Depois de abraçar todos na sala e de assegurar que estava bem, fui trazida para o quarto pelo Kim e Blake. Já que Ian e Burns quase brigaram novamente pra saber quem me traria até aqui, estava me cansando esses dois, gritei: “Chega!”, para eles e falei que podia ir sozinha, mas logo me arrependi, ainda estava doendo fortemente minha costela e minha cabeça. Acabei aceitando o convite do Rob e Tom pra me guiar e me trazer até aqui, eles eram fortes e estavam tão cheio das brigas quanto eu. Deixaram-me na cama e foram pra fora, longe de mais discussões, presumi. Trouxeram-me comida, Jamie, foi o primeiro a se jogar no meu corpo.

Ai! Mais dor.

Cada abraço que me davam, eu estremecia, pelo rosto do Doc ao meu lado, via que ele estava me avaliando e já que estávamos sem mantimentos médicos realmente não vi necessidade de contar das minhas dores,e com certeza por dentro me culpava por não ter trazido nessa Pilhagem, os benditos remédios. Agora estão fazendo uma falta tremenda.

“Você quer alguma coisa?” perguntou Ian, Burns ,Jeb, Jamie, Melanie, Nate ao mesmo tempo.

Dormir e que vocês parem com essa briga toda. Por favor.

“Nada, bom, talvez dormir” preciso seria a palavra certa.

“Ta com dor em alguma parte do corpo?” perguntou Doc

“Não, só uma sonolência e um pouco de dor de cabeça” não era de total mentira, mas não era um pouco que doía, porém com todos esses olhos me olhando, não tinha como dizer.

“Deve estar com sono, pois usamos o ultimo do Tranquilizante!” que? Não tem mais? Doc me diga, por favor, que tem mais!

“Pode ser, agora realmente quero dormir!” talvez dormir seja um remédio pras dores.

“Esta bem, vamos te deixar dormir” disse Jeb e logo todos estavam saindo. “TODOS!” exclamou Jeb e vi Burns, Nate, Jared e Melanie indo de mau gosto pra fora.

Logo fui lentamente pra cadeira mais perto, tinha me levantado pra abraçar eles pra desejar boa noite e aquilo me causava mais dores. Voltei-me novamente pra cama. Silêncio, escuridão e sossego. Enfim. Mas logo uma voz surgiu da escuridão

“Peregrina” a voz era distante, mas muito cansada.

“Ian?” realmente a dor de cabeça está aumentando ao ponto de me fazer confundir tudo.

“Sabe o quanto me preocupei com você?” sua voz era uma mistura de raiva com dor e tristeza, não sabia na onde na escuridão do quarto, ele estava.

“Ian? Realmente sinto muito ter te preocupado, sei que isso deve ter sido ruim!” murmurei.

“Ruim? Ruim foi muito pouco, estava a beira do loucura, queria bater naquele idiota, e quando Kyle ia bater nele, você se coloca na frente?! Tem ideia da dor que senti, vendo você ali sem resposta nos meus braços? Seu corpo frio, seu sangue escorrendo? O que estava pensando hein?” agora era claro, havia raiva, e pelo visto muita raiva em sua voz, no fundo tinha a dor. Ian apareceu em pé na parede.

“Ian, não pensei...olha posso dormir? Ou você vai querer discutir comigo hoje mesmo?” ele se assustou com a analogia que tratei, afinal não era a única culpada aqui.

“Pelo que estou vendo em seus olhos você está com raiva de mim, sim, prefiro que você discuta comigo, pra eu saber se pego as minhas coisas e saio daqui” o fogo da imensidão azul dos seus olhos, estavam só aumentando, mas aquilo realmente me doeu, como se tivesse me socado, como assim sair daqui? Ele me abandonaria?

“Esta bem, se você prefere assim!” nem parecia eu falando, parecia a Melanie mal-humorada.

Sentei-me de costa a parede para poder olhar ele melhor.

“Comece a falar, senhorita, sou todos ouvidos” ele disse se sentando numa cadeira longe de mim, mas virada pra mim.

“Você quer mesmo saber?” ele concordou com a cabeça, continuei “Bom, olha Ian, primeiro, odeio violência você sabe disso, então como ousa você bater no Burns? Sabe que isso me machucaria? Burns é meu amigo, ele é...igual a mim, vocês chamam ele de parasita, então eu também sou! Como não iria defende-lo? Ele ter revidado foi horrível, concordo, vou conversar com ele sobre isso, mas não tenho cabeça pra isso agora o ponto aqui é você. Já pensou no que iria causar e afinal o por que de tudo isso? Não entendo o porque de você não gostar dele inicialmente, mas agora parece que dividiu isso daqui. Estou com raiva de você por pensar que violência é a solução de tudo, ciúmes? Eu te amo ,como pode se quer duvidar que eu te trocaria? Não foi prova o bastante que o amo quando deixei o corpo da Melanie pra não causar mais dor a vocês, principalmente a você? Vocês me colocaram nesse corpo e ele totalmente te ama, quando na maca você me tocou, mesmo desmaiada meu coração acelerou, como pode duvidar disso? Me magoa você não confiar em mim, sei que não sou bonita como antes...” – explodi para ele, mas no final a tristeza me dominou.

Silencio. E mais silencio. Não tinha coragem de olhar em sua direção, vai que as lagrimas me traíssem?! Vi que ele não ia dizer nada, resolvi me levantar...Vou sair daqui!

Joguei-me pra frente, a dor no meu corpo me fazendo me desequilibrar e não ser tão rápida como queria. Não ouvi a cadeira se afastar, nem passos nenhum, mas de repente tinha mãos no meu pulso. Ian tinha se levantando e me segurando pra não sair.

“Peregrina,para!” lutava contra seu aperto. Não quero mais nada, tenho que sair daqui.

“Não! Sabe quanto me doeu ver você com a intenção de machucar alguém? Tem ideia?” gritei pra ele.

“Não. Até agora, não entendo você, sempre se colocando no lugar daquele idiota, pare com isso, ele tem outra forma, diferente de você ...me desculpe!” a sinceridade era verdadeira, parei de lutar contra ele e notei que não tinha mais fogo azul.

“Ele é igual a mim Ian.” olhei pra baixo pra nem sentir seu olhar, seu corpo enrijeceu.

“Sabe quanta raiva me causa te ver defendendo ele?” ele assumiu um tom baixo e ameaçador, olhei pra ele, incrédula do que tinha acabado de ouvir “Mas agora vejo o que é. É você e seu sentimento de proteção e que todos são bons, de auto sacrifício pra salvar uma boa alma...pare com isso! E além do mais se eu ouvir você falar mais uma vez o nome dele....” não era a raiva que estava nele. Não, era ciúmes pelo que estou notando.

“Vai fazer o que?” antes de me impedir a pergunta já estava dita.

“Isso!” ele se agachou, me colocou no seu ombro, e me levantou.

“IAN! ME SOLTE!” minhas costelas gritavam de dor.

Ele me soltou na cama, se segurando pra não rir, nem me dando chance de lutar, ele se curvou pra cima de mim, deitei-me contra seu corpo e quando abri meus olhos, seus olhos queimavam nos meus, ele....me ama. Como eu amo esse humano ciumento.

“Peg, eu te amo, como nunca amei ninguém, você mudou meu mundo, antes o que me prendia aqui era meu irmão, agora é você, com toda essa confusão, pensei que nunca ia me apaixonar, amar alguém. Foi aí que você chegou, Peregrina, da forma mais cativante, sempre querendo o bem dos outros, sem ao menos pensar em si, mesmo dentro de um outro corpo, dava pra saber quando era você ou a Melanie, nunca vou me esquecer da sensação de te ter nas minhas mãos...” ele fechou os olhos como se fosse pra lembrar do momento “ Esse negocio de ‘esse corpo não é bonito’, não me apaixonei pelo corpo e sim pela alma dentro dela, você pra mim é perfeita, a criatura que faz meu mundo girar, que só de ver faz meu coração saltar de alegria em saber que é minha, amo te proteger, te ajudar, pois mesmo que desnecessário me sinto o homem mais feliz do planeta...melhor, da galáxia quando você me diz que me ama.” Ian. Meu doce Ian, só meu!

Ignorei a dor e puxei ele num abraço, me amassando contra seu corpo.

“Eu te amo, você sabe disso, que mais preciso fazer pra você acreditar em mim?” choraminguei.

“Só que... esquece! Venha, você deve estar dolorida e com sono” ele disse saindo de cima de mim.

O tempo que ficamos sem nos tocar era interminável, vejo que meu corpo sente saudades do corpo do Ian no meu, seus braços em volta de mim, seus lábios nos meus, ele em todo só pra mim. Um dia vou provar que sou de corpo e alma do Ian. Puxei-o pela nuca. Ele me olhava como se perguntando o que estava havendo. Beijei ele, ardentemente, no inicio ele estava preocupado, mas depois éramos só um. O beijo que começamos na garagem, só que o dobro de mais forte. Ali só era eu e ele. Ele se afastou um pouco.

“Peregrina, por favor, você irá me enlouquecer, sabe como seu corpo é tentador pra mim? E além do mais você está machucada e eu não estou...possibilitado de recusar você. Sabe que te amo, mas... nunca irei colocar meus desejos em frente aos seus, muito menos te ver toda machucada a horas atrás vou um cena que me desequilibrou totalmente.” Ian com certeza era um cavaleiro. Meu cavaleiro. Como eu ganhei esse homem mesmo?

Olhava pra ele com tanto orgulho. Ele me beijou de volta, nós dois sorrindo. Éramos apenas um, saudades misturados com preocupações. Por fim os problemas ficaram fora do quarto. Ali dentro eu não era a Alma que trocou de lado eu era “Peregrina,mulher do Ian” e ele o meu. O meu humano. O meu homem.

Por final o sono nos venceu e dormimos abraçadinhos.