Tigresa entrou entrou na casa perto do pessegueiro, andava lentamente, pensando no que diria ao panda para se desculpar. Quando entrou ela foi para a cozinha e deu logo de cara com o panda comendo duas tigelas de bolinhos com um semblante triste, isso a fez se sentir mais culpada ainda, pois ela sabia que o panda fazia isso quando estava muito triste, e, dessa vez por causa dela!

O panda percebe a presença dela e dá um sorriso, com a boca ainda cheia mas rapidamente engole:

—Oi Ti... ops, esqueci que você não gosta que eu te chame assim, me desculpa! - Ele se desculpou desesperadamente com medo que ela ficasse brava novamente.

—Po, tá todo mundo dormindo, agora pode me chamar assim agora. - Ela diz sorrindo o mais docemente que conseguia.

—Ufa, você tá mais calma agora!

—Po, eu vim pedir desculpas pela forma que eu te tratei hoje, não queria gritar com você daquela forma, é só que.... - Ela se sentou com ele e olhou para o chão com tristeza.

—Que...?

—Eu não estou acostumada a contar coisas pessoais aos outros, e, por estranho que pareça eu me sinto desconfortável quando você me pergunta coisas assim, sabe, sobre o meu passado ou sobre mim mesma. - Ela desabafou se sentindo envergonhada, não parava de apertar a própria mão.

—Ti... eu...eu não sabia que se sentia assim! Me desculpa por ficar te forçando a me contar o seu problema, eu sou um panda bobo mesmo! - Ele se desculpou segurando a pata de sua tigresa.

—Tá tudo bem, Po, mas, eu ainda preciso me acostumar com algumas coisas, como, me abrir mais com você, me soltar e um dia teremos que nos assumir para os outros.

—Calma, Ti, uma coisa de cada vez, por enquanto você é a minha secreta Ruivinha listrada! - Ele disse cometendo mais um erro.

Ela se lembrou de seu amigo mais uma vez, ela se sentiu triste novamente, não estava brava com o panda mas sentiu que precisava ficar sozinha. Ela se levantou e correu para o seu quarto, sendo seguida pelo panda.

—Tigresa! O que foi agora??? Me espera! - Ele tentou segurá-la mas ela foi mais rápida.

Tigresa entrou em seu quarto e fechou a porta, ela se recostou na porta e continuou a segurar sua pata com nervosismo, fazendo o máximo para não chorar, não importava sua situação, ela não queria parecer fraca. Po ficou do lado de fora muito preocupado com sua namorada:

—Tigresa, me deixe entrar, vamos conversar, eu prometo te ouvir. - Ele tentou convencê-la a deixa-lo entrar.

-Po, você não entende a minha dor! Eu preciso ficar sozinha agora. - Ela disse do outro lado.

—Eu não vou entender se você não me contar o que está de errado, por favor!

Tigresa respirou fundo e abriu a porta, ela não esperou que o panda entrasse e se sentou em sua cama, ele entrou no quarto da felina e se sentou ao lado dela.

—Bem... quando eu era criança eu tinha um único amigo, o nome dele era Chi Su. - Ela começou.

—Pera, era com ele que você estava sonhando hoje de manhã? - Po ficou confuso, por quê Tigresa estava sonhando com outro homem?

—Sim, ele era o meu melhor amigo, mas, ele foi embora do vale logo depois que nos conhecemos, eu nunca superei a nossa separação, ele prometeu voltar pra mim quando se tornasse um mestre, mas, acho que isso não vai acontecer, éramos crianças, nós falamos sem pensar direito, acho que ele conseguiu o que queria mas ele não vai ter tempo pra voltar pro vale. - Ela disse em desilusão.

—Então, você ainda gosta dele? - Ele perguntou sentindo um pouco de ciúmes.

—Como amigo sim, mas, o que tivemos ficou enterrado no passado, porque, agora eu tenho você, meu bolinho. - Ela pega a pata de Po e lhe dá um beijo na bochecha.

—Que bom!

—Po, você está com ciúmes? - Ela pergunta em descrença.

—Não! Eu não sou ciumento, Ti, mas, saber que a minha namorada está sonhando com outro cara é estranho. - Ele explicou nervosamente pondo a pata na nuca.

—Po, quero que se lembre disso para sempre, você é o único pra mim! Você é o melhor parceiro que o Chi Su poderia ser para mim se ainda estivesse no vale, eu vou sempre te amar! - Ela o abraça fortemente e ele retribui.

—É bom saber disso, Ti, eu te amo! - Ele dá um selinho nos lábios da felina.

—Eu também te amo, meu bolinho de feijão! - Ela dá mais um selinho nele, em seguida deita a cabeça no ombro macio do panda e logo adormece.

Quando ele tinha certeza de que sua tigresa estava dormindo ele se deitou na cama dela e a deixou aconchegada em seu estômago, logo ele também dormiu e fez o que ela adorava nele quando o panda dormia, ele roncou bem alto, um dos sons que ela adorava que ele fazia.

Do lado de fora do quarto de Tigresa, Víbora estava com a lateral da cabeça encostada na porta de papel chinês sorrindo largamente.

—Hi hi hi, que grande descoberta! - Ela disse ainda surpresa com o que ouviu.