tinha saído praticamente ileso de uma queda feia, só um problema no quadril que seria resolvido com repouso e fisioterapia, na pior das hipóteses uma pequena cirurgia.

Nana não conseguia dormir porque a intervalos não muito regulares ela sentia náuseas. Victoria a tinha enrolado para contar a historia que tinha prometido horas atrás, mas obviamente a jovem modelo não ia esquecer aquilo. Ela rolava na cama do hospital enquanto a coreógrafa tentava cochilar, inutilmente porque Nana parecia fazer barulho de propósito.

— Que foi? — Victoria disse. — Você está bem?
— Um pouco melhor, mas não consigo dormir...
— E me acordar ajuda em quê?
— É que você estando acordada pode me entreter até eu dormir...
— Estou com cara de bobo da corte?
— Se você pensou nisso é porque me acha uma rainha...
— Ah claro, majestade... — ela disse com sarcasmo.
— Me conta a história!
— Você já não está meio grandinha pra dormir ouvindo contos de fadas? — Victoria disse em tom monótono.
— Aí é que está a diferença, a história que você ficou deme contar é adulta, não é sobre você e seus ex?

Um travesseiro voou peloquarto e atingiu Nana no rosto.

— Vai judiar de uma pessoa convalescente? — disse rindo. — Você sabe que se eu levantar daqui ao invés de te bater com o travesseiro eu provavelmente vou vomitar em você, né?
— Credo, que nojo Nana!
— Claro que eu não faria de propósito, é que no estado em que estou... então seja boazinha e conta logo a história!
— Que é que te interessa tanto nisso?
— Você é minha amiga, sabe tudo que é possível saber sobre mim.
— Sei mesmo?
— O que te interessa saber sim... Agora se você quer saber outras coisas...
— Não! Pode deixar, não quero saber.
— Só o que eu sei sobre você é que você namorou o G.O e o Minwoo. Mas todo dia surge uma coisa que eu não sei... Sei do ultimo ano, mas ainda falta você me contar uns vinte e tantos anos...
— Se você continuar com esse negócio de idade eu corto esse tubo de soro e te deixo morrer desidratada!
— Nem você viviria feliz com a minha ausência eterna, Vic. — Nana disse rindo. — Conta logo!
— Por onde começo?
— Pelo começo né!
— Ok, eu nasci em Qindao, Shandong, na China, data desconhecida... — Victoria disse rindo.
— Não precisa contar desde que nasceu, ou vai precisar de uma eternidade pra terminar de contar. — Nana disse cobrindo o rosto esperando apanhar da amiga. — O que me interessa vai do G.O pra frente!
— O G.O te interessa? — Victoria disse sarcasticamente.
— Não foi o que eu disse, mas eu entendi o recado, não vou mais interromper.

*****

Há pouco mais de cinco anos...

Victoria já estudava coreano intensivamente há algum tempo, mas era a primeira vez que ela realmente pisava no país. Obviamente restavam não só dificuldades com a língua como também a adaptação à cultura. Essa parte a agencia, que a havia contratado como coreógrafa depois de assistir a seu trabalho de final de curso da Academia de Beijing, não havia providenciado, ela teria que se adaptar sozinha.

Enfim, ela chegou à Coreia sozinha num dia particularmente agitado no aeroporto, o que assustou a já deslocada e jovem Victoria, que ainda não tinha completado vinte anos de idade. Felizmente havia alguém da agência à espera dela, mais precisamente G.O, que havia acabado de debutar e ainda podia sair sem chamar muita atenção, e o motorista.

— Olá. — disse Victoria, ao ver G.O segurando uma plaquinha de papel com seu nome chinês escrito no portão de desembarque.
— Você é a coreógrafa Song Qian? — ele perguntou rápido demais para que ela pudesse entender claramente, fez que sim só porque conseguiu identificar seu próprio nome em meio às palavras.

*****

— Espera, você respondeu sim a uma pergunta do G.O sem entender o que ele tinha dito?!
— Você está se esquecendo que ele não era naquela época o cafajeste que ele é hoje.
— Mas era um projeto dele...
— Sim, sim, mas eu não tinha como saber, além do mais, ele segurava a placa com meu nome, estava lá pra me levar...
— Pro mau caminho né?
— Também. – Victoria respondeu rindo. — Mas ele era bem diferente, era educado, agradável, charmoso e lindo...
— Difícil imaginar. Falando assim parece outra pessoa. Educado, agradável, chamoso e lindo?! Faz favor!
— Ah vai! Educado e agradável pode ser difícil, mas você tem que admitir que lindo ele sempre foi e ainda é...
— Nem acho. — Nana disse com pouca convicção e se segurava pra não rir.
— Sério? — Victoria disse com ironia.
— Ok! Só não o deixe saber que eu admiti isso!
— Certo...
— E se você me fizer admitir que ele seja charmoso eu nego até a morte!
— Acho que ninguém é capaz de te fazer dizer algo assim, mas nós sabemos que é verdade, não é?

Um travesseiro cruzou os ares do quarto em direção à Victoria, que se desviou com facilidade, rindo.

— Ok, posso continuar?
— Espera! Só mais uma pergunta, como assim G.O era da mesma agencia que você?!
— Não, é que, bom, a agencia dele é pequena, você sabe...
— Sim, flop! — Nana disse rindo.
— Não se esqueça de que você era fan dele na época, foi você quem disse!
— Ok, não me lembre desse passado negro, lembrar do seu já é o suficiente.
— Ele estava sendo treinado pela agência por falta de estrutura da agência dele, e porque ele era amigo do diretor.
— O famoso Q.I... “quem indica”.
— Na verdade o G.O é até talentoso... Mas isso não vem ao caso.
— Está bem, continue contando.

*****

— Sou Jung ByungHee, mas pode me chamar de G.O.
— G.O? É com você que eu vou trabalhar então. — Victoria concluiu com um sotaque carregadíssimo.
— Sim, você vai trabalhar comigo e eu vou tirar o máximo de proveito de você. — ele disse rindo, até o motorista riu, mas Victoria, obviamente, não entendeu a ambigüidade, até porque tinha dificuldades de entender a frase em si.

Falar em duplo sentido, esse sim era um costume que G.O sempre teve, mas nessa época ele não o fazia com segundas intenções, era só parte de seu bom humor.

— Vamos? — ele ofereceu o braço para acompanhá-la até o carro enquanto o motorista carregava as malas.

Victoria aceitou a gentileza de bom grado, até porque ele tinha sido simpático o tempo todo, e essa impressão só aumentou quando algumas garotas que o reconheceram se aproximaram e ele foi atencioso e educado com elas sem ignorá-la completamente. Ele emprestou seu paletó quando saíram para o estacionamento, pois fazia um pouco de frio e até abriu a porta do carro para Victoria. De maneira alguma estava flertando ou qualquer coisa do tipo, e Victoria também não achou que estivesse, porque ele conversava como um amigo, perguntava sobre coisas simples, nada muito pessoal, e também não lhe rendia elogios, como os rapazes costumavam fazer quando estavam interessados.

— Então Song Qien... – ele ia concluir um comentário, mas pronunciou seu nome errado.
— Song Qian...
— Me desculpe, mas não tem um nome mais fácil com o qual eu possa te chamar? Eu já te facilitei a vida te deixando me chamar de G.O.

Victoria pensou por um instante antes de responder.

— Victoria...
— Victoria? Você tem um nome ocidental?!
— Na verdade foi o diretor da agencia que insistiu em me chamar assim, esse era o nome do espetáculo que em que ele me viu dançar, e que fui eu que coreografei.
— Humm... É um nome legal, mas não sei se é mais fácil de pronunciar, que tal Vic?
— Vic? É tão, sei lá... óbvio. Não sei se gosto.
— Então faz o seguinte, deixe só eu te chamar assim, os outros não precisam te chamar da mesma forma se isso te irrita.
— Mas toda vez que você me chamar de Vic eu também não vou ficar irritada?
— Aí você vai lembrar que eu sou idiota o suficiente pra não conseguir falar Victoria nem Song Qian direito e vai rir da minha cara.
— Verdade. — Victoria disse rindo. — E G.O? De onde veio esse nome?
— Na verdade foi o meu manager quem me deu esse nome, nem sei o que significa.

Victoria riu alto.

— Como assim você não sabe? Pode ser qualquer coisa, até alguma piada tipo “Gay and obcene”!
— Ou pode ser outras coisas tipo “Gourgeous and Outrageous”, ”Graceful and outstanding” ou “Gato e ótimo”...
— Vai querer que um homem pense isso de você?
— Melhor não saber né?
— Não sei, isso você é que sabe... Se gosta ou não. — Victoria disse rindo.
— Não gosto. — G.O disse sorrindo.

Meia hora depois G.O e Victoria já estavam dentro do pequeno apartamento providenciado pela agência e que iria abrigar Victoria por tempo indeterminado. Ele ajudou o motorista a colocar as malas na sala, se curvou para se despedir de Victoria e piscou um dos olhos, com um sorriso.
— Obrigada. — Victoria retribuiu o cumprimento timidamente, sentindo o sangue cobrir o rosto.
— Pronto, está entregue. — Tudo o que ele falava parecia duplo sentido, e Victoria começava a notar aos poucos.
— Se precisar de ajuda, é só ligar pra qualquer um dos números da agenda na mesinha, o meu também já está lá.

*****

— Que ótimo, ele já sabia onde você morava e até seu número de telefone pessoal.
— Nana lembre-se de que ele não era cafajeste na época, na verdade me tratava com tanto respeito e amizade que chegava a irritar.
— Como assim?!
— É que, bom, eu demorei a perceber, mas ele flertava com todas as dançarinas, eu sempre o via fazer isso, mas comigo ele não era mais que um ótimo amigo.
— E você se irritava com isso?!
— Claro! Eu gostava dele. Você tem que imaginar o G.O que eu estou descrevendo, não o que você conhece. Imagine o G.O como alguém divertido, atraente e popular, só que não convencido como hoje.
— Parece que você está descrevendo o Nichkhun...
— De certa forma aquele G.O tinha alguma semelhança. Agora imagina a minha situação, ele foi a primeira pessoa que eu vi quando pisei nesse país, foi legal coigo, me ajudou na adaptação, me levava a restaurantes e até me ajudava com a língua...
— Com a língua... Imagino... – Nana disse com malícia.
— Ai não sua pervertida! — Victoria disse rindo. — Era exatamente esse o problema, ele me tratava como amiga, só como amiga, enquanto flertava com todas as outras. Fiquei achando que eu era quem não tinha nada de atraente.
— Que falta de confiança! Você nem é assim.
— Mas eu fiquei assim. Foi aí que eu descobri que era ciumenta de internar, entre outras coisas.
— Como?
— O primeiro surto público de ciúmes que eu tive foi com ele.
— Imaginei, mas você não tinha tido namorados antes?
— Sim, mas eu não precisei me preocupar com eles... Deve ser alguma coisa na água daqui, todos os homens que eu namorei nessa terra me dão trabalho.
— E essas outras coisas aí que você descobriu?
— Vou chegar lá...

*****

G.O e Victoria já tinham uns dois meses de amizade e de trabalho juntos, o suficiente para ela descobrir que ele se atrasava com freqüência por conta de noitadas, que ela achava que eram com as outras dançarinas. Isso, obviamente começou a irritá-la tanto como profissional como principalmente como amiga, por ser só amiga.

Num dia em que ele estava particularmente bem atrasado, não respondia aos telefonemas nem às mensagens de celular, ela resolveu ir pessoalmente onde ele estava, e não era no dormitório, claro. Victoria descobriu por um dos dançarinos que ele geralmente dormia as garotas com quem saía em algum hotel das redondezas quando saía no meio da semana, para evitar conflitos com o empresário. E ela checou todos os hotéis da redondeza até achar o que ele estava. Falou para a moça da recepção que era uma acompanhante e a garota checou seu passaporte e lhe deu um cartão magnético sem maiores problemas, ela só queria saber se ela era maior de idade.

— Jung ByungHee! — ela falou alto, e jogou a água de um vasinho de plantas em cima dele.

O rapaz levantou com um pulo sem ter o menor tempo de cobrir o corpo com um lençol, Victoria não teve tempo de pensar se era porque a garota ao lado também estava nua e ele não a quis descobrir ou se ele realmente tinha levado um susto. Ela timidamente baixou os olhos, mas continuou furiosa.

— Vocês estão atrasados para o ensaio! Atrasados em uma hora! — ela esbravejava e a garota na cama nem dava sinais de acordar, Victoria chegou a pensar que até que ela pudesse estar morta.
— Vocês quem?
— Você e essa dançarina!
— Victoria, ela não é dançarina... — ele disse rindo. — Pelo menos não dançarina profissional...
— Não sou mesmo, e não estou atrasada pra nada, agora me deixem dormir! — a moça disse sonolenta e mal humorada.
— Como eu ia dizendo... Ela não é dançarina, eu não me envolvo com gente do trabalho.

Por alguma razão que a própria Victoria desconhecia ela sentiu uma pontada fria na boca do estômago ao ouvir a explicação do rapaz.
— Tanto faz... — Victoria conseguiu falar depois de alguns segundos introspectiva. — Será que você pode se cobrir, por favor?
— Eu já te disse que tenho essa mania, não?
— Sim, mas eu imagino que já que você não se envolve com gente do trabalho, podia ao menos me poupar desse excesso de intimidade.
— Excesso... — G.O pensou por alguns segundos, rindo. — É... Acho que foi um elogio.
— Não seja estúpido!
— Humm, não devia ter te ensinado a xingar na minha língua, você aprendeu bem...
— Será que podemos ir ensaiar?
— Por que está tão brava? — G.O disse vestindo uma calça preta justa, Victoria reparou que ele nem se deu ao trabalho de procurar a cueca, que devia estar espalhada junto com todas as outras roupas no quarto.
— Entre muitos motivos o principal é você me fazer vir aqui pra fazer você cumprir com as suas obrigações, eu não sou paga pra isso!
— Claro que não, isso é coisa que amigos fazem, e é por isso que você está aqui. — ele disse terminando de vestir uma camiseta branca, tocando o queixo de Victoria com o polegar, e desviou o olhar de repente.
— Ah sim, eu sou sua amiga... Mas também trabalho com você...
G.O não estava prestando atenção no tom melancólico de voz dela, estava concentrado em achar as chaves do carro e a carteira.
— Ok, estou pronto pra ir. — Ele subiu de joelhos no colchão para falar com a garota. — Te vejo depois, valeu. —ela não respondeu, e ele só deixou um bolinho de notas em cima da cama. — Pro quarto e pra o que mais você quiser. Tchau, até mais.

Ela continuou sem responder, e ele saiu do quarto fechando a porta atrás de si, Victoria tinha saído para o corredor enquanto ele falava com a garota.

******

— Viu só que cafajeste?! É o que eu sempre digo...
— Não Nana, você ainda está vendo o G.O de agora. Nós não tínhamos nada, ele tinha todo o direito de dormir com quem ele quisesse...
— Claro, pagando com o dinheiro dele... — Nana disse rindo.
— Isso é... — Victoria disse com indiferença.
— Mas eu nem falava disso exatamente, porque você me disse que ele tinha esse... Costume. — Nana disse enojada.
— Falava de quê então?
— Você lá facinha...
— Espera “facinha” também não! Digamos que eu estava um tanto evidente.
— Enfim, você lá dando o maior mole e ele nem percebeu?!
— Eu admito que achava isso estranho, porque não era como se eu estivesse querendo ficar oculta aos olhos dele, eu me insinuei algumas vezes, ele simplesmente não me via...
— G.O enrustido... — Nana disse brincando e rindo.

Victoria também riu.

— Eu também pensei isso na época, que talvez muito do que eu via dele era fachada, e foi exatamente por isso que as coisas mudaram entre nós.
— Hein?

******

Ao longo de mais uns dois meses, G.O e Victoria continuavam trabalhando arduamente, não mais que isso. Claro que nesse período ele continuava sendo um bom e generoso amigo, e agindo assim, Victoria se interessava ainda mais, porque ele era o único apoio que recebia na adaptação, a primeira pessoa que via durante o dia e a ultima que via antes de ir pra casa, passava mais tempo com G.O do que com qualquer outra pessoa que tenha conhecido nos últimos meses. Ela, claro, teve que passar as datas comemorativas todas com ele, porque não tinha família vivendo no paíse também ainda não tinha condições de voltar para a China só pra isso. Eles saíam juntos com freqüência, mas nunca para programas que levavassem a um aprofundamento no relacionamente deles. Nunca era pra alguma boate ou para jantar em algum restaurante legal. Sempre que iam comer, era algo como fast food ou outras guloseimas e porcarias, até porque os dois viviam em controle de peso, sempre que saiam para passear, era pra fazer compras.

Num desses dias, G.O havia recebido do manager um cartão para compras, e disse que ele poderia gastar à vontade, pois a agência estava muito satisfeita com o resultado de seu trabalho. Ele chamou Victoria para passar no shopping e para surpresa dela ele mandou fechar sua loja favorita só para quefosse atendidos exclusivamente, também para evitar a interferência da imprensa.

— Não precisava ter fechado a loja pra isso ByungHee! — Victoria disse sem graça, masadorando tudo aquilo.
— Aish, você sempre me chama pelo nome quando está zangada, parece minha mãe... Não pode simplesmente apreciar o convite?
— Sim, mas eu não vejo necessidade de tanto.
— Tem sim, o que a imprensa iria publicar se me visse te dando sacolase mais sacolas de roupas?
— Nós já tínhamos combinado! Quando sairmos pra fazer compras cada um pagava sua parte!
— Mal agradecida! — G.O disse fingindo estar emburrado, mas era uma piada. — Você está sempre zangada comigo! E dessa vez eu não fiz nada!
— Exatamente por isso... Você não fez nada mesmo. — Victoria disse em voz baixa e desviando o olhar para as roupas na vitrine.
— Como é?
— Nada... Eu não disse nada.

G.O olhou-a desconfiado, mas logo lhe lançou um sorriso, pousou as mãos nos ombros de Victoria e a empurrou para dentro da loja.

— Vamos gastar!

Na loja havia um enorme corredor de provadores, onde a entrada era uma intercecção, de um lado o provador feminino e do outro o masculino, era óbvio que estavam vazios, já que a loja tinha sido fechada pra eles dois somente. Victoria ficou parada olhando a enorme quantidade e variedade de roupas e G.O desapareceu em meio aos cabides, rendas, seda e tafetás por uns segundos, e voltou carregado de coisas que ele jogou em cima dela.

— Aqui! Se você não vai se mexer eu mexo pra você... Essas vão ficar ótimas, experimente. — disse, guiando-a até os provadores, porque ela não podiaver o que estava à frente devido à pilha de coisas que segurava. — Volto já com as minhas coisas.

E ele voltou, para o lado masculino do provador, os dois ficaram brincando de desfilar os modelos pelo enorme corredor durante umas duas horas e G.O sempre voltava com mais coisas para Victoria.

— Esse aqui! Experimenta esse aqui, vai ficar lindo. — ele disse jogando um vestido pretopor cima da cortina da cabine.

Victoria, a princípio, achou que aquilo podia ser só parte do vestido, tinha “quase um buraco faltando na frente”, como ela mesma pensou.

— ByungHee! Que é isso que você me deu pra vestir?!
— Qual o problema? Já vou...

Ele apareceu terminando de vestir um smoking, estava de calça preta, camisa branca super engomada e a gravata-borboleta desatada e pendurada no pescoço. Abriu acortina do provador de uma só vez, assustando Victoria, que por impulso tentou se cobrir, ainda que estivesse vestida.

— Está cobrindo o que aí garota? É um vestido lindo!
— Isso é um vestido? Não cobre nada!
— Ah vai, que exagero! Nem é tão decotado assim! — Ele tentava afastar os braços de Victoria para poder ver direito.
— Porque eu estou me cobrindo! Espera... — Victoria parou de se debater por um instante, desconfiada. — Porque escolheu justamente esse vestido?

G.O a soltou e se virou para um dos espelhos para ajeitar a gravata.

— Para parecermos o James Bond e a Bond Girl claro! — G.O voltou a se virar e puxou Victoria para perto do espelho também. — Olha só, estamos iguaizinhos!
— Ah claro. — Victoria disse ironicamente.
— É porque você não entrou na personagem ainda. Tira essas mãos daí!
— Ok! — ela aceitou de má vontade, tirando os braços da frente e revelando um decote em “v” que ia quase até o umbigo, ele também era decotado atrás.
— Viu só? Agora sim, Bond Girl...

Victoria sorriu timidamente e o observou contemplando suas imagens no espelho e fazendo pose como se estivesse carregando uma arma.

— Você tem um ótimo gosto pra roupas, sabia? — ela disse.
— Sabia sim, obrigado — Ele respondeu de forma totalmente convencida — Você é quem não sabe que tem seios lindos, devia usar mais decotes, valorizar isso aí. — ele continuou, de forma um tanto impessoal, continuava a contemplar a própria imagem no espelho.

Se ele tivesse falado aquilo olhando pra ela talvez a reação tivesse sido diferente.

— E você sabia que dá muita pinta falando dessa forma?
— Pinta de quê? — G.O disse confuso, sendo trazido de volta de seu momento narcisista bruscamente.
— Você sabe... Esse seu negócio com as roupas, você é um tanto, extravagante...
— O que está insinuando Victoria? — ele disse virando-se pra ela e aproximando-se devagar. — Você já me viu com uma garota antes...
— Isso não quer dizer muita coisa... — Victoria disse meio descrente.
— E o que te diz muita coisa então?
— Entre outras coisas, a forma como me trata. —Ela foi bem direta, mas G.O ainda parecia surpreso e confuso.
— Eu te mau trato?
— De certa forma...
— Se eu fiz alguma coisa que te ofendeu eu posso...
— Não é isso criatura! — Victoria quase gritou, mas se conteve, inutilmente, porque nenhuma das vendedoras estava autorizada a entrar nos provadores a menos que um dos dois pedisse.
— O que é então?! — ele estava de cabeça quase baixa.
— Olhe pra mim ByungHee!
— Eu estou olhando! — ele realmente olhava, mas aparentemente o olhar atravessava, como se estivesse olhando para um reflexo em vidro limpo, perfeitamente visível, porém, com transparência, pra poder vislumbrar o outro lado.
— Realmente? — Victoria pegou G.O pelo queixo e puxou para baixo, para que o olhar parasse de bater pela tangente.
— Ok, estou olhando...
— E?
— Victoria, para com isso. — ele fechou os olhos e suspirou.
— Não! — ela se aproximou o suficiente para fazer sua respiração ser notada.
— Eu estou avisando, não complique as coisas.
— Eu é que não estou te entendendo, quem é que está complicando as coisas agora? Só te pedi pra olhar pra mim...

Ele abriu os olhos, mas não levantou o olhar.

— Eu realmente te avisei...
—Sobre o que? — ela disse em tom de falsa inocência.

G.O suspirou, pegou Victoria pelos quadris e a empurrou para dentro de uma cabine, contra uma das paredes, sustentou-a fora do chão com uma das pernas, prendeu seus braços por cima da cabeça e sosteve o olhar em seus lábios por uns segundos. Ela prendeu a respiração em expectativa para o que viria, e ele avançou para um beijo um tanto violento. Vitoria sentiu uma pressão incrivelmente boa em seus lábios úmidos e perdeu totalmente a força, só o que a mantinha de pé era a coxa do rapaz, que estava entre as suas. G.O a beijava como se tivesse passado todo esse tempo segurando a vontade de fazê-lo, assim como ela mesma vinha fazendo. Ele soltou seus braços para envolver-lhe cintura, então Victoria pode agarrá-lo pela nuca e corresponder ao beijo direito. Era difícil se concentrar no que sentia quando havia tantas coisas que explorar, fazia muito calor dentro da cabine, e ela se deu liberdade de perceber tudo o que ela tinha reprimido, a vontade de sentir seu perfume amadeirado, o hálito fresco e o gosto de hortelã.

******

— Uhuhuhu que sexy! — Nana comentou, rindo.

Victoria ficou vermelha e riu baixo.

— E? — Nana disse.
— E o que?
— O que mais aconteceu?! Você parou a historia no meio!
— Porque não tem mais nada a contar sobre essa parte.
— Não mesmo? Fala sério Victoria!
— Claro que não! Nana, nós estávamos num provador de loja!
— Que foi? É um bom lugar, há lugares piores...
— Sua depravada! Você sabe muito bem que eu era virgem, e que não foi assim que aconteceu...
— Então que foi que vocês fizeram depois disso então?
— Foi só um beijo... Depois nós conversamos...
— Sobre o que? Quem conversa nessas horas?! — Nana disse meio abismada e divertida.
— Ele me explicou a historia toda do “não me envolvo com gente do trabalho”. — Victoria disse com certo desprezo e Nana não soube dizer o porquê.
— E o que era?
— Ele ficou com uma das dançarinas e depois saiu falando pra alguns caras, e no final das contas acabou saindo na imprensa várias mentiras. Daí a fama que ele tem de fofoqueiro, entre outros motivos...
— Eu me lembro disso, de quando eu era... fan dele. — Nana disse como se estivesse enojada, mas estava rindo. —Só isso?
— Como assim só isso?
— E a falta de interesse em você, ele não explicou?
— Ele disse que achou que eu não estivesse interessada...
— Desculpa, mas não acredito nisso... Quero dizer, é do G.O que estamos falando! Acho que se uma vira-lata latisse pra ele na rua ele ia achar que ela estava interessada...
— Eu sei! Mas eu também não acredito nisso, na época ele tinha interesse em qualquer uma, não duvido nada que estivesse saindo com mais umas três enquanto saía comigo. Ele só aproveitou que eu tomei iniciativa, afinal, que homem recusaria uma investida minha?
— Ok Vic, esse tipo de frase convencida só tem graça quando sou eu quem fala. — Nana disse rindo e recebeu uma careta em resposta. — Mas porque você não saiu fora?
— Porque eu gostava dele, claro! E eu também não percebi que era jogo, não percebi nada, ele estava me dando o que eu queria dele.
— Sexo!
— Não! Sério, você é muito pervertida! Vou ter que te internar? — Victoria disse pasmada, mas rindo. — Isso demorou mais tempo, eu não sou como você!
— O que você quer dizer com isso?
— Que eu não fui tão fácil?
— Está me chamando de fácil?
— Claro que não, só de rápida, muito rápida, quase um carro de fórmula 1.
— Olha que eu levanto rápido pra te dar uns tapas hein? Quanto tempo foi que você esperou?
— Um mês...
— Ah tá, faz muita diferença, uma semana com relação a mim.
— Viu só? Você já está apostando corrida comigo, e atravessou a linha de chegada uma semana antes.
— Ok ok, já chega de piadas as minhas custas, continua a sua piada, quero dizer, história. — Nana disse rindo.

*****

G.O e Victoria continuavam a sair como amigos, um pouco mais que isso depois do beijo, mas ele nunca disse a ninguém, porque não podia sair na imprensa. G.O começava a mudar o comportamento, a carreira ia bem, tinha que ser mais cuidadoso, mais seletivo com as coisas e Victoria encarava aquilo como algo normal, afinal ele tinha mais responsabilidades, mais compromissos, e mais coisas a perder que a ganhar com notícias sobre a vida pessoal nas revistas. Ela era sempre compreensiva, mesmo que não gostasse, tinha acabado de descobrir que era ciumenta e o trabalho dele envolvia estar sempre perto de muitas mulheres. No entanto, Victoria não era maldosa, sentia ciúmes, mas sempre justificava dizendo a si mesma que era só impressão sua. E era compreensível, pois, ele era um dos únicos amigos que tinha, a primeira pessoa que fez questão de fazê-la sentir como se estivesse em casa.

À medida que o relacionamento dos dois ficava naquela indefinição entre amizade e um pouco mais que isso, G.O ficava mais ansioso, porque Victoria sempre retesava usando uma desculpa qualquer.

Um dos passeios que sempre faziam era passar à noite por um parque público que ficava perto da agência toda vez que ele não tinha compromissos e que tinham terminado de ensaiar. Entrava o ultimo mês de inverno e o frio começava a cessar, só restava a brisa fresca da noite. O casal gostava de passar por lá depois das 9 da noite porque geralmente estava vazio, mas era bem iluminado e a visão do pequeno laguinho no meio do campo era muito agradável. G.O estendeu uma toalha no chão, deitou-se e bateu no chão duas vezes para que ela fizesse o mesmo.

— Essa não é a toalha que você usa pra enxugar o suor do treino? — ela disse rindo, mas um tanto enojada.
— É sim, e daí? — ele disse ajoelhando-se para abraçar Victoria, que se recusava a sentar, pelo quadril.
— Daí que é um tanto nojento... Eu assim limpinha sentando nisso aí.
— Não vamos dar certo se você tiver nojo do meu suor...
— O que uma coisa tem a ver com a outra?

G.O a puxou para baixo e a jogou contra a toalha, prendendo-acontra o chão com o corpo.

— Tudo... — ele a beijou intensamente, passando a mão por debaixo de sua camiseta, na altura da cintura e ela permitiu ser tocada durante algum tempo, já ia subir a mão quando foi impedido.
— Seu idiota. — ela disse rindo. — O que está fazendo?
— Só um carinho...
— Percebi... — Victoria ainda sorria.
— Então?
— Sério? Aqui no meio do parque?
— Nunca é lugar pra você não é? — G.O disse apoiando a cabeça numa das mãos, mas sem sair de cima dela. — Já está na idade pra isso...
— Aish, você tem que falar em idade? — Victoria o empurrou para o lado e levantou o tronco, ficando sentada sem olhar pra ele.
— Ei! Qual o problema com a idade Sininho?
— Era o Peter Pan quem não queria crescer não a fadinha, gênio!
— Ok, mas ainda não entendi o problema.
— Não gosto de ficar mais velha...
— E quem falou em ficar mais velha? Além do mais você tem só dezenove anos...
— Vinte... — ela disse num tom de voz irritadiça e G.O estranhamente estremeceu.
— Vinte? Você fez aniversário? — ela lhe lançou um olhar fulminante que nem necessitava de palavras para explicar. — Ontem! Caraca! Eu esqueci!
— Você anda muito ocupado não é? — Victoria disse ironcamente. — Muita gente pra dar atenção, manager, programas de TV, dançarinas...
— Você é muito ciumenta... Espera, você disse que não gosta de ficar mais velha, porque ficou tão irritada?
— Porque gosto menos ainda de ser esquecida.
— Isso não é justo, eu não me esqueci de você, esqueci de uma data relacionada a você. — Ele se levantou pra ficar sentado ao lado dela.
— Isso não te exime de culpa.
— Ok, conheço uma forma de me eximir da culpa. Não posso deixar assuntos pendentes, muito menos com você. — ele disse depositando-lhe um beijo atrás da orelha.

Victoria se arrepiou esse afastou um pouco, confusa.

— Como assim assunto pendente?
— É... é... Seu presente! Tenho que te dar um presente não é? – G.O disse um tanto desconcertado, parecia se esforçar para controlar a voz.
— Não quero nada de você... — Victoria ainda estava irritada, mas demonstrou certa curiosidade quanto ao tal presente.
— Mentirosa! Tem algo que eu posso te oferecer sim. — ele disse sorrindo, aproximando os lábios aosdela, mas sem beijá-la.
— O que?
— Eu! — ele roubou um beijo dela.

Victoria riu alto.

— Achei que você ia me dar algo de valor.
— E eu não valho nada? — ele disse brincando de estar ofendido.
— Nada!
— É porque eu não tive tempo de oferecer tudo. — G.O voltou a deitá-la na toalha e a prendeu mais firmemente contra o chão, beijando-a até que ela ficasse entregue por falta de ar.

De repente ele parou para observá-la, deixando-a de olhos fechados no chão. Quando ela percebeu o que ele estava fazendo, abriu os olhos e deu de cara com seus olhos negros e sorridentes mirando-a com uma expressão um tanto estranha, como se ele quisesse gravar a imagem na cabeça por muito tempo.

— O que está fazendo? — Victoria disse um tanto ofegante.
— Vem! — Ele se levantou de repente puxando-a pela mão. — Vou lhe dar um ótimo presente de aniversário, atrasado, mas vai ser tão incrível que você vai se lembrar de mim pra sempre.
— Você está ficando louco, está dizendo cada coisa estranha hoje.
— Fazer loucuras deixa a gente jovem, não é isso que você mais queria hoje?

Ela fez que sim, um tanto insegura por não saber o que G.O estava tramando.

— Então vem!

Ele saiu correndo de mãos dadas com ela de volta à rua, onde tinha deixado o carro, abriu a porta do passageiro pra ela entrar e deu a volta no carro. Levou a para o prédio onde ficava seu pequeno apartamento.

— Sobre e se arruma, vista aquele vestido que eu te dei na noite do nosso primeiro beijo. Venho te buscar daqui duas horas.
— Quer que eu me arrume em duas horas pra quê?
— Você tem sempre que questionar tanto?
— Claro, não sei onde é que você vai me levar ou o que vamos fazer?
— Ok, vocênão sabe mesmo... Não pode confiar em mim? — ele usou um tom dramático de voz para amolecê-la.
— Eu confio em você, só estou curiosa.
— Acho que você vai se dar conta logo, mas está perdendo tempo, vá logo se arrumar!
— Ok, já vou! — ela deu um beijo de leve em seus lábios e saiu correndo.

No momento em que colocou o vestido soube pra quê o estava fazendo, nem se lembrava de como era revelador, e nem se importou realmente, estava ansiosa demais pra se sentir incomodada. Tinha insistido que não queria levar e peça, mas G.O insistiu em enfiá-lo dentro da sacola de compras, desde então não tinha tocado no vestido mais, porque imaginava que não haveria uma situação oportuna para usá-lo. Até que a oportunidade havia chegado, aquele era um vestido pra duas ocasiões, ou uma mulher o vestia pra uma festa realmente extravagante, ou o vestia pra mostrar pra alguém, e esse devia ser os dois casos, porque G.O era suficientemente excêntrico para armar uma ocasião assim e também querer se deleitar com uma imagem daquelas. Sim, porque Victoria ficava um espetáculo naquele vestido, até ela teve que admitir, já que estava sozinha contemplando o espelho.

G.O passou exatamente duas horas depois e soltou um assobio de admiração quando ela atendeu a porta. Os dois foram a um luxuosíssimo hotel que ficava num bairro rico de Seul, mas ficava afastado do centro. Ninguém notou os dois entrando no saguão, pois estava tendo uma festa de lançamento de um filme, e G.O era a pessoa menos famosa de lá. Quando entraram no quarto, Victoria teve uma surpresa enorme, primeiro porque o quarto em si já era um espetáculo em tamanho, bom gosto e exuberância. Segundo porque, como se não bastasse o luxo todo, havia uma enorme quantidade de velas vermelhas estrategicamente posicionadas, e mar multicolorido de pétalas de rosas e outras flores que Victoria não soube identificar. As pétalas cobriam cada centímetro de chão do quarto, e também a cama, e um perfume forte e floral pairava no ar devido ao calor das velas.

— Eu não sabia de que flores você gostava então mandei trazer um pouco de todas que eu sabia nomear, gostou?
— Achei lindo da sua parte, como foi que arranjou isso em tão pouco tempo?
— Isso não vem ao caso... agora... — ele disse distribuindo beijos nas costas de Victoria, descobertas pelo decote do vestido.
— Aposto que o gerente do hotel já está até acostumado com esses seus pedidos...
— Você acha o que? Que eu já fiz tudo isso pra uma garota antes? Claro que não... Você é a única a quem eu dedico tanto do meu tempo.
— Porque nós trabalhamos juntos, seu bobo! — Victoria se virou para olhá-lo nos olhos e ele a abraçou pela cintura.
— Não é por isso, você sabe que é especial não é?
— Saberia se você parasse de olhar pro decote e olhasse nos meus olhos. — ela disse rindo.
— Como você é desconfiada! Vou falar uma coisa verdadeira pra você acreditar em mim. — ele disse beijando-a nos lábios.
— E o que é então?
— É um conselho...
— Um conselho?
— Sim, pra você, agora que já tem vinte anos, aproveitar melhor o tempo que tem...

Victoria riu.

— Eu não estou te entendendo.
— Sim, é pra você aproveitar o tempo. Olha só que lindo tudo isso! Amanhã essas pétalas já estarão murchas, as velas estarão apagadas, as estrelas já não estarão aqui, nem nós estaremos... E você vai estar um dia mais velha...
— Velha? — ela disse meio emburrada.
— Aish, viu só? Eu aqui dizendo coisas bonitas e você só presta atenção quando eu digo “velha”!
— Ok, eu deixo você continuar, eu estava gostando do que dizia...
— Como eu ia dizendo, a gente nunca permenece num mesmo estado muito tempo, nunca num mesmo lugar...
— E então, qual é o conselho?
— Meu conselho é pra você receber meu presente, pra você lembrar sempre, como uma gravação em diamante, uma gravação que nunca se apaga.
— Eu aceito o presente. — Victoria se afastou, fechou os olhos e estendeu os braços.
— Você prestou atenção no que eu disse? Ou só na parte do diamante? — G.O disse rindo. — Porque o presente sou eu.
— Ok, eu já disse que aceito o presente.

A próxima coisa que sentiu foi ser tomada nos braços por G.O, levada para um tapete de pétalas sobre a cama, a sandália de salto deixou seus pés de alguma forma, e ela pode sentir a superfície aveludada das pétalas sob seus pés. As mãos frias dele passando por sob o vestido, deixando as alças caíram ombro abaixo. Sentiu a ausência dele por alguns segundos e logo o teve de volta aos braços, sem roupa. Victoria não se atreveu a abrir os olhos, sentiu medo de perder a coragem e se deixou ser guiada, logo os dois já estavam fazendo amor.

Os dois não chegaram a ver dia amanhecer.

******

— Foi muito bonito até...
— E depois?
— Essa parte da historia você já conhece, acordei sozinha no quarto e no travesseiro ao lado ao invés de um homem tinha um bilhetinho ridículo escrito “Bom dia Vic, volto pra você assim que o sucesso bater à minha porta, sonhe comigo e me espere enquanto isso”. Cafageste, estúpido! — Victoria disse com total desprezo na voz.
— É sério, até eu teria caído nessa...
— Caído em quê Nana?
— Nessa historia toda, tipo, ele deu todas as pistas e você não percebeu. Aquela historia de “as estrelas já não estarão aqui, nem nós estaremos” — Nana tentava comicamente imitar a voz que G.O teria feito quando disse aquelas palavras. — “gente nunca permenece num mesmo estado muito tempo, nunca num mesmo lugar”, estavana cara que ele ia dar no pé. Só que com tanta extravagância até eu ia ficar meio perdida.
— Esse é seu jeito sutil de me chamar de idiota?
— Não, esse é meu jeito sutil de dizer que a “esperta” aqui também levaria um pé na bunda. Agora eu entendi tudo.
— Obrigada, me sinto menos burra com a sua solidariedade...
— Que isso Vic, algo de bom você deve ter tirado da experiência.
— Talvez...
— Qual é? Deve ter sido lindo, apesar de ter sido com o traste...
— Foi lindo sim, mas nem tudo... já que eu levei o maior fora da vida.
— Até um pé na bunda te empurra pra frente, olha você agora evoluída! O que quis dizer com “nem tudo” foi lindo?

Victoria desviou o olhar por um instante, escondendo o rubor no rosto.

— Não foi tudo lindo porque doeu...
— Ai tá Vic, eu já sei que você ficou magoada e tal... Não foi isso que eu perguntei...
— Mas foi isso que eu respondi, doeu mesmo, dói com todo mundo...

Nana riu alto.

— Sério?! Porque comigo não...
— Claro, porque você nasceu genéticamente perfeita pra isso, né?! — Victoria disse rindo e Nana ficou tentando não rir. — O resto das mortais tem um período de adaptação.
— E qual foi o seu tempo de adaptação?
— Umas duas horas.

As duas riram.

— Satisfeita em saber da historia toda?
— Que historia toda Vic? Falta a historia do bebê... do Minwoo oppa!
— Ai não! Vai dormir Nana!
— Não mesmo! — Nana disse de braços cruzados, feito uma garotinha de sete anos fazendo birra. — Não se você não me prometer que vai contar.
— Amanhã Nana, amanhã!