Senti algumas lágrimas saírem dos meus olhos, enquanto permanecia ali parada, encarando Chat. Pela sua expressão, havia pego ele de surpresa.

— Era isso o que eu tinha para dizer. Até amanhã. – sequei as lágrimas com a manga do meu casaco e saí correndo para casa antes que o loiro pudesse responder.

Tinham muitas outras coisas que eu queria poder ter dito para ele, mas eu simplesmente não conseguiria sem desabar ali na frente da escola.

Chat Noir foi a melhor coisa que aconteceu comigo e eu não queria perde-lo novamente.

***

— Toc toc! – levantei a minha cabeça e meu olhar parou em Chat, que estava batendo na minha janela.

— Pode entrar. – tirei as cobertas de cima de mim e me sentei na cama enquanto ele abria a janela e entrava. Era noite, eu estava pronta para ir dormir e de pijama. Mas não liguei que Chat me visse assim. – Achei que tivesse aprendido a usar a porta nesse meio tempo. – falei sem encará-lo.

— Alguns hábitos nunca mudam! – senti ele sentando ao meu lado na cama. – Você está bem?

— Estou sim. E você?

— Bem também. – ficamos em silêncio por alguns segundos – Eu ia falar com você amanhã na aula, mas não consegui esperar. – o encarei, curiosa com o que ele diria – Sinto muito por ter sumido de repente. Se eu soubesse que isso ia te machucar, teria feito algo à respeito.

— E eu sinto muito novamente por ter agido como se não me importasse com você.

— Tudo bem. – ele sorriu e eu retribuí – Me perdoa então?

— Só se você me perdoar.

— Eu te perdoo se você me pagar lanche durante a semana e fazer massagens nos meus pés todo dia depois da aula. – cruzei os braços e o encarei com descrença. – Ok, só as massagens então.

— Chat! – dei um soco em seu braço e ele riu.

— É claro que eu te perdoo. Vem cá. – Chat me puxou para um abraço e eu escorei minha cabeça em seu peito, sentindo as batidas do seu coração próximas à mim. – Será que vão notar se a gente ficar assim pra sempre?

— Espero que não, porque eu estou de pijama. Se for pra gente ficar assim pra sempre, pelo menos deveria me dar um tempo pra colocar uma roupa bonita. – ele riu.

— Sabe que não importa o que você está vestindo, não é? Você fica linda com qualquer coisa! – sorri.

— Obrigada.

— Trabalho com fatos. – nos separamos e eu ri. – O que acha de sairmos amanhã à tarde como fazíamos antes?

— Eu acho uma ótima ideia.

— Bem, agora eu preciso ir. Boa noite, princesa. – Chat ficou de pé e deu um beijo no topo da minha cabeça.

— Boa noite, Chat. – ele acenou e caminhou até a minha janela.

— A propósito, eu sabia que você tinha uma calcinha de joaninha. – apontou para a minha escrivaninha aonde estava minha calcinha dobrada. Minha mãe deve ter lavado e colocado ali.

Arregalei os meus olhos e corri para guardá-la.

— Ok, você precisa mesmo ir. – Chat Noir riu e saiu pela janela. – Esse... Idiota! – ri da situação. Era incrível como ele conseguia me causar um misto de sentimentos de uma vez só.

Depois da visita de Chat e da nossa conversa, consegui pegar no sono. E naquela noite, eu dormi muito bem.

***

— Então eu pensei que a gente podia ir naquela lanchonete porque você sabe que o Nino e o Adrien não pararam de falar dela. – Alya falava toda empolgada no intervalo, enquanto eu comia meu sanduíche – Além do mais, lá tem um boliche e temos que ter a nossa revanche. Eu tenho certeza que da última vez eles roubaram.

— Como nós iríamos roubar? – Nino questionou já cansado da paranoia de Alya.

— Eu não sei. Mas vocês são garotos, não são confiáveis. – nós rimos.

— Enfim, vamos quando?

— Eu só posso amanhã. Hoje eu tenho alguns compromissos com o meu pai. – Adrien disse e revirou os olhos.

— Tudo bem, por mim pode ser. – coloquei a mão no ombro de Adrien e o lancei um sorriso confortante.

— E aí gente fina? – Chat questionou, se sentando à mesa com nós.

— Como vai? – falei rindo.

— Bem. Na verdade eu mesmo tive que comprar meu lanche, então não tão bem assim. Isso é tudo culpa sua, Marinette Dupain-Cheng. – fingiu estar zangado e nós rimos.

— Porque é sua culpa? – Alya e sua curiosidade do tamanho do continente questionaram.

— Marinette sempre é a culpada de tudo. – ele disse brincando.

— Verdade. Uma vez ela derrubou a placa de piso molhado no museu e se escondeu atrás de uma estátua. O guarda olhou feio pra mim, achando que tinha sido eu. – Alya disse e todos riram, exceto eu, que a encarei cerrando os olhos.

— Também te amo. – continuamos conversando sobre os micos de cada um e não demorou muito para o sinal tocar e irmos pra aula.

— Tudo certo pra hoje à tarde? – Chat questionou e eu assenti.

— Já tem algum lugar em mente?

— Sempre.

— E qual é?

— Segredo. – ele piscou e saiu pulando de um jeito engraçado.

— Bobo! – murmurei balançando a cabeça e entrando na sala de aula.

A ideia de sair com Chat me deixou mais leve quanto a nossa amizade. Mas eu ainda não tinha certeza se deveria estar mais despreocupada com a nossa relação. Acho que posso aproveitar a nossa saída, no entanto, continuo receosa.

***

— Você está pronta para passar uma tarde com a pessoa mais incrível do mundo? – Chat questionou com um sorriso largo assim que eu abri a porta de casa para ele.

— Oh meu Deus! Você trouxe o Jagged Stone? – brinquei e olhei para os lados. O loiro apenas fez uma careta emburrada e negou.

— Muito engraçadinha! Mas nós dois sabemos que a pessoa mais incrível do mundo sou eu!

— A mais convencida também.

— Ei, algum defeito eu tinha que ter! Acha mesmo que deixariam um ser tão perfeito andar por aí? – eu ri, mas depois aquela frase fez um sentindo imenso na minha cabeça.

Chat Noir era o garoto perfeito criado no meu diário. Era óbvio que ele não deveria existir. Então, basicamente talvez o sumiço dele seja explicado por isso.

Entretanto, eu não tinha nenhum palpite sobre a sua aparição.