Tricks of Fate

"As armadilhas do destino."


– Então... É hoje. – Maddy suspirou e deu um sorriso triste. Envolvi seus ombros com um braço.

– Não fica triste, amor. Vai ser bom. E, além disso, nós não estamos indo sozinhas.

– Eu não estou triste, Vick. É só que... Eu vou sentir falta daqui.

Sorri e me sentei na cama, fazendo-a sentar-se a minha frente.

– Sabe, Maddy. Por incrível que pareça, eu também vou sentir falta daqui. Mesmo que eu esteja voltando para o Reino Unido, os anos que eu vivi em Fort Lauderdale foram os melhores. Mas faz parte da vida, e agora nós estamos indo para a faculdade. – Acariciei o seu rosto, tentando animá-la. – E a gente vai poder voltar sempre que puder.

Um sorriso pequeno se desenhou nos lábios rosados da minha namorada e me fez sorrir também.

– Ok, chega de drama. Vamos terminar de arrumar esse quarto, certo? – Maddy apertou a minha mão e se levantou da cama.

Peguei as últimas roupas do armário e as levei para a cama, dobrando cada uma delas enquanto Maddy as colocava na grande mala azul. Depois de terminada a tarefa, peguei outra mala menor e comecei a colocar meus tênis e os diversos sapatos de Madison nela.

– Eu acho que já está tudo arrumado agora. – Ela disse assim que terminamos de fechar as duas últimas malas e colocamo-las no chão.

– A gente pode sair para andar um pouco, ou se não ver com o Yuri e Tom se eles já estão prontos. – Sugeri, dando de ombros.

– Então vamos andar um pouco. – Ela sorriu e eu fiz o mesmo.

Descemos com as malas do mezanino para a sala de estar e, depois de fechar as janelas, deixamos o apartamento.

– Isso me lembra um pouco de quando você foi para Miami. Nós nos despedimos aqui... – Maddy soltou um suspiro enquanto caminhávamos de mãos dadas pela praça.

– É verdade. Mas dessa vez não tem lágrimas... E nós não vamos nos separar. – Sorri e olhei de esguelha para ela.

– Agora nós estamos indo para Oxford. – Maddy abriu um sorriso grande e abraçou o meu pescoço.

– Sim, amor. Nós vamos para Oxford. – Sorri e enlacei sua cintura com os braços, beijando-lhe os lábios demoradamente.

– Olha o casal do ano aí, gente! – A voz de Yuri me fez, muito a contragosto, me separar de Madison.

– Olha só quem fala. – Eu ri, desviando os olhos para uma das mãos do garoto, que estava entrelaçada na mão de Tom.

Ele abriu um sorriso radiante e Tom riu.

– Mas então, vocês já arrumaram \\\\tudo? – O loiro perguntou.

– Já. – Maddy sorriu. – Estávamos terminando de arrumar nossas malas agora.

– Eu ainda não consigo acreditar que nós quatro passamos em Oxford! – Yuri abriu um de seus sorrisos radiantes, fazendo eu, Maddy e Tom sorrirmos junto.

– Verdade. E foi muito legal da parte do seu pai fazer indicações para nós. – Tom sorriu e eu assenti.

Quando Jordan soube que nós quatro queríamos entrar em Oxford, ele usou seu crédito de ex-aluno para conceder indicações para nós. E, graças a isso, eu voltara a ter um contato mais frequente com ele – o que fora um pouco encorajado por Madison, devo admitir. Eu passara em Direito, Madison em Astronomia. Tom em Veterinária e Yuri em Botânica.

– E Sienna, Yuri? Você sabe se ela e Kori chegaram bem em Boston? – Perguntei ao garoto moreno.

Sienna e Kori haviam passado na Universidade de Boston, já que aquele era um dos maiores pólos de conhecimento do país, além de ser um exemplo nas matérias que eles desejavam estudar: Arquitetura e Engenharia, respectivamente. Como eles precisavam resolver mais algumas coisas, preferiram deixar Fort Lauderdale alguns dias antes de nós.

– Sim. – Ele sorriu. – Ela ligou para nós ontem. Disse que os alojamentos da universidade são ótimos e que o curso vai começar logo.

– A mãe de vocês não vai morrer de saudade? – Maddy perguntou e ele riu.

– Provavelmente sim. Mas pelo menos ela agora tem aquele tal de Richard para fazer companhia.

– Ah, sim. O namorado.

– É. Ele. – Yuri revirou os olhos e nós rimos.

Richard era o novo namorado de Lara, e Yuri odiava o cara, simplesmente por ciúmes da mãe.

– Então vai ser o Jordan a nos levar para o aeroporto? – Tom perguntou, mudando de assunto.

– É. – Respondi. – O carro do meu tio ainda está no conserto.

– É bom que vocês dois tenham voltado a ter um contato mais frequente. – Yuri sorriu. – Ele parece ser um cara legal. Bom... Agora, pelo menos.

Eu sorri e assenti, sem responder nada.

Nós continuamos caminhando pela praça e conversando sobre a viagem, a faculdade e nossos cursos.

– Sabe, Vick, eu ainda não consigo entender por que você decidiu fazer Direito. Eu consigo imaginar perfeitamente a Maddy como astrônoma, estudando as estrelas e se enterrando com tanto cálculo, o Tom rodeado de bichos igual ele fica com aqueles gatos, a minha irmã e o Kori se metendo com projetos. Até eu mexendo com plantas... Mas você como advogada?

Dei uma risada.

– Eu também não me imagino como advogada. Não escolhi Direito por isso. Eu gosto de ajudar gente, Yuri. E tem esse lado do Direito, a assistência social, que é uma coisa legal.

– Então quer dizer que você vai fazer Direito e ser assistente social? – Yuri arqueou as sobrancelhas.

– É o que eu espero. – Soltei um suspiro e sorri.

O futuro era algo subjetivo, se fôssemos parar para pensar. Nós esperávamos que acontecesse exatamente o que queríamos, ou o que planejávamos, mas as coisas podiam mudar num piscar de olhos, e nossos planos e desejos podiam simplesmente ir pelos ares. E diante disso, o máximo que podíamos fazer era tentar nos adaptar o melhor possível às armadilhas do destino.

– Vick? Amor? – A voz de Madison me tirou das minhas filosofias.

– Hum? – Olhei para ela. – O que foi?

– Está tudo bem? Você estava há meia hora encarando o chão sem dizer nada.

– Ah, sim. Tudo bem. – Balancei a cabeça. – Eu só estava meio distraída.

– Eu percebi. – Ela riu e eu sorri.

– Então... Vamos para casa? Eu queria descansar um pouco antes de nós irmos para o aeroporto. São muitas horas de viagem daqui até Oxford.

– Tudo bem, então vamos. Nós acordamos cedo hoje, para arrumar aquilo tudo. Eu também estou ficando com sono.

– É, acho que a gente também vai para casa. – Yuri deu de ombros, levando as duas mãos à nuca.

– Ele quer dizer que nós vamos para a minha casa. – Tom sorriu de canto.

– É, ou isso. Não tenho culpa se minha mãe me expulsou da minha exatamente no dia que eu vou embora. Agora vou ter que ficar rodeado daqueles gatos na casa do Tom.

– E vai estar com o mais gato de todos, que é esse loirinho aqui. – Eu sorri e baguncei os cabelos do garoto ao meu lado, vendo seu rosto corar levemente.

– Claro. Mas esse gato é meu. – Yuri sorriu e colocou um braço ao redor da cintura do namorado, puxando-o para si e lhe dando um beijo demorado.

– Aah, mas o amor é lindo mesmo. – Maddy sorriu.

– É lindo, mas vocês podem terminar isso na cama do Tom. Acho que é contra a lei fazer esse tipo de coisa no meio da praça. Tem crianças aqui! – Exclamei e vi o rosto do garoto loiro ficar mais ou menos da cor de um tomate maduro, enquanto Yuri apenas ria.

– Tori! – Tom exclamou, em um tom leve de repreensão.

Eu sorri.

– Eu não disse nada!

– Claro que não. – Yuri sorriu e revirou os olhos.

– Enfim. Nós vamos para casa. Até mais tarde, casal do ano.

Yuri e Tom sorriram.

– Até mais tarde, casal do mês. – Tom brincou e nós sorrimos.

Segurei a mão de Maddy e nós tomamos o caminho da Rua 9, enquanto Yuri e Tom seguiam seu caminho para a Rua 6.