Triplex

E o tempo não passa... e o tempo não voa


O domingo seguinte foi chuvoso, tanto que Victoria, que morava sozinha, nem percebeu que já era de manhã. Ela acordou muito cedo e ficou lutando para voltar a dormir até se dar conta de que amanhecera. O sono de Nana também tinha sido agitado, ela passou a maior parte da noite checando inconscientemente a tela do celular. NichKhun dormiu feito um bebê...não tão inocentemente assim, claro.

Havia esfriado bastante com relação ao dia anterior, e a chuva caia forte, Victória se enrolou num edredom, pegou guloseimas na cozinha e foi para o sofá ver filme. Mal passaram 15 minutos e alguém bateu à porta. Victoria, temendo que fosse NichKhun, baixou o volume da TV e olhou pelo “olho mágico” da porta, era Nana. Victoria destrancou e abriu a porta.

— Você aqui? Como sabia meu endere...
— Será que eu posso entrar? Estou morrendo de frio.


Victoria parou um instante e percebeu que Nana estava encharcada por causa da chuva.


— Ah sim... Claro, entra aí.
Ela emprestou um roupão à Nana e ofereceu comida e um lugar no sofá.
— Como foi que descobriu meu endereço.
— Coincidência. Precisei olhar na agenda do meu empresário e vi seu endereço lá. Ele também trabalha para a sua agencia.
— E você saiu nessa chuva a essa hora da manhã para...?
— Te acordei? — disse Nana, notando certo mau humor na voz de Victoria.
— Não.
— Que bom. Ah! E eu não saí na chuva, eu moro aqui perto. Saí usando um guarda-chuva, para dar uma volta, porque não conseguia dormir. E lá fora não está só chovendo, como também está ventando muito. Resultado, meu guarda-chuva quebrou, voou pra longe e eu fiquei na mão. E como eu estava mais perto da sua casa que da minha...


Victoria riu.


— Desculpa, mas tive que rir.
— Pode rir, eu sei que você imaginou a situação toda. — mas a graça acabou rápido — E você, voltou bem para casa ontem?
— Você quer que eu pergunte o que você e NichKhun fizeram depois que eu saí do quarto ontem? – Victoria disse, estreitando os olhos, mas em tom ainda amigável.
— Não tenho o menor problema em dizer, te perguntei porque queria tirar uma dúvida.
— Dúvida?
— Ah há! Agora você quer saber, nós nos beijamos, e vocês?
— Não. — a resposta monossilábica de Victoria, deixava transparecer certo despeito.
— “Não” o quê? “Não” não vou te dizer, ou ““ não” não nos beijamos”?
— “Não”, nós não nos beijamos. — respondeu Victoria, com impaciência — Não que ele não tenha tentado, mas também não insistiu... — disse ela tentando contornar a situação — Pensei que você já tivesse concluído que NichKhun está jogando com as duas.
— Bom, se ele não te beijou...
— Achei que você fosse menos inocente. Ele tentou — insistiu Victoria — me beijar, mas eu não deixei, ele me abraçou e foi embora.
— Ele desistiu assim fácil. — Nana tentou não parecer debochada, mas Victoria não entendeu assim.

Victoria respirou fundo, e controlou seu gênio, julgou pouco pertinente discutir.

— Eu também não entendi — ela soou um pouco desapontada — só sei que ele está jogando. Você é muito nova para entender tão bem das coisas.
— Você fala como e fosse muito mais velha que eu, o que não é verdade. Me diga o contexto da situação e me ajuda analisar.
— Alguém já te disse que você tem um vocabulário muito incomum pra uma modelo?
— Ah vai! Odeio estereótipos, principalmente esse, por isso eu falo desse jeito. E não me enrola, conta o que aconteceu.
— Você primeiro. — Victoria estava gostando de brincar com a curiosidade quase adolescente de Nana.


Nana suspirou.


— Não tem muito o que contar, você esquece que eu fiquei sozinha com ele por um trinta segundos. Depois que vocês saíram do quarto ele me puxou e me deu um beijo... e eu correspondi, fiz mal?

Agora sim ela parecia ter a idade que tinha, insegura como qualquer garota de vinte anos recém completados.

— O que ele disse?
— Disse que me beijou “para o caso de eu ter pensado em não procura-lo”. Ai claro! — ela mesma concluiu o raciocínio — Ele me beijou porque eu não fui com ele no carro e ele ainda não sabe onde eu moro, e não tentou nada com você porque...


— Ele me trouxe aqui então vai me procurar quando quiser. Ele pensou em tudo, entendeu?
— Será que ele faz mesmo essas coisas de caso pensado. Ele é tão, sei lá, gracinha...?
— Nana, alô? Claro que ele faz essas coisas de propósito!
— Não será você que anda meio sem fé? Espera, conta a sua parte da história!

Victoria contou tudo, da parte em que ele falou sobre o que conversou com Junsu até o que aconteceu na calçada.

— É, ele sabe o que faz. — concluiu Nana — E nós, o que faremos?
— Fácil, melhor não se deixar envolver, quer dizer, fácil na teoria, porque na pratica é muito diferente, experiência própria. Você não o procura, e se ele vier aqui eu finjo que morri. Ele deve achar que nós nunca voltaríamos a nos falar...


Nana riu.


— Combinado então.


“Vamos ver quem agüenta por mais tempo” pensou Victoria rapidamente.
No entanto, nos dias seguintes NichKhun não deu sinal de vida.