Na calada da noite, privados da noção básica de horário, os competidores dormiam em seus determinados aposentos. Os vencedores do desafio anterior aproveitavam o aconchego do ressinto que eles gostavam de chamar de "Monte Olimpo". Tudo parecia calmo no dormitório masculino, pelo menos até Bobby, um dos membros da equipe Cerberus, acordar repentinamente e vislumbrar algo que o levou a gritar espantosamente. Havia vislumbrado uma silhueta pendurada de ponta cabeça, encoberta na escuridão do quarto, que só pode ser percebida graças a iluminação lunar que se propagava pela janela.

Bobby: Mamãezinha do céu! O que é isso?!

O grito rompeu o denso silêncio do ambiente, acordando todos, inclusive a figura misteriosa que na confusão pareceu se desequilibrar e cair com tudo no chão. Patrick rapidamente pulou da cama e acendeu todas as luzes. Agora com tudo às claras as coisas começavam a fazer sentido. Vin estava caído no chão, se recuperando do tombo que acabara de sofrer.

Patrick: Que gritaria foi essa?

Bobby: E-eu vi um m-monstro! Ele tava pendurado no teto! Foi a coisa mais terrível que eu já vi!

O Colchão de Bobby já estava totalmente molhado.

Vin: Que exagero. Era só eu.

Patrick: Mas o que você fazia no teto?

Vin: Eu só consigo dormir desse jeito.

A porta do dormitório se abre bruscamente e Laganja aparece segurando um taco de baseball.

Laganja: Quem gritou? Cadê o meliante?

Patrick: Calma! Calma! Não foi nada, só o Bobby que se assustou com os hábitos noturnos do Vin aqui.

Laganja: Que susto! Vocês são mesmo estranhos, em?

Vin: Mas não se preocupem, eu vou dormir em um lugar mais sossegado.

O rapaz sai de cabeça erguida, arrastando sua enorme capa pelo chão.

Laganja: Qual o problema dele?

Bobby: Vocês da cidade grande tem cada ideia, sô!

—Confessionário-

Vin: Às vezes é difícil alguém entender seu estilo de vida, mas a verdade é que eu não posso revelar meu segredo. Ninguém irá entender.

—Confessionário-

Patrick: Tudo bem, gente, não há nada para se preocupar. Podemos voltar a dormir agora.

Enquanto isso, a equipe Pegasus tentava ter uma relaxante noite de sono, mesmo com o pior combo de colchões e travesseiros disponibilizados exclusivamente na cabana dos perdedores. Apesar do esforço, Alex se revirava de um lado para o outro e não conseguia pegar no sono. Decide então chamar pela colega beliche.

Alex: Venus? Tá aí?

Venus: Hum? - Diz meio sonolenta. - Ainda não conseguiu dormir, Alex?

Alex: Desculpa te acordar.

Venus: Não, eu tava na mesma situação que você. Algum problema percorrendo sua mente?

Alex: Estava pensando sobre aquela droga de prova. Como foi mesmo que aconteceu?

Venus: Eu já te contei um milhão de vezes.

Alex: É que eu não consigo entender como eu estava tão perto e acabei perdendo pra um simples tropeço da equipe adversária.

Venus: Você sabe a minha hipótese.

De repente, uma outra voz entra no assunto noturno.

Audrey: Você não tá falando sobre aquele papo idiota de magia, né? Eu só acredito nessa bobagem se aquele gatinho tirar um coelho de uma cartola ou algo do tipo.

Venus: Não é idiota e eu não quis dizer esse tipo de magia. É algo mais de energia, tipo um objeto.

Audrey: Que besteira!

Alex: Desculpa Venus, mas eu também não acho que tem algo místico nessa história toda, talvez tenha sido só sorte.

Audrey: É, sorte, algo muito racional mesmo. Pra mim ele foi bem do espertinho e arrumou um jeito de trapacear. Vão por mim, já vi de tudo nos concursos de beleza.

Venus: Bom, tudo bem, cada um tem sua tese, mas se eu fosse vocês ficava de olho nos próximos passos dele.

Alex ficou pensando em tudo o que foi conversado. Mal acreditava que estava tão pilhada logo na primeira semana de competição, mas aquela derrota foi um baque muito grande para ela. Não demorou muito para o sol finalmente nascer na ilha grega, e Chris já tratava de acordar todos com seu estridente megafone.

Chris: Atenções, gregoloides, depois de vocês tomarem seu café da manhã, quero que estejam presentes no Campo de Batalha, pois hoje é dia de desafio e vocês não perdem por esperar! – Ri malignamente.

Assim, todos ainda sonolentos vão em direção ao Refeitório. Lá, Chef serviu uma de suas “iguarias”, cujo ele disse ser um típico prato grego, mas que simplesmente parecia a mesma gororoba de todas as temporadas.

April: Alguém mais teve problemas pra dormir? Com todas essas bactérias a solta nessa ilha...

Audrey: Você não pode reclamar, estava no bem em bom naquele Monte sei lá do que. Eu mal consegui fechar os olhos, como vou ter meu sono da beleza assim?

Chad: Essa foi a pior noite que eu já tive. Minha coluna está me matando. Eu não sei que resort é esse, mas assim que eu conseguir entrar em contato com papai eu vou mandar todos serem demitidos.

Enquanto Chad dava seu chilique matutino, Venus retirava de sua bolsa um pequeno recipiente de vidro onde continha um estranho liquido rosa.

Venus: Aqui, Audrey, toma um pouquinho disso que você vai se sentir renovada.

Audrey: O que é isso?

Venus: Uma receitinha de família.

—Confessionário-

Venus: Eu acho que não contei pra ninguém ainda, mas eu venho de uma antiga linhagem de bruxas. Mas não como Hollywood faz parecer, meus antepassados trabalhavam em conjunto com os elementos da natureza para ajudar os outros. Mas eu vou preciso não sair contando, já me acham estranha o suficiente.

Audrey: Se essa Venus continuar me dando essas bebidinhas milagrosas eu posso até pensar em não eliminar ela logo de cara. Olha a minha pele! Está como nova, mal posso esperar para esfregar esses poros na cara da Laganja!

—Confessionário-

Do outro lado da mesa, Patrick dava sua primeira garfada na comida, mas ao enfiar na boca não consegue se segurar e cospe tudo na lata de lixo. Enquanto isso, dentro da cozinha, Chef preparava panquecas para sua própria refeição.

Chef: ♫ Estou fazendo panquecas, fazendo panquecas, enquanto esses panacas comem meleca ♪

Cantava e assobiava, quase sem prestar atenção no que fazia. Em determinado momento, manipulando a massa na frigideira, ele a arremessa para cima utilizando um pouco mais de força do que deveria. A panqueca acaba ultrapassando a separação da cozinha e cai perfeitamente no prato de Patrick.

Patrick: Hmm! Panqueca! Bem melhor!

Chad: Da onde venho isso? Eu quero também!

Chef nem percebe a confusão. Olhava para cima procurando a sua panqueca, mas acaba dando de ombros. Diferente dele, Alex acompanhou toda a situação e mal podia acreditar em tamanha sorte.

—Confessionário-

Alex: Eu não sei se estou louca, mas não é a primeira vez que percebo essas coisas acontecendo com o Patrick. Ainda não engoli o fato dele ter me vencido no desafio passado tão facilmente, mas estava disposta a esquecer isso. Só que... e se Venus estiver certa?

—Confessionário-

Após a refeição, os participantes se posicionaram no Campo de Batalha. Chris já estava lá e logo atrás dele era possível ver uma enorme construção, um labirinto que parecia ser gigantesco.

Chris: Olá, equipes. Acho que vocês já repararam no nosso grandioso labirinto McLean.

Jim: Por que você tem que colocar o seu nome em tudo?

Chris: Porque eu posso! Agora, vamos focar no que interessa. Hoje vocês darão uma de Teseu e irão adentrar o labirinto do Minotauro. O objetivo do desafio dessa semana é, obviamente, tentar achar a saída do labirinto. A equipe que chegar primeiro no fim do labirinto fica fora da cerimônia de eliminação e ganha todo os requintes do Monte Olimpo, e a perdedora... bem, vocês sabem.

Bee: Mas a equipe Pegasus tem um a menos, eles tem mais chance de chegarem todos ao final primeiro.

Chris: Bem lembrado, Bee, é por isso que os Cerberus terão um minuto a mais para adentrar o labirinto, começando... Agora! Que o desafio comece!

A equipe Cerberus corre para o labirinto, mas ao chegar lá já se deparam com uma encruzilhada e a primeira decisão que deveriam tomar: Qual lado seguir?

Bee: Eu acho que a gente tem que ir pra direita.

Patrick: Não, acho melhor irmos pela esquerda.

Laganja: Tá se achando o líder, fofo? No desafio passado você pegou a venda e a espada por conta própria em vez de falar com o grupo antes.

Patrick: É, e nós ganhamos.

Laganja olha enfurecida para o garoto.

April: Tudo bem gente, não precisamos brigar.

Laganja: Está decidido. Nós vamos pela direita.

Assim, os Cerberus seguem seu caminho. A equipe Pegasus já estava se aproximando e Patrick continuava paralisado no mesmo lugar, pensando se iria pela direita com sua equipe ou se seguiria seu próprio instinto.

Audrey: Ótimo! Agora pra que lado vamos?

Venus: Vamos pela direita.

Chad: Será que é muito longe? Meus pés já estão cansados. Jim, lembre-se de massagear meus pés quando voltarmos.

Jim: Batidinhas ou polegares?

Chad: Batidinhas, claro!

Ninguém parece reparar na presença de Patrick, apenas Alex, que logo trata de falar com o rapaz.

Alex: Oi... O que faz aqui? Não deveria estar com a sua equipe?

Patrick: Deveria, mas algo me diz pra ir pela esquerda.

Alex: Eu acho que você deveria ir e... talvez eu poderia ir junto.

Patrick: Tem certeza? Porque sua equipe foi por outro caminho.

Alex: O que? – Olha para os lados e não vê mais ninguém. – Eles nem me esperaram!

Patrick: Então, vamos?

Ele estica a mão, e ela retribui.

—Confessionário-

Alex: Se minha teoria estiver certa, Patrick pode ser o cara mais sortudo que passou por esse programa, e se for, é melhor eu estar do lado dele. Só pra garantir.

Patrick: Alex parece ser uma garota muito legal, é bom ter alguém que te apoie, mesmo ela não sendo da minha equipe.

—Confessionário-

A Equipe Pegasus andava pelos corredores estreitos do labirinto. Mesmo com todo o cuidado para se manter unida, a enorme quantidade de passagens fazia essa missão ser bem difícil.

Chad: Estamos andando há quanto tempo?

Audrey: Há segundos, Chad, segundos!

—Confessionário-

Audrey: Esse cara é insuportável. É melhor a gente ganhar esse desafio, porque ele está na minha mira.

—Confessionário-

Chad: Será que você pode me carregar, Jim?

Ninguém responde.

Chad: Jim? – Ele olha para trás. – Jim? Gente... Cadê o Jim?

Venus: E a Alex?

Audrey: O que? Como assim? Droga! Parece que eu to cercada de idiotas!

Afastado do seu grupo, Jim andava sem rumo. Em meio a visão limitada dos paredões, o garoto acaba ouvindo passos vindos em sua direção. Sem pensar muito, ele vai atrás do que imaginava ser sua equipe, mas acaba dando de cara com os Cerberus.

Jim: Chad, eu to aq... Ei, vocês não são minha equipe.

Laganja: Bom que você sabe, gracinha.

Jim: Bem, será que eu posso ir com vocês?

April: Mas você é da equipe adversária.

Jim: Eu sei, eu só não quero me perder nesse lugar. E eu posso fazer massagem em vocês, Chad diz que minhas mãos são mágicas!

Laganja: E fazer as minhas unhas?

Bee: E me preparar um suco de ameixa?

Vin: E alimentar meus morcegos?

Jim: Claro! Claro! Eu faço tudo que vocês quiserem.

—Confessionário-

Laganja: Eu admito, eu me vendo fácil. Mas de qualquer jeito, se eu ver que esse garoto é o ultimo membro para a equipe Pegasus vencer, eu chuto o traseiro magro dele para bem longe da linha de chegada.

—Confessionário-

Enquanto isso, Alex e Patrick continuavam sua jornada.

Patrick: Será que a gente tá no caminho certo?

Alex: Claro que estamos.

Patrick: Como pode ter tanta certeza?

Alex: Patrick... Eu posso te perguntar uma coisa? Eu andei reparando em você esses dias...

Patrick: Opa, desculpa, mas a gente tá recém se conhecendo e...

Alex: Não! Não é isso, é que... Bem, eu te considero uma pessoa muito sortuda, sabe?

Patrick: Isso é bom?

Alex: Eu não sei como dizer isso, é bobagem. Sei lá, você por acaso não anda por aí com um pé de coelho ou com uma coleção de trevos-de-quatro-folhas, não é?

Patrick: Você quer saber se eu tenho um amuleto? - Ri. - Ah, eu só tenho um colar que eu uso sempre, mas não é nada demais.

Ele mostra o seu colar que antes ficava escondido por dentro da camiseta.

Patrick: Mas por que você queria saber?

Alex: É idiotice. Esquece.

—Confessionário-

Alex: Do nada eu cai em mim. Isso é pura bobagem! Um amuleto da sorte? Sério? Isso não existe. Acho que por um momento deixei a competição mexer com a minha cabeça, mas preciso deixar essa história pra lá.

—Confessionário-

De repente, uma ave mergulha do céu e arranca com rispidez o gorro de Alex. Sem pensar duas vezes, Patrick começa a perseguir o pássaro, tentando não o perder de vista. Ele vai passando pelos corredores do labirinto focado em recuperar o pertence da garota e, sem perceber, acaba ultrapassando a linha de chegada.

Chris: E já temos o nosso primeiro competidor a sair do labirinto!

Patrick: Han? Eu passei?

Depois se seguir o garoto, é Alex quem sai do labirinto.

Chris: E Alex chega logo em seguida!

Alex: Conseguimos! Você é demais!

Patrick: É, mas eu perdi o pássaro maldito de vista.

Alex: Não liga pra isso, é só um gorro.

Logo, o apresentador volta a narrar os próximos acontecimentos.

Chris: Eu estou ouvindo passos. Quem será que vem aí?

Audrey, Venus e Chad saem do labirinto.

Venus: Olha a Alex ali!

Audrey: Ganhamos?

Chris: Não, ainda falta um participante.

Chad: O Jim ainda não chegou? Será que ele tá perdido? Nunca mais vamos encontrá-lo? Quem vai fazer minha massagem?

Chris: Não se preocupe, mais participantes estão chegando.

O restante da Equipe Cerberus e Jim se aproximavam da saída em uma corrida eletrizante. Bobby, Bee, Vin e April são os primeiros a passarem a linha, e a disputa final fica entre Laganja e Jim. O garoto ganha vantagem, mas de repente é surpreendido com um gorro que cai do céu direto na sua cabeça. Com a visão completamente tapada, o rapaz acaba batendo em uma das paredes do labirinto. Com o imprevisto, Laganja ultrapassa e chega primeiro.

Chris: E a Equipe Cerberus vence mais um desafio.

Laganja: Uhuh! É isso aí!

Jim: Da onde venho esse gorro? – Fala se levantando, ainda sem entender o que aconteceu.

Alex: É meu. Um pássaro tinha roubado, acho que ele resolveu me devolver.

Chad: Que sorte do outro time, ele tava quase chegando na saída.

Alex: Pois é, que sorte...

Alex volta o seu olhar para o colar de Patrick.

—Confessionário-

Alex: Ok, talvez não seja tanta idiotice assim o negócio do amuleto. - Ela faz uma pausa para refletir sobre o assunto. - Droga, o que eu faço agora? Que #@$*!

—Confessionário-

Chris: Equipe Pegasus, encontro vocês na Cerimônia de Eliminação.

Ao anoitecer, como de praxe, a equipe perdedora se reúne em volta da fogueira.

Chris: Bom, vocês já sabem como funciona. Quem não receber a coroa triunfal da vitória irá partir com o Caronte para bem longe da ilha. Audrey, Alex e Venus, vocês estão salvas.

Audrey: Maravilha.

Chris: E na berlinda estão Chad e Jim. A última coroa vai para...

Eles se entreolham.

—Confessionário-

Jim: Eu sabia que ia ficar na berlinda junto com o Chad, mas não pude votar nele.

—Confessionário-

Chris: Chad. Jim, diga adeus ao programa.

Jim: Bom, já era de se esperar, fui eu que me perdi no final das contas.

Chad: Mas... Mas... Quem vai lavar as minhas roupas agora?

Jim: Também sentirei sua falta. – Abraça Chad.

Chris: E assim a gente termina mais um episódio dessa temporada maluca! Será que Chad conseguirá sobreviver sem seu braço direito? Descubra isso e muito mais no próximo episódio de Total Drama: Desafios no Olimpoooo!

Após a conclusão da cerimônia de eliminação, a equipe Pegasus volta para seu nada receptivo aposento. O céu naquela noite estava muito estrelado e Venus o apreciava sozinha, sentada em frente a cabana. No silencioso ambiente noturno, uma figura se pôs de cabeça para baixo em um dos galhos de uma árvore bem próxima. Venus observava.

Venus: Oi? Tudo bem aí?

Vin: Ah, oi, eu só tava tentando dormir um pouco.

Venus: Você é da equipe Cerberus, não é? Por que não está com eles?

Vin: Acho que eu to incomodo lá. Sabe, eu sou meio diferente deles...

Venus: Nem me fala...

Vin: Se você quiser eu posso procurar outro lugar pra dormir.

Venus: Na verdade, eu ia pedir para você me ensinar a me pendurar assim, parece precisar de bastante habilidade. Além disso, acho que qualquer coisa é melhor do que a cama da minha cabana.

Vin: É, acho que com um pouquinho de prática você pega o jeito.

E desta vez, a luz da lua não iluminou a silhueta solitária de Vin, mas sim a de dois incompreendidos que agora descansavam enquanto o sangue descia para a cabeça.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.