Together

Chats with the grave


O ônibus chegou a estação de Londres. Mars saiu e pegou sua mala. Seu rosto estava vermelho de tanto chorar. Seus olhos mais claros por causa das lágrimas e seu nariz entupido. Ela pegou um táxi e chegou ao 221B apenas para deixar a mala. Durante a viagem tinha decidido por outro lugar para esfriar a cabeça do que o velho flat.

- Hey Sher. - Ela disse para a lápide negra com escritas douradas. Jennifer Mars sentou-se na frente do túmulo do amado e respirou fundo. - Tive uma briga feia com John e Madeline hoje... E Irene! É, bem, ela estava me ajudando. Sim, no passado. Eu meio que falei que nunca mais gostaria de ver a cara deles na minha frente. Vou sentir um pouco de falta de John e Madeline e até de Irene, agora sei o porquê de seu fascínio por ela. Porém, depois de hoje eu não sei se voltarei a falar com eles algum dia... - Ela respirou fundo, limpou as lágrimas e recomeçou:

- Eu conheci um garoto. Ele é legal e sabe que Moriarty era real. Ele acredita em nós, sabe o quanto eu te amei, quer que eu seja feliz... É o homem perfeito, fora você. Mas, por algum motivo, eles acham que ele quer me matar! Tudo bem, Davis está a solta, mas não é como se toda pessoa que eu conheço queira minha morte. Não posso ser tão azarada, posso? - Não houve resposta e isso fez com que ela caísse na realidade. Era um túmulo. A única coisa que havia ali era o corpo dele, já apodrecido, e não ele de verdade.

- Sinto sua falta Holmes. Falta daquelas brigas sobre os casos... Lembra-se de Beskerville? E das jantas que sempre nos atrasávamos porque era impossível eu ficar pronta na hora, ou quando eu estava com tempo você me segurava na banheira? Das noites que eu me esgueirava para seu quarto, mesmo que eu tivesse aula no outro dia, só para dormir com você? Sinto falta disso e dói ter todas essas lembranças e não senti-las de novo. Eu quero... Quero você vivo Holmes! Por quê? Porque você teve que pular daquele hospital? O que aconteceu? Qual foi a maldita verdade? O que eu perdi e, principalmente, porque não me levou com você? O que fiz para ficar presa e sozinha nesse maldito mundo? Eu sei que não nos dizíamos muito isso, que essas palavras são tão banais, usadas de uma forma errônea às vezes, porém, eu te amo Sherlock Holmes. Um ano depois de sua morte, uma década, um século, eu continuarei completamente e loucamente apaixonada por você e sua personalidade irritante e sua inteligência, que é real. A única coisa que eu quero é você aqui comigo, única e exclusiva coisa. Eu só preciso do seu abraço... - agora Jen perdeu o dom da fala. A voz ficou presa, as lágrimas rolaram e ela apenas se deitou na grama, olhando o céu que parecia calmo. Nada havia mudado. O resto do mundo não havia parado com a morte dele. Apenas ela.

Afinal, ele era o mundo dela, o que ela deveria fazer?

Jennifer adormeceu e não sentiu ser carregada e colocada em um carro horas depois disso. Nem quando alguém a tirou do carro a colocou na cama de seu quarto no 221B.

- Droga, adormeci no... - cemitério.

- Como?! - Jennifer levantou e correu até a sala e encontrou Mycroft Holmes tomando chá.

- Não quis lhe acordar e te trouxe para o 221B. - Ela olhou o Holmes mais velho. Fazia tempo que os dois não ficavam sozinhos e tinham uma conversa e ele, com toda certeza, nunca foi tão carinhoso, se é que essa é a palavra, com Mars.

- Obrigada. - Ela disse.

- Venha, há mais uma xícara. Aceita um chá? - Mars não viu o porque não, afinal, estava em sua própria casa. Sentou-se com Mycroft e preparou um chá puro com açúcar, pegou um pedaço do bolo de Mrs. Hudson e comeu. Foi quando ela percebeu que estava morta de fome e começou a comer um pouco de tudo que havia na mesa.

- Há quanto tempo estava lá? - Disse Mycroft percebendo a fome de Jen.

- Poucas horas, mas fiquei dois dias desacorda. Uma confusão a parte que nem vale a pena mencionar.

- Sim, John me ligou. Foi por isso que lhe encontrei. - Aquilo fez Jen largar a xícara.

- O que ele te disse?

- Apenas pediu para que eu checasse se estava tudo bem com você... - Era mentira, mas ele sabia que alguém tinha que ficar do lado dela ou poderiam esquecer de conseguir salva-la. - Aconteceu alguma coisa?

- Sim, mas nada de mais. - Foi quando Mrs. Hudson chegou trazendo um cartão. Dessa vez era a avenida 9 de Julho, em Buenos Aires. Atrás havia outra coordenada de xadrez, ela riu. Isso está muito White Collar para meu gosto.

- De quem é o postal? - Pediu Mycroft.

- Um adversário. - Disse Jennifer, caminhando até o xadrez e movendo a peça, outro peão, novamente. Então a loira se pos a observar o jogo, movendo outro peão.

- Desconhecido?

- Sim. - Ela respondeu, guardando o cartão e voltando. - Por hora. - Ela se sentou novamente terminado a refeição. Houve um período de silêncio onde só se ouvi o som dos talheres, xícaras, da respiração e dos sons da vida fora do 221B. Até que o celular de Jennifer soou.

- Lestrade. - Disse a loira. Ele disse alguma coisa que a fez sorrir. - Estou a caminho. - Greg respondeu. E Mars correu para pegar um casaco. - NÃO DEIXE ANDERSON ESTRAGAR A CENA DO CRIME! - Antes de sair, virou-se para Mycroft e disse:

- Mais uma vez, obrigada por tudo. Tenho que ir, o dever me chama! - E correu para pegar um táxi.