Together

Juntos, então


7 de Novembro, 2024 Andar 55: Grandzam

Após nossa pequena reunião com Heathcliff, eu e Asuna ficamos na sala onde o pequeno conselho da guilda tinha nos informado sobre os acontecimentos do chefe do andar 76. Eu estava apavorado, uma sala anti-cristais onde as portas se fechavam e não mais se abriam até tudo estar acabado era assustador. Olhei para Asuna que havia se sentado na mesa que a pouco tempo estivera ocupada pelo o conselho da KoB, me lembrei da primeira vez que a vi, nossa primeira luta juntos, nossa despedida. Quando me despedi dela no primeiro andar esperava nunca mais vê-la, mas a medida que avançávamos a cada andar eu a encontrava e sem saber ficava cada vez mais encantado por ela, desde o primeiro momento que a vi soube que eu estava diferente.

Tudo em mim ficava estranho quando a via, antes da batalha planejando com os líderes das outras guildas e durante a batalha. Não conseguia tirar os olhos dela sempre que podia dar uma espiada para ver se ela estava bem, obviamente que estava Asuna era uma jogadora brilhante que tinha ascendido os outros jogadores, quando ela queria lutar, não importava os monstros criados por Kayaba e o sistema ela os venceria de uma maneira ou de outra.

Lutei contra o sentimento que crescia dentro de mim, eu era um jogador solitário que apenas buscava ficar mais forte para a própria sobrevivência. Não queria companhia. Embora toda as vezes que olhava para a minha barra de HP sentia falta de um nome ali. Asuna foi minha primeira companheira de batalha, ao lembrar como lutamos lado a lado com uma sincronia incrível eu sorria, mesmo estando sozinho.

Agora olhando para ela ali sentada, relaxada naquela uniforme com armadura leve eu sentia meu peito apertar de agonia. Eu, de alguma forma, sabia que essa luta contra o chefe do andar ocorreria mal e eu não podia perdê-la. Tentei pensar no melhor jeito de convencê-la a ficar ali, em segurança se ao menos ela estivesse bem eu poderia lutar em paz e não importava o que me aconteceria ao menos ela estava segura.

- Três horas restantes, huh? – ela disse com aquela voz calma e rouca que fazia cada fibra do meu corpo estremecer – O que devíamos fazer? – perguntou me olhando com seus olhos castanhos brilhantes e gentis.

Fugir. Gritei mentalmente, queria sair dali com ela voltar a nossa casa e passar a eternidade nos seus braços. Não tínhamos que ir, não tínhamos que nos arriscar. Mas a lembrança das suas palavras naquela noite antes de ajudarmos Nishida a capturar o monstro peixe me deixou angustiado. Nesse mundo, muitas pessoas estão vivendo normalmente. Já que nós podemos lutar nas linhas de frente,temos uma responsabilidade para com essas pessoas, não é?

Era assim que Asuna se sentia? Responsável por todos ali? Era por isso que se arriscava nas linhas de frente? Ela era um símbolo assim como sua guilda. Um símbolo de esperança, a Knigths of Blood era esse símbolo, todos tinham grandes expectativas neles, toda a fé dos jogadores que estavam nas linhas de frente ou não olhavam para aquela guilda, para Asuna, com grandes expectativas.

Asuna notou meu olhar triste para ela.

- O quê foi? – perguntou meio rindo, vi a preocupação nos seus olhos tão claros.

Desviei meu olhar e soltei.

- Não fique brava quando digo isso. – comecei firme ainda sem encara-la – Mas hoje, você ficaria aqui ao invés de ir lutar contra o chefe? – o tom da minha voz aumentou conforme o desespero aparecia.

Não vi sua expressão, mas quando ela falou notei a raiva que ela sentiu com aquele pedido.

- Por que você pediria isso? – ela perguntou lentamente.

- Nós não podemos saber o que vai acontecer quando não pudermos usar os cristais de teleporte. – tentei convencê-la pelo o lado racional – Estou assustado. – comecei falando o que eu realmente sentia – Se algo acontecer a você... – não vou suportar.

- Então você quer ir sozinho, enquanto eu espero aqui, onde é seguro? – ela não me deixou completar a frase, notei a irritação crescendo em sua voz.

Eu não me importava, queria ela segura. A salva. Ouvi quando ela desceu da mesa e ouvi os passos determinados e irritados que ela deu até chegar em mim, apertei a grade sentindo meu desespero aumentar.

- Se você fosse e não voltasse, - ela parou a minha frente, senti o calor que emanava do seu corpo, eu não conseguia encará-la – eu me mataria!

Ela falou com tanta convicção, a seriedade incrustada em cada nota de sua voz levemente rouca. Me assustei, meus medos, meu desespero subindo fazendo meu corpo tremer. Ela não podia estar falando sério, encarei nossos pés tentando me convencer e não pensar em Asuna morta.

- Eu não teria mais razão para viver mais. – a determinação ainda estava lá - E eu nunca me perdoaria por não ter ido. – o tom de irritação também, mas havia algo que eu não conseguia identificar em sua voz.

Eu estava tremendo. Fechei fortemente os olhos.

- Me desculpe... Estou entrando em pânico. Honestamente, eu preferiria fugir com você. – olhei para ela, dentro de seus olhos, queria convencê-la e se do modo racional não consegui, apenas restava-me uma última coisa. Os olhos de Asuna assim como seu semblante demonstravam tristeza e dor - Não precisamos retornar ao mundo real. – segurei suas mãos nas minhas – Nós podemos apenas viver naquela casa na floresta!

Asuna fechou os olhos e concordou.

- Seria ótimo se pudéssemos... – falou de modo triste – Nós podíamos viver juntos todos os dias, para sempre.

Ela havia entendido, um fio de esperança se espalhou pelo meu coração desesperado. Ela havia sorrido. Isso era um sim, não? Ela abriu um pouco os olhos, observando nossas mãos, sua voz soava como se ela estivesse sentindo muita dor.

- Kirito-kun, você já pensou no que está acontecendo com os nossos corpos reais?

Sua pergunta me pegou de surpresa.

- Quando várias semanas se passaram, depois que o jogo começou aconteceu que muitos jogadores simplesmente ficaram offline por muitas horas, certo? Naquela hora, todos esses jogadores devem ter sido levados a hospitais. Se nossos copos estão sendo mantidos vivos em camas de hospitais... Eu não consigo pensar que isso vai se manter por muito tempo.

Sua lógica acabou com minhas esperanças, pois...

- Em outras palavras, se finalizarmos o jogo ou não, tem um tempo limite?

O corpo de Asuna começou a tremer enquanto as lágrimas começavam a rolar por seu rosto. O meu mesmo já estava tremendo, eu nunca havia pensado nisso, de uma forma ou de outra meu tempo com Asuna era... Não! Eu me recusava a pensar assim. Asuna colocou a cabeça em meu ombro.

- Eu... – sua voz ficou mais alta e desesperada, o medo, desespero e a urgência que antes eu ouvi na minha voz agora na voz dela. E aquilo me torturou mais – Eu quero ficar com você para sempre... – passei a mão pelo seu cabelo numa caricia de conforto enquanto apertava sua mão ainda na minha – Eu quero te encontrar de verdade. Me casar de verdade com você... – ela se apertou mais em mim, como se a qualquer momento eu fosse desaparecer – Envelhecer junto com você! – por causa do choro sua voz saia em tons diversos, mas o sentimento era muito intenso, assim como os meus.

Eu ansiava tudo o que ela queria.

- Então... – ela começou e eu já sabia o final – Então...

- Por isso, temos que lutar, certo?

Completei.

Depois de um tempo chorando em meu ombro Asuna simplesmente ergueu a cabeça e me beijou. Naquele momento esqueci que aquilo era um beijo de um sistema, algo já programado para parecer <> e que éramos personagens virtuais e não reais. Eu não sabia ao certo explicar, mas nada em relação a Asuna poderia ser não-real. Quando ela me abraçava (por mais absurdo que seja) eu sentia seu corpo quente contra o meu, quando suas mãos me tocavam sentia arrepios gostosos naquela parte e quando me beijava explosões como os fogos do ano novo tomavam conta da minha mente, meu corpo todo se esquentava. Quando estava com ela, era mais como se realmente eu estivesse em casa. Era estranho, mas eu já não via meus dias sem Asuna.

Correspondi ao beijo na mesma intensidade que ela. Sufocamos todos os nossos medos, dúvidas, angustias naquele beijo. Quando nos afastamos para recuperar o fôlego, não que precisássemos ela segurou meu rosto entre suas mãos delicadas me encarando tão intensamente que me perdi no castanho dos seus olhos, que tinha reflexos dourados...? Se o Never Gear tinha captado até isso da real Asuna, eu estava extremamente ansioso e nervoso, pois se já era tão linda em seu avatar... Meus pensamentos foram interrompidos quando ela piscou e sorriu acariciando levemente meu rosto.

- Se estivermos juntos, vamos conseguir! – ela disse naquela voz baixa e rouca com uma certeza implacável respirando com certa dificuldade – Se estiver comigo, tudo vai ficar bem.

Não tive como argumentar, Asuna iria lutar. Num ponto ela estava certa, eu não deixaria nada acontecer com ela e nem ela deixaria nada acontecer comigo. Tínhamos experiência lutando juntos. Acariciei o rosto dela e dei um sorriso, a puxei para outro beijo antes de responder.

- Eu não conseguiria te convencer mesmo de ficar. – vi ela fazendo uma cara de brava com um biquinho – Juntos, então.

Encostei minha testa a dela e ficamos um bom tempo assim, de vez enquanto trocávamos um beijo. Asuna soltou um suspiro e eu a olhei, ela estava com as bochechas coradas e os olhos fechados. Até que ela respirou fundo, como sempre fazia antes de falar alguma decisão muito importante e soltou o ar pela a boca, depois me olhou.

- Kirito-kun, tenho uma ideia do que podemos fazer nesse tempo!

- Ahn?

Os olhos castanhos claros de Asuna estavam brilhantes, suas bochechas coradas e um sorriso um tanto malicioso brincavam em seus lábios.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.