Tomoeda High School

Nani?! Kaoru está vivo?!


- Momo-senpai?

A garotas de cabelos prateados e olhos azuis-escuros se virou para o garoto atrás dela. Ela estava assustada e confusa.

- K-Kaoru-kun? – ela conseguiu balbuciar.

Kaoru percebeu que ela não conseguia formar mais palavras pelo tanto que estava tremendo. Sua respiração estava ofegante e seus olhos fixos em um ponto do garoto: seus olhos esverdeados.

Kaoru se abaixou e abraçou Momo. Ela estava fria e parecia com medo, muito medo. Mas do que uma Shinigami poderia ter medo?

Ele não percebia nada ao seu redor, para ele só o que importava era a garota chorando à sua frente. Suas lágrimas molhavam a camiseta azul dele. A cada soluço que ela dava, ele a abraçava mais forte e seu coração se apertava mais. Ele não conseguia mais ficar apenas parado observando a cena e tentou ajudá-la:

- Momo-senpai... Por favor, não chore. Se não for doloroso para você, poderia me contar o que aconteceu?

- Kaoru-kun... É-é você m-mesmo? – ela gaguejou, enquanto levantava um pouco seus olhos vermelhos e cheios de água. Ele assentiu, ainda que confuso com aquela pergunta. – C-como? Você está vivo mesmo? – ela perguntou apertando seu braço e dando pequenos e fracos socos no peito dele.

Depois de perceber que ele estava sólido, ela virou seu rosto para trás, viu o corpo do garoto igual a Kaoru, virou-se para Kaoru e repetiu o movimento diversas vezes.

Kaoru olhou por cima do ombro dela para descobrir o que ela estava olhando tão assustada. Foi então que ele viu aquele rosto, aquele cabelo, aquele corpo, tudo igual a ele. Sua cópia, seu gêmeo, seu irmão, Hikaru.

- Hika...ru... Hi...karu...Hi...ka...ru... – ele balbuciava, quase sem nenhum som, o nome de seu irmão. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas e suas mãos começaram a tremer ao redor do corpo de Momo.

- Kaoru-kun? Quem é esse garoto? – as lágrimas começaram a escorrer pelas bochechas de Kaoru, o que preocupava Momo. – Kaoru-kun? Tudo bem?

Os olhos parados e abertos, o sangue escorrendo de seu gêmeo, tudo aquilo tinha sido demais para ele. Estava em choque. Afastou Momo de perto dele e se arrastou até seu irmão. Tocou com calma seu corpo frio e sem vida. Respirava com dificuldade e sentia seu coração bater devagar, quase como se fosse parar. Ainda não acreditava que a pessoa que mais amava no mundo estava morta.

Momo tentou se aproximar, mas fora impedida pelo grito de dor de Kaoru. Apesar de seu gêmeo ter sido cortado e morto, era Kaoru que sentia mais dor.

- Ela me odeia, e eu nem sei o porquê – ele disse, olhando as estrelas e a lua já alta no céu.

Seus olhos estavam sem nenhuma expressão. Seu arrependimento de ter feito algo horrível sem nem saber o que foi, sua tristeza por ter perdido a pessoa que mais amava, tudo fazia ele se sentir horrível e quase fazia seu coração parar. Ele não agüentava mais a dor.

“Queria que essa dor parasse, queria que meu coração voltasse a bater normalmente queria que ela me perdoasse, queria que ela voltasse a me amar do mesmo jeito que sempre me amou, mas nada disso vai acontecer, eu vou continuar vivendo com isso para sempre” ele pensava. “Ela foi a pessoa que mais marcou a minha vida, e é por isso que eu nunca vou conseguir esquecer aquele rosto cheio de mágoa e tristeza dela. Não sabia que uma pessoa tão sorridente podia fazer uma expressão como aquela. Provavelmente, só a fazem em situações horríveis, na frente das pessoas que mais as magoaram, como eu. Flor, me desculpe, eu não pude realmente te fazer feliz. Se eu pudesse refazer tudo, eu nunca teria conhecido você, assim nenhum de nós estaria sofrendo tanto”.

- Sakura, se eu não tivesse te conhecido, você seria mais feliz, não seria? Será que as estrelas realizam desejos? Então, se estão me ouvindo, por favor, lhes peço que voltem o tempo e me impeçam de conhecê-la. Se ela for feliz, eu também serei. Então, pra mim não importa ser feliz, se isso valer a felicidade da pessoa que amo.

- Mas e se ao mesmo tempo que eu for feliz, você também for? – ele se virou rapidamente e a viu se aproximando. – Não deseje isso, a minha felicidade só aparece quando estou ao seu lado. Eu a conheci no mesmo dia que o conheci. Pra mim, você e a felicidade sempre andam juntos. Sabe, eu te amo...

- Por que chorava, antes? – perguntou. Aquela insistente dúvida ainda pairava em sua mente.

- Alguém mentiu para mim. Como você é uma pessoa importante pra mim, senti ciúmes, e acabei me deixando levar. Mas eu devia ter percebido que era mentira, quer dizer, você nunca beijaria outra garota enquanto estivesse namorando comigo, não é?

- Meilin te contou que eu a beijei?

- Sim. Como sabia que era ela?

- Porque... Eu realmente a beijei, mas não fui eu, foi ela que me puxou. Ela disse que eu era a pessoa que ela mais amava e... Ela acabou conseguindo me roubar um beijo. Desculpe-me por não ter te dito antes...

- Syaoran-kun... – ela se aproximou do rosto dele e lhe deu um beijo na testa. – Eu não me importo que outra garota tenha lhe roubado um beijo, pelo menos, desde que não aconteça de novo. Quer dizer, eu não sou ciumenta e eu acredito no meu namorado... Devia ter acreditado em você desde o começo, desculpe, Syaoran-kun.

Ele se aproximou e lhe beijou, dessa vez, na boca.

- Pode me chamar só de Syaoran, Sakura – e estampou o sorriso mais bonito que Sakura já tinha visto em seu rosto.

- Eu te amo, Syaoran.

- Eu também te amo, minha flor.

E, assim, se beijaram novamente. Nem se importando com o que Touya iria achar daquilo tudo.

- Depois daquela cena no almoxarifado, Yuuki simplesmente sumiu... – Kamui reclamou.

Queria ver sua namorada novamente. Estava com muitas saudades de seus suaves beijos e das palavras “eu te amo”.

- Eu te amo – ele ouviu uma voz muito parecida com a de Yuuki dizer.

Ele vira seu rosto para o outro lado da rua e nota o casal apaixonado, sentado no banco: Zero-sensei e Yuuki.

Pasmo com a cena, Kamui abaixa seu rosto e tenta pensar em como aquilo ocorreu. Yuuki não havia lhe dito diversas vezes que lhe amava? Yuuki não tinha dito que morariam juntos no próximo ano? Yuuki não tinha dito que não amava Zero-sensei? Aquelas dúvidas pairavam em sua mente e ele ficava impossibilitando de fazer qualquer outra coisa que não fosse esclarecê-las logo. Para isso, atravessou a rua e foi ao encontro dos dois.

Yuuki separou-se devagar de seu amado professor. Há tanto tempo, almejava um beijo daquela pessoa.

Zero pensou a mesma coisa. E, na hora em que iria confessar seus sinceros sentimentos para Yuuki, alguém os interrompeu:

- Achei que não gostasse dele...

Yuuki levantou-se do banco num salto e se virou, assustada.

- K-Kamui... Não... Não é o que você está pensando...

- Então o que é?

Yuuki não sabia dizer mais nada e ficou em silêncio absoluto. Então, ele continuou:

- Você me usou, não usou? Você só não queria que ninguém descobrisse que você namorava um professor... Só para quando perguntassem se você tinha namorado e você dissesse que sim, dizer que era eu e não o professor... Você mentiu para mim o tempo inteiro... Por acaso, me odeia?

- Claro que não, Kamui, mas...

- Chega! Não quero mais ouvir nada vindo de vocês! Não acredito que fez isso comigo, Yuuki. E, Zero-sensei, não acredito que consiga fazer isso com uma de suas alunas. Você é o tipo mais baixo de professor. Vou reclamar isso para a escola, quero ver o que farão com os dois – e saiu andando.

- Kamui! Espe... – não completou. Foi interrompida por Zero, segurando um de seus braços, impedindo-a de caminhar.

- Deixe. Tenho certeza que ele não fará isso. Quer dizer, ele te ama, não teria coragem de nos denunciar para a escola.

- Espero que esteja certo...

Ele puxou-a para um abraço consolador. Yuuki estava realmente preocupada, assim como Zero.