Through The Viridi

Prólogo: Entrando na Floresta


Essa história começa numa escola comum do país onde os estudantes aguardam ansiosamente numa sala de aula o sinal tocar para finalmente anunciar o início das férias. Para alguns é uma dádiva finalmente estarem livres de aulas chatas com contas de matemática ou não ter mais que lidar com testes e deveres de casa igual a condenados. Outros estavam simplesmente felizes de poderem ser recompesandos com férias e aproveitar os dias saindo com os amigos. O último caso era de um grupo de 4 alunos conversando com as cadeiras alinhadas bem próximas enquanto um menino e uma menina conversavam sobre os planos de férias enquanto outra garota de outra fila ao lado ouvia pacientemente, o quarto garoto de cabelos pretos e óculos redondos com olhos azuis parecia bem distraído dos demais lendo um livro (embora fosse algo totalmente diferente e bem mais interessante pra ele que um cálculo comum). Tinha um sorisso alegre enquanto lia até uma voz masculina o chamar:

—..Aimé? Aimé!.-O garoto chamado Aimé acordou pra realidade e virou a cabeça pra trás pra ver um dos seus amigos colegas:

—Oi? O que?. -Perguntou o garoto de olhos azuis claros pro garoto de mesma idade. Na verdade foi uma menina com cabelo amarrado e pele morena que falou:-Ele perguntou o que você vai fazer nas férias, Aimé.-Respondeu normalmente:-Ata, bom, não sei, talvez eu passe no jardim daqui perto mais tarde.-Respondeu com um sorriso fofo, não era a coisa mais comum que você ouviria de um garoto de 14 anos, mas neste caso os três estavam acostumados a ouvir algo do tipo.

Enquanto isso mais lá no fundo das cadeiras de trás perto da janela um garoto de cabelo curto ruivo e olhos castanho claro com a cara não muito contente gritava internamente algo do tipo "Caramba, porque esse sinal não toca?!". O menino se chamava Alexandre, mas era mais comum ser chamado de Alex mesmo (não que houvesse muitos colegas próximos pra chama-lo assim, era só mais um apelido de encurtamento que todos chamaram e ficou assim mesmo). Como pode ver ele estava entre os que estavam loucos pra sair e aproveitar as férias ou pelo menos pegar um ar fresco longe da sala. A professora estava lendo alguma coisa deixando os alunos terem algum tempo livre, afinal era a última aula de todas e só faltavam 5 minutos pra sair.
*PLIIIIIIIM!!!*

Felizmente para muitos o sinal tocou anunciando dias de felicidade para os alunos do 8° ano, a professora disse para todos em geral:-Aproveitem as férias, pessoal!.-Mas a turma inteira já havia saído em questão de minutos, apenas uma voz gentil e masculina de pré-adolencente respondeu:-Pra você também professora!.-Ela já tinha uma ideia de que a pessoa em questão usava óculos e tinha um lindo par de olhos azuis.
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Do lado de fora crianças e adolescentes de diversas idades saíam ou de forma calma ou frenética correndo para tirar a bolsa escolar ou só almoçar e dormir por horas. O ruivo estava na saída do lado de fora esperando até avistar um garoto um pouco parecido com ele só que mais alto com 2 anos de diferença e cabelo castanho claro quase loiro (vulgo seu irmão mais velho). Depois de se despedir de um grupo de colegas ele caminhou junto com seu irmão mais novo até uma rua um pouco mais vazia para esperar sua carona. Começou uma simples conversa:

—Então, férias.. finalmente vai aproveitar pra fazer algo útil ou vai vagar por ai de novo?.-Perguntou o semi loiro com uma voz meio brincalhona, foi respondido com um:

—O que você acha?.-É, pergunta respondida. Depois de alguns minutos a carona deles em questão foi um táxi já previsto pra pegar os dois apareceu, após uma rápida viagem até um conjunto de condomínios o mais novo agradeceu enquanto o mais velho deu o dinheiro. O número da casa deles não era muito alto, então era possível usar escadas.

O lugar na verdade era bem amplo e limpo, mas ele não ia ficar muito tempo (eram quase de classe média alta e a mãe já ia chegar do trabalho, pelo menos ate seu almoço). Aproveitando para vestir uma roupa mais leve de cor branca, calças jeans desbotada quase cinza e sapatos vermelhos, ele foi até seu quarto e pegou uma mochila do tipo explorador colocando apenas um livro grosso em branco e uma bússola e rapidamente saiu para a porta, seu irmão o viu pela cozinha:

—Ei, não vai pelo menos almoçar antes de bancar o viajante?.-Perguntou quase preocupado vendo que ele ia sair sem almoçar, ele pensou um pouco:

—Tá bom, vai ser rápido, Gui!.-Afirmou e largou a mochila perto da cadeira para ter um rápido almoço antes de sair. O destino era um parque há algumas ruas dali, um hábito de caminhar por ali era comum ou apenas observar a flora (ou se possível, alguma novidade de fauna) por isso o caderno. Era seguro? Normalmente não era bom ficar saindo tanto por ali, mas pelo menos ele cumpria os horários de ir e vir, não havia muito que o impedia mesmo. "Outro dia de férias chato e normal, no mesmo parque. Será que nada de interessante acontece aqui?". Pensou com uma cara entediada.
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Aimé, o garoto de olhos azuis andava calmamente acompanhado de mãos dadas com uma garotinha dentre os 7 anos de cabelos cacheados longos e vestido roxo até uma casa do subúrbio comum. A garota mais nova correu ate a porta enquanto o mais velho fechava o portão, o almoço estaria pronto entre o tempo de tomar banho e colocar uma roupa mais adequada (como uma bermuda cinza e uma regata azul qualquer). A refeição foi feita para ele, sua irmã mais nova de vestido roxo e seus pais, após um delicioso e até um pouco brincalhão almoço de família Aimé estava pronto para apenas se deitar na cama do seu quarto, relaxar e talvez mais tarde cuidar do seu mini jardim atrás da casa, quase descansando os olhos pra um leve cochilo....
"Blllllliiiim!!"
"Blllllliiiim!!"
"Blllllliiiim!!"

..Ou talvez não, o celular dele estava vibrando levemente em algum lugar perto da cama. 3 novas mensagens. "Provavelmente os 3 estão me chamando pro cinema de última hora". Pensou algo do tipo, mas a resposta foi algo totalmente diferente quando leu as mensagens da mesma garota de hoje mais cedo:
Denise: Aimé! Pelo amor de Deus! Vem pra cá! To precisando de ajuda!
Denise: É com um lance do simulado da próxima semana
Denise:..Aimé?
Aimé: Woo, calma Denise. Precisa de ajuda em história? Eu posso te ajudar a revisar toda a matéria
Denise: Obrigada, leva seus livros também e passa aqui em casa
Aimé: To indo

Isso parecia sério, mesmo sem pensar muito ele pegou sua bolsa com o básico do seu material escolar (e um livro de primeiros socorros que ele não tinha terminado de ler) e colocou nas costas. Sua irmã estava no seu quarto com seu pai enquanto sua mãe estava ocupada num turno de enfermagem. O garoto saiu da casa passando por umas ruas a pé (eram praticamente vizinhos), embora o trajeto fosse rápido ele pensou em cortar atalho por um parque espasoço cheio de árvores atrás, a saída do outro lado dava exatamente na rua da sua amiga se passase por lá e virar a esquina.
Chegando lá o lugar parecia bem tranquilo e quase deserto, apenas por um algum casal fazendo exercícios e umas crianças brincando na área mais segura do parque. A outra entrada/saída estava logo atrás de um aglomerado de árvores e mato, ouvindo outro "pliiim" do seu celular ele decidiu que não tinha outro jeito embora o outro lado não estivesse longe de vista. Decidido, ele começou a atravessar os arbustos...
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"Finalmente em paz....". Pensou Alex quase escondido entre os matos e árvores médias, o motivo de seu "estar em paz" era estar livre e um pouco isolado de tudo e de todos, sempre gostou do silêncio das árvores e observar os bichinhos de perto, sem contar numa bela vista do céu (mesmo para um pequeno bosque) era bom pra ele estar fora de salas fechadas ou de pessoas que não entendiam esse passatempo. Infelizmente seu momento foi interrompido por um som de pés pisando em folhas, ele virou a cabeça onde estava para ver um outro garoto da idade dele abrindo espaço entre as folhas. O outro garoto estava carregando uma mochila e dando algum passos mais adiante até um portão preto, até então ele mal tinha o percebido mas então ele girou a cabeça e silenciosamente cumprimentou com um aceno, no qual o outro respondeu com um rosto de estranheza. O pré adolescente de óculos tentou abrir o portão algumas vezes, mas sem sucesso até o ruivo o alertar:-Tá trancado..-Respondeu, mas o outro perguntou:

—Desde quando?

—Há alguns dias, reformas do outro lado..

—Ah, poxa... então o que você estar fazendo aqui?.-Interrogou numa tentativa sem noção de conversa ou só sendo curioso:

—Nada... "Que te interesse".-Afirmou (a segunda parte mais em pensamento). Na verdade os dois se conheciam de nome se prestarem atenção na chamada, mas estavam na mesma sala há pouco tempo na escola. Sem mais o que fazer além de chegar rápido na casa da sua amiga como tinha combinado decidiu pegar o caminho normal.. mas algo na parede ao lado do portão tirou de repente a atenção de Alex indo ver o que é, Aimé se virou ao perceber o colega sendo atraído pela parede... Mas o que tinha lá não era algo pequeno, na verdade era bem grande... muito.
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Algo que realmente não estava ali antes. Uma rachadura, não, ou melhor, um buraco de repente estava se formando no muro, mas não apenas como um típico muro se acabando, parecia uma fenda praticamente se abrindo suavemente igual as rachaduras, era quase sobrenatural. Do nada Aimé se aproxima de Alex interrompendo o silêncio anormal que aquela cena causava:

—Então, isso faz parte da obra?.-O ruivo tentou ignorar, evidentemente esse buraco do nada no muro não tinha nada haver com alguma obra.. pelo menos não humana. Ele percebeu que o abismo tinha quase o mesmo tamanho de uma pessoa normal, talvez se eu pudesse se abaixar um pouco ele podia...

—Ei o que você ta fazendo?!.-O outro garoto de cabelo escuro perguntou num tom mais elevado, evidentemente se preocupando os perigos do buraco se abrindo suavemente:

—Qual o problema? Só quero ver se dá pra passar por aqui!.-Ele agora estava frustado, ele só queria ficar um pouco sozinho e em paz. Mas além disso queria ver porque não conseguia ver o outro lado da rua (parecia quase sem fundo) e o muro não era de material tão grosso. Não parecia nada de errado tentar ver o que é: "Parece que não é tão fundo..". Aimé continuava ao lado dele, de fato a parede era estranha, mas decidiu não se incomodar, embora sua curiosidade o deixasse mais hipnotizado.

Decidido, Alex resolveu ir mais fundo por 2 motivos: 1°- Talvez adicionasse um pouco de emoção nessas férias sem graça e 2°- Algo realmente o incomodava pra ir entrar lá, ou pelo menos ir pra algum lugar sozinho no estilo lobo solitário. Aimé realmente só queriar continuar seu caminho, mas queria ficar pra ver o que ia acontecer. Ele apenas observou o garoto da sua sala com quem mal conversava preparar sua mochila e corajosamente passar pelo buraco, seguido por um grito de "AAAAAAAHHH" dele mesmo, não havia sinais dele quando passou por lá. Estranhamente as rachaduras começaram a se reverter de todos os lugares, como se nunca estivessem lá pra início de conversa, não só isso mas parecia que o buraco estava diminuindo de tamanho. Um tanto preocupado pelo outro colega com sabe-sei-lá-o-que aconteceu ele ajoelhou lá também. Até se ver cegado por um forte clarão quase o cegando...

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Breu. Escuro. A única coisa visível depois de algum tempo, o garoto de olhos azuis lentamente recuparava a consciência. Enquanto isso outro garoto já recuparava forças físicas pra se levantar (era como se tivesse apagado mas acordado com uma forte dor de cabeça). Conseguindo recuperar os sentidos pegou apoio num muro.. "Espera, muro? Eu acho que estava passando por uma rachadura gigante e aí...".

Aparentemente foi isso mesmo que aconteceu, agora que percebeu, as coisas realmente tinham um tom mais escuro ao redor, ele percebeu que não estava mais num pequeno parque natural da cidade nem o muro era o mesmo. Ele conhecia bem o lugar onde ia, mas onde estava agora com certeza não era familiar, a sua esquerda era possível ver um rio razoavelmente largo e atrás dele árvores bem grossas, mesmo estando escuro era possível ver muito brilho colorido por aí e alguns cogumelos (pelo menos era o que parecia) e algumas flores também estavam na margem, era tudo realmente admirável e bonito...

—Aaarg, que dor... ei, onde eu tô? O que aconteçeu?.-Do nada Aimé recuperou toda a consciência, mas ainda estava claramente confuso com que aconteceu e não ajudou muito o fato de que ele não compreendia o lugar escuro:-Já é noite?.-Ele perguntava demais, de certa forma estava irritando Alex, porém ele respondeu de forma calma e seca:-Eu não sei...-O que era verdade, nem mesmo ele fazia ideia do que aconteceu, se levantando ele percebeu que também não estava num lugar normal.

Algum tempo depois a atmosfera tranquila perdeu seu toque quando um barulho estranho vinha lentamente se aproximando (que só Alex percebeu pois Aimé estava se distraindo com algumas flores brilhantes). Aos poucos o barulho parecia aumentar e que estava vindo do outro lado do muro e também ficava um pouco mais claro onde eles tecnicamente estavam:-Sem sinal e você?

—Nada...-Alex respondeu de forma fria para o colega olhando pro seu celular para chamar algum contato, outra coisa estranha era que mesmo que os relógios diziam 13:10 da tarde o céu parecia estar entre ás 18 ou 19 da noite. O que explicaria o dia escurecendo, novamente o estranho barulho começou aumentar agora dessa vez os dois ouviam.

De repente, um pouco de lama estava caindo sobre o muro, depois uma corrente e em seguida um grande lamaçal caindo sobre a terra. Ambos começaram a notar e não estavam cientes do que ia aconteçer:-Mas o que que...?.-Pela primeira vez no dia Alex expressava alguma emoção confusa. Magicamente a lama parecia ganhar algum tipo de forma física semelhante a um corpo de cobra ou minhoca com textura mais grossa, encima o que parecia ser a cabeça circular como uma bola e estranhos tentáculos ao lado da boca feitos de lama (ou melhor o monstro inteiro era praticamente todo feito de lama!!). A visão um tanto assustadora parecia pretificada tanto quanto os meninos ao ver aquilo se formando diante dos seus olhos e dando um rugido alertando um possível ataque aos dois, apenas Alex foi capaz de gritar alguma coisa:-CORRE!!.-Fazendo exatamente isso pegaram suas mochilas e começaram a correr pela margem em linha reta como desperados (que era bem o caso).

Sem saber exatamente o que aconteceu desde que acordaram numa estranha terra selvagem e correndo de uma terrível criatura inseto de lama a única coisa que sabiam eram que tinham que correr pra longe do que podia acontecer se fossem pegos pela criatura que estava seguindo eles. A cabeça de Alex gritava "Talvez essas férias não sejam tão chatas" embora ainda corresse por sua vida.

Felizmente eles conseguiram criar uma certa distância, mas não por muito tempo e levaram um tempo pra se acalmar de tanto correr para recuperar o fôlego:-Você também viu aquela coisa?!!.-Perguntou um Aimé ofegante depois de correr tanto com uma tonelada de livros nas costas, Alex não tinha muito peso pra segurar mas ainda se recuperava depois da corrida:-Que bicho era aquele?!.-Ele estava aterrorizado, mas também fascinado, quando ele pediu por novidade de fauna não era bem isso o que ele esperava, embora não pudesse deixar de ficar admirado (e frenético). Nenhum dois dois percebeu uma figura misteriosa do outro lado do muro encima de um galho de árvore até ela chamar a atenção deles.

—Ei! Psiu, vocês ai embaixo!.-Foi então que viram a sombra de voz feminina, não era possível ver muito por causa da baixa luminosidade do local e por que ela estava sentada em algum galho médio fino de uma grande árvore do outro lado com muitas folhas e sombra, mas um leve brilho nos olhos garantia a certeza dela ter olhos bem verdes (a gravidade da madeira parecia irrelevante pra ela) e continuou a falar:-Talvez eu possa ajudar, estão lidando com um monstro de lama também?.-A parte do "também" parecia estranha mas Aimé concordou:-Sim, ele apareceu depois de...-Ele foi interrompido por Alex:-Como sabe disso? E como você acha que vai ajudar com aquilo ali?.-Perguntou desconfiado (de uma forma justificável). A figura feminina continuava lá e respondeu:-Observem..-Ela tinha uma lança guardada consigo que atirou bem na mira onde o mostro de lama estava no "rosto" causando um grito horrível que o fez atravessar o outro lado onde a jovem se encontrava:-Não vai demorar muito pra ele me rastrear, mas estou pronta, valeu por me darem ele pra mim.-De novo ela não estava falando palavras que eles entendessem:-Agora minha vez de perguntar, porque você parece quase fora do padrão de vestimenta? E vocês não deviam estar na escola? Geralmente só eu saio de lá a essa hora..-Do que aquela louca tava falando? O tom de voz dela era normal e bem calmo mas definitivamente pra eles não estava dizendo coisa com coisa, como assim padrão de vestimenta? Escola? As férias começaram hoje mesmo, ela era louca ou o que? Antes de apontar qualquer loucura dela o grito da criatura de lama voltou:

—Enfim eu tenho que cuidar disso, se estiverem perdidos demais para se teletransportar podem chegar a uma trilha por ali!.-Apontou pra direção de onde eles iam continuar a correr:-Se derem sorte voltam antes que alguém perçeba. Enfim, a gente talvez se vê por aí mais tarde. Tchau!.-Depois de uma série de palavras e frases sem lógica comum pra eles ela pulou pra baixo da árvore para provavelmente lidar com aquela aberração, Alex comentou:-Que garota louca. O que foi isso tudo?

—Bom, não sei aonde estamos, mas tenho quase certeza que não estamos nem na Terra.-Aimé comentou de uma forma tão ingênua que só fez Alex por a mão no rosto frustado. Pelo menos tinha ele tinha alguma ideia de onde ir, mesmo que ainda não fizesse muito sentido (e também pelo menos a paisagem era linda).

Quem diria que na verdade era o começo de grandes aventuras...