Tigresa estava em seu quarto se arrumando para encontrar com o seu amigo novamente, ela estava animada como sempre para vê-lo, como se não o visse a muito tempo. Minutos depois ela estava indo para as escadas para ir para a aldeia ela é chamada pelo seu mestre:

—Tigresa, preciso falar com você. - Ele a chamou com uma cara séria.

—Sim, mestre Shifu? - Ela fez uma reverência.

—Quero falar com você a respeito de seu amigo.

—O que tem o Chi Su? - Ela pergunta preocupadamente.

—Bem, eu sinto muito Tigresa, mas, você precisa parar de se encontrar com o seu amigo.

Tigresa quase caiu para trás ao ouvir o que o seu mestre disse:

—M... mas por quê???????

—Tigresa, você precisa se concentrar mais no seu treinamento, não pode se distrair com amigos, eles não te levarão ao topo.

A felina estava arrasada, como o seu mestre podia fazê-la desistir de seu amigo? O único que ela já teve e provavelmente nunca mais terá um em sua vida. Ela sabia que para se tornar uma mestra teria que fazer alguns sacrifícios como acordar cedo, parar de comer doces, se machucar com mais frequência; mas desistir de seu único amigo era demais para ela. Porém, não poderia desobedecer uma ordem do seu mestre mesmo que isso custe a sua amizade.

-Então hoje eu não posso ver o Chi Su e nem nunca mais?

—Eu permitirei você ir brincar com ele para se despedir.

—Obrigada, mestre. - Ela fez uma reverência e desceu a escadaria.

—Por quê gosta tanto de machucar o coração da pobre menina, Shifu? - Mestre Oogway diz atrás dele.

—Mas eu não gosto, mestre, por quê diz isso de mim? Ela deve se concentrar no treinamento, esse amigo só irá atrapalha-la.

—Atrapalhar ela ou você?

—Como assim, mestre?

—Shifu, você tem medo que o amigo dela a leve embora no futuro, por isso a proibiu de vê-lo, mas se você a proibir de muitas coisas ela vai começar a mudar, por enquanto só consigo ver luz, bondade e inocência no coração dela, mas se continuar assim ela acabará igual ao Tai Lung. - A velha tartaruga explicou.

O panda vermelho abaixou a cabeça, sentiu em seu coração a mágoa da lembrança de seu primeiro filho, o pensamento de que Tigresa poderia ficar como ele quando crescesse por sua culpa o preocupou. Seria demais para ele perder sua garotinha, mesmo não demonstrando ele a amava como filha:

—Entendo, mestre Oogway, obrigado pelo conselho.

..........................

Tigresa desceu as escadas até o fim, no pé da escada ela viu um tigre branco sentado à espera dela:

—Chi Su, eu tenho uma má notícia. - Ela disse chamando a atenção dele.

—Eu também tenho uma má notícia, Ruivinha listrada. - O semblante do jovem era igual ao da sua companheira: tristeza.

—Fala você primeiro. - Ela indicou.

—Tá bem: Eu vou me mudar do vale hoje no fim do dia, hoje é o nosso último dia juntos.

—O quê????? - Esse é com certeza o pior dia da vida da pobre tigresa.

—Meu pai adotivo vai abrir uma loja de ferragem em outro vale, eu não tenho escolha a não ser ir com ele, o que você ia falar?

—Meu mestre me proibiu de te ver, disse que preciso me concentrar no treinamento, mas agora que você vai embora não será mais necessário. - Ela abaixou a cabeça em tristeza.

—Poxa, isso é tão chato! Tínhamos que ficar juntos para sempre!

—Sim, fizemos um pacto de sangue, não é justo! - A felina bateu o pé no chão de raiva fazendo o chão rachar.

—Olha. hoje pode ser o nosso único dia juntos mas não quer dizer que não podemos aproveitar!

—Tem razão, Floco de neve... tá com você! - Ela o toca com o dedo indicador e corre bem rápido.

—Ah, espera só! - Ele corre atrás dela.

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Para a sorte dos dois o dia passou bem devagar, os dois tigres aproveitaram cada momento como se fosse o último, porque seria o último, mas, tudo que é bom não pode durar para sempre, quando os dois estavam na floresta brincando de lutinha de tigres aconteceu o que eles mais temiam, algo que separaria os dois para sempre: o pôr-do-sol.

—Está na hora, Tigresa. - Ele disse saindo de cima dela e tirando sua orelha da boca da mesma.

Tigresa dá um abraço apetado em Chi Su, ela começou a chorar, o tigre albino passou seus braços brancos nas costas da amiga em prantos:

—Não chora, Ruivinha, eu não gosto de te ver chorando.

—Eu não quero me separar de você, Chi Su, você foi o melhor amigo que eu tive a sorte de ter, eu te amo!!!!!!!!!!!! - Ela chorou ainda mais ao se declarar para ele.

As bochechas brancas dele ficaram vermelhas de vergonha, ele sorri e diz:

—Também te amo, Tigresa, muito mesmo! - Ele soltou algumas lágrimas também.

—De que adianta falar isso agora se estamos prestes a nos separar?!

—Eu quero te dar uma coisa. - Ele levanta o rosto dela pelo queixo para a mesma olhar para ele.

Chi Su tirou a faixa branca com um Yin e Yang desenhado em vermelho de sua testa e a deu para Tigresa:

—Vai me dar a sua faixa?

—Assim estaremos juntos, mesmo longe um do outro. - Ele explicou colocando a faixa nas patas da felina.

—Também tenho uma coisa pra você. - Ela disse antes de colocar as garras da pata direita para fora, cravá-las no chão e tirar com força fazendo uma garra sair - AIIIII.... aqui, fica com ela, agora tem uma parte de mim.

—Literalmente! - Ele disse fazendo os dois rirem.

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Na aldeia, os pais adotivos de Chi Su estavam pondo as coisas em uma carroça:

—Adeus, Tigresa! - Ele a abraçou calorosamente.

—Adeus, Chi Su. - Ela retribuiu o abraço deixando cair algumas lágrimas.

—Tigresa, eu vou fazer uma promessa pra você.

—Que promessa?

—Eu prometo que vou treinar duro para me tornar um grande mestre do kung fu e no futuro eu vou voltar pra você! Aí poderemos ter uma família e viveremos felizes! - Ele disse dramaticamente como sempre fazendo a felina rir até a última parte.

—F...família?! - as bochechas alaranjadas da tigresa se avermelharam.

—Uh, você entendeu, eu prometo voltar pra você um dia!

—Eu vou estar esperando, até lá também serei uma grande mestra e seremos imbatíveis! - Ela concordou animadamente.

—Querido, temos que ir. - A mãe adotiva de Chi Su gritou estragando o momento deles.

—Bem, até o futuro, Ruivinha listrada! - Ele a abraçou mais uma vez.

—Até o futuro, Floco de neve, você vai sempre estar em meu coração! - Ela retribuiu o abraço com tristeza.

—E você no meu! - Ele disse antes de beijar a bochecha dela e correr para os seus pais adotivos.

Tigresa ficou lá parada até eles sumirem de vista, quando sabia que eles já haviam saído do vale ela voltou para o palácio com a carinha fintando o chão, não conseguia acreditar como a vida podia ser tão cruel com ela. Quando chegou no topo ela foi até o pátio de treino onde mestre Shifu a esperava:

—Tigresa, eu pensei bem e acho que você não precisa parar de ver o seu amigo, não posso te impedir de ser feliz, por favor, aceite minhas desculpas por ser tão duro com você. - Ele disse com a voz calma.

—Não precisa, mestre, eu não vou ver o Chi Su tão cedo! Ele foi embora do vale com os pais dele, eu tô sozinha de novo! - Ela disse olhando para o chão e piscando repetidas vezes para conter a lágrimas.

—Eu... sinto muito, Tigresa. - O mestre disse se sentindo mal por sua aluna.

—Mas, de agora em diante eu vou me esforçar no treinamento! Eu vou me tornar uma grande mestra do kung fu e estarei pronta para quando o Chi Su voltar um grande mestre também! - Ela disse determinadamente - E vou começar agora, mestre, não me importa que tá tarde, eu vou treinar agora!

Ela começa a dar socos e golpes no ar, nunca esteve tão determinada, mas, no meio do treino as lembranças dela com Chi Su ecoaram por sua mente fazendo o coraçãozinho dela doer de saudades, todavia ela não parava de treinar, lágrimas escorriam de seus olhos mas ela não parava nem um pouco, só aumentava o ritmo dos golpes; isso despertou a pena de seu mestre que entendia a dor de perder alguém:

—Tigresa, eu sinto muito! - Ele disse para si mesmo com pena de sua filha e aluna.