Tigresa acordou ofegante, olhou ao redor e viu seus amigos ainda adormecidos, com exesão de Chi Su, ele estava meditando em uma pedra, ela aproveitou a distração do amigo para sair de fininho e fazer uma caminhada, afastou as folhas dos arbustos e foi andando mata a dentro e indo mais e mais longe, até chegar a um riacho com águas correntes e cristalinas. Ela podia sentir só de olhar como a água era refrescante e acolhedora. Ela se senta na margem, tira as suas sandálias e encosta os pés bem devagarzinho na água, começa a respirar mais levemente ao relaxar, sentindo o fluxo da água correr levemente em seus pés. Conforme o tempo passou enquanto ela mantinha os olhos fechados ela se lembrava do sonho que teve, ou melhor, visão. Lembrou-se de ver a si mesma cozinhando, com uma aliança no dedo, esboçando enorme felicidade por estar casada com o seu melhor amigo. Perguntou se ela sequer pensava no Po, se ainda iria sentir-se mal por tê-lo traído, pela discussão feia que tiveram antes de ele sair derrotado. Mas, por quê estava pensando nisso? É justo o que ela precisa evitar que aconteça se quer ficar com o Po. Mas, como se evita o que não se sabe como evitar? Ao pensar nisso ela fica tensa novamente, mas logo começa a respirar fundo e se acalma.

—Paz interior... paz interior... paz interior... – Ela repetia e ficou mais calma.

Por um longo momento, pensa seriamente em entrar naquele riacho para relaxar por completa, porém, tinha medo que seus amigos acordem e a vejam sem a roupa, olhou ao redor procurando por algum sinal da presença de alguém por perto ou longe, nada, aguçou os ouvidos para captar algum som, nada também. A barra está limpa! Mas, ela prefere apenas levantar um pouco as mangas das calças e mergulha um pouco das pernas na água e suspira satisfeita. Nada poderia estragar aquele momento.

—Belas pernas.

Ela perde a respiração por um instante e retira as pernas da água bruscamente abaixando as mangas em seguida e calça as sandálias, se levanta, Põe-se em posição de ataque e olha ao redor procurando pelo dono da voz, tinha certeza de que era um macho assim como antes tinha certeza de que estava sozinha, como não conseguiu sentir que não estava sozinha, que podia estar sendo observada, ainda mais por algum, pervertido. Só podia ser um para elogiá-la de tal forma tão degradante para uma fêmea.

—Quem está aí? Responda! – Ela gritou com uma voz intimidadora.

Então, ouviu o barulho de um bater de asas bem perto dali, era uma ave, guiada por sua audição ela persegue o desconhecido sem medo, sua raiva foi tanta que não percebeu o quanto se distanciou do acampamento, mas não importava para ela, queria saber quem era o azarão que estava espiando-a. Logo ela pára de correr quando fica de cara com um penhasco e deixa de ouvir as asas da ave misteriosa. Dando-se por vencida ela dá meia volta, quando de repente sente algo passar pelos seus pés em uma velocidade incrível, ela ainda estava na beira do penhasco, perdeu o equilíbrio, lutou para recuperá-lo mas falhou, caiu para trás em queda livre.

Antes que fosse mais para baixo ela segurou na parede rochosa com suas garras e ficou pendurada, procurou com os seus pés algo para poder pisar, sentiu algumas pedras bem firmes e pôs seus pés nelas, demorou um pouco para ela perceber o que estava acontecendo, ela estava sendo atacada, será que era o malfeitor que estavam procurando? A felina olha ao redor evitando olhar para baixo à procura da ave desconhecida, não o achou, começou a subir de volta para de onde caiu bem devagar porém com certa rapidez, por mais que a felina tentasse manter a calma. Não estava nem na metade da escalada e ouviu um barulho e pedras caindo lá em cima, ela olha para cima e vê a silhueta da ave voando e várias roxas caindo na direção dela, a felídea aperta os olhos e apóia a testa na parede de pedra, se entregando à morte certa. Antes de ser esmagada um raio dourado voou na direção dela e a tirou de lá no momento em que as pedras despencaram, a felina abre os olhos e vê que está voando nas costas de seu amigo, Chi Su.

—Me deve uma! – Ele diz virando a cabeça para vê-la, ele tinha um largo sorriso maroto.

Ela fica calada por um instante e logo depois que ele diz isso ela responde depois de o abraçar pelos ombros.

—Devo mesmo!

Muito mais alto dali uma águia os observava, com um olho só pois o esquerdo estava cego com uma enorme cicatriz, muito irado.

—Não vai se safar na próxima, princesinha Yin. – Ele diz soltando uma risada seca e maldosa no final da frase.

Ele a carrega de volta para o acampamento, os outros já estavam acordados e aflitos, ele pousa e a felina cai sentada por estar tonta e confusa com o que aconteceu.

—Ti! Você está bem? Ficamos preocupados! Aonde se meteu? – Po a segura pelos ombros e a interroga.

Ela não olhou para ele de imediato, sua cabeça não excluía a idéia de que poderia estar morta agora, olhou para o panda e o finta pelos olhos, viu a angústia em seu olhar, sem se importar o abraçou e afundou o rosto em seu pescoço peludo, ele a abraçou e confortou-a.

—Fica calma, já passou. – Ele disse em seu ouvido. –Nós conta o que aconteceu.

A felina se acalmou e contou-lhes o que aconteceu, que foi atacada e que encontrou o malfeitor quem procuravam.

—Fica fria, Ti, quando fui atrás de você eu peguei o cheiro dele, ainda sinto o rastro da águia e ele não está longe. – Disse Chi Su.

—Ótimo, Chi Su, e obrigada de novo por salvar a minha vida. – Ela agradeceu sinceramente ao macho.

—Prontos para acabarem com isso?

Todos concordam e eles partem, Chi Su liderou junto com Tigresa seguindo o cheiro da águia, andaram por horas até que encontraram uma entrada de pedra coberta por alguns cipós, o cheiro da águia terminava ali.

—Parece que encontramos o esconderijo secreto do malfeitor. – Disse o tigre apontando para a entrada.

—Exelente, preparem-se para a batalha. – Disse Tigresa prestes a entrar.

—Espera, Ti, é muito perigoso, esse cara tentou te matar de uma forma muito cruel, e se isso for uma armadilha? – Po a segura pelo ombro e tenta convencê-la.

—Po, é a nossa missão! Temos que ir, já! – Ela tira a pata dele de seu ombro levemente apesar de estar alterada e seguiu em frente.

Antes de se aproximar mais algo pula de dentro da entrada, eram animais com roupas escuras e os rostos tapados, em suas costas estavam espadas katanas e todos ficaram em posição de ataque.

—Ninjas? – Questiona Chi Su muito confuso.