Terminado o show, voltei para o camarim para trocar de roupa. Atendi alguns fãs que estavam esperando para falar com a banda e com o Bruno e resolvi voltar mais cedo para o hotel. Nem tempo para desajeitar as malas não tinha, de manhã cedo à gente teria que estar em Amsterdã para um evento beneficente, sei lá. Resolvi nem dormir e fiquei com a Cléo o resto da noite. As 7:00 estávamos no aeroporto para embarcar para a Holanda. Eu e Bruno continuamos sem nos falar até na hora dos ensaios. Quando Bruno queria pedir alguma coisa para mim, ele pedia a Cléo para me avisar. Parece que ele resolveu me deixar em paz, mas não podia ficar ignorando-o o tempo todo. Eu dava graças a Deus porque ele não ficava pedindo para voltar. Eu posso ser a pessoa mais insensata do mundo, mas não vou negar que ele faz falta, e vai fazer mais falta ainda quando eu sair da banda. Estávamos chegando ao nosso destino e Bruno estava isolado. Acho que ele sabia que faltava pouco para eu seguir meu rumo. Phil e Cléo debatia o assunto da minha saída com o resto da banda, mas ninguém queria se manifestar. Eu via isso. Eles sabiam que não ia adiantar nada, que eu só ficaria se eu e o Bruno voltássemos. Como sempre, ficava na minha, só observando o movimento. Amsterdã é um lugar magnífico, estávamos lá para tocar em um evento beneficente, que envolvia empresários. Mas que não foi divulgado pela imprensa.

As 12:00 estávamos tocando, a banda não estava naquele entrosamento de sempre. Não sei se era preguiça (hehe!) ou era a vontade de ir logo para casa descansar. Faltava só Stuttgart para fechar com a Turnê pela Europa, mas a banda teve erros que os pouquíssimos fãs que estavam lá acabaram percebendo. Bruno já olhava para mim com cara de que aconteceu alguma tragédia. Como sempre eu ficava calada e continuava tocando.

Terminado a palhinha de quarenta e cinco minutos que nós fizemos no evento. Os empresários e alguns fãs vieram nos cumprimentar, algumas meninas até queriam tirar fotos comigo. Já estava me sentindo importante, até que a fama não é ruim se você tiver cérebro para administrá-la. Brandon estava conosco no evento e pediu para falar comigo um instante. Fomos para uma sala reservada, já sabia o que ele ia perguntar.

- Laura. Você e o Bruno terminaram e você quer o rompimento do contrato com a banda?

- Sim. Depois disso tudo, acho que não faz sentido continuar sendo a causadora dessa desarmonia dentro da banda.

- Laura. Você não está desarmonizando o grupo não. Você é a nossa melhor musicista, por que vai se deixar abalar pelo que aconteceu?

- É e não é. Assim, eu larguei a especialização para viajar com a banda. Ganhei uma boa grana, dá pra viver por um tempo. Irei arranjar um emprego quando eu voltar e voltarei a estudar. Eu fui pros EUA para isso. Não posso voltar para o Brasil sem meu diploma de pós-graduada.

- Entendo... – Brandon pensa um pouco. – Já que você quer sair. Eu vou romper o contrato sem aplicar a multa, por que é um motivo justo. Quando vai ser a sua última apresentação?

- Escolhi o VMA. A gente vai estar de férias e é uma boa oportunidade de eu voltar aos estudos.

- Sim. Pois então, depois do VMA a gente se vê de novo.

Despedi-me de Brandon e fui falar com a Cléo.

- E ai? Vai Romper o contrato mesmo?

- Sim, depois do VMA eu voltarei à gravadora para assinar a demissão.

- Espero que você esteja fazendo a coisa certa...

- Eu também.

Cléo me abraça com força. Eu sabia e ao mesmo tempo não sabia se isso ia dar certo. Voltar para os EUA e ficar sozinha vai ser difícil. Eu precisaria da Cléo comigo, mas ela precisa do Phil. Então eu teria que me virar sozinha. Depois de uma hora, fomos direto para o aeroporto e voamos para Stuttgart. Dessa vez era um aniversário do presidente de uma empresa bem importante da Alemanha. Não tinha fãs no local do show, tocamos por uma hora e conversamos com as pessoas presentes. Interagimos muito nesse show e não tivemos erros. Bruno continuava a olhar para mim, mas com expressão de culpa. Acho que ele se culpava por ter feito com que eu pedisse a demissão.

Brandon nos reuniu no seu quarto, no hotel, e resolveu anunciar minha saída oficialmente da banda. Bruno se sentou numa poltrona enquanto todos sentavam no chão do quarto.

- Gente. Acho que a maioria já adivinha o porquê que os chamei aqui... Bem, acho que vocês já sabem que a nossa mascote, a Laura, irá sair da banda.

Começa a balbúrdia e comentários.

-Mas Laura, Por que quer sair? – Eric perguntou, gentilmente.

- Bem. O dinheiro que eu ganhei aqui já é o suficiente para me fazer terminar a pós-graduação. Quero me formar e foi para isso que eu me mudei. Saí do Brasil para ir atrás do meu sonho. A banda me ajudou muito. Esses meses que passamos juntos eu aprendi coisas maravilhosas e conheci pessoas espetaculares. Mas está na hora de eu continuar meu sonho e, quem sabe fazer minha volta ao Brasil, brevemente.

- Turma. A Laura irá fazer sua última apresentação no VMA. Iremos voltar aos EUA e começaremos a ensaiar dois dias depois da nossa volta, esses dois dias vocês irão descansar, depois disso, vamos ensaiar para a premiação.

- Que horas a gente vai voltar pros EUA? – Perguntei, um pouco impaciente.

- Nós vamos voltar daqui à meia hora. Então vão cuidando dos seus pertences e quero vocês na recepção daqui a 30 minutos.

Fomos descendo para nossos quartos, tomei um banho rápido e fui ajeitar minhas malas. Meu celular começa a tocar, era o Brendon.

- Oi Laura. Como foram os shows?

- Foram bem, e os de vocês?

- Foram ótimos. Quando irão voltar?

- A gente vai pro aeroporto daqui a dez minutos. São nove da noite, acho que de manhã estamos ai.

- Vou te esperar. Assim que chegar, pode ligar. Se quiser, irei te buscar.

- Sério? Então venha me buscar, ai a gente sai pra almoçar né?

- Sim. – Cléo bate na porta, avisando que era para descer.

- Brendon. Vou descer agora. Amanhã a gente se fala. Beijo, seu lindo.

- Beijo. Boa viagem de volta. Sua linda!

Desligo o telefone e peço para que Phil me ajude com as malas. A gente leva para a recepção, faltava Bruno ainda. Mas depois de um puxão de orelha, ele desce, a gente entra na van e parte para o aeroporto.

Desta vez, o aeroporto estava tranquilo e fizemos o check-in rapidinho. Com pouco tempo, estávamos no avião de volta para Los Angeles. Foi uma viagem tranquila, consegui dormir bem. Todos estavam cansados, Bruno dormiu a viagem inteira. Tinha horas que eu pegava o livro e lia umas paginas, depois eu pegava o walkman e escutava musica. Depois eu dormia de novo. Fui fazendo esses serviços durante toda a viagem. Acordei com a Cléo me cutucando com um palito de dente.

- Ei Laura. Chegamos.

Fomos saindo do avião aos poucos, saiu eu com minha mala inseparável do avião. Fui olhar para as janelas do aeroporto e parece que eu tinha visto um rosto conhecido. Pego meu celular e ligo, chega uma mensagem de Brendon.

“Laura, estou no aeroporto. Na janela do saguão, estou te esperando.”