Não esboçou reação ao ter os ombros envolvidos. Manteve-se debruçado no parapeito, o olhar perdido naquele horizonte sem estrelas. Se havia algo de que sentia falta do interior, era poder ver o céu limpo durante a noite. Ali, em Ikebukuro, era sempre escuro. As estrelas se escondiam atrás da camada de poluição.

Chikage tinha envolvido a Kida com um dos braços, trazendo-o para perto apesar da apatia demonstrada pelo loiro, encostando a cabeça contra a dele.

− Como se sente? – e deixou um riso breve escapar, mais como o transparecer de um pensamento que lhe ocorreu, balançando a cabeça em uma negativa. – Acho que é uma pergunta besta.

O loiro sorriu breve.

− Estou melhor. Graças a você, Rokujo-san.

− Não precisa se forçar a parecer alegre pra mim, você sabe.

O mais velho depositou um beijo carinhoso no topo dos cabelos tingidos, apertando-o contra si. Masaomi suspirou baixo, movimentando um dos braços para guiá-lo até as costas do outro, segurando o tecido das vestes que cobriam a região.

− Não estou forçando. Se estou melhor, é por sua causa. Sinceramente, não sei como estaria se não fosse você, Rokujo-san.

Erguendo ligeiramente os pés, o loiro encostou os lábios nos do maior, recebendo uma resposta carinhosa ao contato. O beijo prontamente foi retribuído e os dedos longos do outro rapaz emaranharam-se nos fios claros. E os braços o envolviam como se quisessem formar um escudo e protegê-lo, fazendo com que Kida se virasse de frente para ele em meio ao beijo. Também o segurou contra si, apertando junto os corpos.

Chikage havia se tornado um pontinho de luz em meio à escuridão. Se quem passa muito tempo preso no escuro corre risco de perder a sanidade, ele era o único motivo de conseguir permanecer como é.

Não é como se todos os problemas sumissem. Permaneciam ali, à espreita. Mas ao menos por um instante podia sentir como se tudo fosse ficar bem. E, assim, agarravam-se um ao outro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.