— Laxus. – cumprimenta Rogue, acenando com a cabeça quase que friamente, mas a voz gentil. Conhecendo-o isso era tão terno quanto um abraço.

— Sting! Rogue! – exclamou Laxus, exibindo um sorriso ofuscante e logo olhando ao redor, o refeitório vazio. – Hum... Por que estão todos aqui?

Dou de ombros.

— Aula acabada. Tédio em ação. – falo normalmente, e ele dá risada.

— Entendo. – diz ele, então parece notar realmente o fato dos gêmeos estarem ali tão próximos. – Ei... Espera, vocês se conhecem? – pergunta parecendo meio perdido, apontando para Sting e Rogue, depois para mim.

— Velhos amigos. – Sting diz com as mãos nos bolsos. – Muito, muito velhos mesmo.

Sorrio e lanço uma piscadela para ele.

— Mundo pequeno, é isto.

Laxus senta-se na ponta da mesa ao lado da que eu estava, então apoia um dos cotovelos na mesa e me olha.

— Lucy, e os ensaios, huh? Já deveríamos estar vendo isso, a peça não está tão longe assim. – diz ele preguiçosamente, como se estivesse descansando de um longo dia de trabalho.

Antes de responder, observo Gray e Jellal se remexerem nas cadeiras desconfortavelmente, ambos com uma carranca encrustada nos rostos.

— Hum... Nós podíamos usar o teatro depois das aulas, a tarde. Posso pedir para Erza arranjar as chaves para nós. – sugiro calmamente, e ele assentia conforme eu ia falando.

— Tudo bem, quando você está livre? – pergunta-me, e identifico um brilho diferente do usual nos seus olhos. Excitação.

— Amanhã, aí dá tempo de eu me organizar com os atos e tudo o mais. – digo pensativamente. – Está bom para você?

— Claro. – sorri ele.

— Nós podemos assistir? – intromete-se Gray ansiosamente.

— Ainda não, eu fico tímido. – ri Laxus, mas sua risada não parecia tão verdadeira.

Gray parece murchar, então ele respira fundo e entra numa conversa baixa com Jellal, como se não tivessem brigado no dia anterior.

Sting, de braços cruzados, observava a situação toda com olhos cerrados, gradativamente parecendo compreender tudo. Ele me olha e dá uma risada alta e bonita, todos interrompem suas conversas e o encaram, mas seus olhos azuis-escuros sorriam para mim.

— Lucy, sua piranha! – exclama ele e dá mais risada.

Todos ficam perplexos e me olham lentamente, esperando uma resposta ofensiva de minha parte.

Sorrio timidamente e dou de ombros.

— O... quê? O que está acontecendo? – pergunta Gajeel completamente atordoado.

— Nada. – lanço para ele um olhar cheio de significado, ele demora um pouco para compreender, até fazer um 'a' com a boca em sinal de entendimento. – Sting só recuperou seu péssimo hábito de me xingar. – digo afiada, tirando o foco do significado daquela exclamação.

O loiro ri e senta-se ao lado do irmão, cujos olhos vermelhos focavam ora em mim, ora em Sting, tentando se situar.

De repente ouvimos o sinal do intervalo tocar, e logo alunos começam a encher as mesas ao redor. De longe vemos Erza, Natsu e Levy andando juntos em nossa direção.

Erza quase cai dura quando vê Sting e Rogue ali, sentados confortavelmente e interagindo com todos.

— O-o-o-o-o-oi. – gagueja ela, as bochechas tão escarlates quanto seus longos cabelos.

Rogue parecia tão absorto em seus próprios pensamentos que não a ouviu, mas Sting virou-se para olhá-la, lançando um sorriso devastador e acenando com a mão.

— Olá, Presidente.

Ah, é mesmo. Sempre me esquecia que ela era a Presidente do Conselho Estudantil.

Ela acena várias vezes com um sorriso bobo e tímido, seguro uma risada. Ver a sempre segura de si Erza tremer dos pés a cabeça de nervoso não deixava de ser cômico.

Balanço a cabeça ainda com um sorriso no rosto, então sinto uma queimação na nuca, como se alguém estivesse me olhando. Viro-me e vejo Natsu me encarando diretamente, os lábios apertados numa linha fina e o maxilar travado, como se eu fosse um quebra-cabeça que ele quisesse muito resolver.

— Natsu? – pergunto, e ele não responde. – Natsu!

Assim que repeti ele parece acordar de seus devaneios, balançando a cabeça com força e me lançando seu lindo sorriso, mostrando seus caninos absurdamente afiados. Ele se aproxima e se senta em cima da mesa do meu outro lado.

— Hey, Lucy. – diz ele cruzando os braços, e não posso deixar de notar os músculos flexionados de seus braços. – Se divertiu ontem?

Olhei-o surpresa, sua voz carregada de veneno. Não era de se admirar que ele estivesse magoado, mas não a ponto de ser rude.

— Hã... sim, o filme era muito bom. – respondo, franzindo as sobrancelhas.

— Imagino que a língua de Gray na sua boca também, né? – retruca ele ferozmente.

Arregalo os olhos em choque, me levanto e saio andando sem dar ouvidos aos outros que me chamavam em tons preocupados.

NATSU

Ah cara... Fiz merda

Recebo rostos carrancudos como resposta a partida de Lucy.

É, a cagada já foi feita.

Não me arrependo.

Quer dizer... não é como se a minha intenção fosse deixa-la triste nem nada do gênero, mas minha indignação precisava ser exposta. Ela tinha que entender que eu também estou dentro.

Mesmo que esse evento tenha me deixado para trás dos outros.

Não vou desistir da minha loira.

Nunca.

LUCY

Ando a passos pesados por um dos corredores, fervia de raiva.

Quem aquela geleia de morango pensa que é? Eu sou solteira e faço o que bem entender!

Paro de andar, no rosto um semblante pensativo e transtornado.

— Demonstração de ciúme? – falei em voz alta.

— Sem sombra de dúvida. – respondeu Gajeel, logo atrás de mim, me assustando.

— Ai! Lata de Lixo! Faça barulho quando anda! Vou comprar um sino pra você. – digo e ele ri.

— Se eu não tocar o sino, você não vai ouvir. – retruca ele e eu reviro os olhos.

Ele para de rir e me olha sério, então se aproxima e me envolve num abraço caloroso.

— Você precisa começar a se mexer, Bunny Girl. – diz baixinho, seu hálito esquentando meu ouvido.

— Me mexer? – indago, a voz abafada pelas roupas dele.

— É, aquele bando de marmanjos no cio não vai abrir mão de você de jeito nenhum. – diz ele simplesmente. – E isso pode estragar a amizade deles

Sinto um aperto no peito. Não havia pensado nisso.

A amizade deles também estava em jogo.

E a culpada disso sou eu.

Minha respiração estava pesada, tanto que Gajeel me afasta um pouco para me encarar com preocupação, os olhos alertas.

Ele parece surpreso com minha expressão, tenho certeza que mostrava toda a determinação que estava sentindo naquele momento.

— Eu vou dar um jeito nisso.

CONTINUA...